Avaliação do treinamento de força e resistência muscular respiratória com manovacuômetro e com carga linear pressórica Evaluación de entrenamiento de la fuerza y resistencia muscular respiratoria con manovacuómetro y con carga lineal de presión Muscular respiratory strenght and resistance training. Evaluation using manovacuometer and pressure linear load |
|||
*Fisioterapeuta, Doutora Ciências Biológicas e Fisiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Docente da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ **Fisioterapeuta, Doutor em Ciências Fisiológicas, Docente da Universidade Gama Filho. ***Doutor em Fisiologia pela Universidade Federal de São Carlos Docente da Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR ****Fisioterapeuta, Doutora em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Docente da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ |
Patrícia Dall’Agnol Bianchi* Paulo Heraldo Costa do Valle** Vilmar Baldissera*** Patrícia Viana da Rosa**** (Brasil) |
|
|
Resumo Introdução: Os músculos respiratórios podem sofrer alterações em diferentes doenças. Esses músculos, como os esqueléticos em geral, melhoram sua função muscular quando submetidos a treinamento. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do treinamento de força e resistência muscular respiratória. Métodos: Foram estudados 12 homens saudáveis, com média de idade de 25 anos (21–35). Os indivíduos realizaram uma espirometria e mensuração das pressões máximas respiratórias antes e após o treinamento. Formado três grupos, o primeiro realizou treinamento de força muscular respiratória com o manovacuômetro, segundo de força e resistência muscular respiratória utilizando carga linear pressórica, e o último sendo controle. O treinamento teve freqüência de três sessões semanais durante oito semanas, totalizando 24 sessões. Resultados: Não houve alteração significativa nas espirometrias, como também para resistência muscular respiratória em todos os grupos. O grupo treinado com o manovacuômetro apresentou um aumento significativo para a PImáx aumentando 63%, de 102 ±25 para 167±12 cmH2O, a PEmáx também aumentou significativamente, aumentando 64%, de 147±53 para 242±43 cmH2O. O grupo treinado com carga linear pressórica utilizando o threshold pep, aumentou significativamente a PEmáx, aumentando 29%, de 147±56 para 190±47 cmH2O, a PImáx aumentou 19%, não sendo significativo (p£ 0,05) teste t de Student. Conclusões: Em relação aos resultados pôde-se inferir que o protocolo utilizado no treinamento da força muscular respiratória foi eficiente para o aumento da força muscular respiratória, e que o protocolo utilizado no treinamento da força e resistência muscular respiratória apresentou apenas melhora na força muscular expiratória. Unitermos: Espirometria. Manovacuômetro. Treinamento muscular respiratório
Abstract Introduction: The respiratory muscles, can suffer modifications in different diseases. These muscles, such as skeletal muscles, improve their function when subjected to training. It’s aim was evaluate the effects of strenght training and muscular respiratory strenght and resistance training. Methods: Twelve healthy male individuals, whit a mean age of 25 years (21-35), were studied. All of them performed a pulmonary function test (spirometry) and measurements of the maximum respiratory pressures (manovacuometer), before and after the training period. Three groups were utilized: the first group performed the muscular respiratory strenght training using the manovacuometer; the second one performed the muscular respiratory strenght and resistance training using pressure linear load; and the third one, beeing the control group. The training had a frequency of 3 sessions a week, during 8 weeks, totalizing 24 sessions. Results: There was no significant change in both spirometry and muscular respiratory resistance tests for all groups. The first group has shown an significant increase (63%) in the PImax (from 147±56 to 167 ±12 cmH2O). In the same group, an significant increase (64%) is also observed in the PEmax (from 147±53 to 242±43 cmH2O). The second group, that used the threshold pep, shown an significant increase (29%) of PEmax (from 147± 56 to 190± 47 cmH2O); the PImax increased 19%, but it’s not significant (p<=0.05) test t Student. Conclusions: It was shown that the protocol used in the muscular respiratory strenght training was effective to increase the respiratory muscular strenght, and the protocol used in the respiratory strenght and muscular respiratory resistance training shownd an improvement only in the muscular expiratory strenght. Keywords: Spirometry. Manovacuometer. Muscular respiratory training |
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 136 - Septiembre de 2009 |
1 / 1
Introdução
Os músculos respiratórios são os responsáveis diretos pelo adequado funcionamento do sistema respiratório. Em diferentes doenças podem ocorrem alterações na função contrátil desses músculos que dependendo da intensidade e quantificação da perda da força muscular podem ser classificadas como fraqueza, fadiga ou falência muscular1.
