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Influência do treinamento pliométrico em areia e grama sobre

a potência e velocidade em jogadores de futebol juvenis

Influencia del entrenamiento pliométrico en arena y césped sobre la potencia y la velocidad en jugadores de fútbol juveniles

Influence of the plyometric training on sand and grass about the potency and speed in juvenile soccer players

 

*Pós Graduando em Futebol

Universidade Federal de Viçosa

**Unileste – MG – Mestre em Educação Física

Universidade Católica de Brasília

(Brasil)

Robert Silveira Utsch*

Tasso Coimbra Guerra**

Carlos Augusto Porcaro**

robert.utsch@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          É evidenciado, que o trabalho de salto realizado em uma superfície dura pode trazer prejuízos aos sistemas músculo-tendineo e articular do praticante, entretanto, especula-se que, se o mesmo não for realizado em uma superfície plana e estável não trará os resultados esperados do treinamento, como por exemplo, o reflexo de estiramento (miotático). Objetivo: Analisar os efeitos de um protocolo sistematizado de treinamento pliométrico realizado na grama e na areia sobre as capacidades físicas Salto Vertical e Velocidade de Corrida de 10, 20 e 30 metros, em jogadores juvenis de futebol, verificando se o treinamento realizado na areia tem os mesmos efeitos funcionais do que, quando realizado na grama. Métodos: Participaram do estudo três grupos de jogadores, sendo dois experimentais, atletas juvenis, e um grupo controle, atletas infantis. Grupo G1, superfície grama (10 atletas, 16,60 ± 0,5 anos); Grupo G2, superfície areia (12 atletas, 16,83 ± 0,3 anos) e Grupo G3, controle (6 atletas, 15,56 ± 0,2anos). Após distribuição aleatória dos grupos, por sorteio, os atletas realizaram 8 semanas de treinamento. Os testes SJ (Squat Jump), CMJ (Countermovement jump) e velocidade de deslocamento foram aplicados pré e pós à realização do treinamento. Resultados: Houve melhora significativa no CMJ no grupo G2 e piora nos valores de velocidade de corrida de 10m, enquanto no Grupo G1 houve melhora dos valores de salto, porém, não significativos e piora significativa dos valores de velocidade de corrida nas distâncias 10 e 30m. O grupo controle apresentou melhora nos valores de salto, porém, não significativos, e os valores velocidade de corrida não se alteraram. Conclusão: O treino pliométrico na areia pode ser utilizado na melhoria da potência muscular dos membros inferiores, assim como o treinamento na grama, além de ser uma superfície menos agressiva ao sistema ósteo-músculo-articular. Entretanto, no presente estudo, o protocolo de treino adotado não influenciou positivamente na velocidade de corrida dos atletas analisados, em nenhum dos grupos.

          Unitermos: Futebol. Treino pliométrico. Velocidade de corrida. Superfície

 

Abstract

          It is known that jump work on a hard surface can cause some damage to the muscle-tendon and joint systems, however, it is speculated that if the activity isn’t done on a flat and smooth surface it will not reach the expected results, for example, stretching reflex. Objective: This study aims to analyse the effects of a systematic protocol of plyometric training on grass or sand can have on young soccer players’ physical capacity for vertical jump and running speed of 10,20 and 30 meters, and wether the sand training has the same functional effects as the grass training. Methods: Three groups of players took part in the sudy, two experimental groups, juvenile athletes, and a control group, infant athletes. Group G1, grass surface ( 10 athletes, 16,60 ± 0,5 years ); Group G2, sand surface ( 12 athletes, 16,83 ± 0,3 years) and Group G3, control ( 06 athletes, 15,56 ± 0,2 years). After random distribution of groups, the athletes caried out a 8-week-training. SJ (Squat Jump), CMJ ( Countermovement Jump) and displacement speed tests were put into effect before and after the training. Results: There was an improvement for CMJ in group G2 and a worsening for 10 m running speed, whereas in group G1 a mild improvement for jump and a considerable worsening for 10 m and 30 m running speed were noticed. The control group presented a mild improvement for jump and no change for running speed. Conclusion: Plyometric training on sand can be used to improve the muscle power of inferior limbs as weel as grass training. In addition it is a less agressive surface to the bone-muscle-joint system. However, in this study, the adopted training protocol had no positive influence for running speed in any of the analysed groups.

