Mulheres, futebol e gênero: reflexões sobre a participação feminina numa área de reserva masculina Mujeres, fútbol y género: reflexiones sobre la participación femenina en un coto masculino Women, Football, and Gender: reflexions about the feminine participation in a male reserve arena |
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*Licenciada em Educação Física/Unisuam/RJ Especialista FIOCRUZ/RJ *Doutor em Educação Física, Professor Adjunto PGCAF/Universo-RJ LEEFEL/Unisuam-RJ |
Renata Silva Batista* Fabiano Pries Devide** (Brasil) |
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Resumo A pesquisa possui caráter qualitativo e bibliográfico, alinhando-se com os Estudos de Gênero com foco nas mulheres. O objetivo geral foi analisar como ocorreu a inserção e a participação das mulheres no futebol brasileiro, assim como o papel da mídia esportiva neste processo. Identificou-se que as mulheres jogavam futebol desde a década de 1930 no Rio de Janeiro. No entanto, por questões legais, foram proibidas de praticar a modalidade até 1979. A década de 1980 marcou o desenvolvimento do futebol feminino, que nas décadas seguintes atingiu resultados internacionais expressivos. Entretanto, são necessárias estratégias para promoção da equidade de gênero nesta modalidade, na qual mulheres ainda sofrem preconceitos. Unitermos: Gênero. Mulheres. Futebol
Abstract This qualitative and bibliographic research is a gender study that focuses on women. It aims to analyze how the insertion and permanence of women in brazilian football and the function of sportive media in this process happened. We identified that women have played football in Rio de Janeiro since 1930. However, for legal issues, they were forbidden to practice this sport until 1979. The 1980 decade was marked by the development of feminine football, which in the following decades reached expressively international results. Nonetheless, strategies are needed to promote gender equity in this sport, in which women still suffer prejudice. Keywords: Gender. Women. Football |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 137 - Octubre de 2009 |
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Introdução
A hegemonia do futebol enquanto prática desportiva no Brasil é apontada por diversos autores, jornalistas e cronistas brasileiros, sendo considerado uma paixão nacional (KNIJNIK, 2006; GOELLNER, 2005a, 2006; SALLES et al, 1996).
Em pesquisa realizada com o intuito de verificar as mudanças na visibilidade das mulheres atletas na mídia esportiva no Brasil, constatou-se que mais de 70% das matérias do caderno de esportes do jornal “O Globo”, abordavam o futebol (DEVIDE et al, 2008). Esta porcentagem se referia ainda à prática por atletas do sexo masculino.
O futebol feminino no país é recente, pois através do Decreto lei 3199, publicado inicialmente em 1941 pelo CND,1 proibia-se a prática de esportes que não fossem adequados à natureza feminina. Tal decreto foi regulamentado em 1965, através da deliberação número 7, que estabelecia regras para a participação das mulheres no esporte, proibindo a prática de várias modalidades (DEVIDE, 2003). Só em meados da década de 1980 o CND concedeu o direito à prática de diversas modalidades esportivas pelas mulheres, incluindo o futebol (CASTELLANI, 1991).
Existe um incentivo por parte da CBF2 ao futebol feminino, mas se comparado com o incentivo à modalidade masculina, nota-se uma discrepância quanto a sua divulgação e suporte técnico, além do número de competições, visibilidade na mídia, salários, entre outros aspectos relevantes. Porém, mesmo com tímidos incentivos, o futebol feminino tem obtido bons resultados a nível internacional (SOUZA, DARIDO, 2002; GOELLNER, 2006).
A participação das mulheres no futebol é cercada por preconceitos sócio-culturais. A vivência nesta modalidade esportiva nos despertou o interesse de pesquisar os aspectos que dificultam o desenvolvimento desta prática esportiva por mulheres em no Brasil.
Neste sentido, este estudo teve como problema responder à questão: Como se deu a inserção e a permanência das mulheres no futebol no cenário esportivo brasileiro? O objetivo geral foi analisar, sob a ótica de gênero, como ocorreu a inserção e a participação das mulheres no futebol brasileiro.