O objetivo geral dos músculos respiratórios é bombear gás para dentro e para fora dos pulmões de forma rítmica e coordenada. Convencionalmente, três grupos de músculos respiratórios têm sido relacionados com a função respiratória: diafragma, músculos do gradil costal, que estão divididos em músculos intercostais e acessórios, e o último grupo de músculos que é o composto pelos músculos abdominais 2.
Na população saudável os músculos respiratórios, como outros músculos esqueléticos, aumentam sua eficácia quando submetidos a um programa de treinamento. O treinamento desse grupo de músculos segue os mesmos princípios básicos de treinamento dos músculos esqueléticos, que são: sobrecarga, especificidade e reversibilidade 3. O resultado do programa de treinamento vai refletir na melhora da função pulmonar. Os efeitos do treinamento sobre a ventilação pulmonar estão associados com uma diminuição da freqüência e aumento da profundidade da respiração. Na pessoa treinada essas modificações são observadas em repouso e também durante o exercício.
Os treinamentos dos músculos respiratórios específicos ou gerais, devem conter estímulos de freqüência, intensidade e duração suficientes para que ocorra uma resposta apropriada ao tratamento. Protocolos de treinamento muscular respiratório são objeto de constantes investigações mostrando a importância que a fisiologia e a reabilitação respiratória ganharam perante a comunidade científica. Na década de oitenta, alguns estudos demonstraram que pacientes com enfermidades neuromusculares poderiam beneficiar-se com algum tipo de treinamento específico de seus músculos respiratórios4. Pacientes que apresentam doença pulmonar obstrutiva crônica, alterações da parede torácica e atrofia dos músculos determinada por várias causas, sendo uma delas o uso prolongado de ventilação mecânica, também podem ganhar com o treinamento dos músculos respiratórios1.
Com o avanço da fisioterapia respiratória, pesquisas nesta área tornam-se extremamente importantes, pois esclarecem os efeitos de cada programa de treinamento facilitando aos profissionais determinar o programa adequado para cada paciente melhorando assim os resultados obtidos com a aplicação do mesmo.
Este trabalho objetivou avaliar os efeitos do treinamento de força muscular respiratória utilizando manovacuômetro para treinamento, e os efeitos do treinamento de força e resistência muscular respiratória utilizando carga linear pressórica, neste caso o threshold pep.
Material e métodos
Este estudo tem características empírico analíticas do tipo experimental.
Foram estudados 12 indivíduos jovens do sexo masculino com idades entre 21 e 35 anos, com média de 25 ± 5 anos, sendo todos sedentários. Durante o período de treinamento, os indivíduos estudados não apresentavam nenhuma doença cardiovascular, respiratória obstrutiva ou restritiva, sendo todos considerados normais do ponto de vista respiratório. Para participar do trabalho, todos foram informados dos objetivos, benefícios, riscos e metodologia aplicada para a realização do mesmo.
Os indivíduos foram distribuídos aleatoriamente em três grupos distintos.
Grupo 1: 4 indivíduos que realizaram treinamento com o manovacuômetro.
Grupo 2: 4 indivíduos que realizaram treinamento com carga linear pressórica.
Grupo 3: 4 indivíduos que não realizaram nenhum treinamento, controle.
As características quanto ao sexo, idade, altura e peso corporal dos indivíduos estudados estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Características quanto a idade, altura e peso corporal
Grupo |
Idade (anos) |
Altura (cm) |
Peso (Kg) |
I II III |
26±7 23+2 25±6 |
175±5 172±4 176±4 |
80±8 69±10 72±6 |
Grupos: I (treinado com o manovacuômetro); II (treinado com o threshold pep); III (grupo controle)
As atividades para a realização deste trabalho foram divididas em três etapas: primeiramente todos os indivíduos realizaram uma espirometria e mensuração da força muscular respiratória através da manovacuometria; posteriormente os grupos I e II realizaram o treinamento proposto e finalmente após o treinamento todos os indivíduos repetiram os exames de espirometria e manovacuometria.
