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Estabelecimento de metas como estratégia 

motivacional. Artigo de revisão

Establecimiento de metas como estrategia motivacional. Artículo de revisión

 

Bacharel em Educação Física e Esportes

Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC

Professor do Departamento de Esporte Escolar

Instituto Estadual de Educação, Santa Catarina

Anderson Simas Frutuoso

andersonsimoca@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          A motivação é uma das variáveis psicológicas mais estudadas, sobretudo no contexto esportivo, porém, o grande desafio que se apresenta é tornar atletas e praticantes de atividades físicas cada vez mais motivados à prática. Com esse estudo objetivou-se apresentar dados sobre o estabelecimento de metas com estratégia motivacional no contexto esportivo. Fica evidente que a estratégia é eficaz, entretanto alguns critérios devem ser seguidos.

          Unitermos: Motivação. Estabelecimento de metas, Psicologia do Esporte

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 137 - Octubre de 2009

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Introdução

    Com a evolução das ciências do esporte, vários estudos começaram a ser realizados visando um maior conhecimento deste fenômeno e dos fatores que o circundam. Dentre estas ciências a psicologia do esporte se apresenta como um campo de estudos recente, porém em franca evolução (BUCKWORT; DISHMAN, 2002).

    Diversas variáveis que influenciam na perfomance esportiva, ou simplesmente na prática de atividades físicas, vêm sendo analisadas a fim de conhecer o perfil dos indivíduos que tem esta ligação com o esporte. Uma das variáveis estudadas é a motivação, diversos estudos analisam os fatores motivacionais determinantes na prática esportiva, visto que esta variável é o estopim do processo, por ser um estado interno resultante de uma necessidade que desperta comportamentos dirigidos ao cumprimento da necessidade ativante (DAVIDOFF, 1983). Entretanto, fazer com que um sujeito se motive não é uma tarefa fácil, com o tempo, algumas estratégias foram sendo criadas para aumentar a motivação dos praticantes de atividades físicas e esportistas. Atualmente as estratégias motivacionais mais comuns são o reforço, o feedback e o estabelecimento de metas, este último apresenta-se como importante ferramenta de intervenção da psicologia do esporte para aumentar a motivação, persistência e desempenho (WEINBERG e GOULD, 2001). Este estudo tem por objetivo levantar dados acerca do estabelecimento de metas como estratégia motivacional no contexto esportivo.

Estabelecimento de Metas

    O estabelecimento de metas surgiu fora do contexto esportivo, o primeiro registro encontrado menciona sua origem no início do século XX, por Frederick Winslow Taylor, considerado o pai da administração científica, também conhecida como Taylorismo. Taylor usava as metas como modo de aumentar a produtividade de fábricas e empresas, o método segundo estudos, mostrou-se bastante eficaz à realidade empresarial. (LOCKE e LATHAM, 1979; LOCKE, 1982).

    O esporte rendimento, em partes apresenta pontos em comum com o mundo empresarial, visto que ambos trabalham com a eficiência e produtividade de seus trabalhadores e atletas, assim sendo, o estabelecimento de metas empresarial pôde ser transferido à realidade esportiva, onde pode orientar o caminho a ser seguido no treinamento, atuando como técnica de intervenção essencial para regular a motivação, além de influenciar positivamente nas variáveis: concentração stress/ansiedade, auto-confiança e coesão de grupo (DOSIL, 2004).

Tipos de Metas

    Weinberg e Gould (2001) indicam a existência de dois tipos de metas, as subjetivas e objetivas. Metas subjetivas simplesmente declaram uma intenção, já as objetivas, além de declarar intenção, são mais sistemáticas, focam padrão específico em tempo determinado. No esporte é aconselhável se trabalhe com metas objetivas, as quais se dividem em três formas: voltadas ao resultado, tendo todo seu enfoque no resultado final (ex: ganhar a corrida); voltadas ao desempenho, onde o enfoque está no desempenho pessoal, não importando o desempenho alheio (ex: correr cada kilometro da corrida em 4 minutos); e metas voltadas ao processo/realização, onde o foco está no processo com que se desempenha a atividade, nos gestos técnicos (ex. correr com determinada posição de braços e pernas). As três formas de metas devem coexistir durante o ciclo de treinamento, pois se complementam.

