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Os benefícios da prática de ginástica laboral: fator de bem-estar

e produtividade na perspectiva dos funcionários participantes

Beneficios de la práctica de la gimnasia laboral: factor de bienestar 

y productividad desde la mirada de los empleados participantes

The benefits of the practice of labor gymnastics: factor of welfare 

and productivity in view of the officials participating

 

Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em

Avaliação das Actividades Físicas e Desportivas

Universidade Trás os Montes e Alto D’Ouro, UTAD

(Portugal)

Daniel Mendes de Almeida | Dihogo Gama de Matos

Rafael Pedrosa Savoia | André Luiz Zanella

Mauro Lúcio Mazini Filho

danielcobal@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          Este é um estudo da relação existente entre a prática de um programa de Ginástica Laboral e a promoção da Qualidade de Vida no Trabalho, procedeu-se em uma retrospectiva histórica da Ginástica Laboral no Brasil e no Mundo, bem como seus tipos e benefícios proporcionados. O termo qualidade de vida no trabalho foi explorado de forma evolutiva para que se fizesse uma análise dele, principalmente do artesanal até os dias de atuais, devido á Revolução Industrial e Tecnológica de hoje. Desenvolveu-se uma abordagem para que se chegasse até às conseqüências dessas revoluções que, com tanta monotonia e trabalhos repetitivos, deu origem às Doenças Ocupacionais e com elas vários aspectos da vida social foram abalados. O estudo se deu de forma bibliográfica, no qual por intermédio das revisões literárias foram considerados diversos resultados de pesquisas, revelando-se que, quando uma empresa adota um programa de ginástica laboral como forma de promoção para a qualidade de vida no trabalho, esta tem a capacidade de dar retornos positivos, desde que outros aspectos também sejam levados em consideração, como a ergonomia. Um questionário semi-estruturado com 4 perguntas também foi utilizado para verificar a relação direta de seu corpo e de seu rendimento junto ao trabalho. Dada a relevância que um programa do gênero tem para a qualidade de vida no trabalho, ressalva-se que a Ginástica Laboral não poderá ser atribuída toda a responsabilidade por tal promoção, mas a um conjunto de procedimentos que venham a completar sua eficácia. Diante disso, mostra-se significativamente indulgente a ampla divulgação no setor empresarial, tanto por apresentação direta quanto em workshops, feiras, reuniões e convenções de grande notabilidade, a fim de abranger e conscientizar altos dirigentes no que tange respeito aos seus benefícios, bem como do possível retorno financeiro que a empresa poderá obter.

          Unitermos: Ginástica laboral. Qualidade de vida. Doenças ocupacionais

 

Abstract

          It`s a study about the relationship between the practical of a Laborious Gymnastics program and work quality of the life promotion, it was done by a historical retrospective of laborious gymnastic in Brazil and in the world, such as its types and provided benefits. The term work quality of the life was explored at a evolutionary form to make an analyzes of it possibility, principally of handmade until up to date form. Due to industrial revolution and nowadays technology. It developed an approach to get consequences of those revolutions that with so monotony and repeated work, brought occupational diseases and others aspects from social life were shaken. Studying was done in a bibliographic way, and through literary revision were considered many search results, showing that, when a company keeps a laborious gymnastics program as a work quality of life program, it is able to give positive answers, since others aspects also be considered, as ergonomy. A semi-structured questionnaire with 4 questions was also used to verify the relationship of his body and his income from the work.

          Considering the importance of a program like this one has to work quality of life, emphasizing that laborious gymnastic is not account for all responsibilities of promotion, however a joint procedure that comes to completed its effective ness. In fact, is so important the great spread in companies area, such as direct presentation as in workshops, fair meetings and great remarkable convention, aiming include and make high managers be aware of it benefits, and the possible financial return that the company can get.

          Keywords: Laborious gymnastics. Quality of life. Occupational diseases

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 136 - Septiembre de 2009

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Introdução

    Investiga-se a respeito se a Ginástica Laboral influenciará para busca dessa qualidade de vida ocupacional, onde como conseqüência de seus benefícios, os índices de doenças ocupacionais como a LER/DORT diminuirão, em virtude de que essa atividade física preparará o corpo do trabalhador a níveis muscular, articular e psicológico para a jornada de trabalho.