As espirometrias foram realizadas utilizando-se um pneumotacógrafo computadorizado modelo SPIROTRAK III marca VITALOGRAPH, onde foram avaliados os índices de capacidade vital (CV), capacidade vital forçada (CVF), volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), pico de fluxo expiratório (PEF), pico de fluxo inspiratório (PIF) e ventilação voluntária máxima (VVM). As provas de função pulmonar respiratória foram realizadas no laboratório de Fisioterapia da Universidade de Cruz Alta – Unicruz, da cidade de Cruz Alta - RS.
O manovacuômetro é um aparelho que tem por finalidade medir pressões positivas (manômetro) e negativas (vacuômetro)1. O manovacuômetro deve permitir uma leitura pressórica estável e estar graduado em cmH2O positivo e negativo 1-5-6-7-8. Para mensuração das pressões respiratórias máximas, utilizou-se um manovacuômetro da marca FAMABRAS calibrado em cmH2O, com limite operacional de –300 cmH2O a + 300 cmH2O. Foi utilizado no adaptador do bocal do manovacuômetro (modelo 0001 da marca ROWAN), um orifício de 1,5 mm de diâmetro para gerar um discreto fluxo de ar evitando o fechamento da glote e aumento da pressão da cavidade oral evitando, com isto, alteração dos valores obtidos. O bocal foi confeccionado em tubo flexível (PVC CRISTAL PABOVI) com 8 cm de comprimento e 1,7 cm de diâmetro interno. Os indivíduos realizaram cinco manobras de Pressão Inspiratória Máxima (PImáx) e cinco manobras de Pressão Expiratória Máxima (PEmáx). Durante a realização do teste os indivíduos permaneceram sentados com as narinas ocluídas por um clips nasal, o próprio indivíduo segurava firmemente o bocal contra os lábios evitando vazamento perioral de ar.
A PImáx foi medida durante esforço iniciado a partir do volume residual (VR), a PEmáx foi medida durante esforço iniciado a partir da capacidade pulmonar total (CPT). Segundo GUYTON 9, VR é o volume restante nos pulmões após uma expiração profunda, e CPT é o volume de ar contido nos pulmões após uma inspiração profunda. JARDIM 10, explica que a máxima força inspiratória é alcançada no VR quando a fibra muscular inspiratória está mais distendida, ocorrendo o inverso com as forças expiratórias, com o valor máximo sendo obtido na CPT.
Foi solicitado aos indivíduos que as pressões fossem mantidas por três segundos. O intervalo entre as manobras foi escolhido livremente pelos indivíduos, foi considerado para análise dos resultados o maior valor obtido, desde que este tenha sido reproduzido.
O treinamento de força muscular respiratória utilizando o manovacuômetro foi realizado utilizando o mesmo aparelho descrito acima. O treinamento teve duração de 8 semanas, com freqüência de 3 sessões semanais perfazendo um total de 24 sessões com duração de aproximadamente 25 minutos cada.
Em cada sessão, os indivíduos realizaram 40 manobras de PImáx e posteriormente 40 manobras de PEmáx. Os indivíduos foram orientados a fazer uma pausa de um minuto após 10 repetições, porém foi dado liberdade para pausas extras quando os mesmos sentissem necessidade. Os indivíduos foram orientados a sustentar a manobra por três segundos, seguindo as orientações de IRWIN & TECKLIN 2. Durante o treinamento os indivíduos permaneceram sentados com narinas ocluídas por um clips nasal 1-5-6-7-8.
Para determinar a carga utilizada no treinamento é necessário determinar através de um manovacuômetro a PImáx e PEmáx e trabalhar com números entre trinta e cinqüenta por cento da força muscular inspiratória e expiratória máxima do indivíduo, sendo freqüente o valor inicial de quarenta por cento da pressão máxima. O tempo utilizado é de aproximadamente trinta minutos diários em indivíduos não críticos. Para críticos ou em fadiga muscular respiratória, a carga e o tempo do exercício passa a ser limitado a cada caso específico.
