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A relevância do esporte lazer na vida do trabalhador

La importancia del deporte recreativo en la vida del trabajador

 

*Mestrando em Ciência da Motricidade Humana - Universidade Castelo Branco

LABESPORTE e Professor da Secretaria de Educação do Estado da Bahia

**Mestre em Ciência da Motricidade Humana - Universidade Castelo Branco

LABESPORTE e Professor Substituto da EEFD da UFRJ

(Brasil)

Renilton Oliveira Santos*

nillsanttos@hotmail.com

Ricardo Martins Porto Lussac**

ricardolussac@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          Atualmente a população brasileira observa a diminuição constante do tempo livre do trabalhador, estabelecendo uma relação muito forte no seu tempo livre com a atividade profissional do dia. O tempo livre não deve ser vivido na anomia, pobreza e carência educativa, pois tais fatores propiciam o surgimento de patologias individuais e sociais. Para que o tempo livre seja significante, é importante que esteja associado a outras dimensões facilitadoras, pois o tempo é considerado um pré-requisito ao lazer. O esporte lazer tem como princípio o prazer lúdico e a ocupação do tempo livre e da liberdade. É notável o crescimento do esporte lazer em nossa sociedade. Diferente do esporte de rendimento, que prioriza a participação dos talentos, o esporte lazer tem a sua essência no prazer, na descontração, na diversão e no bem estar em decorrência do seu caráter desinteressado, sendo considerado um excelente meio de convivência harmoniosa.

          Unitermos: Esportes. Lazer. Sociedade. Bem estar. Trabalho

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 137 - Octubre de 2009

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Introdução

    Atualmente a população brasileira observa a diminuição constante do tempo livre do trabalhador. Mesmo quando ele não está trabalhando, percebe-se uma relação muito forte no seu tempo livre com a atividade profissional do dia. Com a revolução tecnológica, os profissionais têm ao seu dispor máquinas, equipamentos e computadores. No entanto, segundo De Masi (2001), tem-se a sensação de que o homem tem muito menos tempo para o lazer do que no passado. Embora este problema não seja uma novidade, é notável a preocupação de estudiosos desse século em contribuir para a análise e interpretação desse fenômeno social.

    Diante da seriedade da questão, muitos autores, a partir do advento da Sociedade Industrial, escreveram muito sobre o assunto. No fim do século XIX na Europa, pelo fato dos operários serem desrespeitados profissionalmente, surge o primeiro manifesto literário sobre o lazer pelo socialista Lafargue. Mas somente nas primeiras décadas do século XIX, iniciou-se a sistematização dos estudos do lazer nos Estados Unidos e na Europa. (MARCELINO, 1996).

    Marcelino (1996) entende que o contexto histórico no pós-guerra contribuiu para uma nova dimensão nos estudos sobre o lazer, mas antes disso, no período de 1932 a 1938, a questão foi trabalhada por autores como Bertrand Russel, Huizinga e Veblen. Nos anos 50, no entanto, o lazer se sistematiza como estudo nas sociedades industriais capitalistas ou não, em diversos trabalhos. Em trabalhos mais recentes, destaca-se o francês Jofre Dumazedier com grande dedicação ao tema em pesquisas no Mundo com influências no Brasil.

    O lazer recebe muitas classificações controvertidas, devido ao número de propostas. No Brasil, entende-se que o lazer está restrito a atividades esportivas, recreativas e culturais. (CAMARGO, 1994). Não existem critérios para essa classificação. A mais aceita é a de Dumazedier que leva em conta os princípios de interesse cultural em cada atividade de lazer subdividindo-as em físicas, manuais, intelectuais, artísticas e sociais.

    O lazer deve ser estudado numa perspectiva transdisciplinar em razão do seu conteúdo transcender as razões disciplinares. Para Bellefleur (apud PADILHA, 2004), o lazer não pode ser estudado isoladamente, pois o assunto está inscrito numa abordagem global do comportamento do ser humano contribuindo para o desenvolvimento da vida pessoal e coletiva.