    Assim sendo, cabe salientar os primórdios da atividade física no ambiente de trabalho, bem como verificar as diversas definições e entendimentos práticos que os diversos autores abordam a respeito da ginástica laboral e suas implicações, tanto para a empresa quanto para o empregado. Observa-se que tal atividade surgiu como uma medida profilática às doenças ocupacionais e contribui para a busca da qualidade de vida no trabalho.

    Tal assunto cresce de relevância na medida em que contribui para a construção do conhecimento a respeito da qualidade de vida e sua abrangência pelo programa de ginástica laboral na empresa.

    Desde a Revolução Industrial, encontramos e vivemos num mundo ligado à tecnologia, a criação e aperfeiçoamento da robótica, interferindo e mudando a economia.

    O trabalhador acabou sendo a maior vítima dessa interferência, quando a partir do surgimento de máquinas e instrumentos, o trabalho e o esforço do homem, assim como de suas ferramentas rudimentares, foram substituídas por equipamentos de maior capacidade de produção.

    Com a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, deu início ao processo de industrialização sucedendo-se até os dias atuais, acarretando uma mão-de-obra mecanizada, repetitiva, automatizada.

    Com isso, a competitividade invadiu o mercado de trabalho, e novamente o trabalhador vem sendo vítima das conseqüências dessa busca desenfreada pela produtividade, sendo submetidos ao estresse, depressão, acidentes de trabalho e doenças silenciosas como LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho).

    Visando melhorias para ambas as partes (empresa e empregados), existe a necessidade de buscar mudanças mais humanizadas no processo de trabalho e na saúde do trabalhador, abrindo espaço para programas de qualidade de vida e prevenção de doenças no ambiente de trabalho e até mesmo o incentivo às práticas de exercícios físicos fora da jornada do mesmo.

    A partir destes fatos e a preocupação com bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores, a Ginástica Laboral que aliada com a Ergonomia, surge como importante instrumento no auxílio da melhoria das condições de vida do trabalhador.

    Dentre diversos programas, a Ginástica Laboral se destaca pela fácil implantação, baixo custo, pouco tempo necessário a sua realização e pelos rápidos resultados obtidos.

    Aos poucos as empresas e organizações se conscientizam que seu maior trunfo está centrado na otimização do potencial humano, e acabam adotando métodos que visam uma melhor qualidade de vida do seu maior patrimônio, seus trabalhadores.

    Por isso a implantação da Ginástica Laboral nas empresas é de grande importância, pois a mesma estará investindo na saúde dos seus trabalhadores, por meio de uma pausa durante a jornada de trabalho, bem como no início ou final do expediente de acordo com os objetivos e possibilidades da empresa, quebrando assim possíveis vícios posturais e o ritmo pesado do trabalho, levando ao trabalhador uma motivação para que possa trabalhar com mais motivação e concentração e consequentemente rendendo mais a empresa bem como, a sua saúde.

Objetivos

    O objetivo do estudo é identificar como o trabalhador percebe no seu corpo e em sua produtividade o trabalho desenvolvido pela prática da Ginástica Laboral bem como qual a relação existente entre a prática de um programa de ginástica laboral para a promoção e qualidade de vida no trabalho.

Métodos

    O método de investigação da pesquisa utiliza-se pesquisa bibliográfica, composta de uma entrevista semi-estruturada com 4 perguntas, tendo como objetivo levantar dados, se a prática de ginástica Laboral, propiciou alguma melhora no corpo dos funcionários e na produtividade.

Caracterização da amostra

    A amostra foi composta por 102 indivíduos de ambos os gêneros, sendo que foram divididos por turnos (manhã, tarde e noite). Esta divisão ocorreu, para que fosse possível realizar uma comparação das respostas dos trabalhadores entre cada turno, sendo que no turno da manhã foram entrevistados 36 funcionários, no turno da tarde foram entrevistados 47 funcionários e no turno da noite foram entrevistados 22 funcionários.

    Os funcionários foram comunicados que não era obrigatória sua participação, porém os que aceitaram participar foram informados sobre a pesquisa, garantindo-se o sigilo das informações e da identificação de todos e posteriormente assinaram um termo de compromisso livre e esclarecido.