A postura ideal para a realização do treinamento é a sentada com narinas obstruídas por um clips nasal 1.
Como todos os indivíduos eram saudáveis do ponto de vista respiratório, a carga linear pressórica máxima que o threshold pep possui de ± 20cmH2O, tornou-se insuficiente para atingir o valor indicado para os indivíduos. Optou-se então por testar este equipamento aumentando o tempo de treinamento. Optou-se por realizar desta forma por acreditarmos que aumentando o tempo de treinamento a resistência poderia ser incrementada. Assim, utilizou-se a carga máxima do aparelho 20 cmH2O tanto para o treinamento da musculatura inspiratória como da musculatura expiratória.
O treinamento utilizando o threshold pep foi executado da seguinte forma: 12 sessões de trinta minutos cada, 15 minutos com carga inspiratória de 20 cmH2O e 15 minutos com carga expiratória de 20 cmH2O, e 12 sessões de 40 minutos cada, sendo 20 minutos com carga inspiratória de 20 cmH2O e 20 minutos com carga expiratória de 20 cmH2O. O treinamento teve duração de oito semanas perfazendo um total de 24 sessões. Durante todo o tempo os indivíduos permaneceram sentados com narinas ocluídas por um clips nasal. Os pacientes foram orientados e estimulados a respirar com alta freqüência e alto tempo respiratório.
Os dados foram analisados através do teste t de Student (p£ 0,05).
Resultados
Os valores da Pressão Inspiratória Máxima (PImáx) pré-treinamento, os valores da Pressão Inspiratória Máxima pós-treinamento e os valores percentuais entre o pré e pós treinamento estão apresentados na Tabela 2.
Houve alteração estatística significativa através do Teste t de Student pareado (p£0,05) no grupo I.
Nas figuras 1 e 2 observa-se a evolução das sessões em média e desvio padrão para a PImáx e PEmáx do grupo treinado com o manovacuômetro.
Tabela 2. Características dos indivíduos estudados com relação a Pressão Inspiratória máxima PImáx pré-treinamento, Pressão
Inspiratória máxima PImáx pós-treinamento e as diferenças percentuais entre os valores obtidos antes e após o treinamento
Grupo |
PImáx Pré-treinamento |
PImáx Pós-treinamento |
% Pré e Pós |
Teste t |
I |
102±25 120±8 117±30 |
167±12 142±31 115±17 |
63 19 -2 |
* |
Grupo I (grupo treinado com o manovacuômetro), Grupo II (grupo treinado com o threshold pep) e grupo III (controle).
Valores expressos em média e desvio padrão, (*) p£0,05, NS = não significativo (Valores expressos em cmH2O).
Os valores obtidos para Pressão Expiratória Máxima (PEmáx) pré treinamento, os valores da PEmáx pós treinamento e as diferenças percentuais entre o pré e o pós treinamento estão apresentados na Tabela 3. Nos grupos I e II houve alteração estatística significativa através do Teste t de Student pareado (p£0,05).
Tabela 3. Características dos indivíduos estudados com relação a PEmáx pré-treinamento, PEmáx
pós-treinamento e as diferenças percentuais entre os valores obtidos antes e após o treinamento
Grupo |
PEmáx Pré-treinamento |
PEmáx Pós-treinamento |
% Pré e Pós |
t |
I |
147±52 147±56 152±22 |
242±43 190±47 157±22 |
64 29 3 |
* |
Grupo I (grupo treinado com o manovacuômetro), Grupo II (grupo treinado com o threshold pep) e grupo III (controle).
Valores expressos em média e desvio padrão, (*) p£0,05, NS = não significativo. Valores expressos em cmH2O.
Com relação a CV, os valores das espirometrias, previstos de acordo com a idade, sexo e altura, os obtidos antes e após o período de treinamento muscular respiratório, e as diferenças percentuais no pré e pós treinamento estão apresentados na Tabela 4. Não houve diferença estatística significativa através do Teste t de Student pareado (p<0,05), com relação aos valores obtidos antes e após o período de treinamento muscular respiratório.
