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O efeito da atividade física em idosos do SESC de Uberlândia

Resultado de la actividad física en personas mayores del SESC de Uberlandia

 

*Professora de Educação Física do SESC

Graduada pela Universidade Federal de Uberlândia

Especialista em Atividades Físicas para Grupos Especiais

**Mestrando em Ciências da Saúde – UFU

Especialista em Fisiologia do Exercício-UVA

Graduado em Educação Física pelo Centro Universitário do Triângulo (2004)

Atualmente é professor da Universidade Presidente Antônio Carlos

Dayana Buiatti*

Leandro Teixeira Paranhos Lopes**

dayana_buiatti@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho tem como finalidade revelar a importância da prática de exercícios físicos por idosos. O seu objetivo geral foi averiguar se a atividade física pode retardar o processo de envelhecimento, sem especificar nenhum tipo de atividade, pois o que se propõe é saber se a atividade física pode minimizar o efeito da velhice no indivíduo. É intenção também deste trabalho de contribuir para a discussão das questões sobre o envelhecimento e a atividade física revisando aspectos centrais da literatura e formulando um questionário para a possível percepção prática do impacto que a atividade física tem sobre o envelhecimento em se tratando do contato direto com os idosos e suas próprias conclusões sobre esta questão. Dentre os resultados encontrados, os idosos destacaram uma considerável melhora na qualidade de vida. Fatores como: humor, disposição e motivação para uma vida melhor e mais saudável foram imperiosos na pesquisa. Portanto, os estudos revelaram que os idosos sentem-se beneficiados com a atividade física regular.

          Unitermos: Envelhecimento. Atividade física. Qualidade de vida

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 136 - Septiembre de 2009

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1.     Introdução

"Ensina-nos a contar os nossos anos, para que tenhamos coração sensato" (Salmo 90, v.12).

    Um dos fenômenos de maior impacto no início deste novo século é o do envelhecimento da população mundial. No século passado consolidou-se uma tendência demográfica que vem se mostrando interrupta e que constitui o aumento de expectativa de vida ao nascer do homem, observado não só nos países desenvolvidos como também naqueles em desenvolvimento (BRITO; LITVOC, 2004). Visto que uma grande parcela da humanidade se encontra na fase tardia, propõe-se verificar se a atividade física pode retardar o processo de envelhecimento. Segundo Freitas e Maruyama, (2002), em estudos sobre envelhecimento da população brasileira, identificou-se que, na mudança de século, deveria haver no Brasil, 8,7 milhões de pessoas com 65 anos, e mais, sobreviventes de cortes nascidos até 1935, o que quer dizer que 1 em cada 20 residentes do país seria da população idosa e que, vinte anos mais tarde, essa relação seria 1 para 13.

    De acordo com Mazza (1998 apud Zawadski e Vagetti, 2000), o Brasil passa por um processo de envelhecimento populacional rápido. E ainda neste século será o 6° maior em número de indivíduos da terceira idade.

    Segundo dados do IBGE (2000 apud Stella, 2003), em 1980, havia 7 milhões de pessoas idosas, atualmente, há em torno de 15 milhões, correspondendo a 8,6 % da população total. Estima-se que, no ano de 2030, o número de idosos poderá chegar a setenta milhões nos países de­senvolvidos. No Brasil, as projeções para o ano de 2025, indicam que a população total aumentará cinco vezes em relação à de 1950. Assim, o número de indi­víduos acima de 65 anos terá aumentado quinze vezes (DAVINI e NUNES, 2003).

    Segundo dados do Ministério da Saúde, a população brasileira de idosos, em 1996, era de 7,8 milhões e, entre 1950 e 2020 crescerá 16 vezes o número de pessoas acima de sessenta anos de idade no país (MATSUDO, 1997). A Organização das Nações Unidas (ONU) considera o período de 1975 a 2025 a “Era do Envelhecimento”. Nos países em desenvolvimento, esse envelhecimento populacional foi ainda mais significativo e acelerado, destaca a ONU: enquanto nas nações desenvolvidas, no período de 1970 a 2000, o crescimento observado foi de 54%, nos países em desenvolvimento atingiu cerca de 123% (SIQUEIRA et al., 2002).