Algumas questões a investigar foram elaboradas para orientar a pesquisa, a saber:
como ocorreu a inserção das mulheres no contexto futebolístico?;
quais os preconceitos enfrentados pelas mulheres que praticam futebol no país?; e
qual a visibilidade do futebol feminino na mídia esportiva?
O estudo analisa o futebol feminino de alto rendimento no contexto esportivo nacional e internacional, focalizando o gênero como uma categoria de análise (SCOTT, 1995), o que nos permite uma compreensão sobre as questões que inserem o sexo masculino e feminino no mesmo campo social: o futebol.
A relevância do estudo recai na sua contribuição para as pesquisas de gênero e mulheres na Educação Física; na reflexão social para a necessidade de combater a generificação de algumas práticas corporais, como o futebol; e pela sugestão de mudanças na política administrativa do cenário esportivo brasileiro, em prol de uma equidade de gênero no que se relaciona à inserção na prática esportiva por ambos os sexos.
Metodologia
Esta pesquisa apresenta caráter qualitativo, com design bibliográfico e documental, utilizando como referencial teórico central, a teoria de gênero com foco nas mulheres (SCOTT, 1995; KNIJNIK, 2003; GOELLNER, 2004; ROMERO, 2004; DEVIDE, 2005).
A teoria de gênero justifica-se neste trabalho pelo mesmo investigar a presença das mulheres num contexto esportivo de reserva masculina, culturalmente construída. Assim como a prática do futebol pelas mulheres é uma conquista recente, os estudos voltados para a participação e visibilidade das mulheres no desporto também são escassos no país (GOELLNER 2001; ROMERO, 2004; KNIJNIK, SOUZA, 2004; BOSCHILIA, MEURER, 2006; KNIJNIK, 2007; DEVIDE et al, 2008; GOMES, SILVA, QUEIRÓS, 2008).
Os estudos de gênero no Brasil começaram a se desenvolver na década de 1980, incentivados pelo movimento feminista, focando a mulher no seu papel social e as relações de poder entre o feminino e o masculino (GOELLNER, 2001; SARAIVA, 2002; LUZ JÚNIOR, 2003). As pesquisas brasileiras que focam as mulheres no desporto com foco em suas trajetórias esportivas têm sido realizadas por um grupo de intelectuais que vêm se dedicando ao resgate e à construção da história das mulheres no cenário esportivo brasileiro, entre os quais podemos citar: Mourão (2003); Goellner (2004); Knijnik (2003); Romero (2004); Devide (2003; 2005).
Futebol feminino no Brasil
O esporte é um fenômeno social capaz de integrar pessoas de diversas origens sociais, culturais, étnicas, religiosas, identitárias, sejam praticantes ou espectadores. A inserção feminina na prática esportiva em todo o mundo teve de romper com muitas barreiras, pois o esporte no molde ocidental foi criado pelo o homem e para o homem.
Diante das barreiras para a inserção das mulheres no esporte, alguns estudiosos interpretam a prática esportiva como uma forma de emancipação social para as mulheres no Brasil no início do século XX (SILVA, 1999; MOURÃO, 2003; DEVIDE, 2003; ROMERO, 2004), ainda que cercada de argumentos e preconceitos de toda ordem para impedirem seus direitos a tal prática (KNIJNIK, 2001). Para Romero (1994), a história da Educação Física no país está atrelada à ideologia sexista.
Em 1882, Rui Barbosa, na ocasião relator do projeto sobre a Reforma do ensino primário, tornou obrigatória a ginástica para ambos os sexos em todo país, mas com uma ressalva em relação às mulheres: devia se adequar à harmonia das formas femininas e às exigências da maternidade futura (CASTELLANI, 1997; KNIJNIK, 2001).
