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Prevalência de hipertensão arterial 

com o avanço da idade em mulheres
Influencia de la hipertensión arterial con el aumento de la edad en mujeres

 

Universidade Estadual do

Norte do Paraná

(Brasil)

Danilo Saad Soares | Michael Pereira da Silva

Rodolfo André Dellagrana | Guilherme da Silva Gasparotto

Alex Lorejan Bonfim | André Costa

Mônica Tunes dos Santos | Michelly Pain da Silva

Maria Raquel de Oliveira Bueno

daniloss@bol.com.br

 

 

 

Resumo

          A hipertensão arterial sistêmica apresenta custos médicos e sócio-econômicos elevados. Esta pesquisa visou identificar a prevalência de hipertensão arterial e seu aumento com a idade em mulheres entre 40 e 70 anos. A amostra reside nas cidades de Jacarezinho e Siqueira Campos, localizadas no estado do Paraná, participantes de programas de atividade física regular. A seleção foi de caráter intencional totalizando 72 indivíduos do sexo feminino entre 40 e 70 anos de idade. Os indivíduos foram submetidos a uma anamnese de histórico clínico e aferição da pressão arterial, realizada pelo método auscultatório no braço direito do avaliado mediante utilização de um esfigmomanômetro aneróide e um estetoscópio. Estes foram divididos pelas faixas etárias de 40 a 49,9 anos, de 50 a 59,9 anos e de 60 a 70 anos. Para o tratamento estatístico utilizamo-nos do método descritivo para a caracterização da amostra, a tabela de contingência para a identificação das prevalências e o teste de Qui-Quadrado adotando uma significância de p<0,05. Foram encontradas médias de idade de 55,07 + 8,54 anos, PAS de 131,90 + 22,82 mmHg e PAD de 78,86 + 11,91 mmHg. A prevalência de hipertensão arterial segundo a faixa etária foi de 36,8 % (40 a 49,9 anos), 55,6 % (50 a 59,9 anos) e 84,6% (60 a 70 anos), o teste de Qui-Quadrado apresentou valor de 10,764 com p<0,01.O presente estudo constatou que o aumento da prevalência de hipertensão arterial possui relação significante com avanço da idade em mulheres.

          Unitermos: Prevalência. Hipertensão arterial. Mulheres. Idade

 

Abstract

          The systemic hypertension represents medical and social-economics high costs. This research aimed to identify the hypertension prevalence and how it deals with the age in women among 40 to 70 years old whose attends to regular physical activity programs. The sample for this research was living in the towns of Jacarezinho and Siqueira Campos located in Paraná State. The sample was composed by 72 women among 40 to 70 years old and the selection criteria was the intentional selection. The subjects got along a clinical historic anamnesis and bloody pressure gauge, realized using the auscultatory method on the subject right arm, by using an aneroid sphygmomanometer and a stetoscophy. The subjects were divided into three different groups, the 40 to 49,9 years old, the 50 to 59,9 years old and the 60 to 70 years old. For statistical treatment we used the descriptive method to characterize the sample, the contingency chart to identify the prevalence and the Qui-Square test, adopting the significance of p<0,05. The age average was 55,07 + 8,54 years old, the systolic bloody pressure average was 131,90 + 22,82 mmHg, the diastolic blood pressure average was 78,86 + 11,91 mmHg. The hypertension prevalence considering the age groups were 36,8 % (40 to 49,9 years old), 55,6 % ( 50 to 59,9years old) and 84,6% (60 to 70years old), the Qui-Square test presented the value of 10,764 with p<0,01.The research found that the raise of the prevalence of hypertension deals significantly to the elderness in women.

          Keywords: Prevalence. Hypertension. Women. Age

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 136 - Septiembre de 2009

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Introdução

    A hipertensão arterial sistêmica (HAS) apresenta custos médicos e sócio-econômicos elevados, devido principalmente as suas complicações, tais como: doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença vascular de extremidades (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006). No Brasil tais agravos são também a principal causa de óbito para todas as idades em ambos os sexos (MANSUR et al., 2001 apud HARTMANN et al, 2007).

    Segundo os estudos realizados por Lessa (2001) e Hartmann et al. (2007) foi verificado que no Brasil, no período de janeiro de 1998 a junho de 2001, ocorreram cerca de 204.227 internações hospitalares de mulheres por HAS, o que representou 11,6% das internações por doenças cardiovasculares específicas.

    Dentre os fatores de risco que favorecem a aquisição desta patologia a idade e principalmente o estilo de vida sedentário contribuem significativamente para tal acontecimento. (PESSUTO e CARVALHO, 1998; FERREIRA e ZANELLA, 2000; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2004)

    Lolio e al. (1993) relataram que a HAS tem maior freqüência de diagnóstico quanto maior a idade do examinado. Gus et al. (2004) citando a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) de 1997 a 1999 realizada pelo Ministério da Saúde, identificou que o processo demográfico de envelhecimento da população brasileira, implica em um incremento futuro da incidência e prevalência de doenças crônico-degenerativas, dentre elas, as cardiovasculares.

    Verifica-se também, em mulheres, uma maior incidência de doenças cardiovasculares com a chegada da menopausa (ORSHAL e KHALIL, 2004 apud CERAVOLO et al., 2007).

    A prática regular de exercícios físicos vem sendo apresentada como uma alternativa não-farmacológica importante para a prevenção e tratamento da HAS (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2004) alcançando reduções de pressão arterial sistólica e diastólica de 6,9 e 4,9 mmHg respectivamente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006).