    Observou-se nas explicações da história do lazer que o esporte surge nas classes burguesas nos ambientes de trabalho na Europa, numa perspectiva democrática, desinteressada e prazerosa. No entanto, no decorrer do processo histórico ele vai se apropriando de interesses capitalistas em transformá-lo num elemento importante pela busca da produtividade e eficácia em interesses pela manutenção do status quo das classes dirigentes. Diante disso, o bem estar social da classe trabalhadora foi diminuindo e contribuindo para um aumento do stress, do isolamento social, do sedentarismo e alimentação desiquilibrada.

    Segundo De Masi (apud MOREIRA, 2003), é o projeto da nova sociedade, a Pós-Industrial, que deixará de se preocupar com a necessidade demasiada de produzir riquezas, fenômeno que prevaleceu nos últimos duzentos anos da história da humanidade, produzindo então nessa nova sociedade, atitudes de solidariedade e hospitalidade e trabalhando na conscientização das pessoas na distribuição da riqueza produzida.

O tempo livre do trabalhador

    O tempo no desenvolvimento da sociedade percorreu vários estágios. Foi cíclico, descontínuo e qualitativo até chegar num sentido linear, qualitativo e contínuo. (MELLO; FUGULIN; GAIDZINSKI, 2007).

    O homem substituiu os elementos do tempo cíclico como o sol, a lua e as estrelas por instrumentos de sincronização como o relógio. Destarte, houve uma revolução na vida das pessoas no sentido de adaptação a um tempo de precisão para as tarefas no trabalho, enquanto que no passado o trabalho tinha momentos de intensidade alta alternados com momentos de ociosidade. O relógio surgiu no século XIII na Europa e foi multiplicado no século XIV em praças públicas, o que marcou significativamente a relação estreita do tempo e trabalho. Nessa época, o tempo se relacionava estreitamente com o trabalho, considerando-se como o elemento fundamental para a organização e produtividade (MELLO; FUGULIN; GAIDZINSKI, 2007).

    O tempo foi um elemento fundamental para todas as épocas envolvidas nesse estudo. Aos poucos ficou evidente que o tempo da Era Pré-Industrial, que era contemplativo, foi substituído por um tempo estressante, do acúmulo de riquezas na era industrial. “Ao longo de uma vida se estuda durante quinze ou vinte anos, para depois trabalhar durante trinta anos e fazer bem pouco ou quase nada naquele tempo que nos resta, antes de morrer” (DE MASI, 2000).

    O tempo livre não deve ser vivido na anomia, pobreza e carência educativa. Neste caso haverá uma maior manifestação de vacuidade facilitando o surgimento de patologias individuais e sociais. Para que o tempo livre seja significante, é importante que esteja associado a outras dimensões facilitadoras, como a distribuição de renda e o nível de educação e de saúde. O tempo livre, se não for bem aproveitado, pode sofrer um efeito perverso, como, por exemplo, o tédio. O tempo é também considerado um pré-requisito ao lazer, mas torna-se insuficiente quando o indivíduo não dispõe de direito à liberdade na sociedade (PADILHA, 2004).

    Na Grécia Antiga os gregos chamavam o tempo livre de ócio, dando a este termo um enfoque especificamente não-físico. Para eles trabalho era tudo o que fazia suar, com exceção do esporte. Apenas trabalhava um cidadão de segunda classe ou escravo. Os cidadãos de primeira classe tinham o privilégio de participarem das atividades não físicas, como a política, o estudo, a poesia e a filosofia. (DE MASI, 2000).

    No período de Péricles, cada cidadão ateniense tinha a seu dispor uma média de sete escravos, que lhe permitia uma dedicação ao estudo, à ginástica, a gestão da coisa pública, a filosofia e a estética. Hoje se calcula que nos países industrializados, com base em revoluções tecnológicas, os habitantes têm a disposição máquinas, equipamentos, computadores, que se equivalem aproximadamente a trinta e três escravos. No entanto, tem-se a sensação de que o homem tem muito menos tempo do que no passado para o cultivo ao lazer (DE MASI, 2001).

    O trabalho, dentro dos limites da dignidade humana, do ócio e do lazer, é uma atividade imprescindível à construção da humanidade. Segundo Lafargue (apud DE MASI, 2001, p. 29), o trabalho é “um ótimo tempero para o ócio”.