A prática do futebol feminino já ocorria nas décadas de 1930 e 1940 nas praias do Rio de Janeiro, segundo estudos anteriores (SALLES et al, 1996; GOELLNER, 2006), sendo alvo de muitos preconceitos. Em 1941, a promulgação do Decreto-lei nº.3.1993 preceituava no seu artigo 54:
“Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo para esse efeito o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país...” (CASTELLANI, 1997, p. 94).
Em 1965, como citado anteriormente, o CND proibiu às mulheres a prática de algumas atividades esportivas, tais como: futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo, halterofilismo, beisebol e lutas. Diante desses fatos, fica evidente e possível imaginar os obstáculos enfrentados para a inserção e permanência das mulheres no esporte. Para legislar tais normas, muitos argumentos foram levantados e defendidos por autoridades no assunto. Sob bases biológicas e fisiológicas, alegavam quais seriam as atividades adequadas para o corpo e a saúde das mulheres, futuras mães (KNIJNIK, 2001).
Finalmente, em 1979 o CND revogou a deliberação nº. 7/65, substituindo-a pela de nº. 10/79, que concedia às mulheres o direito às práticas já citadas que lhe eram proibidas (CASTELLANI, 1997; MOURÃO, SOUZA, 2007). O histórico de preconceitos e proibições atrasou o desenvolvimento do esporte feminino no país, incluindo o futebol, que se desenvolveu na década de 1980, após o CND, na gestão de Manoel José Gomes Tubino, baixar a recomendação nº 2, que reconhecia: “... A necessidade de estímulo à participação da mulher nas diversas modalidades desportivas no País...” (CASTELLANI, 1997).
O futebol feminino ganhou visibilidade no contexto futebolístico brasileiro na década de 1980. Há consenso em se afirmar que os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo serviram como cenário principal para este desenvolvimento. No primeiro, a modalidade ganhou visibilidade, com o surgimento da primeira liga de futebol feminino em 19814 e a realização de diversos campeonatos, como: I Campeonato de futebol de praia feminino do Rio de Janeiro; I Torneio de Futebol Society Feminino - Casas Pernambucanas; I Cop Regine’s Cinzano de Futebol Feminino e a Copa Unibanco de Futebol Feminino; Em 1983 o I Campeonato Carioca de futebol e o Copertone Open de futebol feminino5 (SALLES et all, 1996; GOELLNER, 2006). Vale ressaltar que o início destas competições estava diretamente ligado aos investimentos dos patrocinadores de diversas empresas privadas, justificando a logomarca de algumas empresas inseridas na nomenclatura dos eventos.
Salles et al (1996) apontam que após o CND revogar o decreto lei 10/65, a CBF ainda tentou impedir a expansão do futebol feminino no país, vetando a participação dos campeonatos femininos em estádios oficiais, tendo suas primeiras competições nesses locais sob forma de festival e não de competição.
A criação de um Clube carioca em 1982 estimulou o desenvolvimento do desporto, pois o time de futebol feminino do Esporte Clube Radar participou de muitas competições, obtendo resultados a nível nacional e internacional, como o Campeonato Mundial Interclube, em 1987, o tri-campeonato estadual, o tetracampeonato Brasileiro e o tri-campeonato da Taça Brasil.
Tais conquistas resultaram num maior número de cadastramento de clubes e atletas, o que colaborou para a organização do I Campeonato Estadual de Futebol/RJ, em 1987. Com decadência do Esporte Clube Radar em 1988, o futebol feminino estagnou no país, pois este time era base da seleção brasileira (SALLES et al, 1996).
A década de 1990 foi marcante para o desporto no cenário esportivo mundial, pois em 1991 foi criado o Campeonato Mundial de Futebol Feminino,6 considerado como a Copa do Mundo do Futebol Feminino. Devido a tal acontecimento, os dirigentes da CBF montaram às pressas a primeira seleção nacional de futebol feminino. Neste evento, o Brasil não obteve medalha, mas na terceira edição do mundial, em 1999, nos Estados Unidos, o Brasil alcançou o inédito terceiro lugar, após morte súbita nos pênaltis contra Noruega, demonstrando sua evolução técnica7 (DARIDO, 2002).