    De acordo com Néri e Freire (2000), discutir a velhice tem se tornado atividade cotidiana para a maioria das pessoas que acompanham debates, reportagens através da mídia acerca do envelhecimento populacional mundial e da mudança na expectativa de vida. Esta aponta para o aumento do número de idosos e o maior tempo de vida das pessoas. Atentando–se para o fato de que, no ano de 2020, todos os nascidos de 1940 a 1949 estarão completando 80 anos e em conseqüência disso a participação do idoso na sociedade não será igual à de hoje. E ainda, Ramos (apud Freitas, 2002), acredita que a chegada à longevidade está relacionada com a transição demográfica, a transição de uma população jovem para uma envelhecida, onde a queda na mortalidade se da uma queda na fecundidade. Já para Berlezi et al., (2006 apud Cruz e Alho 2000), a transição demográfica brasileira tem ocorrido de forma acelerada, com expectativa de, em 2025, passar do décimo sexto país em números absolutos de idosos para o sexto. A mudança do quadro etário acarretará redução na porcentagem de jovens, de 42,6% para 20,6%, e um aumento de 2,7% para 14,6% na população de idosos (Cruz e Alho, 2000). A inversão da pirâmide populacional, decorrente de vários fatores entre os quais, a redução das taxas de fecundidade, fertilidade, natalidade e mortalidade infantil, a melhoria nas condições de saneamento e infra-estrutura básica, o aumento da expectativa de vida, têm demonstrado um grande aumento da longevidade do ser humano (VILELA, CARVALHO, ARAÚJO, 2006).

    Atualmente, estima-se que a cada 10 indivíduos no mundo, um tenha mais de 60 anos, idade acima da qual o indivíduo é considerado idoso no nosso meio, segundo a Organização Mundial da Saúde. O envelhecimento populacional é visivelmente, um proeminente processo mundial. Isso significa um crescimento mais elevado da população idosa com relação aos demais grupos etários. No caso brasileiro houve o aumento da participação da população maior de 60 anos no total da população nacional de 4%, em 1940, para 9%, em 2000. Além disso, a proporção da população “mais idosa”, isto é, 80 anos ou mais, também está aumentando, alterando a composição etária dentro do próprio grupo, ou seja, a população considerada idosa também está envelhecendo. Isso leva à heterogeneidade do segmento populacional chamado idoso. (CAMARANO et al, 2002 apud FREITAS, 2002).

    O crescimento da população idosa certamente tem sua origem nos avanços científico-tecnológicos advindos da racionalidade do mundo contemporâneo. Segundo a posição oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (2002), o advento de inúmeros medicamentos permitiu maior controle e um tratamento mais eficaz das doenças infecto-contagiosas e crônico-degenerativas, aliados aos avançados, métodos diagnósticos e ao desenvolvimento de técnicas cirúrgicas cada vez mais sofisticadas e eficientes, onde isso contribuiu para um aumento significativo da expectativa de vida do homem moderno. A conseqüência natural disto foi o aumento da vida média do homem que hoje se situa em torno de 66 anos (20 anos a mais do que em 1950). Do ponto de vista biológico, vivemos numa época de grandes descobertas no campo da biologia molecular e da engenharia genética, que podem vir a alterar o limite biológico prevalecido até hoje, onde a idade máxima vivida até hoje, comprovada por certidão de nascimento, foi de 125 anos de uma senhora no Japão. (RAMOS et al, 2002 apud FREITAS, 2002).

    Conforme Paschoal (2002), a expectativa de vida cada vez maior do ser humano acarreta uma situação ambígua, vivenciada por muitas pessoas, o desejo de viver cada vez mais e ao mesmo tempo, o medo de viver em meio a incapacidades e a dependência. De fato, o chegar à longevidade requer maiores chances de ocorrência de doenças e de prejuízos à funcionalidade física, psíquica e social. No entanto, se os indivíduos envelhecerem com independência, autonomia e com boa saúde física e psicossocial, além de se manterem ativos poderão estabelecer uma esplêndida qualidade de vida.