Tabela 4. Características dos indivíduos estudados com relação a CV Prevista, CV pré-treinamento,
CV pós-treinamento, percentagens e diferença percentual entre os valores obtidos antes e após o treinamento
Grupo |
C.V. Prevista |
C.V. Pré-treinamento |
% Pré-treinamento |
C.V. Pós-treinamento |
% Pós-treinamento |
Diferença % |
t |
I |
5,25±0,45 5,13±0,24 5,31±0,38 |
4,90±0,37 4,94±0,85 4,99±0,71 |
93,54±6,19 95,92±13,54 93,59±7,22 |
5,07±0,65 5,18±0,48 5,19±0,67 |
96,46±7,80 101,03±8,09 97,45±6,77 |
2,92 5,12 3,86 |
NS NS NS |
Grupo I (treinamento, com o manovacuômetro), grupo II (treinamento com o threshold pep), III (controle).
(Valores em média e desvio padrão, (*) p£0,05, NS = não significativo) .Valores expressos em Litros por minuto.
Com relação a CVF, os valores das espirometrias previstos de acordo com sexo, idade e altura, bem como os obtidos no pré e pós treinamento muscular respiratório, e as diferenças percentuais estão apresentados na Tabela 5. Os grupos não apresentaram alterações estatísticas significativas através do Teste t de Student pareado (p<0,05), com relação aos valores obtidos antes e após o período de treinamento muscular respiratório.
Tabela 5. Características dos indivíduos com relação a CVF Prevista, Pré-Treinamento,
Pós-Treinamento, diferenças percentuais entre valores obtidos antes e após o treinamento
Grupo |
C.V.F. Prevista |
C.V.F. Pré-treinamento |
% Pré-treinamento |
C.V. F. Pós-treinamento |
% Pós-treinamento |
Diferença% Pré-Pós |
T |
I |
5,02±0,42 4,90±0,22 5,08±0,36 |
4,72±0,48 4,77±0,95 4,99±0,69 |
94,13±6,72 97,05±16,41 97,96±6,97 |
4,84±0,52 4,93±0,47 5,09±,062 |
96,34±4,65 100,56±8,13 100,03±7,23 |
2,21 3,51 2,06 |
NS |
Grupo I (grupo treinado com o manovacuômetro), grupo II (grupo treinado com o threshold pep), grupo III (grupo controle).
(Valores em média e desvio padrão, (*) p£0,05, NS = não signicativo) significativo. Valores expressos em litros por minuto.
Com relação ao VEF1, os valores das espirometrias previstos de acordo com sexo, idade e altura obtidos antes e após o treinamento muscular respiratório, bem como as diferenças percentuais do pré e pós treinamento estão apresentados na Tabela 6.
Em todos os grupos estudados o VEF1 não apresentou alterações estatísticas significativas através do Teste t de Student pareado (p£0,05) com relação aos valores obtidos antes e após o período de treinamento muscular respiratório.
Tabela 6. Características dos indivíduos com relação a VEF1 Previsto, VEF1 Pré-Treinamento,
VEF1 Pós-Treinamento, diferenças percentuais entre valores obtidos antes e após o treinamento
Grupo |
VEF1 Prevista |
VEF1 Pré-treinamento |
% Pré-treinamento |
VEF1 Pós-treinamento |
% Pós-treinamento |
Diferença% Pré-Pós |
t |
I |
4,23±0,35 4,17±0,17 4,28±0,31 |
4,12±0,39 4,20±0,88 4,40±0,62 |
97,56±5,47 100,13±18,04 102,53±7,98 |
4,25±0,31 4,28±0,27 4,43±0,49 |
100,76±8,00 102,56±4,41 103,43±6,88 |
3,20 2,43 0,90 |
NS |
Grupo I (grupo treinado com o manovacuômetro), Grupo II (grupo treinado com o threshold pep) e Grupo III (controle).