É importante ressaltar a neutralidade lingüística do gênero quanto ao desporto, especificamente o futebol. Neste contexto, a Copa do Mundo de Futebol nos leva a deduzir que é um campeonato masculino, não precisando da extensão da categoria relacionada ao sexo; enquanto no futebol praticado pelas mulheres é necessário expressar que este evento é feminino: Copa do Mundo de Futebol Feminino, confirmando que a linguagem também implica um processo de construção social do gênero (DEVIDE, 2005).
Em termos de resultados internacionais,8 em 1996, o futebol feminino participou pela primeira vez dos Jogos Olímpicos de Atlanta, classificando-se em quarto lugar. Nos Jogos Olímpicos de Sidney, 2000, a seleção repetiu o quarto lugar e em Atenas, 2004 e Pequim, 2008, a seleção feminina de futebol sagrou-se vice-campeã olímpica.9 Os Jogos Pan Americanos incluíram o futebol feminino no seu quadro de modalidades somente em 1999 e 2003 e 2007, nas edições realizadas em Santo Domingo e no Rio de Janeiro, a seleção feminina do Brasil foi campeã pan-americana. Outro resultado importante foi o campeonato Sul-Americano de Futebol Feminino, no qual a seleção brasileira é tetracampeã (1991, 1995, 1998 e 2003).10
Outros campeonatos internacionais têm sido realizados, nos quais a seleção brasileira feminina vem se destacando. Na Universíade, na China, em 2001, o Brasil surpreendeu ficando em primeiro lugar. Também foi a equipe vice-campeã do I Torneio US Soccer Feminino, em 2000; e vice-campeã da Copa Ouro Feminina
11 (CONCACAF)12.Na ocasião de realização deste estudo, em visita ao site oficial
13 da CBF, não visualizamos um número significativo de competições pela seleção feminina. Em contrapartida, encontramos um extenso e organizado calendário de competições da seleção masculina de futebol.Após a participação da seleção feminina em Atenas, 2004, o presidente da CBF, fez declarações sobre a situação do futebol feminino no Brasil, sublinhando que os clubes brasileiros apresentavam dificuldades para a manutenção das equipes masculinas, sendo necessário o desenvolvimento de um trabalho específico para o futebol feminino, pois o campeonato olímpico da equipe dos Estados Unidos era resultado de um futebol feminino organizado e estruturado naquele país.
14Entretanto, a prioridade da CBF ainda tem sido o futebol masculino, que por questões históricas, culturais e sociais, está estruturado. A gestão esportiva do futebol no Brasil ainda está marcada pela falta de estrutura e apoio às atletas, que têm oferecido declarações periódicas sobre a escassez de recursos destinados ao futebol feminino no Brasil, o que tem contribuído para o êxodo de jogadoras para times europeus e norte-americanos.
Os discursos proferidos após os Jogos Olímpicos de Atenas retratam a atualidade do que continua ocorrendo no futebol feminino no Brasil: campeonatos e torneios têm ocorrido em alguns estados, por meio de esforços das próprias atletas, ligas, associações e algumas federações. Ainda falta organização e estímulo por parte da CBF, para o financiamento de contratações e remunerações das atletas, patrocínio, divulgação e transmissão dos jogos femininos em rede de televisão aberta, proporcionando uma mudança no cenário atual, pois se não existe torneio, campeonatos e incentivos dentro de sua nação, como podem se preparar para competições externas? (GOELLNER, 2006).
Segundo Simões e Knijnik (2004) e Devide et al (2008), o esporte de alto rendimento na sociedade brasileira tem sido um espaço em que as mulheres têm marcado presença, com aumento da participação. Contudo, ainda são comuns julgamentos sobre sua beleza estética e sensualidade, mantendo em segundo plano a sua capacidade atlética, valores socioculturais que já deveriam ter sido superados. Neste caso, a inserção das mulheres no futebol não suprimiu os preconceitos circulantes, pois ainda travam uma batalha constante para manterem sua permanência neste esporte, que em nosso país tem se mantido pelos próprios esforços e habilidades técnicas das jogadoras, que movidas pelo amor a esta prática desportiva, mantém-se ativas como atletas.