Estratégia de trabalho

    O grande ponto fraco do estabelecimento de metas é a falta de critérios na técnica aplicada (GOULD, 1993). Para que estratégia seja efetiva a literatura (DOSIL, 2004; WEINBERG e GOULD, 2001) apresenta alguns critérios a serem seguidos no desenvolvimento da estratégia:

  • Escrever (registrar) as metas

  • Desenvolver estratégias para atingir as metas

  • Considerar possíveis influências no sistema e personalidade do atleta

  • Revisão de metas (metas flexíveis)

  • Data limite para cumprimento

  • Apóie a meta (não perder o foco)

  • Fazer avaliações e fornecer feedback sobre as metas

  • Assegurar que a meta estabelecida é a meta perseguida

  • As metas devem ser elaboradas junto com o atleta (estimular o atleta a criar as metas)

  • Estabelecer metas específicas, metas de longo e curto prazo

  • Estabelecer metas de treino e competição

  • Estabelecer prioridades (hierarquia de metas)

  • As metas devem ser compatíveis (quando do estabelecimento de mais de uma)

  • Metas realistas e alcançáveis

    Alguns problemas também são relatados na literatura (DOSIL, 2004; WEINBERG e GOULD, 2001), são eles:

  • Dificuldades no convencimento de estabelecer metas;

  • O não estabelecimento de metas específicas;

  • Estabelecer muitas metas em pouco tempo;

  • Não ajuste de metas;

  • Não estabelecer metas de desempenho e processo/realização;

  • Falta de avaliação e acompanhamento das metas.

    Especificamente sobre a avaliação das metas, esta dever ser realizada tanto no início quanto nos períodos subseqüentes do treinamento, a fim de organizar, planejar e planificar a estratégia de atuação, como ferramenta de avaliação apresenta-se o GOAL-SETTING INVENTORY (RUSHALL E FISDEL, 1988, não publicado). O instrumento contém perguntas relacionadas à percepção dos atletas em relação a nove áreas, sendo elas: perguntas gerais; percepção de metas; estabelecimento de metas em relação ao técnico; efeito das metas nos atletas; ações do estabelecimento de metas; fatores que afetam o estabelecimento; relação metas e performance; outros fatores relacionados ao estabelecimento; e tipos de metas.

    As respostas às perguntas refletem 3 quadros: (verdadeiro) consistente; (não tenho certeza) inconsistente; e (falso) ausência de comportamentos relacionados ao estabelecimento de metas.

Metas a serem definidas no esporte e sua eficácia

    Segundo estudos (BARCELONA e SANFELICE, 2004; BARROSO, 2007; CID, 2002; FREITAS, 2007; PAIM, 2001; TEQUES, 2006), o fator motivacional de maior relevância à prática esportiva é o desenvolvimento de técnicas e habilidades esportivas. O estabelecimento de metas, então, deve direcionar seus objetivos para tais fins, para que assim possa ser uma ferramenta de intervenção significativa. Quanto a sua eficácia, em um estudo de meta-análise, Kyllo e Landers (1995), afirmam que é eficaz na melhora do desempenho esportivo, Duda (1992) ressalta que o estabelecimento de metas influencia o modo de interpretar e responder aos eventos, afeta a auto-avaliação e atribuições de sucesso e fracasso, visto que o atleta compreende melhor a situação em que se encontra.

