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Comparação da influência da Capoeira 

na coordenação motora de escolares

 

*Licenciado em Educação Física do

Centro Universitário Metodista Bennett – RJ

**Coordenador e docente do curso de Licenciatura em Educação Física

do Centro Universitário Metodista Bennett – RJ

Cesar Nacif *

Josué Morisson de Moraes**

nacif.prof@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Introdução: A capoeira é uma atividade física cultural afro-brasileira desenvolvida no Brasil. Existem duas vertentes, a Capoeira Angola representada por mestre Pastinha e a Capoeira Regional derivada da capoeira Angola criada por Mestre Bimba. Na década de 30 do século passado ela foi legalizada, e hoje vem ganhando espaço nas escolas, universidades e no exterior. No universo escolar, a capoeira vem sendo utilizada como aula extracurricular, com pouco aproveitamento nas aulas de Educação Física. Objetivo: O presente estudo teve como base avaliar e comparar, a agilidade de estudante praticantes de capoeira, e estudantes que praticam futebol, handebol, voleibol, e basquetebol como atividade extracurricular, no intuito de fundamentar a prática da capoeira nas aulas de Educação Física. Material e método: Optou-se por segmentar a amostra em dois grupos: meninos que praticam capoeira como modalidade esportiva, nascidos em 1996/1997(n=11); meninos que praticam futsal, voleibol, basquetebol e handebol como atividades extracurriculares, nascidos em 1996/1997(n= 11).O protocolo usado foi o Teste do Quadrado para diagnosticar a agilidade, descrito no manual do PROESP (GAYA; SILVA, 2007). Resultados: Foi utilizado o Teste de T the Student para comparação entre as variáveis. O resultado encontrado P. 0,152.

          Conclusão: O resultado não apresentou diferença significativa entre os grupos estudados sugerindo que a capoeira pode ser utilizada nas aulas de Educação Física.

          Unitermos: Capoeira. Educação Física. Escola

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 137 - Octubre de 2009

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Introdução

    A capoeira é uma atividade física cultural afro-brasileira que representa uma sedição de defesa dos negros proveniente da época da escravidão. Sua trajetória é marcada pela proibição, porém na década de 30 do século passado ela foi legalizada. Seus maiores ícones são mestre Pastinha representando a capoeira Angola e mestre Bimba que criou o estilo Regional derivada da capoeira Angola.

    A introdução da capoeira como ferramenta pedagógica é recomendada pelos parâmetros curriculares nacionais(PCNs), tornando-se uma sugestão de modalidade de esporte, expressão corporal, jogo, folclore, arte e cultura (BRASIL,1998). No entanto alocada em instituições de ensino, essa atividade deve ser inserida com pressupostos educacionais, decorrentes da demanda do contexto escolar (DARIDO, 2005).

    Diversos profissionais estão ligados ao ensino das habilidades motoras, sejam eles da Educação Física, Dança ou Fisioterapia. Porém, o essencial é o planejamento com uma avaliação diagnóstica a fim de que o objetivo final possa ser alcançado, trazendo positivos resultados no desenvolvimento motor. (TANI et al; 2004). A capacidade do indivíduo em desempenhar uma habilidade, praticando-a e vivenciando-a, contribui para a melhoria em seu desempenho, e isto acaba por resultar em êxito no desenvolvimento e na aprendizagem motora. (ZACARON; KREBS; 2007 apud MARGILL, 2000, SCHMIDT; WRISBERG). O professor de Educação Física é o profissional mais qualificado e indicado a melhorar a aptidão física, desenvolvendo as capacidades motoras das crianças (VERARDI et al; 2007).

    Hoje, está ocorrendo uma grande transformação na sociedade que, consequentemente, interfere nas escolas, atingindo toda área docente. Na Educação Física não é diferente; o professor precisa criar novas propostas, novos conceitos na prática pedagógica, para que possam continuar a contribuir com a formação de cidadãos que sejam capazes de se posicionarem, de forma crítica, diante das novas formas de expressão corporal (BETTI; ZULIANI, 2007). As escolas e os profissionais de Educação Física devem aproveitar o momento atual, no qual a capoeira vem ganhando espaço como esporte e forma de expressão corporal, e introduzí-la no currículo escolar. Aproveitar tal momento pode significar levar os alunos à prática da cultura corporal do movimento, sem objetivos de torná-los jogadores de capoeira, e sim, possibilitar a eles novas práticas esportivas (NASCIMENTO; FENSTERSEIFER, 2007).