A generificação do futebol e seus reflexos na mídia esportiva
Ao discutir a situação feminina na sociedade, especificamente no esporte, é indispensável refletir sobre os aspectos relacionados ao gênero. O gênero se torna uma categoria útil de análise que nos permite compreender conceitos, valores e representações circulantes na nossa sociedade (SCOTT, 1995). A autora define gênero como “um elemento constitutivo de relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos (...) uma forma primária de dar significado às relações de poder” (p. 86).
Podemos considerar gênero como uma construção cultural e não natural (LOURO, 1997). Butler (2003) afirma que “nesse caso, não a biologia, mas sim a cultura se torna o destino” (p.26). A mesma cultura, por meio da decodificação dos corpos, influenciará as regras do que é mais adequado para os homens e para as mulheres em termos de práticas sociais (SOUZA, ALTMANN, 1999). Neste contexto, quando se aborda a participação feminina no futebol, identifica-se o preconceito no discurso circulante, pois a cultura brasileira ainda associa o futebol como uma área de reserva masculina, excluindo por décadas a sua prática pelas mulheres (GOELLNER, 2006).
O desporto em si é excludente (ALTMANN, 2002; GOMES, SILVA, QUEIRÓS, 2004). Alguns estudos sobre a prática do desporto na Educação Física Escolar, tanto em aulas mistas quanto separadas por sexo, constataram que as exclusões não ocorrem somente pelo gênero, mas que a habilidade motora, a força e a idade também são aspectos relevantes para um “emaranhado de exclusões” (ALTMANN, 2002; LIMA et al, 2006).
Meninos não excluem meninas do jogo de futebol por simplesmente pertencerem ao sexo feminino, mas por não terem habilidade motora para praticá-lo, pois as meninas que jogam bem se inserem nos jogos compostos pelo sexo masculino sem maiores problemas. Mas se o preconceito não está no sexo, onde está? Segundo Damo (2006):
“Tanto mais nítida é a diferenciação dos papéis em dado contexto social, mais intensamente os jogos haverão de reproduzi-las, razão pela qual é recomendável estar atento para o valor atribuído à dada modalidade de jogo e, sobretudo, à sua conotação (ou não) em termos de masculino, feminino ou misto. É pelo fato de que se naturalizou, entre nós, o futebol como prática masculina, que se espera, de meninos e meninas, atitudes diferenciadas (p. 2)”.
O mesmo autor afirma que a presença feminina nos jogos de futebol se torna uma ameaça, considerando que sua participação em massa possa desconfigurar códigos que foram historicamente embutidos nos papéis
15 sexuais, podendo desconstruir a associação do futebol como “coisa para homem” (FRANZINI, 2005), fazendo com que eles tenham que recorrer a outro espaço para dominar.De forma geral há rituais pelos quais meninos e meninas são socializados para construírem suas identidades de gênero. Neste aspecto, jogar futebol e brincar de boneca são atividades, respectivamente atribuídas a ambos os sexos, com vistas a formar homens competitivos, resistentes, fortes, que tolerem a dor; assim como futuras mães, esposas e donas de casa.
Neste sentido, o esporte coletivo torna-se um espaço para a construção da masculinidade por apresentar características instrumentais como: agressividade, força e competitividade, aspectos culturalmente vistos como componentes da corporeidade masculina (MESSNER, 1992; DEVIDE, 2005).
Além da estrutura social que dificulta a inserção e a permanência das mulheres no futebol, elas se deparam com a barreira do preconceito familiar, por vezes representado pela figura materna (KNIJNIK, VASCONCELOS, 2003). O apoio da família é decisivo na carreira dessas atletas, conforme outros estudos já realizados mulheres atletas de elite (DEVIDE, 2003).