Ginástica Laboral

    A prática de exercícios físicos no ambiente de trabalho não é uma realidade recente, seu surgimento é atribuído às necessidades de prevenção na saúde do trabalhador, pois governos, sindicatos e setor produtivos são os grandes responsáveis pela percepção dessas necessidades (CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 2005).

    Sendo que para Polito e Bergamaschi (2002), o primeiro registro de ginástica no local de trabalho data do ano de 1925 na Polônia, com a denominação de “ginástica de pausa”, na qual era destinada aos operários. Países como Bulgária, Alemanha Oriental, Holanda e Rússia também realizaram pesquisas na área, sendo que nesse último, a ginástica de pausa era adaptada para cada cargo e envolvia 5 milhões de funcionários em 150 mil empresas. As mesmas autoras afirmam ainda que o desenvolvimento da Ginástica Laboral é atribuído ao Japão, Cañete (apud BERTÉ JÚNIOR 2006, p. 6) também afirma que “desde 1928 os funcionários dos Correios freqüentam sessões de ginástica diariamente, visando a descontração e o cultivo da saúde”.

    Passada a II Guerra Mundial, a Ginástica Laboral foi disseminada por todo o Japão e em 1960 seu Ministério da Saúde já registrava “a diminuição de acidentes de trabalho, aumento da produção e melhoria do bem-estar geral dos trabalhadores” como resultados do programa (BERTÉ JÚNIOR, 2006, p. 6). Nesse mesmo ano, o Japão consolida a obrigatoriedade da Ginástica Laboral Compensatória em suas empresas.

    A introdução da Ginástica Laboral no Brasil, em 1969, é atribuída aos executivos nipônicos nos estaleiros Ishiksvajima, na qual chegava com a finalidade de prevenir acidentes de trabalho, e em 1973 a Escola de Educação da FEEVALE/RS elabora a Educação Física Compensatória e Recreação que, consistia em exercícios de contração de músculos antagonistas para o relaxamento dos agonistas. Tal programa objetivava orientar as linhas gerais de ação para a criação de centros de educação física junto às fábricas (POLITO e BERGAMASCHI, 2002, p. 26). Nas décadas de 1970 a 1980 houve diversas experiências em várias empresas como SESI/SESC, Avon, Ishibrás, Hoest, Banespa, Furnas, Telerj, Siderúrgica Nacional, Odebrecht, Promon, IBM, Embratel, entre outras, e em 1989 a Associação Nacional de Medicina do Trabalho declarou que seriam utilizadas atividades físicas, pelo Ministério da Saúde, como forma de prevenir doenças crônico-degenerativas (LIMA, 2005). Na última década, universidades como UFRJ, UFSC, UFMS realizaram diversas experiências na área, com o intuito de se buscar uma melhor metodologia e verificar os efeitos que um programa de Ginástica Laboral tem sobre os funcionários, dado num momento em que ela “começou a ser compreendida como um grande instrumento na melhoria da saúde física do trabalhador, reduzindo e prevenindo problemas ocupacionais” (LIMA, 2005, p. 6).

As definições da Ginástica Laboral

    Alguns pesquisadores da área ocupacional deliberam a respeito das acepções dos tipos de ginástica laboral com base em suas experiências, observemos alguns deles que melhor a definem:

    A ginástica laboral pode ser entendida, de acordo com o que diz Lima (2005), como um conjunto de práticas físicas, elaborados de acordo com o tipo de trabalho realizado na empresa, com o objetivo de compensar as estruturas mais utilizadas no trabalho e ativar as que não são requeridas, relaxando-as.

    Dessa forma, de acordo com Duarte (2000) se pode considerar a ginástica laboral como um meio de prevenção para as doenças ocupacionais como LER/ DORT, estresse e depressões assim como forma de sociabilizar os funcionários para que, os mesmos tenham uma convivência prazerosa, uma auto-estima elevada e um autoconhecimento maior.

    E ainda, para Oliveira (2003a) a ginástica laboral tem como finalidade fundamental a prevenção e diminuição dos casos de DORT. De acordo com Duarte (2000) a ginástica laboral também pode ser implantada como uma intervenção ergonômica, já que a mesma proporciona benefícios para a saúde dos funcionários que a praticam.

    A ginástica laboral por ser um programa de curta duração e de baixa intensidade não leva o trabalhador ao cansaço e não provoca sudorese, pois a mesma respeita o tipo de vestimenta que os funcionários utilizam para executar seu trabalho, assim como suas individualidades e restrições.

