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Vigotsky, inclusão e Educação Física: possibilidades de intervenção

 

Licenciado em Educação Física na Universidade Estadual de Feira de Santana

Pós graduando em Educação Especial (UEFS)

Membro do Núcleo de Educação Física e Esporte Adaptado da UEFS

Osni Oliveira Noberto da Silva

osni_edfisica@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Este artigo tem a intenção de discutir a inclusão social de deficientes físicos balizadas nas teorias de Vigotsky em conformidades com a Educação Física, na tentativa de propor uma melhor intervenção prática que relacione atividade física, esporte e inclusão, pois se trata de um tema recorrente dentro das atuais discussões acerca da educação inclusiva.

          Unitermos: Inclusão. Deficiência. Vigotsky. Educação Física

 

Abstract

          This article has the intention of discussing the deficient physicists' social inclusion in the theories of Vigotsky in conformities with the physical education, in the attempt of proposing a better practical intervention than it relates physical activity, sport and inclusion, because it is an appealing theme inside of the current discussions concerning the inclusive education.

          Keywords: Inclusion. Deficiency. Vigotsky. Physical Education

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 137 - Octubre de 2009

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Introdução

    Este artigo tem a intenção de discutir a inclusão social de deficientes físicos balizadas nas teorias de Vigotsky em conformidades com a Educação Física, na tentativa de propor uma melhor intervenção prática que relacione atividade física, esporte e inclusão.

    Inicialmente devemos situar historicamente o tema, pois é sabido que a prática de atividades físicas por pessoas com deficiência está comprovada desde a Grécia Antiga. O esporte com finalidades de reabilitação, por sua vez, já era praticado na China há 5.000 anos. No entanto, foi só após a Segunda Guerra Mundial que a prática desportiva teve maior incremento no contexto da prevenção e da reabilitação, sendo aplicado na prevenção de distúrbios secundários e na reabilitação social, física e psíquica. (SOUZA, 1994)

Breve história do esporte em cadeira de rodas

    Considera – se que o esporte com finalidades terapêuticas e que o esporte em cadeiras de rodas teve inicio no Hospital de Stoke Mandeville, na Inglaterra, por iniciativa do neurologista alemão Ludwig Guttman. Ele incluiu a prática desportiva nos processos terapêuticos das lesões medulares, na década de 40, por estar convencido dos efeitos da prática desportiva no sistema neuromuscular, mas também sobre a motivação dos indivíduos, prevenindo contra o hospitalismo. (SOUZA, 1994)

    No Brasil teve inicio oficialmente a prática do desporto em cadeiras, em 1958, com a criação de dois clubes um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro. Ambos foram criados por paraplégicos brasileiros que retornaram de tratamentos em hospitais americanos, onde haviam praticado esporte em cadeiras de rodas. Após a alta hospitalar, a prática desportiva por paraplégicos e tetraplégicos em clubes de lazer ou desportivo, associações, academias ou centros de natação asseguraria a continuidade de parcela significativa do processo de prevenção secundária e reabilitação destas pessoas. (SOUZA, 1994)

    Com o passar do tempo, o caráter medicamentoso e de reabilitação muscular das atividades físicas, organizadas na forma de esportes adaptados começaram a ganhar contornos mais amplos e ter seu sentido redirecionado, acabando por incluir os conhecimentos advindos dos campos da psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, psicomotricidade e educação entre outros, o que gerou uma enorme expansão nas possibilidades de intervenção do professor de Educação Física.

Educação Física e a o trato com a deficiência

    Estudos há muito tempo já comprovam que a Educação Física pode contribuir com o desenvolvimento das pessoas com deficiência, considerando o desenvolvimento em sua totalidade, pois a atividade motora e atividade cerebral estão intimamente ligadas. Além disso, com a prática de atividades físicas e esportivas, ocorre entre outros fatores efeitos desejáveis tais como: melhora da auto-estima, capacidade de iniciativa, auto – motivação, relaxamento, auto – superação, realização, socialização, maior tolerância à frustração, controle de doenças referentes à deficiência, etc. (FREITAS, 2000).

    A psicologia do desenvolvimento vem sendo trabalhada por algum tempo, dentro dos estudos em Educação Física como forma de ajudar no estabelecimento de padrões do desenvolvimento e conseqüentemente possibilitar a aprendizagem.

    No entanto, quando se trata de pessoas que têm um déficit orgânico, estas são tratadas comumente como pessoas menos capazes do que aquelas que não têm nenhum déficit, os denominados “pessoas normais”. O que muitos não conseguem perceber é que a pessoa com deficiência também se desenvolve, mesmo que não aconteça em padrões iguais dos “ditos normais”.

    Como afirma Vigotsky, o desenvolvimento como preceptor não é o impulsionador da aprendizagem e sim o contrário, a aprendizagem vem em primeiro plano.