Concepção global do envelhecimento

    O envelhecimento é ainda motivo de controvérsias quanto à natureza e dinâmica de seu processo, apesar de ser um fenômeno comum a todos os seres vivos. Ainda há dúvidas a respeito dos mecanismos que acarretam modificações tão profundas nas funções orgânicas das pessoas idosas. O grande de número de conceitos e processos existentes a fim de explicar o processo do envelhecimento demonstra o quanto as pesquisas estão longe de vislumbrar os intricados caminhos deste processo (BRITO; LITVOC, 2004).

    Okuma (1998 apud Netto 2004), acredita que o envelhecer não é mensurável pela idade cronológica, e sim pelas condições físicas, funcionais, mentais e de saúde do indivíduo, demonstrando que o envelhecimento se traduz num processo individual.

    Segundo a Posição oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (2002), o envelhecimento é um processo contínuo durante o qual ocorre um declínio progressivo de todos os processos fisiológicos. Mantendo-se um estilo de vida ativo e saudável pode-se retardar as alterações morfofuncionais que ocorrem com a idade. E ainda, a velhice é percebida como fenômeno natural e social que se desenrola sobre o ser humano, único, indivisível, que, na sua totalidade existencial, defronta-se com problemas e limitações de ordem biológica, econômica e sociocultural que singularizam seu processo de envelhecimento (SIQUEIRA et al.; 2002).

    Conforme Bichem (2004), o envelhecimento caracteriza-se por um processo de alterações anatômicas e fisiológicas que determina perda da capacidade homeostática ao longo da vida. De acordo com Motta (1998), o envelhecimento é um processo irreversível e ainda Motta (2004), o envelhecimento pode ser definido como um processo multifatorial, indo do nível molecular ao fisiológico e morfológico, com uma importante modulação do meio sobre o conteúdo genético, influenciado por modificações psicológicas funcionais e sociais que ocorrem com o passar do tempo. E ainda o envelhecimento do organismo afeta o desempenho físico, limitando a interação do homem com o meio ambiente (CARA­MANO e KERBAUY, 2001 apud LACOURT e MARINI, 2006). Desta forma o envelhecimento é um processo complexo, que envolve muitas variáveis (genética, estilo de vida, dieta, doenças crônicas) (ARAÚJO, 2006).

    Para Brito e Litvoc (2004), o envelhecimento pode ser caracterizado como um processo dinâmico, progressivo e irreversível, no qual interagem muitos fatores biológicos, psíquicos e sociais. Vectra, 2000 apud Néri e Freire, 2000 acredita que o processo do envelhecimento é lento e gradativo, e ocorre em diferentes ritmos para diversas pessoas e grupos, ocorrendo influências genéticas, sociais, históricas e psicológicas do curso de vida sobre estas pessoas ou grupos, ressaltando que envelhecer é universal, ou seja, ocorre em todos os seres humanos.

    De acordo com Dalbosco (2006), devemos compreender a velhice bioló­gica, psicológica e cognitiva como sendo resultado de um longo processo, que inicia, pelo menos, já na gestação do feto e assume forma presente com o nascimento do bebê.

    Em se tratando da definição de um início para envelhecer. Observa-se que do ponto de vista da fisiologia do envelhecimento, uma das justificativas para a compreensão deste fenômeno é justamente a indefinição de seu início. Este ocorre já na fase de concepção, como querem alguns autores; entre a segunda e a terceiras décadas, como admitem outros, ou ainda já nas fases mais avançadas da existência.A responsável por essas três visões contraditórias é sem dúvida, a ausência de marcadores biológicos eficazes e confiáveis do processo do envelhecimento.Se for aceita a primeira destas visões pode se dizer que o envelhecimento é resultado da soma de todas as mudanças que ocorrem através do tempo nos organismos vivos, desde a concepção até a morte. De qualquer forma, sabe-se que o envelhecimento é multifatorial e multidimensional.A importância maior ou menor de fatores intrínsecos ( base genética) e extrínsecos (estilo de vida) e o diferente grau de interação entre os mesmos justificam a grande variabilidade de comportamento biológico e psicossocial de um idoso em relação a outro, o que acarretará em um envelhecimento comum ou um envelhecimento bem-sucedido (BRITO; LITVOC, 2004). Embora existam evidências de que a longevidade tenda a ser similar dentro de um grupo familiar, é consenso que o processo de envelhecimento de um indivíduo é resultado de uma conjunção de fatores de natureza genética, ambiental, do estilo de vida, nutricional (OMS, 2002 apud Smethurst, 2002). Netto (2002), completa dizendo que o envelhecimento pode ser conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual ocorrem alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, que modifica de forma progressiva o organismo, tornando-o mais suscetível às agressões intrínsecas e extrínsecas que terminam por levá-lo à morte.