    Com esse enfoque, o trabalho cumpre a função de proporcionar as funções vitais ao ser humano, permitindo, então, maior oportunidade do indivíduo usufruir com qualidade o seu tempo livre, desenvolvendo a sua personalidade integral, física e mental. Dessa forma, o termo ócio foi sendo substituído no mundo contemporâneo pelo termo francês loisir e pelo termo lazer no idioma português (DUMAZEDIER apud EMMENDOERFER, 2002).

    Percebe-se que existe na sociedade uma necessidade em usufruir o lazer, articulando-o com o tempo livre e com os direitos trabalhistas, como férias, descanso remunerado e descanso semanal. Quando o tempo livre é suprimido pelas leis do sistema capitalista, o trabalhador se aproxima mais da escravidão (LAMES, 2006). O termo ‘tempo livre’, conforme Lames (2006), indica para uma pseudo autonomia, uma vez que para se dispor de uma autonomia é necessário ter liberdade. Neste sentido, o termo ‘tempo disponível’ tem sido o mais utilizado por seu significado absorver o momento de utilização do lazer no tempo permitido.

    Talvez, fosse mais correto falar em tempo disponível. Mesmo assim, permanece a questão da consideração do lazer, como esfera permitida e controlada da vida social, o que provocaria a morte do lúdico, e a ocorrência do lazer marcada pelas mesmas características alienantes verificadas em outras áreas da atividade humana (MARCELINO, 1996).

    Na Revolução Industrial que o tempo foi marcante no sentido da produtividade, um tempo mecânico e preciso, diferente da época em que o artesão produzia um artefato em seu atelier, ao lado da sua moradia, sem grandes preocupações com o tempo. A atividade profissional era exercida em seu tempo natural. O relógio foi considerado o principal instrumento no trabalho social, nas funções de coordenação e controle (MELLO; FUGULIN; GAIDZINSKI, 2007).

O tempo da Revolução Pós-Industrial

    Vive-se no momento uma revolução de época, o nascimento da Revolução Pós-Industrial, que privilegia a produção de bens imateriais - serviços, informações e idéias - ao contrário das Revoluções anteriores, como a Agrícola e a Industrial que, respectivamente, valorizavam a terra e a produção em série, sendo esta ultima, influenciada pela evolução tecnológica, pela globalização e, muito especialmente, pelos meios de comunicação.

    A globalização se faz presente a todo instante, em qualquer parte do mundo. Os meios de comunicação de massa, a ciência e a cultura estão altamente interligados. A vida inteira é globalizada na música, nos filmes e nos consumos. A globalização também representa um caráter de exploração e colonização perene sobre os países de terceiro mundo (DE MASI, 2000).

    O tempo livre na lógica de Alexandre Koyre (apud DE MASI, 2000) reflete um significado tradicional ao afirmar que a civilização nasce do tempo livre e do jogo. Conforme De Masi (2000), essa afirmação foi mais bem aceita no passado, pelo fato do trabalho em sua maioria provocar cansaço pelo esforço físico, e por ser fácil a distinção com o trabalho, permitindo assim uma contraposição aos valores que Henry Ford pregou, quando sugeriu aos trabalhadores da época que não misturassem o jogo com o trabalho.

    Foi a indústria que separou o lar do trabalho, a vida das mulheres da vida dos homens, o cansaço da diversão. Foi com o advento da indústria que o trabalho assumiu uma importância desproporcionada, tornando-se a categoria dominante na vida humana, em relação a qual qualquer outra coisa – família, estudo, tempo livre – permaneceu subordinada (DE MASI, 2000).

    Segundo De Masi (2000), o trabalho deve se misturar ao jogo para evitar a privação da dimensão cognoscitiva e da ludicidade, permitindo uma facilitação à plenitude da atividade humana através da associação do trabalho, do estudo e do jogo. Este autor cita o exemplo de um pensamento Zen, ao afirmar que a arte de viver reside no fato de observar a pouca distinção entre trabalho e tempo livre, entre mente e corpo, educação e recreação, amor e religião. Portanto, entende-se que o sujeito procura a excelência em qualquer atividade deixando para os outros decidirem se está trabalhando ou se divertindo, acreditando que realiza sempre as duas coisas ao mesmo tempo.