    Espera-se que os resultados obtidos com o presente estudo fundamentem o uso da capoeira como ferramenta pedagógica para os professores de Educação Física aplicarem no universo escolar, em função dos benefícios no desenvolvimento motor dos praticantes da capoeira. Para diagnosticar a influência da capoeira na coordenação motora, foram avaliados, por meio do teste do quadrado (GAYA; ADROALDO, 2007), a agilidade de meninos praticantes de capoeira e meninos praticantes de futsal, basquetebol, handebol, voleibol como atividades extracurriculares.

Metodologia

    O presente estudo é de cunho descritivo com tipologia comparativa (THOMAS; NELSON, 2002). Para a elaboração do estudo foram selecionados estudantes regularmente matriculados no Colégio Metodista Bennett, situado na rua Marquês de Abrantes, 55, Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Para análise das informações, considerando a amplitude da faixa etária e do equivalente nível de escolaridade dos sujeitos selecionados (ensino fundamental), optou-se por segmentar a amostra em dois grupos: meninos que praticam capoeira como modalidade esportiva, nascidos em 1996/1997(n=11); meninos que praticam futsal, voleibol, basquetebol e handebol como atividades extracurriculares, nascidos em 1996/1997(n= 11). O protocolo usado foi o Teste do Quadrado para diagnosticar a agilidade, descrito no manual do PROESP (GAYA; SILVA, 2007).

Material

    Um cronômetro, um quadrado desenhado em solo antiderrapante com 4m de lado, 4 cones de 50 cm de altura.

Orientação

    O aluno parte da posição de pé, com um pé avançado a frente, imediatamente atrás da linha de partida. Ao sinal do avaliador, desloca-se até o próximo cone em direção diagonal. Na sequência, corre em direção ao cone a sua esquerda e depois se desloca para o cone em diagonal (atravessa o quadrado em diagonal). Finalmente, corre em direção ao último cone, que corresponde ao ponto de partida. O aluno deverá tocar com uma das mãos cada um dos cones que demarcam o percurso. O cronômetro deverá ser acionado pelo avaliador no momento em que o avaliado realizar o primeiro passo, tocando com o pé o interior do quadrado. Foram realizadas duas tentativas, sendo registrado o melhor tempo de execução.

Anotação

    A medida foi registrada em segundos e centésimos de segundo (duas casas após a vírgula). Exemplo: 5,23 segundos.

    O tratamento estatístico foi realizado por meio do software computadorizado Statistical Package for the Social Science (SPSS) - versão 13.0.

    A estatística utilizada foi a descritiva, observando-se os valores de tendência central e seus derivados, associada a um teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. Os resultados se apresentaram dentro da normalidade determinando a tomada de decisão estatística pela utilização de testes paramétricos. Foi utilizado o Teste de T the Student para comparação entre as variáveis. Os procedimentos empregados no estudo foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Metodista Bennett, e acompanham normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde envolvendo seres humanos.

Resultados

    Na tabela 1 estão apresentados os resultados da comparação entre os dois grupos, realizado através do teste do quadrado, indicando não haver diferença significativa entre os praticantes de capoeira e os que não praticam capoeira. P. 0,152

Discussão

    Não foi encontrado diferença significativa entre os dois grupos estudados, o P. 0,152, não atingindo nível de significância pois o p<0,05, isto é, 95 % de probabilidade para as afirmativas ou negativas.

    Embora o presente estudo não tenha detectado diferença significativa entre os grupos, o grupo controle avaliado foi constituido por alunos que praticam futsal, handebol, voleibol e basquetebol como atividades extracurriculares. Oliveira; Paes (2004) destacam essas atividades como benéficas para a aquisição de habilidades motoras, porém com uma pedagogia, respeitando a individualidade biológica de cada praticante.

    Os resultados encontrados enquadram a capoeira no mesmo nível de modalidades praticadas pelo grupo controle, o que sugere proporcionar benefícios motores semelhantes.