          Keywords: Soccer. Plyometric training. Running speed. Surface

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 137 - Octubre de 2009

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Introdução

    Segundo Soares (2000) citado por Nunes (2004) o futebol é o esporte mais popular do mundo, praticado na forma amadora e profissional.

    O condicionamento físico exerce um importante papel nos resultados competitivos no futebol, ou seja, atualmente é um componente essencial para se atingir uma posição de destaque no futebol, explicado pelo constante progresso da exigência fisiológica da atividade competitiva (Pigozzi, 1988; citado por Nunes, 2004).

    Este esporte tão praticado no Brasil é caracterizado no âmbito físico como uma atividade que envolve potência aeróbia e anaeróbia (lática e alática), força (resistência de força, potência muscular), velocidade, agilidade, e um bom nível de flexibilidade. É caracterizado por ser uma atividade intermitente e de grande intensidade, alternando, durante o jogo, corridas rápidas (sprints) e períodos de recuperação (corridas lentas, trotes e paralisações) que ocorrem durante uma partida.

    Segundo Moura (2005), o treinamento pliométrico é um conjunto de exercícios que objetiva aumentar a capacidade do músculo em armazenar e reutilizar energia elástica, e ainda aumentar sua potencialização reflexa e mecânica, denominado também de ciclo alongamento-encurtamento (CAE).

    Wilk et al (1993) citado por Neto et al (2005), cita que o CAE ocorre quando as ações musculares excêntricas são seguidas imediatamente por uma explosiva ação concêntrica, aumentando a eficiência mecânica e conseqüentemente o desempenho motor de um gesto atlético.

    Kreighbaum e Barthels (1990) citado por Neto et al (2005), verificaram que a capacidade de geração de força pode aumentar em até 20% com a participação do CAE. Assim, é ampla a evidência que o pré-alongamento de um músculo aumenta o desempenho da contração concêntrica subseqüente, devendo-se considerar ainda como prováveis participantes do processo, o padrão de ativação das unidades motoras e o reflexo miotático.

    Relatos de diversos autores mostram que o desempenho nas corridas de alta velocidade é o resultado direto de impulso (o produto da força média e o tempo de contato) aplicada por um atleta contra o solo, durante a fase propulsiva da passada. Com isso pode-se considerar a importância da força de salto na velocidade de deslocamento (Alexander, 1989; citado por Nunes, 2004).

    A característica da velocidade de deslocamento que mais interessa para o futebolista diz respeito à fase de aceleração, com e sem mudança de direção, em conjugação com a agilidade e não à velocidade máxima. Velocidade essa que tem provocado diferenciação e sucesso de muitas equipes durante os jogos.

    De acordo com a terceira lei de Newton, “para qualquer força exercida por um corpo sobre outro, há uma força igual e oposta exercida pelo segundo corpo sobre o primeiro”, considerando o solo como este segundo corpo, as forças exercidas por ele contra o pé do atleta são denominadas forças de reação do solo. O planejamento do treinamento pliométrico deve ser cuidadoso, pois os exercícios avançados apresentam alta intensidade e geram forças de reação do solo bastante altas (Moura, 2005).

    Assim, o objetivo deste estudo foi verificar as possíveis manifestações positivas do treinamento pliométrico realizado na areia, e sua intervenção nas variáveis, salto vertical e velocidade de deslocamento, em relação ao mesmo trabalho realizado na grama.

Métodos

Sujeitos

    A pesquisa foi realizada com 28 atletas de futebol, 22 atletas juvenis do grupo experimental (16 e 17 anos) sendo 10 atletas do grupo denominado G1 (grama), 12 atletas do grupo denominado G2 (areia) e 6 atletas da categoria infantil denominado G3, grupo controle (15 anos).