Alterações decorrentes do processo do envelhecimento

    Ao longo do tempo, o organismo do homem passa por um processo natural de envelhecimento, gerando modificações funcionais e estruturais no organismo, diminuindo a vitalidade e favorecendo o aparecimento de doenças, em que as alterações mais presentes são as sensoriais, as doenças ósseas, cardiovasculares e o diabetes. (RUSSO, 1998 apud RUWER, 2005). De acordo com Vitta (2002 apud Néri e Freire), 2002 existem várias mudanças biológicas que são consideradas normais no processo do envelhecimento. Muitas alterações fisiológicas acontecem entre as quais podem ser citadas: as cardiovasculares, respiratórias, as do sistema nervoso e as do aparelho músculo-esquelético. No idoso ocorre diminuição na capacidade do coração de aumentar o número e a força dos batimentos cardíacos quando submetido ao esforço, diminuição da freqüência cardíaca sob repouso, aumento do colesterol e da resistência vascular e em conseqüência aumento da pressão arterial. Assim, as capacidades físicas, as modificações anatomo-fisiológicas, as alterações psicossociais e cognitivas, podem ser observadas ao decorrer do processo de envelhecimento.

    Capacidades Físicas - há uma diminuição de: coordenação motora grossa e fina, habilidades, equilíbrio, esquema corporal, visão e audição; modificações anatomo-fisiológicas - hipotrofia cerebral e muscular, diminuição da elasticidade vascular e muscular, concentração de tecido adiposo, tendência à perda de cálcio pelos ossos, desvios de coluna, redução da mobilidade articular, altura, densidade óssea, volume respiratório, resistência cardio-pulmonar, freqüência cardíaca máxima, débito cardíaco, consumo máximo de oxigênio e mecanismos de adaptação ( hermodinâmicos ) , termorreguladores, imunitários e hidratação), insuficiência cardíaca; função cognitiva - é expressa pela velocidade de processamento das informações, assim influenciadas pela quantidade de motivação e estimulação. Com isso, só sofrerá negativas se não for estimulada. Alterações psicossociais - ocorre, a diminuição da sociabilidade, a depressão, mudanças no controle emocional, isolamento social e baixa auto-estima, ocasionadas pela aposentadoria, pela dificuldade auditiva, visual e motora, pela síndrome do ninho vazio (saída dos filhos, de casa), pela impotência sexual, entre outras. (PIRES et al., 2002; BARBOSA, 2001; BONACHELA, 1994; KRASEVEC e GRIMES; POWERS e HOWLEY, 2000; SILVA e BARROS, 1996 apud TAKAHASHI,2004) .

    Enfatiza-se no processo do envelhecimento, o decréscimo das capacidades motoras, redução da força, flexibilidade, velocidade e dos níveis de VO2 máximo, dificultando a realização das atividades de vida diária (AVD) e a manutenção de um modo de viver saudáve MARQUES, 1996 apud Takahashi,2004). Ocorrem também alterações fisiológicas no decorrer da velhice que podem diminuir a capacidade funcional do idoso, afetando a saúde e a qualidade de vida do idoso. Essas alterações são observadas no sistema cardiovascular; no sistema respiratório com a diminuição da capacidade vital, da freqüência e do volume respiratório; no sistema nervoso central e periférico, em que a reação se torna mais lento e acontece um declínio da velocidade de condução nervosa; no sistema músculo-esquelético porque a potência muscular regride, não só pelo avanço da idade mas pela falta de uso e diminuição da taxa metabólica basal (FARO JR., LOURENÇO & BARROS NETO, 1996c; MATSUDO & MATSUDO, 1992; SKINNER, 1991 apud Takahashi, 2004). Ao que diz respeito à alteração respiratória que acontece com o avançar da idade ocorre significante diminuição da reserva funcional do sistema respiratório. (FERNANDES; NETTO, 2002).