    Para Martins (apud MARTINS, 2005), a ginástica laboral apenas classifica-se em preparatória (antes da jornada de trabalho) e compensatória (durante/após o trabalho). De acordo com ele a ginástica laboral preparatória é mais indicada para os trabalhadores com tarefas que se utilizam de força em seus movimentos, para que ocorra aquecimento músculo articular e posteriormente, aumento da circulação sangüínea periférica. Por sua vez, a ginástica laboral compensatória deve conter alongamento estático a fim de ativar os grupos musculares mais utilizados durante o dia-a-dia laboral. As ginásticas realizadas nos finais do expediente também podem ser chamadas de ginástica de relaxamento.

    Algumas variantes devem ser consideradas na aplicação de um programa de exercícios físicos no trabalho, e tais, influenciam na caracterização dos tipos e quantificações de seções de ginástica laboral e, dentre elas, as que têm maior relevância a ser consideradas são o horário de aplicação em relação ao expediente da empresa e a existência ou não de casos de doenças do trabalho nos funcionários.

Entendimento prático da ginástica de aquecimento ou preparatória

    A ginástica de aquecimento é executada nas primeiras horas de trabalho. Ela deverá proporcionar ao indivíduo mais disposição para que ele inicie sua jornada de trabalho, despertando-se de uma forma prazerosa. Para Mendes (2000) é uma ginástica com duração aproximada de 5 a 10 minutos, realizada antes do início da jornada de trabalho ou nas primeiras horas, com o objetivo principal de preparar os funcionários para sua tarefa laborais, aquecendo os grupos musculares que irão ser mais solicitados.

    Deve-se realizar pesquisa anterior (anamnese) para que a aula seja direcionada especificamente para aqueles grupamentos musculares que serão mais utilizados. O que é de fundamental importância para melhorar a capacidade de esforço físico durante o labor.

    Para Couto (apud MARTINS, 2005) a ginástica preparatória pode ser aplicada como uma forma de prevenir a fadiga por tensão cognitiva, já que dessa forma o indivíduo receberá um número maior de estímulos cerebrais, o que o tornará mais desperto para receber informações adequadas ao seu ofício.

Entendimento prático da ginástica compensatória ou de pausa

    A sessão de ginástica laboral de pausa ou compensatória, é definida por Kolling (apud OLIVEIRA, 2003ª), como um trabalho que relaxa os músculos que estão em contração durante maior parte do labor, e fortalece os músculos mais fracos.

    Essa ginástica tem como objetivo alongar e compensar os músculos sobrecarregados pelo esforço contínuo, bem como a coluna cervical que geralmente é a que mais sofre durante uma longa jornada de trabalho, seja ela em pé ou sentado. A ginástica de pausa será executada durante a jornada de trabalho dos funcionários, motivando o funcionário a retornar ao seu ofício com mais disposição para continuá-lo.

    A duração dessa sessão de ginástica é de aproximadamente 10 minutos, interrompendo a monotonia operacional e executando exercícios de compensação para os esforços repetitivos, as estruturas sobrecarregadas e as posturas solicitadas nos postos de trabalho (LIMA, 2005).

Entendimento prático da ginástica de relaxamento ou final de expediente

    Há também a ginástica de relaxamento ou de final de expediente, que tem a duração aproximada de 10 minutos e é fundamentada em exercícios de alongamento e relaxamento muscular com o objetivo de oxigenar as estruturas musculares envolvidas nas tarefas diárias (LIMA, 2005).

    No programa de ginástica laboral, a sessão de relaxamento é executada no final do expediente, muitas vezes é apresentada juntamente com a ginástica de pausa, iniciando primeiramente com os exercícios compensatórios e na finalização da aula os exercícios de relaxamento. Um dos objetivos dessa aula é fazer com que os funcionários meditem sobre si mesmos durante alguns minutos, e esqueçam toda a tensão pela qual ele passou ou está passando, para que dessa forma possa se auto-avaliar, relaxando completamente. Assim, espera-se que o trabalhador não leve estresse do trabalho para casa, e retorne ao seu lar com um bem estar renovado.(OLIVEIRA, 2003a, p. 10).

