Relação entre capacidade funcional de força e nível de atividade física em mulheres idosasRelación entre capacidad funcional de fuerza y nivel de actividad física en mujeres mayores |
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*Universidade de Itaúna Itaúna – MG (Brasil) **Universidad de León León – (Espanha) |
Elis Cristina Madeira* Tamires Paula Sousa* Cintia Campolina Duarte Rocha** Sandro Fernandes da Silva* |
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Resumo O envelhecimento é marcado por um decréscimo das capacidades funcionais, interferindo negativamente na qualidade de vida do idoso. A prática de atividade física ajuda a prevenir quedas e melhorar a autonomia funcional, proporcionando maior segurança para a realização dos movimentos diários e, conseqüentemente, melhora da qualidade de vida. Objetivo: Este estudo teve como objetivo relacionar a capacidade funcional de força e o nível de atividade física das mulheres idosas, assim como comparar a capacidade de força dos membros superiores e inferiores em diferentes faixas etárias e verificar diferentes níveis de atividade física. Metodologia: O estudo foi constituído por 51 idosas acima de 60 anos. As variáveis avaliadas foram: Força de Membro Superior, Força de Membro Inferior e Nível de Atividade Física. Resultados: Encontramos diferença significativa entre força de membro superior e inferior e uma diferença significativa no tempo gasto de atividade física e o número de vezes que as idosas praticam. Conclusão: Podemos observar que a capacidade de força diminui com o avançar da idade e que as idosas praticam em sua maioria atividade de baixa a moderada intensidade. Unitermos: Envelhecimento. Força. Atividade física |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 136 - Septiembre de 2009 |
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Introdução
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2025 o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas. A população de idosos representa um contingente de quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (8,6% da população brasileira), sendo a maioria mulheres, 8,9 milhões (62,4%) (Instituto Brasileiro de Geografia e estatística – IBGE, 2002).
Infelizmente, nem sempre viver muito - expectativa de vida alta - significa viver bem - qualidade de vida satisfatória (CUTLER, 2001). Segundo SILVA et al. (1.998), a prática regular de atividade física não pode por si assegurar um aumento significativo no intervalo de vida de indivíduos idosos, porém pode melhorar a qualidade de vida dos anos vividos.
Para Cheik et al. (2003), a qualidade de vida está diretamente relacionada ao grau de satisfação que o indivíduo possui diante da vida em seus vários aspectos. Sendo assim, esta deve ser compreendida como um conjunto harmonioso de satisfações que o indivíduo alcança no seu dia a dia, levando-se em consideração aspectos físicos, psicológicos e sociais (VOSVICK et al., 2003).
O idoso tende a se tornar menos ativo, por conseguinte, suas capacidades físicas diminuem, desencadeando o sentimento de velhice que, por sua vez, pode causar estresse, depressão e levar a uma redução da atividade física e, conseqüentemente, à aparição de doenças crônico-degenerativas que, por si só, contribuem para o envelhecimento (BENEDETTI & PETROSKI, 1999; MATSUDO, 1997). Assim, esta perda de autonomia funcional se reflete em imagem corporal negativa e auto-estima baixa, interferindo de forma negativa na qualidade de vida (MONTEIRO & ALVES, 1995).
São vários os componentes da condição física implicados nos modelos explicativos do envelhecimento e a incapacidade associada à idade, sendo os mais comuns: a deterioração e a debilidade muscular; a deterioração da função neurológica e do equilíbrio; a perda da capacidade cardiorrespiratória; e a perda de flexibilidade e agilidade. Todos esses componentes interferem diretamente na capacidade do indivíduo para realizar as atividades da vida cotidiana. Esta involução da capacidade funcional é inerente ao envelhecimento, ainda que o estilo de vida, o sedentarismo ou a doença possam acelerar o processo.
Indivíduos acima dos 60 anos perdem muito de sua capacidade funcional, devido à perda da massa muscular (sarcopenia), em particular, das fibras tipo II (ROSENBERG, 1997, citado por MARCELL, 2003) o que nos idosos torna-se mais um fator de dificuldade para a mobilidade e a manutenção de suas atividades diárias. Essas fibras são substituídas por gordura e tecido conjuntivo e, desse modo, esta perda seletiva favorecerá a diminuição de força e potência.