    No que se refere a alterações cardíacas, o envelhecimento encontra-se associado a modificações estruturais cardíacas que tendem a ser individualizadas. Ocorre o aumento da massa cardíaca da ordem de 1 a 1,5 g/ano, entre 30 e 90 anos de idade.( Posição oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia,2002) É visto que a freqüência cardíaca máxima diminui ,principalmente, por causa de uma resposta menor das catecolaminas circulantes. (Shephard,1998).

    Com relação ao sistema neuromuscular, o homem alcança sua maturação plena entre 20 a 30 anos de idade. Entre a 3ª e 4ª décadas, a força máxima permanece estável ou com reduções pouco significativas. Em torno dos 60 anos, é observada uma redução da força máxima muscular entre 30 e 40%, o que corresponde a uma perda de força de cerca de 6% por década dos 35 aos 50 anos de idade e a partir daí, 10% por década. (Posição oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia,2002). A dinâmica da forca muscular e subseqüente comprometimento da função motora, associados ao processo de envelhecimento, afetam diretamente a vida de indivíduos idosos, diminuindo suas habilidades em tarefas simples como caminhar e dificultando a realização de atividades de vida diária, comprometendo a qualidade de vida e a saúde mental dessa população. (DAVINI e NUNES, 2003; HUNTER, McCARTHY e BAMMAN, 2004 apud LACOURT, 2006). E para maior continuidade observa-se que Faria et al;2003, constata que o processo de envelhecimento ocasiona mudanças na função neuro-músculo-esquelética, quando associadas a doenças crônico-degenerativas, com grande incidência nos idosos. Em conseqüência destas modificações ocorrem déficits de equilíbrio e alterações na marcha que pode levar o indivíduo à quedas, ocasionando graves conseqüências sobre o desempenho funcional e na realização de atividades de vida diária (AVDs). Para Lexell (1997 apud Araújo 2006); existem evidências de alterações estruturais e funcionais do músculo humano devido ao processo de envelhecimento progressivo em conseqüência principalmente, da degeneração do sistema nervoso verificada após os 60 anos.Durante o período de 25 e 65 anos de idade ocorre uma diminuição substancial da massa magra ou massa livre de gordura de 10 a 16%, devido as perdas na massa óssea, no músculo esquelético e na água corporal total que acontecem com o envelhecimento. A sarcopenia, ou seja, a perda gradativa da massa do músculo esquelético e da força acometida em idosos, tem sido definida por alguns autores (Baumgartner,1998 apud Matsudo et al.;2003) como a perda de massa muscular correspondente a mais de dois desvios padrões abaixo da média da massa esperada para o sexo na idade jovem. A perda da massa muscular e da força muscular pode trazer conseqüências, como por exemplo, a deterioração na mobilidade e na capacidade funcional do indivíduo que está envelhecendo. (Matsudo et al.;2003).

    Outra alteração verificada na velhice diz respeito ao metabolismo basal (de repouso) que gasta grande parte do gasto calórico diário, e diminui com a idade. A razão para isso pode ser a perda de massa muscular ativa com um aumento, paralelo, nos depósitos de gorduras. Em idosos, pode haver também uma redução global no metabolismo celular, onde possíveis hipóteses acreditam num "desgaste" que ultrapassa a capacidade regenerativa dos tecidos; na desregulação do sistema imunológico que atua contra estruturas do organismo como proteínas e em erros na divisão celular agravados por fenômenos naturais como a radiação solar (Shephard,1998).