Qualidade de vida no trabalho

    O termo qualidade de vida nas empresas é importante e bem discutido para que ocorra uma ótima administração por parte dos dirigentes empresariais, pois com a chegada da globalização o mundo tornou-se mais exigente. De acordo com Gurgel (apud BERTÉ JÚNIOR, 2006) as empresas necessitam de um maior cuidado com seus funcionários, já que sem qualidade de vida os mesmos perdem motivação, diminuindo a produção, devido a possíveis lesões e doenças que poderão surgir, levando ao absenteísmo e a tarefas que deveriam ser refeitas.

    Numa abordagem mais profunda ao tema, França (apud Vasconcelos, 2001, p. 25) nos afirma que a “qualidade de vida no trabalho (QVT), é o conjunto de ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho”. Pois devido à mecanização do setor empresarial que atingiram direta e indiretamente todas as classes sociais, o indivíduo se viu na obrigação de passar por mudanças repentinas para acompanhar as máquinas, tornando-se assim, um indivíduo mecanizado e com novas necessidades do cotidiano. (POLITO e BERGAMASHI, 2003, p. 23).

    Por intermédio disso, percebe-se que é preciso melhorar a qualidade de vida desse membro tão importante para produzir riquezas, pois o homem é o “motor de um mundo em profundas mudanças” (LIMA, 2005, p 215).

    De acordo com Rocha e Felli (apud MARTINS, 2005) todo labor é gerador de fatores desgastantes que são fortes influências no processo saúde-doença, vivenciados pelos trabalhadores e da qualidade de vida no trabalho (QVT).

    Esses desgastes poderão ser prevenidos, entre outros, por meio de programas como a ginástica laboral, que proporcionam qualidade de vida no trabalho juntamente com a ergonomia. A Organização Internacional do Trabalho (apud MARTINS, 2005, p. 36) diz que mais de dois milhões de indivíduos morrem a todo ano por causa do trabalho, no entanto, a maioria das mortes relacionadas ao trabalho, acidentes de trabalho e enfermidades profissionais, poderiam ser prevenidas. Fato esse que deixa claro a maior relevância em se proporcionar a qualidade de vida no trabalho, visto que através dela, o funcionário não estará carregando consigo as tensões exageradas suscitadas no trabalho e vice-versa, além de contribuir para a melhoria do desempenho produtivo desse indivíduo.

    Dessa forma podemos perceber que o ser humano é a vanguarda da revolução mundial, tendo por direito uma boa condição de trabalho e torna-se, então, interesse natural da empresa proporcionar a QVT, (ALVES 2000).

A atividade laborativa e suas implicações na saúde do trabalhador

    O trabalho teve início quando o ser humano buscou medidas elementares mais adequadas para a satisfação de suas necessidades, reproduzida, de acordo com a história, nos seus atos para continuar sobrevivendo. Passando por diversos processos de desenvolvimento, como por exemplo, a incrementação da mecanização na Revolução Industrial no início do século XIX até a atual conjuntura corporativa, o trabalho introduziu o homem numa intensa jornada de atividades com movimentos e rotinas exaustivas (DELIBERATO apud BERTÉ JÚNIOR, 2006).

    Durante a jornada de trabalho o homem é acometido às diversas situações que podem ter reflexos diretos e/ou indiretos na sua vida, desde sua estrutura física corporal, quanto psicológica e social. O que para Berté Júnior (2006, p. 11) tais condições podem ser consideradas por atividades laborativas nas quais exijam uma “prolongada posição dos segmentos corporais em tensão estática, a manutenção de postura inadequada, a pressão desencadeada pelo processo de trabalho, o uso de ferramentas inadequadas, pausas inadequadas e horas extras de trabalho”. Circunstâncias essas que podem ser advindas da luta pela sobrevivência no competitivo mercado de trabalho globalizado o que para (POMMEERENCK & ESTHER, 1985) tais circunstâncias são geradoras de tensões e desencadeiam os mecanismos do estresse.

    Conforme o que diz (SOARES & ASSUNÇÃO, 2002), o estresse vem como uma resposta aos estímulos que perturbam e desorganizam o organismo, levando-o a um quadro de desequilíbrio.

    No qual, como fadiga mental pode apresentar diversas manifestações sintomatológicas no corpo do trabalhador como: sentimento de cansaço geral, irritabilidade aumentada, desinteresse e maior sensibilidade a estímulos como fome, frio ou má postura (IIDA apud MARTINS, 2005).