    Se a qualidade e quantidade de informações disponíveis ao atleta forem controladas, não haverá diferenças se as metas estabelecidas partirem do técnico, do atleta ou de ambos em conjunto. Portanto, é essencial que o atleta esteja informado para que esta estratégia funcione corretamente. A importância do estabelecimento de metas está no foco dado pelo atleta para realização. (FAIRALL E RODGERS, 1997)

Conclusão

    Mesmo com a ferramenta do estabelecimento de metas tendo sido reconhecida como importante instrumento de intervenção e automotivação, é necessário que, ao iniciar este método, seja feita uma profunda análise do grupo, buscando conhecer quais fatores motivacionais são tidos como mais importantes e qual a orientação motivacional predominante, a fim de ter maior embasamento para iniciar o trabalho, visto que o critério na técnica pode mudar todo o resultado da estratégia.

Referências

  • BARCELONA, E. M.; SANFELICE, G. R. Motivos de atletas “riocuartenses” para jogar voleibol. EFDeportes.com, Revista Digital, v.10, n.78, 2004. http://www.efdeportes.com/efd78/motivos.htm

  • BARROSO, M. L.C. et al. Motivos de prática de esportes coletivos universitários em Santa Catarina. In: FÓRUM INTERNACIONAL DE ESPORTES, n.6, 2007. Florianópolis. Anais do Fórum Internacional de Esportes, n. 6. Florianópolis: FESPORTE, 2007. Disponível em CD-ROM.

  • BUCKWORTH, J.; DISHMAN, R. K., Exercise psychology. Champaign, IL:. Human Kinetics 330 p. 2002.

  • CID, L. F. Alteração dos motivos para a prática desportiva das crianças e jovens. Revista Digital EF y Deportes, v.8, n.55, dezembro de 2002. http://www.efdeportes.com/efd55/motiv.htm

  • DOSIL, J. (2004). Psicologia de la actividad física e del deporte. Madrid. Mc Gran Hill. 2002

  • DAVIDOFF, L. Introdução à Psicologia. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1983.

  • DOSIL, J. Psicología de la Actividad Física y del Deporte. Madrid: McGrawHill. 2004

  • DUDA, J. L. Motivation in Sport Settings: A Goal perspective Approach. In: G. C. Roberts (ed.), Motivation in Sport and Exercise, pp. 57-92. Human Kinetics, Champaign. 1992

  • FAIRALL, D. G., & RODGERS, W. M. The effects of goal-setting method on goal attributes in athletes: A field experiment. Journal of Sport and Exercise Psychology, 19, 1-16. 1997

  • FISDEL, J. G. An assessment tool for goal-setting in sporting environments. San Diego State University, San Diego, California. 1988. Tese de Mestrado.

  • FREITAS, C. M. S. M. Satisfação com a imagem corporal e motivação para a prática desportiva em adolescentes escolares. Comparação dos três grupos Étnicos numa perspectiva Biopsicossociocultural. In: XII Encontro Pernambucano de Pesquisa em Educação Física e Esporte, Anais do Encontro Pernambucano de Pesquisa em Educação Física e Esporte, 2003, Recife, 2003.

  • GOULD, D. Goal-setting for peak performance. In J. Williams (Ed.), Applied sport psychology: personal growth to peak performance. California: Mayfield Publishing Company. 1993

  • KYLLO, L., & LANDERS, D. Goal-setting in sport and exercise: A research synthesis to resolve the controversy. Journal of Sport & Exercise Psychology, 17, 117-137. 1995

  • LATHAM, G.P., LOCKE, E.A. Goal Setting — A Motivational Technique That Works. Academy of Management Review. 1979.

  • LOCKE, E. A. The Ideas of Frederick W. Taylor: An Evaluation. The Academy of Management Review, Vol. 7, No. 1 Jan. p. 14-24. 1982

  • PAIM, M.C.C. Motivos que levam adolescentes a praticar futebol. Lecturas en EF y Deportes, v.7, n.43, 2001.

  • TEQUES, P. H. A. Motivos e orientações cognitivas para a prática do futebol juvenil de competição. In Congreso de la Sociedad Iberoamericano de Psicología Del Deporte. Anais del Congreso de la Sociedad Iberoamericano de Psicología del Deporte. 12-16 septiembre 2006.

  • WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do exercício, 2ª. ed. Tradução de Maria Cristina Monteiro. Porto Alegre: Artmed, 2001.

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