O Estado de Bem Estar Social

    Entende-se como bem estar a integração dos componentes mentais, físicos, espirituais e emocionais do Ser. Todo bem estar é maior que as partes que o compõem e fruto de uma avaliação subjetiva e individual (SEAWARD, apud NAHAS, 2001).

    A grande finalidade do bem estar social está na garantia, no mínimo, de dignidade ao ser humano, principalmente, com relação a emprego, serviços de saúde, habitação, vestuário, alimentação, educação, previdência social e lazer.

    O estado de Bem Estar é o conjunto de serviços e benefícios sociais promovidos pelo Estado, como forma de equilíbrio entre as forças de mercado e a garantia de estabilidade social relativa. A sociedade recebe benefícios sociais suficientes para uma estruturação material e de padrão de vida, como mecanismo de defesa aos efeitos negativos da estrutura capitalista excludente. Os primeiros a usarem a expressão “Estado de Bem Estar” foram os jornalistas ingleses, chegando mais tarde aos bancos acadêmicos para uma discussão mais aprofundada acerca de sua sustentabilidade (GOMES, 2006).

    No período pós-guerra, segundo (OUTHWAITE & BOTTOMORE apud GOMES, 2006) a expressão ganhou força como proposta institucional do Estado para suprir alguns objetivos no combate aos cinco males da sociedade: a escassez, a doença, a ignorância, a miséria e a ociosidade.

    O mesmo Estado que alcançou o sucesso no pós-guerra, no período final dos anos de 1960, tornou-se inoperante por não acompanhar o crescimento econômico avassalador, provocando a falência na categoria do estado de Bem-Estar. Destarte, em um primeiro momento a globalização da economia procura a possibilidade de bem-estar e, em um segundo momento, tem-se observado que o fracasso social de muitas pessoas tem sido marcante.

    O estado de Bem Estar foi entendido também como um desenvolvimento de forças de produção numa ação planejadora no combate aos monopólios tornando-se um grande agente na economia capitalista, numa concepção mais fundamentada.

    O estado de Bem Estar Social teve ainda como conseqüência a formação da previdência social em decorrência das lutas de classes dos trabalhadores. Segundo Keynes (apud GROPPO, 2005), os Estados passaram a interferir na economia no sentido de manter o emprego pleno, estimulando o crescimento das empresas com juros baixos aos financiamentos e contribuiu no aumento proporcional do número de empregados e na implantação de estatais para acolhimento dos mesmos.

    Seguindo esta discussão, João Boaventura Santos (apud GROPPO, 2005) chamou de Reformismo o movimento operário que impedia a redução do social à lógica do mercado econômico. Portanto, o Estado reformista nos termos de Boaventura é o que Groppo (2005) chamou de “Estado de Bem Estar”.

    A crise do capitalismo na década de 70 deu origem ao estado de Bem Estar, que teve sua origem na Europa, chegando logo em seguida aos Estados Unidos com o objetivo de garantir a sociedade de bem estar, saúde, esporte, lazer, habitação e emprego. A grande finalidade do bem estar social está na garantia no mínimo de dignidade ao Ser humano, principalmente, com relação a emprego, serviços de saúde, habitação, vestuário, alimentação, educação, previdência social e lazer.

    Ainda que o estado de Bem Estar tenha encontrado sérias dificuldades durante a sua implantação, possibilitou, em muitos casos, conforme Ferraro & Veronez (apud MASCARENHAS, 2004) o acesso ao trabalho, a educação e ao lazer. As Instituições, como o SESC e o SESI, com apoio de sindicatos, impulsionaram a cultura do lazer no universo das empresas relacionadas à indústria e ao comercio respectivamente.

    O Brasil, que vivia nos anos 70 a fase o estado de Bem Estar, antecipava uma concepção conhecida como neoliberal, como defesa do mercado, que se manifestou significativamente a partir dos anos 90. O Brasil vive uma inversão de valores assumindo uma política de Estado Mínimo. Com isso, o Estado passa a reduzir os investimentos realizados anteriormente nos setores específicos das políticas sociais. Segundo Mascarenhas (2004), o país sofreu uma queda de 27% nos investimentos dirigidos as políticas sociais engrossando a fila dos “sem lazer”.