    E ainda:

  • Perda de concentração mental;

  • Fadiga fácil, fraqueza, mal-estar;

  • Instabilidade emocional,descontrole, agressividade;

  • Irritabilidade;

  • Depressão;

  • Palpitações;

  • Suores frios, tonturas, vertigens;

  • Dores musculares e de cabeça;

  • Dores no estômago.

(COR & AR apud BERTÉ JÚNIOR, 2006)

    Concomitantemente às alterações de ordem psicológica ocasionadas pelo trabalho, esse pode ainda ser gerador de outras conseqüências ao trabalhador, dessa vez no âmbito de sua estrutura corporal. Elas são manifestadas na forma de enfermidades que irão afetar músculos, tendões, nervos e ligamentos provenientes de má postura e também por movimentos constantes e repetitivos durante o trabalho (POLITO e BERGAMASCHI, 2002).

    Atualmente as doenças relacionadas ao trabalho, são denominadas como lesões por esforços repetitivos – LER – ou distúrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho – DORT – ou ainda por afecções músculo-esqueléticas relacionadas ao trabalho – AMERT (CARVALHO; RUSSO apud BERTÉ JÚNIOR, 2006) estando registrada no Código Internacional de Doenças (CID) na classificação como sendo uma “sinovite e tenossivite, isto é, inflamação de tecidos sinoviais, termo de ampla aplicação e abrangência aplicada a todo e qualquer local do corpo, com ou sem degeneração tecidual” e codificada como 727.0/2 no referido código pela revisão de 1975.

    No ambiente de trabalho, segundo Monteiro (2005), são fatores de risco preponderantes que podem desencadear essas doenças e que não devem ser desconsiderados pelo setor de ergonomia da empresa:

  • Sobrecarga e esforços biomecânicos;

  • Freqüência de movimentos repetitivos e ausência de pausas para recuperação;

  • Posturas inadequadas de trabalho;

  • Intensidade da tarefa e ritmo de trabalho;

  • Estilo de vida;

  • Equipamentos e ferramentas inadequados;

  • Fatores organizacionais;

  • Ambiente: frio, calor, iluminação, ventilação, ruído;

  • Dupla ou longa jornada de trabalho;

  • Sedentarismo.

    Já para Polito e Bergamaschi (2002) esses fatores, que podem levar um trabalhador a desenvolver um quadro de LER/DORT, estão subdivididos em três grupos distintos para um melhor entendimento, no entanto, que se confundem no ambiente de trabalho, são eles:

Fatores biomecânicos

    Repetitividade dos movimentos, movimentos manuais com uso da força, posturas inadequadas, preensão mecânica localizada, uso de ferramentas manuais;

Fatores administrativos

    Ineficácia da direção da empresa em eliminar os riscos potenciais, métodos de trabalho impróprio e uso de ferramentas e equipamentos impróprios, existência ou não de atmosfera de aceitação de manifestações dos trabalhadores envolvidos com a atividade, encorajamento do relato de riscos potenciais, conscientização dos profissionais das áreas de seu papel na detecção de doenças, aplicação dos conhecimentos de ergonomia no desenvolvimento dos postos de trabalho, empenho, estímulo e apoio para a cooperação na solução dos problemas de LER/DORT;

Fatores psicossociais

    Pressão no trabalho, baixa autonomia, pouco controle sobre seu trabalho, falta de ajuda ou apoio de colegas de trabalho, pouca variabilidade no conteúdo da atividade.