    Uma outra alteração que deve ser levada em consideração é que a partir dos 25 anos até os 65 anos observa-se um declínio no consumo máximo de oxigênio que diminui aproximadamente 5 ml/kg /min por década, com uma possível aceleração deste valor após os 65 anos.É difícil saber até quanto esta perda é inevitável, normalmente as pessoas tornam-se mais sedentárias com a idade e atletas mais velhos normalmente reduzem seus treinamentos, verificando assim, que o sedentarismo pode contribuir para este processo. E ainda torna-se importante dizer que o envelhecimento do sistema de transporte do oxigênio de forma gradativa, pode restringir a habilidade do idoso em executar atividades do cotidiano como uma caminhada numa pequena elevação. (Shephard,1998).

    Com o envelhecimento, freqüentemente ocorrem algumas alterações também nas áreas da cognição. Indivíduos acima de 60 anos geralmente se queixam de dificuldades com a memória e outras habilidades cognitivas, principalmente quando começam a comparar o seu estado atual com o do passado (ÁVILA et al.; 2006).

    Araújo, 2006 afirma que o sistema nervoso funciona como mecanismo principal nas decodificações do processo de envelhecimento, promove uma série de alterações anatômicas e químicas no encéfalo e medula. .

    Embora as alterações decorrentes do envelhecimento sejam múltiplas e complexas, elas podem, por vezes, ser modificadas. Sendo assim, devem-se reconhecer as principais mudanças associadas ao envelhecimento biológico; retardar os seus efeitos negativos; ou diminuir o seu alcance e evitar as complicações, mantendo uma vida higiênica e revitalizante para o organismo do idoso. ( BERGER,1995 apud FREITAS et al,2002)

    De acordo com Vitta,2000 apud Neri e Freire,2000 há um outro tipo de modificação percebido na velhice que pode ser evidenciado por mudanças na postura visivelmente observadas nos idosos.A cabeça, os ombros e o pescoço inclinados para frentre; na altura do tórax, pode se verificar uma cifose na coluna e os punhos, os joelhos e os quadris tendem à flexão.E ainda torna-se importante explanar outras características existentes como: redução da coordenação motora e dos reflexos proprioceptivos; a diminuição no número de movimentos realizados e a velocidade com que são feitos; insegurança na marcha; perda de flexibilidade, força, potência, velocidade, destreza e resistência muscular, dificultando a realização das atividades de vida diária.

    Segundo Taddei e Franken,2002 apud Freitas,2002, dentre as principais alterações fisiológicas relacionadas ao processo de envelhecimento que limitam a atividade física no idoso estão: a diminuição da capacidade aeróbica, fazendo com que a execução de um esforço submáximo seja percebida pelo idoso como requerendo uma grande dose de esforço; alteração de relaxamento diastólico, levando à dispnéia relacionada ao exercício, mesmo que seja de leve intensidade; diminuição de complacência do pulmão, levando a maior esforço par respirar, com uma percepção aumentada do esforço necessário para atividade física e além disso alguns fatores contribuem para o sedentarismo do idoso como: a diminuição da massa muscular e força contrátil; a instabilidade músculo-esquelética, doenças associadas com a velhice, medo de queda, ansiedade, depressão, falta de companhia para andar e desconhecimento da importância da atividade.Segundo (Shephard,1998) o envelhecimento do sistema de transporte do oxigênio de forma gradativa, pode restringir a habilidade do idoso em executar atividades do cotidiano como uma caminhada numa pequena elevação.

    E os autores alertam que não se deve atribuir como conseqüência inevitável do envelhecimento, a degradação dessas capacidades.(FARIA et al .;2003)

    Embora as alterações decorrentes do envelhecimento sejam múltiplas e complexas, elas podem, por vezes, ser modificadas. Sendo assim, devem-se reconhecer as principais mudanças associadas ao envelhecimento biológico; retardar os seus efeitos negativos; ou diminuir o seu alcance e evitar as complicações, mantendo uma vida higiênica e revitalizante para o organismo do idoso. ( BERGER,1995 apud FREITAS et al, 2002).

O envelhecimento bem-sucedido

    Desde que os meios de comunicação intensificaram a divulgação das perspectivas associadas ao envelhecimento populacional, as pessoas se preocupam mais com a qualidade de vida na velhice em retardar os efeitos negativos desta fase. E então começam surgir indagações sobre: como fazer para envelhecer mais lentamente?Será que a ciência já descobriu alternativas para não envelhecer? É possível estar ou chegar feliz nesta fase de vida?Como fazer para ter uma velhice saudável? (FREIRE, 2000).