    Isto porque, comumente não é reconhecida a complexidade humana, na sua diferença e diversidade. Dessa maneira, expressões, manifestações, formas de padronização de referências de normalidade, nega-se a diferença, a identidade do sujeito desviante, utilizada pelo próprio sistema para manter a ordem social. (VIGOTSKY, 1989).

    A sociedade impõe-se um estereotipo do ser humano, sem levar em conta que todos nós somos diferentes, não existindo ninguém igual ao outro, até mesmo gêmeos univitelinos têm diferenças, e sendo assim, entendemos que deficientes têm sim o seu lugar na sociedade, independentemente da sua deficiência, e devem ser respeitados como seres humanos o que o vale lembrar o comentário de Bartalotti (2006).

    Falar em inclusão social não é simplesmente falar em igualdade de direitos, mas em respeito à diversidade, ou seja, em respeito à diferença. Cidadania, então, envolve e define o direito de ser diferente, por mais marcante que essa diferença possa ser (p. 34).

    Podemos através de Vigotsky (1989) tirar algumas idéias que ajudam a compreender tudo isso. A primeira diz que o aprendizado é produzido socialmente, ou seja, o aprendizado se dá nas interações sociais, portanto, o processo de significação do sujeito é produzido no contexto social, isso quer dizer que não é o sujeito que internaliza passivamente o que a sociedade produz, mas ele lança sentidos sobre o que a sociedade produz nesse processo de internalização. Esse é um elemento importante, pois logo quando ele internaliza, está aprendendo, e esse aprendizado, que é uma apropriação daquilo que a sociedade produz, faz com que ele chegue a um processo de desenvolvimento cada vez mais elaborado. E isto é percebido como? O homem de hoje, intelectualmente, é o mesmo que o de séculos atrás?

    Do ponto de vista biológico, a origem desse homem, é quase idêntica, mas no ponto de vista cultural, a cada geração vai se apropriando do que a anterior produziu e faz com que cada novo ciclo geracional se desenvolva e evolua.

    Dessa forma, o primeiro desenvolvimento está na ordem social do individuo no seu processo de aprendizagem, enquanto que o problema de desenvolvimento que as pessoas com deficiência sofrem acontece num processo que Vigotsky chamava de Menos valia. O que é isso afinal? Não é um déficit orgânico a falta de um membro ou de um sentido que fará com que aquele indivíduo seja deficiente, mas sim a deficiência que é produzida socialmente. Um significado de que ele não irá conseguir estabelecer as relações sociais que os ditos normais conseguem. Ao se restringir a socialização dessas pessoas é que se inicia então a produção social da deficiência (VIGOTSKY, 1988). Ou seja, o “grau de dificuldade para a integração social é que definirá quem é ou não portador de deficiência” (ARAÚJO, 2003, p. 24).

Considerações finais

    Nesse sentido, importa destacarmos que a Educação Física, durante muito tempo, olhou para o deficiente como aquele que era incapaz de se relacionar socialmente, incapaz de fazer atividades que os outros “normais” faziam. Isso prejudicava o processo de desenvolvimento destas pessoas, só que contraditoriamente a atividade física pode contribuir com o desenvolvimento dessas pessoas com deficiência, em sua totalidade, pois a atividade motora e atividade cerebral estão intimamente ligadas. Nas práticas esportivas, ocorre entre outros fatores efeitos tais como: melhora da auto-estima, capacidade de iniciativa, auto – motivação, relaxamento, auto – superação, realização, socialização, maior tolerância a frustração, controle de doenças referentes à deficiência, etc. (FREITAS, 2000)

    Por tudo isso, entendo que a Educação Física na medida em que começa a desenvolver padrões que respeitem a deficiência, ajuda a construir alternativas que possibilitam que as diferenças sejam aceitas, ajudando para que os alunos se desenvolvam de forma plena. Para tanto, as idéias de Vigotsky nos diz que o deficiente tem um déficit orgânico, só que esse sujeito quando estimulado e através do processo de compensação esta pessoa desenvolve-se como qualquer outra.

Bibliografia

  • ARAÚJO, Luiz Alberto David. Pessoa Portadora de Deficiência A proteção constiucional das pessoas portadoras de deficiência. 3 ed. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa com Deficiência – CORDE, 2003. p. 128.

  • BARTALOTTI, Celina Camargo. Inclusão social das pessoas com deficiência: utopia ou possibilidade. São Paulo: Paulus, 2006.

  • FREITAS, Patrícia Silvestre de; Educação Física e esportes para pessoas deficientes, coletânea; UFU, Uberlândia; 2000; 148 pág.

  • MELLO, Alexandre Moraes de; Psicomotricidade, Educação Física e jogos infantis; Brasa; São Paulo; 1996

  • SOUZA, Pedro Américo de; O Esporte na Paraplegia e na Tetraplegia; Guanabara Koogan; Rio de Janeiro; 1994

  • VYGOTSKY, Lev. S. A Formação Social da Mente. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

  • VYGOTSKY, Lev. S. et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Icone: Editora da Universidade de São Paulo, 1988.

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