O preconceito é fruto do processo de inserção das mulheres no contexto esportivo de reserva masculina, o que contribui para a construção de estereótipos relacionados à identidade sexual
16 e de gênero das jogadoras. Franzini (2005) afirma que desde a sua origem o futebol é destinado aos homens, que a sociedade brasileira é sexista, tornando a prática do futebol feminino alvo de discursos machistas.Muitas jogadoras são rotuladas de lésbicas por praticarem futebol, levantando a discussão sobre a masculinização das mulheres que praticam tal modalidade. Essa visão de masculinizar ou afeminar um sujeito social se estabelece por uma definição binária acerca dos gêneros, que considera algumas características como sendo exclusivamente femininas ou masculinas, atribuindo uma fixidez às identidades (GOELLNER, 2006).
No contexto dessa sociedade, as mulheres devem demonstrar atributos considerados femininos, obedecendo a um padrão de beleza imposto pelo meio social. Mas por conta do treinamento esportivo, essas atletas adquirem uma forma física que contrasta com esse padrão social (DEVIDE, 2003; GOELLNER, 2006), contribuindo para serem estigmatizadas como “masculinizadas”, além de terem sua identidade sexual posta sob suspeita (KNIJNIK, VASCONCELOS, 2003).
A analogia entre a prática do futebol feminino e a identidade sexual da atleta explica-se por meio da má compreensão sobre os significados de identidade de gênero e identidade sexual. Uma mulher que pratica futebol cruza a fronteira da identidade de gênero, inserindo-se numa área masculina. Porém, isso não significa que há uma relação causal com a sua identidade sexual (GOELLNER, 2005b). Entretanto, a equação linear entre sexo biológico, identidade de gênero e identidade sexual ainda tem sido a norma na sociedade heterossexista (BUTLER, 2003), na qual qualquer desvio é alvo de estigmatização e preconceito.
Enquanto a mídia tende a divulgar imagens de mulheres em alguns campos sociais representados como femininos, em especial aqueles que exploram sua sensualidade e beleza; o mesmo não ocorre no contexto esportivo, sobretudo quando o foco é o futebol, pois o corpo feminino visto em ação, num esporte considerado masculino, rompe com a referência feminil que a sociedade associa às mulheres.
Desta forma, a erotização do corpo feminino na arena esportiva ainda tem sido um meio de atrair os espectadores e patrocinadores que no Brasil são escassos para as modalidades esportivas femininas em geral (GOELLNER, 2006). Além disso, a filtragem sobre o que é coberto pela mídia em termos de eventos esportivos é baseada em valores de grupos sociais dominantes (MESSNER, 1994), que ao valorizar a sensualidade do corpo feminino em detrimento de seu potencial atlético, não contribui para a construção de representações sociais sobre mulheres atletas que estejam ancoradas em valores como força, resistência, combatividade, potência, entre outros, que socialmente têm sido relacionados somente à identidade masculina. (KNIJNIK, SOUZA, 2004; ROMERO, 2004; DEVIDE et al, 2008).
Em setembro de 2001, a Federação Paulista de Futebol (FPF), considerada a maior federação esportiva estadual de futebol do país, tendo em vista dar uma maior visibilidade ao futebol feminino e consequentemente uma maior rentabilidade, reformulou o seu campeonato estadual, tendo como molde, os padrões de beleza das atletas. Essa nova estrutura chamou atenção da impressa e dos espectadores, dando destaque com matérias nos principais jornais e transmissões ao vivo dos jogos em canal aberto (KNIJNIK, SOUZA, 2004). Mesmo não concordando com tais preceitos, muitas atletas aderiram aos testes, por paixão ao esporte, pois enxergaram uma possibilidade de impulsionar a carreira profissional.
A visibilidade das mulheres no esporte vem despertando o interesse de alguns autores. Nesses estudos (KNIJNIK, SOUZA, 2004; ROMERO, 2004) alguns aspectos foram constatados: as mulheres têm um espaço restrito, que vêm sendo conquistado lentamente. Algumas mudanças são notórias, como o fato de as mulheres estarem aparecendo mais em ação no seu contexto esportivo, desvinculando sua imagem apenas da representação icônica do corpo belo e gracioso, vinculando-o ao atleticismo inerente à prática esportiva (DEVIDE et al, 2008).