Instrumentos e testes

    Os atletas foram orientados e elucidados acerca do treinamento e dos objetivos do estudo. Uma carta foi assinada pelos pais e/ou responsáveis pelos mesmos, consentindo com a participação no estudo, de forma livre.

    Os atletas do grupo G1 e G2 realizaram um programa de treinamento pliométrico, modelo adaptado de Santos et al. (1997). Nas primeiras 4 semanas foram realizadas 3 sessões semanais. Foram realizados exercícios de salto horizontais e verticais, com e sem barreiras, e sprints de até 25 metros, executando-se 2 séries de 6 exercícios, com intervalos de 1’30’’ entre séries e 45” entre exercícios. Nas 4 últimas semanas o número de sessões foi reduzido para 2 sessões semanais e foram realizados exercícios de saltos com barreiras, saltos em profundidade e sprints de até 20 metros, seguindo a mesma metodologia de série e pausa citados acima.

    O treino foi realizado simultaneamente para os dois grupos. O grupo G1 executou o treino em uma área externa ao campo de jogo atrás da linha de fundo de um dos gols, com a grama apresentando as mesmas características do campo. O grupo G2 realizou o treino em uma área de 25m de comprimento por 8m de largura, com areia fofa, própria para prática de exercícios, apresentando a caixa de areia uma profundidade de 0,15m, localizada ao lado da área onde o G1 realizou o treinamento.

    No mesmo período aconteceram também as formas de treino “convencionais” para o futebol – técnico, tático, e outras valências físicas – resistência aeróbia e anaeróbia e flexibilidade. Os atletas do grupo G3 executaram somente o treinamento “convencional” citado acima. Já o grupo experimental (G1 e G2) realizou o treinamento pliométrico e o convencional, sendo que o treino pliométrico era sempre realizado anteriormente ao treino convencional. Os atletas dos três grupos se encontravam na fase especifica (período preparatório) para o campeonato mineiro da categoria.

    Os atletas foram avaliados em dois testes de aptidão motora. Para avaliar a potência de membros inferiores foi realizado o teste de impulsão vertical, Squat Jump (SJ) ou salto agachado, mensurando a força explosiva e capacidade de recrutamento das fibras de contração rápida, tendo como principal característica a força concêntrica pura. Já o Counter Movement Jump (CMJ), mensurou a força explosiva com utilização da energia elástica e a coordenação intra e intermuscular. Os atletas executaram um programa de treino de força com duração de 35 dias antes do inicio do treino específico de pliometria, preparando-os para as cargas mais altas de treino.

    Para realização do Squat Jump (SJ) ou salto agachado, o executante parte de uma posição estática de meio agachamento, flexão dos joelhos a 90º, mãos na cintura, pés paralelos, não se permitindo novo abaixamento do centro de gravidade (CG) sendo o movimento somente ascendente (Komi e Bosco, 1978).

    No Counter Movement Jump (CMJ) ou salto contra movimento é permitido ao sujeito efetuar a fase excêntrica, em que o indivíduo executa o mais rápido possível a transição para a fase concêntrica, ou seja, realiza uma flexão de joelhos até 90º seguida do mais rápido possível a extensão do joelho para o salto (Komi e Bosco, 1978).

    O equipamento utilizado na realização das medidas de força explosiva foi o tapete de contato Jump Test que, ligado a um computador portátil, registrou o tempo e altura de vôo dos saltos, sendo realizadas três tentativas, considerando o melhor salto.

    Para mensurar a velocidade de deslocamento de 10, 20 e 30m, foi utilizado um instrumento de cronometragem eletrônica, composto por três pares de fotocélulas acoplados a um computador portátil, posicionados em forma de corredor, com 2m de largura e 30m de comprimento, avaliando assim, o tempo para percorrer as distâncias mencionadas acima, sendo que as mesmas foram realizadas em um campo de futebol gramado. O atleta saía 1m recuado do primeiro par de fotocélulas e percorria, no menor tempo possível, a distância determinada.