Valores expressos em média e desvio padrão, (*) p£0,05, NS = não significativo.Valores expressos em litros por minuto.
Em todos os grupos estudados o Fluxo Expiratório Forçado não apresentou alterações estatísticas significativas através do Teste t de Student pareado (p<0,05), com relação aos valores obtidos antes e após o período de treinamento muscular respiratório.
Em todos os grupos estudados o PEF e o PIF não apresentaram alterações estatísticas significativas através do Teste t de Student pareado (p<0,05), com relação aos valores obtidos antes e após o período de treinamento muscular respiratório.
Os valores das espirometria, para a VVM, antes e após o treinamento muscular respiratório, sendo os previstos calculados de acordo com o sexo, idade e altura e as diferenças percentuais entre o pré e pós treinamento estão apresentados na Tabela 7.
Tabela 7. Características dos indivíduos estudados com relação a Ventilação Voluntária Máxima prevista,
VVM Pré-Treinamento, VVM Pós-Treinamento e as diferenças percentuais entre os valores antes e após o treinamento
Grupo |
I |
II |
III |
VVM Prevista |
179,80±15,53 |
170,22±3,83 |
181,73±13,43 |
VVM Pré-Treinamento |
164,33±14,46 |
184,42±46,70 |
180,39±60,83 |
% Pré-Treinamento |
91,81±10,06 |
102,73±25,34 |
99,38±32,73 |
VVM Pós-Treinamento |
186,59±31,37 |
195,48±23,59 |
190,59±21,41 |
% Pós-Treinamento |
103,79±15,24 |
109,11±13,34 |
105,72±18,37 |
Diferença % Pré-Pós |
11,98 |
6,38 |
6,34 |
T |
NS |
NS |
NS |
Grupo I (grupo treinado com o manovacuômetro), Grupo II (grupo treinado com o threshold pep) e grupo III (controle).
Valores expressos em média e desvio padrão, (*) p£0,05, NS = não significativo. Valores expressos em litros por minuto.
Em todos os grupos estudados a VVM não apresentou alterações estatísticas significativas antes e após o período de treinamento através do Teste t de Student pareado (p£0,05).
Discussão
Os resultados obtidos para PImáx e PEmáx antes e após o período de treinamento muscular respiratório estão apresentados nas Tabelas 2 e 3.
DO VALLE et al. 5 , em seu trabalho obteve um aumento médio de 50% na PImáx em indivíduos sedentários e de 71% para atletas. Para PEmáx houve um aumento médio de 90% para sedentários e 94% para atletas. Estes resultados foram obtidos após um programa de treinamento de força muscular respiratória, utilizando um manovacuômetro. Cada indivíduo realizou 80 manobras de PImáx e posteriormente 80 manobras de PEmáx.
Segundo LEITH & BRADLEY 11, 4 indivíduos normais realizaram durante 5 semanas um treinamento muscular respiratório de força muscular respiratória, tiveram um aumento de 55% nas pressões respiratórias máximas inspiratórias e expiratórias.
SUZUKI et al.12 , realizaram um estudo onde a PImáx no grupo treinado, composto de seis indivíduos normais teve um aumento de 21,6% após quatro semanas de treinamento, a PImáx aumentou de 91±15 para 111±24 cmH2O e a PEmáx não apresentou alterações estatísticas significantes (p£0,05), enquanto que a PImáx e a PEmáx não tiveram aumentos significantes no grupo controle.
SUZUKI et al. 13, realizaram um treinamento muscular expiratório e foi observado que não havia diferença antes do treinamento muscular expiratório em ambos os grupos (o grupo treinado e o grupo controle) na PImáx e PEmáx. A PEmáx aumentou significativamente 25,4% de 165 para 202 cmH2O. Enquanto a PImáx não apresentou alterações significantes, não houve alterações significantes na PImáx e PEmáx no grupo controle. O trabalho destes autores sugere que o próprio treinamento da força muscular respiratória é específico, ou seja, músculos que realizaram um treinamento expiratório apresentaram apenas um aumento significativo na PEmáx.