Alguns veículos de comunicação divulgam os eventos de futebol feminino quando estão em acontecimento. No transcorrer do presente estudo, foram encontradas reportagens na internet sobre os Jogos da Paz
17, o Campeonato Sul-americano de Futebol Feminino18 e a Copa Onu.19 A mídia, em geral, tem participação na construção e desconstrução de estereótipos de gênero e representações sobre a rentabilidade da profissão de jogador/a. Talvez uma via de reflexão sobre as causas da hegemonia do futebol masculino seja analisar esses parâmetros: “futebol é coisa de homem”, “futebol é mais lucrativo” (KNIJNIK, 2006).Considerações finais
As informações aqui apresentadas nos permitem identificar o árduo caminho percorrido pelas mulheres desde sua inserção e permanência no cenário esportivo futebolístico no país.
É compreensível a exclusão das mulheres no esporte, considerando a falta de conhecimento sobre o corpo feminino nos séculos XIX e início do século XX, pois foram sobre bases biológicas que se construíram os discursos que normatizavam a participação das mulheres no exercício físico e no esporte, inclusive sob o formato de decretos
Acreditava-se que algumas práticas esportivas poderiam masculinizar as mulheres, além de afetar o sistema reprodutivo feminino, cabendo às mulheres apenas o papel social de mãe e protetora do lar. Novas concepções na área biomédica interligadas com a política contribuíram para uma nova fase na Educação Física brasileira, o higienismo, que através de um discurso eugênico, compreendia que a atividade física beneficiava a saúde das mulheres, que com um corpo forte e sadio poderiam gerar filhos saudáveis, tornando a raça brasileira mais forte. Comprovados os benefícios da prática esportiva para as mulheres, as atividades indicadas à Educação Física Feminina eram relacionadas ao desenvolvimento da beleza, feminilidade e maternidade (GOELLNER, 2003), tais como a dança, a ginástica e a natação (DEVIDE, 2004). No entanto, apesar dos avanços históricos em termos de participação, restaram os preconceitos culturais sobre a inserção de mulheres em algumas modalidades esportivas consideradas masculinas, como o futebol.
Além dos argumentos biológicos, o discurso sobre a masculinização das mulheres atletas também se tornou uma barreira para a sua inserção no esporte, numa sociedade sexista e patriarcal. Tal preconceito existe até hoje, sobretudo em áreas de reserva masculina, como o futebol, estando vinculado aos estereótipos de gênero, que atribuem aos indivíduos rótulos de “masculino” ou “feminino” que se constituem em barreiras a permanência e desenvolvimento da modalidade no país.
A exclusão feminina que ocorria no esporte a partir de um argumento biologicista não mais aceita, quando interpretamos a exclusão das mulheres a partir de um enfoque de gênero. Sobretudo, no cenário de mudanças na ocupação de espaços sociais por homens e mulheres na sociedade brasileira.
A prática do futebol feminino no Brasil ainda é marginalizada, mas lentamente a mídia tem divulgado notícias sobre o futebol feminino, seja na mídia impressa, televisiva ou virtual. Porém, como o número de eventos ainda é pequeno, as notícias são escassas e se restringem à jogadoras ícones ou às conquistas da seleção brasileira feminina de futebol. É preciso encontrar estratégias para desenvolver o futebol feminino no país, o que pressupõe uma gestão esportiva estruturada, pois o Brasil possui seleções – feminina e masculina - com resultados internacionais expressivos.
A assimilação sem preconceitos do futebol feminino pela sociedade e pela mídia esportiva, só ocorrerá por meio de intervenções políticas nas estruturas administrativas responsáveis pelo desporto no país, especialmente pela CBF e federações regionais. É preciso profissionalismo de ambas as partes - atletas e dirigentes - para que ocorra o interesse de patrocinadores, pois os bons resultados alcançados até hoje pela seleção brasileira feminina são merecedores de atenção e compromisso por parte daqueles que investem e organizam o esporte nacional.