Análise estatística

    Foi utilizado o teste t de Student para amostras independentes e a análise de variância, a fim de comparar as médias das variáveis, observando os pressupostos para a execução de cada um destes testes. As variáveis abordadas no estudo são impulsão vertical (impulsão agachado e contra movimento) e teste de velocidade em 10, 20 e 30 metros.

    Assim sendo, além de identificar diferenças entre os efeitos do treinamento pliométrico e os efeitos do treinamento “convencional”, serão observadas diferenças quanto ao local onde foram realizados os treinamentos (areia e grama). Os níveis de significância adotados neste estudo foram p ≤ 0,05.

Resultados

    Na tabela 1 são apresentados os valores referentes às características antropométricas dos participantes do estudo, com as respectivas médias e desvio padrão, para caracterização do perfil da amostra em questão.

Tabela 1. Média e desvio padrão das variáveis antropométricas

Grupo

N

Idade

Peso

Altura

%G

Massa Magra

G1

(Grama)

10

16,60 ± 0,5

71,49 ± 6,8

1,73 ± 0,05

12,33 ± 3,1

62,63 ± 6,0

G2

(Areia)

12

16,83 ± 0,3

67,74 ± 7,2

1,74 ± 0,06

10,60 ± 3,0

60,43 ± 5,3

G3

(Controle)

6

15,56 ± 0,2

62,48 ± 5,9

1,68 ± 0,03

11,96 ± 2,7

55,16 ± 8,4

    Os resultados dos testes de Impulsão e velocidade de deslocamento estão descritos na tabela 2, onde se podem comparar os valores entre o pré e pós-teste e entre os grupos.

Tabela 2. Média e desvio padrão das variáveis estudadas, para os Grupos de treinamento na grama, areia e controle

Variáveis

G1 (Grama)

G2 (Areia)

G3 (Controle)

Impulsão agachado

Pré-teste

36,9 ± 5,5

36,0 ± 3,7

32,6 ± 2,0

Pós-Teste

38,1 ± 7,0

36,3 ± 2,8

34,2 ± 3,6

Contra movimento

Pré-teste

38,4 ± 6,8

36,3 ± 3,6

32,4 ± 2,7

Pós-Teste

40,2 ± 6,7

38,1 ± 3,3*

34,4 ± 3,5

velocidade 10m

Pré-teste

1,612 ± ,07

1,611 ± ,05

1,681 ± ,03

Pós-Teste

1,668 ± ,09*

1,642 ± ,04*

1,720 ± ,07

velocidade 20m

Pré-teste

2,551 ± ,14

2,564 ± ,05

2,684 ± ,08

Pós-Teste

2,550 ± ,16

2,544 ± ,06

2,674 ± ,12

velocidade 30m

Pré-teste

4,176 ± ,20

4,183 ± ,09

4,371 ± ,11

Pós-Teste

4,231 ± ,25*

4,205 ± ,09

4,406 ± ,18

* p-value ≤ 0,05

    Analisando a tabela 2, pode-se observar que os grupos G1 e G2, no pré-teste, antes da realização do treinamento, apresentaram resultados semelhantes para as variáveis analisadas, ou seja, não apresentaram diferenças significativas entre eles. Já em relação ao G3 (Controle), verifica-se desempenho inferior em todas as variáveis testadas, o que está de acordo com o estágio maturacional, caracterizado pela idade, deste grupo em relação aos demais.

    Percebe-se na tabela 2, que os três grupos analisados apresentaram uma melhora nos valores de salto, ou seja, uma evolução, com valores significativos para o grupo da areia no salto CMJ. Já para os valores de velocidade de corrida, observou-se decréscimo significativo dos resultados nos grupos G1 e G2 para velocidade de 10 metros, e para o G2 na distância de 30 metros.