Nas tabelas 2 e 3 observou-se um aumento significativo através do Teste t de Student (p£0,05) para a força muscular respiratória, tanto para a PImáx quanto para a PEmáx dos indivíduos treinados com o manovacuômetro. Estes indivíduos obtiveram um aumento médio de 63% para a PImáx, aumentando de 102±25 cmH2O para 167±12 cmH2O. Para a PEmáx o grupo apresentou um aumento médio de 64% passando de 147±53 cmH2O para 242±43 cmH2O.
Observa-se através do Teste t de Student pareado (p<0.05), que não houve aumento significativo no grupo treinado com carga linear pressórica utilizando o threshold pep, apesar de ter ocorrido um aumento de 19% na PImáx do período pré-treinamento para o pós-treinamento muscular respiratório. Para a PEmáx houve um aumento estatístico significativo através do Teste t de Student pareado(p<0,05), para este índice este grupo apresentou um aumento de 29% do período pré treinamento para o pós-treinamento muscular respiratório. A PImáx aumentou de 120±8 cmH2O para 142±31 cmH2O e a PEmáx de 147±56 cmH2O para 190±47 cmH2O.
No grupo controle não observou-se aumento significativo para as pressões máximas respiratórias.
Após analisar os resultados referentes a força muscular respiratória pode-se inferir que o protocolo utilizado neste trabalho para o treinamento de força muscular respiratória através do manovacuômetro foi eficiente com relação a freqüência, intensidade e duração das sessões de treinamento, pois ocasionou um aumento significativo na força muscular inspiratória e expiratória desses indivíduos.
Para LEITH & BRADLEY 11, os indivíduos que treinaram a resistência muscular respiratória através de hiperpnéia sustentada tiveram um aumento de 14% na ventilação voluntária máxima comparando-se os resultados no pré e pós treinamento.
Para SUZUKY et al. 12, o grupo que realizou um treinamento muscular inspiratório teve um aumento de 12% na ventilação voluntária máxima.
Com um protocolo de treinamento muscular expiratório realizado durante quatro semanas não houve alteração na VVM 13.
Conforme observado nas Tabelas 4 a 6 não houve aumento significativo através do Teste t de Student pareado (p<0,05), em todos os grupos estudados para os índices de CV, CVF, VEF1, comparando-se os valores obtidos antes com os obtidos após o período de treinamento muscular respiratório. Não foram observadas alterações estatisticamente significativas nos valores do PIF e PEF bem como nos valores relacionados aos fluxos expiratórios.
Os índices obtidos para a VVM não apresentaram alterações significantes através do Teste t de Student pareado (p<0,05), comparando-se os valores obtidos antes com os obtidos após o período de treinamento muscular respiratório em todos os grupos estudados.
O grupo treinado com o manovacuômetro não apresentou alterações estatísticas significantes nas provas de função pulmonar e VVM, estes dados vêm de encontro com as afirmações de SUZUKY et al.12; SUZUKY et al. 13 e DO VALLE et al. 5 que sugerem que o treinamento de força e resistência são específicos, ou seja indivíduos que são submetidos a um treinamento de força e resistência terão um aumento de força e resistência muscular respiratória e indivíduos submetidos a um treinamento de força muscular respiratória, terão um aumento de força.
Observando-se os resultados do grupo II, treinado com carga linear pressórica utilizando o threshold pep, para os índices das provas de função pulmonar pôde-se inferir que a carga e freqüência utilizada para o treinamento muscular respiratório não foi suficiente para promover um incremento significativo do ponto de vista estatístico para as funções respiratórias.
Um fator importante a se considerar é que, pelo fato dos indivíduos estudados serem jovens e saudáveis, a carga e o tempo utilizado talvez não tenha sido suficiente para o incremento das funções pulmonares.
DO VALLE et al. 5 sugere que os músculos respiratórios podem ser avaliados e treinados com uma maior eficiência através de programas de treinamento específicos de força e da resistência muscular respiratória e que os músculos respiratórios respondem mais eficientemente a programas de treinamento específicos
A partir dos resultados obtidos com o treinamento da força muscular respiratória utilizando o manovacuômetro, e de força e resistência muscular respiratória com carga linear pressórica utilizando o threshold pep, observou-se que nenhum dos grupos estudados apresentou alteração significativa nas espirometrias, realizadas antes e após o período de treinamento, o que nos indica que os protocolos utilizados não foram eficientes para o incremento dos valores espirométricos.
