Relação entre o uso do flexionamento estático e dinâmico no aquecimento do futebol Relación entre el uso de la flexión estática y dinámica en el calentamiento en el fútbol |
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*Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC Campus Conselheiro Lafayete-MG **Laboratório de Avaliação Motora da Faculdade de Educação Física e Desportos Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF - MG ***Programa de Pós Graduação Strictu Senso em Educação Física e Desporto Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD – Portugal (Brasil) |
Ricardo Luiz Pace* Ricardo Luiz Pace Júnior* ** *** André Luiz Zanella*** Dihogo Gama de Matos*** Gabriela Resende de Oliveira Venturini* Felipe José Aidar*** Leonardo Coelho Pertence** Mauro Lúcio Mazini Filho*** |
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Resumo O treinamento da flexibilidade é hoje alvo de muitos estudos, porém a literatura ainda não é conclusiva em relação a este determinado tema e ainda carece de apontamentos científicos sobre as diversas maneiras de se preparar o sistema muscular para uma atividade esportiva. Sabendo que diferentes estímulos causam respostas distintas o presente estudo tem como objetivo comparar dois diferentes métodos de flexionamento, estático e dinâmico sobre a potência muscular de universitários ativos. A amostra foi constituída de 20 universitários que foram divididos em dois grupos e submetidos a dois protocolos experimentais, constituídos de um aquecimento com flexionamento estático e outro com flexionamento dinâmico. Após o aquecimento foram submetidos ao teste de impulsão horizontal. O protocolo onde o flexionamento dinâmico fazia parte obteve valores maiores no teste de impulsão horizontal, porém os resultados não foram estatisticamente significativos. Unitermos: Flexionamento estático. Flexionamento dinâmico. Aquecimento |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 138 - Noviembre de 2009 |
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Introdução
Atualmente sabe-se que para uma boa performance durante um exercício físico deve-se realizar um aquecimento prévio. Este aquecimento é composto, geralmente, de uma corrida leve (trote), exercícios coordenativos, atividades com bola em alguns desportos e alongamentos. Usualmente, formas de aquecimento são aplicadas com o intuito de possibilitar o funcionamento mais ativo do organismo como um todo (SIMÃO et al., 2003). Sabe-se que os exercícios aeróbios que tendem a aumentar a temperatura corporal possibilitam maior velocidade das reações químicas no corpo humano (ROBERGS, ROBERTS, 2002).
A flexibilidade assim como seu treinamento vem sendo alvo de inúmeras investigações, aumentando muito a quantidade e qualidade das informações a seu respeito. Os estudos do treinamento da flexibilidade relacionado aos esportes mostram-se quase unânimes com relação à importância de seu treinamento aplicado aos desportos (WANG,1999; WIEMMANN, 2000).
A flexibilidade pode ser definida como a qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento em máxima amplitude articular, por uma articulação ou conjunto de articulações dentro de seu limite morfológico, sem risco de causar nenhuma lesão (DANTAS, 2002). Ainda segundo DANTAS o treinamento da flexibilidade pode ser realizado de formas distintas em função dos diferentes níveis de intensidade, máximo e sub-máximo. Na intensidade submáxima temos o Alongamento, que do ponto de vista fisiológico ocorre a deformação dos componentes plásticos (retículo sarcoplasmático, mitocôndrias, sistema tubular, ligamentos e discos intervertebrais) e durante a performance facilita a execução dos movimentos e aumenta a eficiência pela pré-deformação desejada dos componentes plásticos. Na intensidade máxima temos o Flexionamento – que pode ser estático ou dinâmico. Fisiologicamente sabe-se que o flexionamento dinâmico exerce ação sobre os mecanismos de propriocepção, ou seja, fuso muscular. Estimulando assim o reflexo miotático que provoca a contração da musculatura que está sendo estirada. Esta informação leva-nos a crer que este tipo de flexionamento pode ser o mais indicado para atividades esportivas, pois acontece exatamente isso durante a execução de um movimento esportivo. Por isso é muito importante o sexto princípio do treinamento esportivo, o da especificidade, onde se treinar o mais próximo da realidade do desporto tende a favorecer a performance dos atletas. Primeiramente um alongamento, acompanhado de uma contração concêntrica da musculatura alongada. Um exemplo é o chute no futebol, onde ocorre uma flexão de joelho provocando um alongamento do quadríceps femoral seguido de uma contração concêntrica do mesmo para acertar a bola com força e velocidade gerando um chute altamente potente. Se a insistência for estática a ação é sobre os órgãos tendinosos de golgi, obtendo uma redução do tônus muscular que poderá afetar negativamente as ações esportivas como o chute no futebol.