    Argumenta-se, a partir de tal orientação, que as políticas de bem-estar, mais que minimizar as desigualdades inerentes a qualquer sistema social, ao contrário, potencializam-nas, premiando a dependência e a acomodação em detrimento da valorização das iniciativas individuais. Isto se traduz, perversamente, por um processo de naturalização das desigualdades. Para os neoliberais, portanto, nada é mais positivo que a competitividade subjacente à desigualdade, pois é a partir dela que os indivíduos são levados a conquistarem melhores condições de vida (MASCARENHAS, 2004).

    Neste sentido, poucas pessoas tiveram acesso ao lazer. Visto que o lazer assumiu uma função de mercadoria, sendo conhecida, segundo Mascarenhas (2004), como “merco lazer”. Criando-se uma esfera diferente dos valores do lazer, que foram amplamente divulgados em trabalhos de Dumadezier (1976), como Descanso, Diversão e Desenvolvimento, foi aos poucos cedendo espaço para a cultura do “merco lazer”, que inspirou no capitalismo o fenômeno da mais valia, priorizando os lucros da indústria do lazer. Neste processo o lazer ganhou algumas formas de manifestação direcionadas em decorrência das diversas classes sociais.

Considerações finais: lazer e esporte, a combinação perfeita

    O esporte lazer tem como princípio o prazer lúdico e a ocupação do tempo livre e da liberdade. Também é conhecido como esporte-participação. Sua maior finalidade é promover o bem-estar dos participantes sem grandes compromissos com regras institucionais. As pessoas que praticam o esporte-lazer desenvolvem um espírito de socialização muito grande, uma vez que a participação é livre, sem privilégios para os talentos, favorecendo a inclusão de todos (TUBINO, 2006).

    O esporte como participação na comunidade tem se justificado pela sua enorme capacidade de promover satisfação e prazer, além de promover o desenvolvimento humano por meio de atividades que levam ao entendimento de valores como o respeito, a solidariedade e espírito de equipe.

    Atualmente, é evidente a relevância do esporte como um dos maiores fenômenos deste século, principalmente, quando deixa de priorizar o rendimento passando a incorporar em seus conceitos valores da educação e bem estar social (TUBINO, 2001). Na verdade o esporte lazer, diferente do esporte de rendimento, que privilegia os talentos e mantém rígidas suas normas internacionais, tem como característica principal a democracia, que determina a prática por qualquer pessoa, em qualquer lugar, no tempo livre, sozinho ou com parceiros, de acordo com um ou vários objetivos e regras convencionais, durante toda a vida (DIECKERT apud MARTINS, et al., 2002).

    O esporte como lazer proporciona aos participantes um alívio para as tensões adquiridas durante o trabalho e na família. Os conflitos adquiridos pelo estresse, relacionados aos fenômenos sociais da vida moderna, normalmente, podem ser resolvidos pelas tensões miméticas das atividades do lazer. Observa-se que os indivíduos escolhem os esportes de acordo com suas preferências emocionais e afetivas, constituição física, capacidades físicas e laços de parentesco. Após a prática evidencia-se um total relaxamento do corpo e um cansaço bom (ELIAS & DUNNING, 1992).

    É notável o crescimento do esporte lazer em nossa sociedade. Diferente do esporte de rendimento, que prioriza a participação dos talentos, o esporte lazer tem a sua essência no prazer, na descontração, na diversão e no bem estar em decorrência do seu caráter desinteressado. Destarte, é considerado um excelente meio de convivência harmoniosa.

    Diante da sua prática, é possível observar nos participantes os efeitos do bem estar social. Por ser uma prática voluntária e opcional, os participantes conseguem passar por momentos de diversão, descontração e desenvolvimento pessoal. É um espaço para a criação dos desejos. Por alguns instantes, o praticante foge de todas as amarras que a sociedade impõe, e diante da liberdade de ação, o praticante passa por fortes emoções que contribuem para a melhoria da sua qualidade de vida.

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