Os valores obtidos antes e após o período de treinamento muscular respiratório para a resistência muscular respiratória medida através da VVM não apresentaram alterações significativas em todos os grupos estudados. Isto nos indica que a intensidade, duração e freqüência dos protocolos utilizados para o treinamento não determinaram melhora da resistência muscular respiratória.
O grupo que realizou treinamento específico de força muscular respiratória utilizando o manovacuômetro apresentou um aumento significativo da força muscular inspiratória e da força muscular expiratória comparando-se os valores obtidos antes e após o período de treinamento. O grupo que realizou treinamento de força e resistência muscular respiratória com carga linear pressórica, através do threshold pep apresentou um aumento significativo para a força muscular expiratória comparando-se os valores obtidos antes e após o período de treinamento. Em se tratando da força inspiratória ocorreu um aumento não significativo. O grupo controle não apresentou alteração significativa antes e após o período de treinamento para a força muscular respiratória.
Portanto, após analisar os resultados obtidos nas provas de força muscular respiratória realizadas antes e após o período de treinamento pôde-se inferir que o protocolo utilizado para o treinamento da força muscular respiratória foi eficiente para o aumento da força muscular respiratória, e que o protocolo utilizado para o treinamento da força e resistência muscular respiratória apresentou uma melhora na força muscular expiratória.
Referências
Azeredo, CA. Fisioterapia Respiratória. 2a edição — Rio de Janeiro, Panamed, 1996.
Irwin S. & Tecklin, J. S. Fisioterapia Cardiopulmonar. 2a edição, São Paulo, Editora Manole, 1994.
Celli, B. R. Pulmonary Rehabilitation in Patients whit COPD. Am. I. Res. Crit. Care. Med. 152(3): 861 – 864, 1995.
Slutzky, L. C. Fisioterapia Respiratória nas Enfermidades Neuromusculares. Rio de Janeiro: Revinter, 1997.
Do Valle, P. H. C.; Costa, P.; Jaman, M.; Oishi, J.; Baldissera, V. Avaliação do Treinamento Muscular Respiratório e do Treinamento Físico em Indivíduos Sedentários e em Atletas. Rev. Bras. De Atividade Física e Saúde. V. 2, n. 4, p. 27 – 40, 1997.
Black, LF. & Hyatt, RE Respiratory Pressures: Normal Values. Maximal and Relationship to Age and Sex. Am. Rev. Res. Dis. 99: 696 – 702, 1969.
_________________________. Maximal Respiratory Pressure in Generalized Muscular Disease. Am. Rev. Res. Dis. 103: 641-650, 1971.
Camelo, JS.; Terra Filho, J. & Manço JC. Pressões Respiratórias Máximas em Adultos Normais. J. de Pneumologia. 11 (4): 181 – 184, 1985.
Guyton, A. C. Fisiologia Humana. 6a edição, Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1988.11. Leith, D. E. & Bradley, M. Ventilatory Muscle Strenght and Endurance Training. J. Appl. Physial. 41:508 – 516, 1976.
Jardim, J. R. B. Ação dos Músculos Respiratórios. Jornal de Pneumologia. 8 (2): 1982.
Leith, D. E. & Bradley, M. Ventilatory Muscle Strenght and Endurance Training. J. Appl. Physial. 41:508 – 516, 1976.
Suzuky, S.; Yoshike, Y.; Suziki, M.; Akahori, T. Hasegawa, A. & Okubo, T. Inspiratory Muscle Training and Respiratory Sesation during Treadmill Exercise. Chest. 104:197 – 202, 1993.
Suzuky, S.; Sato, M. & Okubo, T. Expiratory Muscle Training and Sesation of Respiratory Effort during Exercise in Normal Subjects. Thorax. 50:366 – 370, 1995.
Outros artigos em Portugués
revista
digital · Año 14 · N° 136 | Buenos Aires,
Septiembre de 2009 |