    Esses achados corroboram os estudos de Santos (2000), que afirma que a capoeira pode ser inserida no contexto da Educação Física Escolar, como uma opção de habilidades físico-sociais, dos escolares brasileiros. Viana e Silva (2005), afirmaram em um estudo com adolescentes em Campinas, que a capoeira sobressaiu na melhoria do comportamento na sala de aula. Alves e Barreto (2009), em um estudo sobre a utilização da capoeira como tema transversal na percepção dos professores, reivindicaram a introdução da Capoeira no contexto escolar, por ser uma atividade física motivante que desperta o interesse dos alunos.

Conclusão

    De acordo com os resultados do presente estudo, a capoeira, como outras modalidades esportivas, propicia o desenvolvimento da coordenação motora, o que nos permite concluir que a capoeira, inserida como conteúdo das aulas de Educação Física, se constitui em ferramenta eficaz no desenvolvimento das habilidades motoras dos escolares. Considerando que esta atividade é uma manifestação esportiva e cultural genuinamente brasileira, e ainda constatando os benefícios motores de quem a pratica, fica patente a importância de sua inclusão como atividade curricular e extracurricular nas escolas, porém vale lembrar que a vivência do professor de educação física é primordial para a não descaracterização da tradição da capoeira.

    Recomenda-se a reprodução do presente estudo em amostras diferentes, com praticantes de outras modalidades e /ou escolares sedentários podendo ser utilizado outro(s) testes(s) para avaliação do desenvolvimento motor.

    Recomenda-se ainda, em estudos posteriores, a análise de outras formas de benefícios como socialização, musicalidade, e flexibilidade.

Referências bibliográficas

  • ALVES, Fernando Cássio Orso; BARRETO, Dagmar Bittencourt Mena. A percepção de professores do ensino regular sobre a utilização da capoeira como tema transversal no projeto pedagógico da escola. Disponível em: http://hilton.sousa.googlepages.com/TCC-Alves2007.pdf. Acesso em: 15 ago. 2009.

  • BRASIL – Ministério da educação- Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ed- Brasília,2001.

  • BETTI, Mauro;ZULIANE, Luiz Alberto. Educação Física Escolar: Uma proposta de diretrizes Pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física, São Paulo,n., p.73-81, 22 nov. 2007.

  • DARIDO, Soraya Cristina; RANGEL, Irene Conceição Andrade. Educação Física na Escola. São Paulo: Guanabara Koogan, 2005.

  • GAYA, Adroaldo; SILVA, Gustavo. Manual de aplicação de medidas e testes, normas e critérios de valiação. Projeto Esporte Brasil 2007 Proesp-br: Observatório Permanente dos indicadores de saúde e fatores de prestação esportiva em crianças e jovens, Rio Grande Do Sul-rs, n., p.1-27, 01 jul. 2007.

  • NASCIMENTO, Paulo Rogério Barbosa do; FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo. A inserção da capoeira nos espaços formais de educação: Jogo de Dentro/Jogo de Fora. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n. 111, p.1-6,22 nov.2007. http://www.efdeportes.com/efd111/a-insercao-da-capoeira-nos-espacos-formais-de-educacao.htm

  • OLIVEIRA, Valdomiro de; PAES, Roberto Rodrigues. A pedagogia da iniciação esportiva: um estudo sobre o ensino dos jogos desportos coletivos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n. 71, p.78-85, 04 abr. 2004. http://www.efdeportes.com/efd71/jogos.htm

  • SANTOS, Luiz Silva. O desporto em si não educa. Revista Educação da Física/UEM, Maringa, n. , p.75-85, 06 jun. 2000.

  • TANI, Go. Comportamento motor, aprendizagem motora. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 2 p.

  • THOMAS JUNIOR,; JK, Nelson. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. Porto Alegre: Artmed, 2002.

  • VERARDI, Carlos Eduardo Lopes et al. Análise da Aptidão Relacionada à Saúde e ao Desempenho Motor em Crianças: e Adolescentes da Cidade de Carneirinho MG. Revista MACKENZIE de Educação Física, Maringá, n. , p.127-134, 29 jun. 2007.

  • VIRTUOSO, Jair Sindra et al. Educação Física e Esporte no Brasil: Perspectiva de Formação e Intervenção Profissional. Revista da Educação Física/uem, Maringá,n., p.17-30,22 nov. 2007.

  • ZACARON, Daniel; KREBS, Ruy Jornada. A Complexidade e a Organização no processo de Aprendizagem de Habilidades Motora. Revista da Educação Física/uem, Maringá,n., p. 85-94, 22 dez. 2006.

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