    Boschin, (2004) acredita que como mais pessoas estão chegando à longevidade, busca-se mais maneiras de compreender o envelhecimento e diversas formas de retardá-lo. Tentativas para prolongar a juventude tem sido preocupação de tempos atrás e ainda é hoje. Não há como interferir no processo intrínseco de envelhecimento, que se pode fazer é adotar um estilo de vida saudável ao longo da vida, priorizando medidas simples como dieta variada e balanceada, controle de peso, atividade física regular, lazer e diversão, entre outras medidas, podem promover uma velhice com menos problemas de saúde e melhor qualidade de vida. Conforme Moreira (2000), “a qualidade de vida e a busca pela melhoria da qualidade de vida é uma procura incessante do ser humano.”

    Já para Pires et al.,(2000 apud Takahashi,2004) a chegada á longevidade de forma tranqüila significa a soma de tudo que beneficia o organismo, por exemplo, exercícios físicos, dieta alimentar saudável, momento de lazer, bom relacionamento familiar investindo em uma melhor qualidade de vida

    De acordo com Lexell (1997 apud Araújo 2006), existem vários fatores que influenciam na qualidade de vida do indivíduo, por isso este deve ser tratado de forma global, desenvolvendo-os, para que possamos desta forma melhorar a qualidade de vida da população.

    Segundo Vitta (2000 apud Neri e Freire,2000) a possibilidade de envelhecer com saúde depende em parte de fatores genético-biológicos e em parte do contexto social, onde existem fatos sobre os quais não se tem controle, como uma doença causada pela pobreza e outros depende do próprio indivíduo no sentido de que ele possa tomar providências para aumentar a sua expectativa de vida, por exemplo a realização de uma atividade física.

    Conforme Brito e Litvoc (2004), só recentemente houve a elucidação do sequenciamento do genoma humano, uma conquista histórica da inteligência humana em pesquisa biomédica que poderá levar a respostas sobre a complexidade dos aspectos genéticos do envelhecimento, abrindo caminho assim para ações preventivas mais eficazes das doenças e o desenvolvimento de estratégias de tratamento.E é de aceitação universal que os setores que lidam com a saúde das pessoas busquem aumentar a expectativa da vida humana por meio da prevenção das doenças e da promoção da saúde.Sendo importante ressaltar, que o estado de saúde de um indivíduo é muito mais que um mero bem-estar físico.Ele é formado de uma complexa inter-relação entre os aspectos psicológicos e fisiológicos da saúde e da doença.A OMS divulga o clássico conceito da saúde como um estado de completo bem estar físico, psicológico e social, destacando a saúde como um componente fundamental do desenvolvimento humano, procurando resgatar fatores que propiciem uma vida digna e um bem-estar coletivo. É importante relatar que as múltiplas facetas que caracterizam o processo do envelhecimento humano exigem que a abordagem e a busca do conceito de saúde sejam definidas como o estado de completo bem-estar físico, mental e social.

    De acordo com Freire (2000), a idéia de envelhecimento ideal, bem-sucedido refere-se a uma longa velhice sem perda de vigor físico e da agilidade mental. Pode ser visto também como uma competência adaptativa do indivíduo, ou seja, a capacidade generalizada para responder com flexibilidade aos desafios resultantes do corpo, da mente e do ambiente.

    Vilela et al., (2006) acredita que a velhice está relacionada a mais anos de sofrimento, com aumento da dependência física, declínio funcional, isolamento social, depressão, improdutividade, entre outras coisas.No entanto, sabemos que é possível ter uma sobrevida maior, com melhor qualidade de vida, através da busca do envelhecimento com autonomia e independência, com boa saúde física e mental, enfim, com um envelhecimento bem sucedido.