    E ainda Silva (apud MARTINS, 2005) corrobora ao garantir que no Brasil “foram constatados fatores que contribuíam para o surgimento das DORT, tais como pagamento de prêmios de produção, inexistência de pausas, prática de horas-extras e a dupla jornada de trabalho, entre outros”, fazendo com que os funcionários sejam incentivados a elevarem sua produtividade, nas quais os expõem às elevadas cargas de trabalho. Martins (2005) também faz uma referência a Aptel e Cnockaert (2002) ao certificar que o ambiente de trabalho pode ser gerador do estresse crônico com origem multifatorial como físicos, psicossociais e organizacionais, explicando ainda que essas alterações mobilizam as estruturas metabólicas e psicológicos do trabalhador, fazendo-o responder a essas mudanças de duas situações, na primeira, “o trabalhador é motivado e energizado e o desafio torna-se o ingrediente principal para a qualidade e produtividade, trazendo satisfação ao indivíduo” e no segundo caso o trabalhador “sente que seus recursos fisiológicos, psicológicos e emocionais são incapazes de lidar com o desafio [...] proporcionando um campo fértil para acidentes, desordens físicas e psicossomáticas”, o desencadeamento das LER/DORT desde suas origens estressoras até seus sinais e sintomas no organismo. Dessa forma, Martins (2005, p. 54) nos explica que “a resposta ao estresse envolve quatro sistemas: o sistema nervoso central, o sistema nervoso autônomo, o sistema endócrino e o sistema imunológico” numa influência mútua de intercâmbio em rede para a manutenção da harmonia.

Relações entre estresse e DORT

    Por sua vez, Helfenstein (apud MARTINS, 2005, p. 50) diz que quando um indivíduo apresenta uma lesão por sobrecarga biomecânica ocupacional, os fatores etiológicos estão relacionados à organização do trabalho e envolvem sobretudo os equipamentos, ferramentas, acessórios e mobiliários inadequados; desrespeito aos posicionamentos, angulações e distâncias dos mesmos; técnicas incorretas para a execução de tarefas; sobrecarga biomecânica estática e dinâmica; uso de instrumentos com excessiva transmissão de vibrações; temperatura, ventilação e umidade inapropriadas no ambiente de trabalho.

    Quando estudos do gênero partem em consideração ao ramo econômico de funcionários que já foram acometidos por LER/DORT, pode ser exemplificado por Miranda e Dias (apud OLIVEIRA, 2003a) em uma pesquisa realizada em Salvador-BA revelando que 37,7% trabalham em bancos, 10,3% em supermercado, 7% em empresas de telecomunicações, 5,3% no comércio varejista, 3,7% no petroquímico, 3,6% nos serviços de eletricidade, 3,5% têxtil, 3,3% nos serviços gerais, 3,1% no processamento de dados e 3% nos serviços médicos.

    A mesma pesquisa tem mostrado que, segundo a função exercida por esses funcionários, um total de 20% das vítimas das mesmas moléstias ocupacionais exerce as funções de caixa de banco, 14,3% escriturários, 10,1% auxiliares administrativos, 8,6% caixa de supermercado, 8,1% como digitadores, 4,3% atendentes, 3,8% trabalham em operação industrial, 3,4% de telefonistas, 3,2% no auxílio de produção e secretárias com 3,1%.

    Quanto à incidência dos DORT, nos trabalhadores do sexo feminino está registrada a maior parcela dos casos, o que dentre outros fatores, pode ser "justificada por questões hormonais, pela dupla jornada de trabalho, pela falta de preparo muscular para determinadas tarefas e também por ter aumentado o número de mulheres no mercado de trabalho” (MOTA, et al, 2002, p. 9).

    Ao considerar os custos dos prejuízos em compensações pecuniárias sucedidos de afastamentos do trabalho provenientes de doenças relacionadas ao trabalho, uma pesquisa realizada por Branco, et al (2006b, p. 1009), tem demonstrado que “os custos totais com os benefícios concedidos para acidentes de trabalho na Bahia, em 2000, [...] representaram aproximadamente R$ 8.492.762,00”. E desse montante, 71,4% foram destinadas para compensações salariais por afastamento temporário do trabalho.

    Nesse sentido, partindo para um dado mais especificamente direcional, destaca-se outro estudo mais complexo desenvolvido por Michaloski, et al (2007, p. 7), dessa vez numa empresa do ramo metalúrgico no centro oeste paulista no período de março de 2005 a março de 2006, que envolveu desde adequações ergonômicas, programas educacionais e aplicação de um programa, tem revelado que, em dólares, “o valor da perda com absenteísmo atingiu, no período anterior ao programa, $65.429,31 e, $36.599,02 no período de estudo”, o que representa uma redução de 44% das perdas financeiras decorrentes de faltas ao trabalho em um ano.

    Por essa última análise de Michaloski, et al (2007) nos permite concluir numa noção do quanto uma empresa pode ter de economia pecuniária quando esta adota um programa de qualidade de vida, incrementando efetivas alterações nos seus postos de trabalho, conforme indicação da análise ergonômica seguida da prática de ginástica laboral pelo período de um ano.