Dentre as alterações ocorridas nos idosos, uma das mais importantes se encontra no sistema músculo-esquelético, onde, em torno dos 60 anos, é observada uma redução da força máxima muscular entre 30% e 40% (NÓBREGA et al., 1999). Observa-se um decréscimo no número e tamanho das fibras musculares, resultando em perda da massa muscular e posterior diminuição da força muscular máxima e endurance.
As reduções hormonais podem, por exemplo, favorecer o acúmulo de gordura corporal, pois induzem à diminuição das atividades diárias do idoso, com conseqüente desuso dos seus músculos, aumentando ainda mais os problemas relacionados à força e potência. Nesse caso, as mulheres são mais afetadas, pois, os declínios funcionais já podem ser percebidos de forma mais acentuada no período da menopausa, que começa aproximadamente aos 50 anos de idade (CRAIG, 2002).
A prática de atividade física regular por pessoas idosas melhora a capacidade cardiorrespiratória, a força, especialmente no membro inferior, e a flexibilidade, além de melhorar a função neurológica. Todos estes aspectos, de forma conjunta, aumentam a capacidade funcional e a autonomia.
Pesquisas relatam que a preservação da massa magra e a prevenção de ganho de gordura são medidas importantes para a manutenção da força muscular em idosos. Isso pode ajudar a prevenir quedas e melhorar a autonomia funcional, proporcionando maior segurança para a realização dos movimentos diários e, conseqüentemente, melhora da qualidade de vida (CRESS; MEYER 2003; De VITO et al., 2003; ANTON et al., 2004).
Objetivo
O presente estudo teve como objetivo relacionar a capacidade funcional de força e o nível de atividade física das mulheres idosas, assim como comparar a capacidade de força dos membros superiores e inferiores em diferentes faixas etárias e verificar diferentes níveis de atividade física.
Metodologia
Participaram da amostra 51 idosas com idade acima de 60 anos. Todas assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido que foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade de Itaúna sob o número de protocolo 010/007
Foram aplicados os seguintes procedimentos:
Questionário
Teste Flexão de Cotovelo
Teste Sentar-Levantar
Estatística
Resultados
Tabela 1. Comparação Força MMII x Força MMSS
N |
Idade |
MMII |
MMSS |
51 |
66,86 ± 6,82 |
11,21 ± 2,33 |
16,31 ± 3,44* |
* p ≤ 0,05
Gráfico 1. Comparação Força MMII x Força MMSS
Na Tabela 1 e no Gráfico 1, observa-se uma diferença significativa entre a força de membro inferior e a de membro superior.
Gráfico 2. Comparação da Idade X Força de MMII
Gráfico 3. Comparação da Idade X Força de MMSS
Gráfico 4. Tempo gasto na semana em diferentes níveis de atividade física
Existe uma diferença significativa entre o tempo de prática de atividade física das idosas. Observa-se que, as idosas que praticam, gastam menos tempo em atividade física vigorosa e de baixa intensidade, e mais na prática de atividade física de moderada intensidade.
Gráfico 5. Vezes na semana em diferentes níveis de atividade física
Existe uma diferença significativa no número de vezes que as idosas praticam atividade física. A prática restringe-se a atividades de baixa e moderada intensidade, e 1 vez na semana em intensidade vigorosa.
Discussão
Força
A força muscular é uma variável primordial na manutenção da autonomia e qualidade de vida do idoso e é uma das variáveis que mais sofre com o envelhecimento. A perda da massa muscular e consequentemente da força muscular é a principal responsável pela deterioração na mobilidade da capacidade funcional do indivíduo que está envelhecendo (MATSUDO, S.M , 2.000).
O presente estudo observou que, a medida que aumenta a idade cronológica diminui-se a capacidade de força, ou seja, as idosas mais velhas conseguiram executar menor número de repetições nos teste. Nota-se também uma diferença significativa entre força de membro inferior atingindo em média 11,21 repetições e, força de membro superior com média de 16,31 repetições.
O teste da flexão do cotovelo avalia a força e resistência muscular do segmento superior do corpo. Os valores referenciais de Rikli e Jones (1999) para o teste de flexão do cotovelo em 30 segundos vão de acordo com os resultados encontrados, pois em seu estudo encontrou para as idades de 60 a 64 anos uma média de 16,1 repetições e para as idades de 65 a 69 anos uma média de 15,2 repetições.