A criação de mais campeonatos de forma estruturada e organizada, que despertem o interesse da mídia televisiva e confiram visibilidade ao futebol feminino no país contribui para influenciar as representações sociais acerca da sua prática por mulheres, de forma positiva.
Concluímos que há necessidade de uma equidade de oportunidades em todos os níveis do futebol feminino, desde a preparação técnica até a cobertura da mídia nos eventos envolvendo a modalidade. Ressaltamos que buscar uma equidade de oportunidades e incentivos no futebol para ambos os sexos.
Notas
Conselho Nacional de Desportos.
Confederação Brasileira de Futebol.
Lei que estabeleceu as bases de organização dos desportos em todo o país até o ano de 1975 (Castellani, 1997).
Esta Liga manteve seu apoio até uma crise desencadeada por desentendimentos durante a partida final do campeonato carioca de 1984 entre Bangu e Radar, quando o futebol feminino quase paralisou totalmente suas atividades. Em 1988, esta liga se dissolveu, passando suas funções para a Federação de Futebol de Salão do Estado do Rio de Janeiro (FFSERJ), que manteve o mesmo apoio ao futebol feminino (SALLES et al, 1996).
Ocorreu no mesmo ano, e reuniram quartoze clubes, inclusive equipes internacionais da França, Portugal e Espanha.
Torneio que reúne 16 seleções femininas a cada quatro anos, a Copa do Mundo de Futebol Feminino surgiu como idéia dos oficiais da FIFA durante a Copa do Mundo de 1986 no México.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_do_Mundo_de_Futebol_Feminino, Acesso em: 25/10/2006
Em nível nacional, as competições também têm ocorrido, mas a dificuldade em encontrar fontes fidedignas para citar os eventos, nos levou a optar a facultá-los no presente estudo.
Os dados sobre os Jogos Olímpicos e Pan-Americanos estão disponíveis em: http://www.cob.org.br/
Disponível em: http://www2.uol.com.br/cbf/pdf/titulos_rt.pdf e http://jc.uol.com.br/tvjornal/2006/11/12/not_111732.php, Acesso em: 25/10/2006.
Disponível em: < http://www2.uol.com.br/cbf/pdf/titulos_rt.pdf, Acesso em: 25/10/2006.
Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe.
Disponível em: http://cbfnews.uol.com.br/ e http://cbfnews.uol.com.br/calendario/ Acesso em: 05/11/2006.
Agencia Brasileira de Notícias, disponível em: http://www.abn.com.br/editorias1.php?id=17710, Acesso em: 28/10/2006.
“Papéis seriam basicamente padrões ou regras arbitrárias que uma sociedade estabelece para seus membros e que definem seus comportamentos, suas roupas, seus modos de se relacionar ou de se portar” (LOURO, 1997, p. 23).
A identidade de gênero relaciona-se às práticas sociais que assumimos no cotidiano e a sociedade associa com masculino ou feminino; enquanto a identidade sexual relaciona-se à forma como cada indivíduo vive sua sexualidade (GOELLNER, 2001).
Disponível em: http://jc.uol.com.br/tvjornal/2006/11/12/not_111732.php, Acesso em: 13/11/2006.
Disponível em: http://www.futnet.com.br/futebolfeminino/default.asp?adword=015, Acesso em: 30/10/2006.
Apóiam este torneio organizado pela Associação Estadual de Futebol Feminino do Rio de Janeiro (AEFFE), a Liga Nacional de Futebol (LINAF), a Secretaria Especial de Política para as Mulheres, o Ministério dos Esportes, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, a Associação de Cronistas Esportivos, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e o Centro de Informações da ONU, no Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.futnet.com.br/futebolfeminino/default.asp?adword=015, Acesso em: 08/11/2006.
Referências
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digital · Año 14 · N° 137 | Buenos Aires,
Octubre de 2009 |