    [...]com base nos estudos realizados sobre o envelhecimento bem- sucedido, podem-se destacar algumas estratégias para chegar a uma velhice satisfatória:engajar-se em um estilo de vida saudável par reduzir a ocorrência de condições que levem a um envelhecimento patológico; fortalecer as capacidades, fortalecer as capacidades de reserva do indivíduo por meio de atividades educacionais, motivacionais e relativas à saúde, além de fortalecer a formação e a manutenção de laços sócio-afetivos; em virtude da heterogeneidade no envelhecimento, é importante evitar soluções simples e encorajar a flexibilidade individual e social;considerar estratégias que facilitem o ajustamento à realidade objetiva , sem perda da individualidade; cultivar novos hábitos mentais e físicos); aperfeiçoar as habilidades sociais; engajar-se em atividades produtivas; desenvolver uma filosofia que dê significado para a vida.(FREIRE, 2000, p.28)

    Para melhor entender o processo do envelhecimento é interessante observar que do ponto de vista biológico algumas teorias enfatizam o possível controle genético do envelhecimento celular, outras evidenciam a ação do meio externo sobre o indivíduo permanentemente expostas para explicar o envelhecimento. Em ambos os casos, o resultado seria uma síntese protéica deficiente, com conseqüente disfunção dos tecidos e sistemas que compõem. Outras teorias, ainda, preferem focalizar o equilíbrio entre os diversos sistemas orgânicos pelo prisma do seu controle hormonal e da comunicação entre eles. Um ritmo diferenciado no processo de degeneração desses sistemas contribuiria com a diminuição da capacidade de adaptação do organismo ao meio. Apesar da variedade dos mecanismos apontados, alguns deles francamente longe de ser comprovados levantam-se em todos os casos estratégias que poderiam, possivelmente, retardar o processo de envelhecimento celular. A atividade física regular é freqüentemente mencionada dentre essas possibilidades de intervenção. Não há na literatura, contudo, evidências fortes o suficiente para que se possa considerá-la como uma variável cujas influências repercutiriam positivamente no processo de degenerescência das células (FARINATTI).

Considerações finais

    O aumento crescente da população idosa observado atualmente instiga o surgimento de novas idéias humanas. O que se pode fazer para retardar o envelhecimento do homem, já que a expectativa de vida aumentou? Sendo assim, o que se torna mais relevante não é o simplesmente chegar à longevidade, mais atingir um envelhecimento bem-sucedido.

    Baseado no estudo bibliográfico observou-se a existência de hipóteses sobre a ação da atividade física sobre a genética do indivíduo, porém nada foi comprovado. Mas, muitos autores relataram inúmeros benefícios físicos e psicosociais decorrentes desta e até afirmaram poder haver um retardamento de alterações morfofuncionais originadas do envelhecimento, se houver um hábito de vida saudável e ativo. E ainda verificou-se pelas pesquisas constatadas, que a atividade física pode não ser uma “fonte da juventude” em termos de genética, pois sabe-se que o envelhecimento é um processo universal a todos os seres humanos, porém o bem estar de vida da pessoa que realiza algum tipo de atividade física regular nesta fase de vida será indiscutivelmente melhor. Pode-se concluir que mesmo que não haja um retardamento comprovado no processo de envelhecimento com relação a genética do indivíduo, sabe-se convictamente que a atividade física contribui para o bem estar psíquico, social e físico dos idosos.

    Após a verificação de inúmeros efeitos advindos da atividade física, acredita-se que a realização dela na fase da velhice, torna um instrumento minimizador do processo de envelhecimento. Para maior confirmação do que foi pesquisado, será descrito os resultados do questionário proposto.

    Obtiveram-se respostas positivas de todos os idosos. O humor melhorou, a alegria que se sente é maior, a dores diminuíram, a disposição é maior, a realização das atividades de vida diária se tornou mais fácil e há uma maior satisfação de vida.Os resultados revelaram que os idosos sentem-se beneficiados com a atividade física regular.

    Enfim, observou-se que o estudo bibliográfico e o questionário aplicado demonstraram uma grande importância da atividade física na vida do idoso, ressaltando, a sua contribuição aos indivíduos que buscam um envelhecimento saudável, ou seja, àqueles que não querem somente viver a velhice, mas, bem vivê-la.

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