Na literatura consultada observamos que Alves et al., (2004) encontraram uma média de 11,7 repetições em idosas não praticantes de atividades físicas. Já nos estudos de Zago e Gobbi (2003) encontraram uma média de 29 repetições, essa diferença se dá pelo fato de que sua amostra foi composta por idosas ativas, praticantes de atividade físicas regularmente.
O teste de sentar e levantar avalia a força e resistência do segmento corporal inferior. Os valores referenciais de Rikli e Jones (1999) para o teste de levantar da cadeira em 30 segundos são superiores ao encontrado em nossa pesquisa, para as idades de 60 a 64 anos, encontrou-se a média de 14,5 repetições e para as idades de 65 a 69 aos uma média de 13,5 repetições.
Na literatura consultada observamos que Faria et al., (2008) encontrou a média de 9,9 repetições, Alves et al., (2004) encontrou 9,05 repetições em idosas não praticantes de atividades físicas e Marin et al., (2003) encontrou uma média de 17,6 repetições em mulheres ativas.
A partir dos 60 anos há uma diminuição mais acentuada da força muscular, principalmente nas mulheres, sendo essa diminuição da força a músculos específicos, principalmente nos membros inferiores (MA TSUDO, 2001).
No estudo realizado por Marin et al., (2000), com mulheres de idade acima de 50 anos avaliando a força muscular, observou perda 50% maior em membros inferiores que nos membros superiores. Provavelmente esse fenômeno possa ser explicado em decorrência da síndrome do desuso, em que ocorre diminuição na freqüência das atividades que envolvem tais grupos musculares, devido ao fato de os indivíduos passarem a realizar a maior parte das atividades na posição sentada. O mesmo não acontece com os membros superiores, que são bem mais requisitados para atividades de vida diária.
O número de repetições decresce de acordo com o aumento da idade em ambos os testes, isso se dá, segundo MATSUDO (2001), devido à perda da massa magra, havendo uma perda maior com o envelhecimento, pois estão associados à diminuição no nível de atividade física do idoso.
Atividade física
A prática regular de atividade física não pode por si assegurar um aumento significativo no intervalo de vida de indivíduos idosos, porém pode melhorar a qualidade de vida dos anos vividos (SILVA et al., 1998).
Nosso estudo mostra que as idosas que praticam atividades físicas, gastam menos tempo em atividade física vigorosa e de baixa intensidade, e mais na prática de atividade física de moderada intensidade, existindo uma diferença significativa no número de vezes que as idosas praticam atividade física. A prática restringe-se a atividades de baixa e moderada intensidade, e uma vez na semana em intensidade vigorosa.
A atividade física moderada, realizada de maneira regular, como a caminhada e outras atividades recreativas e de lazer, é fator de grande importância no processo de envelhecimento saudável (MATSUSO, 2002).
Segundo Matsudo (1997), o estilo de vida ativo pode ser considerado fundamental para melhoria da qualidade de vida, além de melhorar a saúde durante o processo de envelhecimento.
Quanto menor o nível de aptidão física, neste caso, perda da força muscular, maior a dependência do idoso em suas atividades de vida diárias (AVD). Lobo & Pereira observaram que na AVD como, subir ou descer escadas,10,6% dos idosos necessitam de ajuda e 65% dos idosos acontecem acidentes frequentes na realização da AVD .
Na amostra de mulheres idosas, Guimarães e Farinatti (2005) identificou-se uma relação significativa entre a prevalência de quedas à redução dos níveis de mobilidade articular de membros inferiores entre outros aspectos como deficiência visual e número elevado de medicamentos.
A atividade física contribui de maneira fundamental para a manutenção da independência e esta se constitue num dos mais importantes fatores de qualidade de vida na velhice. (HERNANDES & BARROS, 2004)
Conclusão
De acordo com os resultados obtidos, podemos concluir em nossa pesquisa que à medida que aumenta a idade cronológica diminui-se a capacidade de força, como relatado por estudos anteriores, observando uma diferença significativa entre força de membro superior e de membro inferior. As idosas em nossa pesquisa realizam, em sua maioria, atividade de baixa a moderada intensidade. Visto a importância da atividade física para a manutenção da qualidade de vida do idoso se faz necessário a conscientização do idoso quanto ao benefício da atividade e mais estudos que correlacionem o nível de atividade física do idoso e qualidade de vida.
Referências
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