    As figuras 1 e 2 apresentam a comparação do resultado para o SJ e CMJ, no pré e pós-teste, por grupo. Pode-se perceber que, apesar dos valores absolutos terem se apresentado maiores no pós-teste, apenas para o G2 (areia), apresentou evolução significativa para o CMJ, aumentando de 36,3 cm para 38,1 cm. Analisando a evolução dos dois grupos, parece que a superfície sobre a qual o treinamento foi realizado não influenciou a variação no desempenho dos atletas juvenis masculinos na amostra em estudo.

    As figuras 3 e 4 apresentam a evolução dos tempos obtidos nos testes de velocidade de corrida de 10, 20 e 30 metros, para os grupos G1 e G2. Observa-se que apenas para a distância de 20 metros, os grupos apresentaram alguma evolução positiva, porém não significativa. Nas demais distâncias verificou-se uma performance inferior, sendo que para o G1 foi significativa a diferença nas distância de 10 e 30 metros, e para o G2 foi significativa a diferença na distância de 10 metros. Estes resultados permitem supor que o treinamento aplicado não produziu os efeitos desejados de melhoria da velocidade.

Discussão

    A corrida e a força explosiva podem ser influenciadas por diferentes aspectos, como quantidade de fibras de contração rápida (tipo II), o número de fibras recrutadas, a coordenação intra e inter muscular, capacidade de armazenar e reutilizar a energia elástica, rápida mobilização das unidades motoras, uma maior freqüência de seus impulsos e uma melhor sincronização das atividades dos motonêuronios no começo do impulso explosivo da força (VERKHOSHANSKY et al., 2000); além de fatores não fisiológicos e bioquímicos, como motivação e capacidade volitiva de desempenho máximo.

    Almeida e Rogatto (2007); em estudo com adolescentes do sexo feminino, idade entre 13 e 16 anos, constataram que a velocidade de deslocamento, aferida pelo teste de corrida de 50 metros não se modificou, assim como a impulsão vertical, embora mostrando tendência de evolução, após treinamento pliométrico executado duas vezes por semana durante quatro semanas, em uma quadra poliesportiva.

    Hollmann e Hettinger (2005); citados por Almeida e Rogatto (2007) explicam que fatores de diferentes naturezas como, por exemplo, característica biomecânica, via de fornecimento de energia e estrutura do músculo influenciam a capacidade de velocidade do indivíduo. A velocidade de deslocamento também está ligada ao tipo predominante de fibras musculares (tipo I ou tipo II). Assim, o presente estudo apresentou semelhantes resultados com a pesquisa em questão, ou seja, não houve melhora significativa na velocidade de deslocamento após o treino pliométrico.

    Rimmer e Sleivert (2000); num estudo com 26 sujeitos divididos em três grupos, sendo um grupo de salto (N= 10) executando o treinamento pliométrico, o outro grupo de corrida (N = 7) executando um treinamento de corrida e acelerações e o terceiro grupo (N =9) de controle, observaram os efeitos do treinamento pliométrico na velocidade de “sprint”, seguindo uma dinâmica de 8 semanas, com um total de 15 sessões de treinamento 2 vezes por semana. Os sujeitos foram avaliados nas distâncias de 10 – 40 metros, antes e depois do programa. Os resultados demonstraram diferenças significativas (p < 0,001) tanto para a corrida de 10 metros quanto para a corrida de 40 metros. Os autores relatam que o treino pliométrico específico propicia ganhos na velocidade de deslocamento (10 e 40 metros) similares a um programa de repetições de acelerações de 25, 30 e 40 metros. Quanto ao grupo controle, os autores evidenciaram que não houve diferença significante nos tempos das corridas.

    Kotzamanidis (2006); em seu estudo com garotos pré-adolescentes avaliou o efeito do treinamento pliométrico na velocidade de corrida e salto agachado (SJ), encontrando resultados positivos nas velocidades de corrida de 0-30m, 10-20m e 20-30m, porém não encontrou melhoria na distância de 0-10m. Entretanto foi encontrado um aumento significativo nos valores do salto Squat Jump. Pôde-se observar no estudo que o treinamento melhorou os valores na fase de velocidade máxima, mas não na fase de aceleração.