Acredita-se que durante uma situação de performance a ação residual da resposta proprioceptiva pode provocar contratura se for realizado flexionamento dinâmico ou redução do tônus muscular ou ainda relaxamento se for realizado flexionamento estático imediatamente antes do início da atividade esportiva.
O presente trabalho tem como objetivo verificar a relação entre o uso dos métodos de flexionamento estático e dinâmico como parte do aquecimento do Futebol.
Metodologia
A amostra foi constituída de 20 voluntários onde 13 eram homens e 7 mulheres com idade de 20 ± 1,9 anos, peso de 67 ± 7 kg e altura de 1,725 ± 0,07m, todos ativos que cursavam o curso de Educação Física. Todos os voluntários assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido de acordo com as normas éticas exigidas pela Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996 em concordância com a declaração de Helsinki de 1975 e seu adendo de 2000.
Para a realização do estudo foram formados dois grupos, “A” e “B”. Os grupos foram submetidos a dois protocolos experimentais, ambos com duração de 10 minutos.
O protocolo um foi dividido da seguinte forma: três minutos de trote; três minutos de exercícios coordenativos (ex.: elevação de joelhos, deslocamentos laterais, etc.) e quatro minutos de flexionamento estático.
O protocolo dois diferencia-se do acima somente nos quatro minutos finais onde foi realizado o flexionamento dinâmico. Os testes foram realizados em uma quadra poliesportiva às 10 horas da manhã. No primeiro dia o grupo “A” realizou o “protocolo um” e o grupo “B” realizou o “protocolo dois”. Uma semana depois, os papéis foram invertidos. O grupo “A” realizou o “protocolo dois” e o grupo “B” realizou o “protocolo um”.
Após o aquecimento foi realizado o teste de impulsão horizontal. Este teste foi escolhido com o objetivo de medir indiretamente a força de membros inferiores dos voluntários, além de ser um teste de fácil aplicabilidade. Cada voluntário realizava três saltos onde foi selecionado o melhor resultado para a análise.
Para a análise dos dados foi utilizada estatística descritiva média e desvio padrão, além do teste t de student para verificar diferenças entre os dois protocolos. Foi adotado p≤0,05. Foi utilizado o softwere SPSS versão17.0 para tratamento dos dados.
Resultados
O primeiro gráfico apresenta os valores médios das três tentativas no teste de impulsão horizontal enquanto o segundo gráfico nos mostra a maior média do flexionamento estático e do flexionamento dinâmico.
A diferença entre eles foi de 0,06m. Apesar da diferença de 6 centímetros (cm), o test t de Student não aponta diferença significativa, onde p ≤ 0,27.
Considerações finais
Os resultados nos mostram que o flexionamento dinâmico por ter tido uma maior média apesar de estatisticamente não ser significativo, pode ser mais interessante durante o aquecimento no futebol. Sabemos que atualmente, quando trabalha-se com esporte de alto rendimento, conseguir avanços torna-se cada vez mais difícil pelo grande nível de treinamento dos atletas. Uma melhora por menor que seja poderá potencializar a performance dos mesmos, aumentando assim a possibilidade de triunfo dos desportistas.
Sugere-se a utilização o método de flexionamento dinâmico como parte integrante do aquecimento no futebol mesmo sendo sido verificada que não ocorreu diferença estatisticamente significativa. Todavia, para o esporte de alto rendimento frações de segundos bem como mínimas melhorias que seja nas capacidades físicas podem fazer a diferença entre os atletas.
Outros estudos com métodos e populações diferentes devem ser realizados para uma maior investigação sobre o tema.
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