    Perante tais evidências o presente estudo visou identificar a prevalência de hipertensão arterial e seu aumento com a idade em mulheres com faixa etária entre 40 e 70 anos pertencente a programas de atividade física regular.

Materiais e métodos

População e amostra

    A população estudada é residente nas cidades de Jacarezinho e Siqueira campos, localizadas no estado do Paraná, participantes dos programas de atividade física denominados Academia da Terceira Idade em Jacarezinho (ATI) e o Vida Melhor Terceira Idade em Siqueira Campos.

    A seleção foi de caráter intencional totalizando 72 mulheres com a faixa etária de 40 a 70 anos.

Instrumentos e procedimentos

    Todos as avaliados responderam a uma anamnese de histórico clínico que visou identificar o tratamento medicamentoso da hipertensão arterial.

    A aferição da pressão arterial foi realizada pelo método auscultatório utilizando um esfigmomanômetro aneróide e um estetoscópio seguindo procedimentos prévios sugeridos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (2006). Duas aferições foram realizadas e a média foi utilizada para a análise, todas as aferições foram realizadas no braço direito das avaliadas.

    A classificação das mulheres como hipertensas também seguiu critérios apresentados na V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006).

    Os indivíduos foram classificados pelas faixas etárias da seguinte forma: de 40 a 49,9 anos, de 50 a 59,9 anos e de 60 a 70 anos.

    Todas as avaliadas assinaram um termo de consentimento livre esclarecido concordando com os procedimentos realizados neste estudo.

Análise estatística

    A análise estatística foi feita mediante auxílio do software SPSS® for Windows® versão 15.0. Inicialmente foi realizada a estatística descritiva para a caracterização da amostra, identificando os valores mínimos, máximos, médios e desvios padrão das variáveis estudadas.

    Para a identificação da prevalência, foi utilizada a distribuição de freqüência, e o teste de Chi-Quadrado foi utilizado para identificar a relação linear entre as variáveis, adotando um nível de significância de p<0,05.

Resultados

    A caracterização da amostra envolvendo os valores mínimos, máximos e desvios padrão da Idade, Pressão arterial sistólica (PAS) e Pressão arterial diastólica (PAD) estão expressas na Tabela 1.

Tabela 1. Caracterização da amostra

 

 

Mínimo

Máximo

Média

DP

IDADE (anos)

40,2

69,5

55,07

8,54

PAS (mmHg)

98

210

131,90

22,82

PAD (mmHg)

54

108

78,86

11,91

DP: desvio padrão; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica.

    A prevalência da hipertensão arterial levando em consideração todas as faixas etárias da amostra está representada na Tabela 2.

Tabela 2. Prevalência de Hipertensão Arterial

 

%

N

Normotensos

38,9

28

Hipertensos

61,1

44

    A Tabela 3 apresenta a prevalência da hipertensão arterial de acordo com a faixa etária, e o resultado do Teste de Qui-Quadrado identificando a relação linear entre as variáveis.

Tabela 3. Prevalência de Hipertensão arterial de acordo com a faixa etária e Qui-Quadrado para tendência

Idade (anos)

Normotenso (%)

Hipertenso (%)

N

40 a 49,9

63,2

36,8

19

50 a 59,9

44,4

55,6

27

60 a 70

15,4

84,6

26

    Diante dos dados apresentados na tabela 3, verificou-se uma elevação da proporção de mulheres hipertensas com o avanço da idade (x²= 10,764, p<0,01).

Discussão

    Em estudo multicêntrico desenvolvido por Taddei et al. (1997) verificou-se que a doença de maior prevalência em populações com idade avançada foi a HAS, tal fator também é salientado por Ferreira e Zanella (2000) que apontam o envelhecimento populacional como um fator importante para o aumento da prevalência desta patologia. Tais afirmações corroboram com o achado deste estudo, que identificou, em mulheres, um aumento linear da prevalência da HAS com o aumento da idade, achado este, também identificado por Hartmann et al. (2007).

    Tal aumento da prevalência da HAS para este gênero é explicado por Junior et al. (2007) que identificaram o climatério, período do ciclo biológico da vida da mulher situado entre a menacme e a senescência composto por quatro fases (pré-menopausa, perimenopausa, menopausa e pós-menopausa) que compreende a faixa etária de 40 a 65 anos, como o principal responsável pelo aumento linear da prevalência de HAS nesta faixa etária, devido à diminuição dos níveis circulantes de estrogênio e progesterona, e entrada da mulher na quarta fase do climatério que resulta em alterações antropométricas, metabólicas, hemodinâmicas e emocionais, culminando na predisposição e aparecimento de doenças cardiovasculares,já que evidências indicam que estrógeno endógeno, produzido durante a menacme, teria um efeito cardioprotetor (MIKKOLA; CLARKSON, 2002; CASANOVA; SPRITZER, 2007).

Conclusão

    O presente estudo corrobora com pesquisas prévias de que o aumento da prevalência de hipertensão arterial possui relação significante com avanço da idade em mulheres.

Referências bibliográficas

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  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 82, (suplemento IV), 2004.

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  • TADDEI, C. F. G.; RAMOS, L. R.; MORAES, J. C.; WANJGARTEN, M.; LIBBERMAN, A.; SANTOS, S. C.; SAVIOLI, F.; DIOGUARDI, G.; FRANKEN, R. Estudo Multicêntrico de Idosos Atendidos em Ambulatórios de Cardiologia e Geriatria de Instituições Brasileiras. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v. 69, nº 5, p. 327-333, 1997.

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