    Na contramão das evidências citadas acima, alguns autores citam, em pesquisas realizadas com adultos, que os exercícios de saltos, que não são específicos para o desempenho de corrida (isto é, exercícios de salto tipo vertical) não causam nenhum efeito na velocidade de corrida (Chu, 1996).

    Haywood et al. (1986); citado por Kotzamanidis (2006); relatou que o treinamento crônico causou um aumento nos valores de salto agachado em ginastas e nadadoras pré-adolescentes após treinamento pliométrico. O resultado do presente estudo indicou que os exercícios pliométricos conjugados com sprints (corrida em velocidade) promoveram melhoras no teste de Squat Jump (SJ), porém, não foram significativos.

    No estudo de Hespanhol et al. (2006), foi encontrado resultados significativos para o salto agachado (SJ) e contra-movimento (CMJ) em atletas de futebol da categoria júnior sub 20, após treinamento pliométrico de 10 semanas. Os valores de salto encontrados foram similares ao deste estudo, com escores médios de força explosiva (SJ) de 36,22 cm e força elástico-explosiva (CMJ) 41,05 cm.

    Casajús (2001) em estudo com futebolistas da 1ª divisão da Espanha mostrou resultados também semelhantes, com valores médios de 39,0 cm (SJ) e 41,4 cm (CMJ), sendo que nos três estudos os atletas se encontravam no final do período preparatório.

    No estudo de Impellizzeri et al. (2007), foi realizado um protocolo em duas superfícies (areia e grama) como na pesquisa em questão, porém, por um período de 4 semanas. Os resultados da pesquisa mostraram efeitos positivos em todas as variáveis estudadas, corrida de velocidade de 10 e 20m, Squat Jump e Counter Moviment Jump. Ambos os grupos aumentaram os valores no teste SJ, com um aumento maior no grupo que realizou o treino na areia. Já no teste CMJ, o grupo treinado na grama apresentou melhores resultados. Os valores de corrida foram melhores no pós-teste, porém sem significância estatística.

    Medindo a força de membros inferiores através do salto Squat Jump e Couter Moviment Jump, Dias et al. (2005) não encontraram diferenças entre os valores para um grupo de futebolistas e um grupo de escolares, com média de idade de 13 anos. Segundo Gonzáles et al. (2007), a capacidade de salto, tanto o SJ quanto o CMJ, apresenta um aumento progressivo, com os valores aumentando na medida em que se aumenta a idade cronológica.

Conclusão

    O treino pliométrico na areia pode ser utilizado na melhoria da potência muscular dos membros inferiores, assim como o treino na grama, além de ser uma superfície menos agressiva ao sistema ósteo-músculo-articular. Entretanto, no presente estudo, o protocolo de treino adotado não influenciou de forma significativa a potência de membros inferiores e velocidade de corrida dos atletas analisados, permitindo supor que o método de treinamento pliométrico talvez não seja eficiente para a faixa etária envolvida, considerando-se que o grupo controle, submetido ao treinamento convencional, comum aos três grupos, apresentou resultados relativos semelhantes. Assim, a superfície de treino não influenciou as variáveis analisadas entre os grupos e o treino adotado não interferiu positivamente nos valores de salto e velocidade, exceto para o grupo G2, no teste CMJ. Algumas variáveis podem ter interferido nos resultados encontrados, como grau de fadiga pelo acúmulo de treinos, motivação intrínseca para realização dos testes, apesar dos atletas terem recebido estímulos verbais durante toda a execução dos mesmos. Outro fator a ser considerado é o tempo de aplicação do protocolo de treinamento e o dia de aplicação do testes, pois a aplicação do pré-teste foi realizada no começo da semana e no pós-teste, a realização foi no final da semana, podendo com isso, ter interferido nos resultados da pesquisa.

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