Resultados e discussão

    Com a realização dos estudos obteve-se como resultados após a aplicação dos questionários, uma grande aceitação dos funcionários em relação à prática da Ginástica Laboral na empresa, podendo ser esta a única atividade física que a maioria dos funcionários praticam em seu cotidiano.

    Os efeitos do exercício físico para a população são alvos de diversos estudos, visto que o sedentarismo é considerado um dos maiores fatores de risco de nossa sociedade. Dentro das empresas, o alto índice de afastamentos por lesões ( LER/DORT), efeitos negativos do estresse e piora na qualidade de vida dos colaboradores levou a implantação de sessões de exercícios físicos dentro da empresa, durante a jornada de trabalho. O efeito da Ginástica Laboral é foco de grande interesse para comprovar a existência de seus benefícios.

    No presente estudo, foram analisadas respostas dos funcionários diante de um questionário de 4 perguntas, tendo como objetivo investigar se após a implantação do Programa Ginástica Laboral nas empresas os funcionários apresentaram maior rendimento e melhoras no corpo. Fato este comprovado após a análise de todo o questionário, pois verificou-se um percentual positivo altíssimo em relação a melhoras no corpo, rendimento e diminuição de dores e uma aderência muito forte ao Programa de Ginástica Laboral.

    É esperado que os praticantes de atividades físicas sintam-se menos limitados em aspectos físicos e sintam aumento da vitalidade, pois, no caso da Ginástica Laboral, é realizada atividade que contribuem para aumento da flexibilidade como alongamentos e relaxamento, leve a melhora na capacidade aeróbia, força muscular e coordernação motora através das atividades realizadas.

    Concluímos que a implantação do Programa de Ginástica Laboral foi um fator muito importante para empresa, pois com a realização das atividades físicas, os trabalhadores se sentiam mais dispostos a realizar a jornada de trabalho, apresentando um maior rendimento, sendo assim uma produção maior para empresa. O programa de Ginástica Laboral na empresa teve uma grande aderência pelos funcionários, que 97% dos trabalhadores entrevistados queriam que o programa tivesse continuidade.

    Futuros estudos podem concretizar a interferência da Ginástica Laboral na qualidade de vida através do uso de outros instrumentos de avaliação, ou ainda, verificar outros parâmetros que demonstram as alterações causadas pela Ginástica Laboral nos trabalhadores.

    De acordo com os objetivos desta pesquisa, foi observado que eles apresentaram melhoras no corpo e no rendimento de acordo com as respostas apresentadas nas tabelas abaixo.

Pergunta 01 - Tabela 01

 

Pergunta 02 - Tabela 02

 

Pergunta 2.1 - Tabela 03

 

Pergunta 03 - Tabela 04

    De acordo com o resultado encontrado nas tabelas, pode-se observar que os funcionários aderiram a idéia de que o Programa Ginástica Laboral pode trazer benefícios e que está sendo aplicado de uma maneira que todos estão aprovando o Programa.

    Pode-se perceber, na tabela 01, que o turno da tarde é o turno que tem uma menor prática de atividade física fora da empresa, podendo ser a Ginástica Laboral o único momento em que os funcionários realizam alguma atividade física.

    Na tabela 02 observamos que os funcionários dos turnos da manhã e noite perceberam melhoras em seu corpo com o desaparecimento de dores advindas do trabalho após a inclusão da ginástica laboral na empresa seguida dos funcionários da tarde.

    Na tabela 03 observamos que o rendimento no trabalho melhorou com a inclusão da ginástica laboral, devido ao desaparecimento de dores advindas da LER.

    Observou-se na tabela 04 que para todos os turnos a Ginástica Laboral deve ser incluída permanentemente no cotidiano da jornada de trabalho prevenindo e evitando assim lesões por esforços repetidos.

    Com as respostas obtidas através do questionário, pode ser observado que todas as que são relacionados com a pergunta 2 e 2.1, tiveram um grande percentual na resposta sim, pode-se atribuir a este percentual tão alto, de que os funcionários como observar a melhoras no corpo e no rendimento do trabalho desde o momento que foi implantado o Programa de Ginástica Laboral na empresa.

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