Análise do risco de quedas em idosos não institucionalizados Análisis del riesgo de caídas en personas mayores no institucionalizadas Analysis of the risk of falls in not institutionalized elderly people |
|||
*Fisioterapeuta **Educador Físico, Fisioterapeuta Especialista. Mestre em Fisioterapia Docente do curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Goiás Fisioterapeuta do Hospital de Doenças Tropicais |
Maicon Marlon Dias dos Santos* Renato Alves Sandoval** (Brasil) |
|
|
Resumo Os objetivos deste trabalho foram avaliar o risco de quedas em idosos segundo o teste de alcance funcional e analisar suas diferenças com relação a idade e sexo. Estudo analítico transversal com aplicação de teste de alcance funcional. A amostra foi composta por 20 idosos com idade variando de 60 a 80 anos, residentes na cidade de Goiânia, sendo uma amostra de conveniência. Para a análise estatística foi aplicado o teste de variância com media e desvio padrão. A maioria, 54% dos idosos entre 60 e 69 anos obteve risco de quedas 1 enquanto 70% dos idosos com 70 anos ou mais tiveram risco de quedas 2. No sexo feminino foi encontrado um percentual de 53% para o risco de quedas 2, enquanto no sexo masculino este mesmo risco ficou em 42%. Nota-se que o risco de quedas em idosos aumenta cada vez mais conforme a idade e que este é aumentado no sexo feminino. Unitermos: Idoso. Quedas. Risco de quedas. Alcance funcional
Abstract The objectives of this work had been to evaluate the risk of aged falls in according to test of functional reach and to analyze its differences with regard to age and sex. Transversal analytical study with application of test of functional reach. The sample was composed for 20 aged with age varying of 60 the 80 years, residents in the city of Goiânia, being a sample of convenience. For the analysis statistics the test of variance was applied with measured and shunting line standard. The majority, 54% of the aged ones between 60 and 69 years got risk of falls 1 while 70% of the aged ones with 70 years or had more had risk of falls 2. In the feminine sex a percentage of 53% for the risk of falls 2 was found, while in the masculine sex this exactly risks was in 42%. One notices that the risk of falls in aged increases each in agreement times the age and that this is increased in the feminine sex. Keywords: Aged. Falls. Risk of falls. Functional reach |
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 136 - Septiembre de 2009 |
1 / 1
Introdução
No Brasil entre os anos de 1950 e 2000 houve um aumento de 70% na população de idosos, sobrecarregando assim o setor previdenciário, de serviços sociais, de saúde e da assistência sanitária (REBELATTO; CASTRO; CHAN, 2007; AGUIAR et al., 2008).
Estima-se que em nosso país haverá cerca de 34 milhões de idosos em 2025, o que o levará a sexta posição entre os países com maior número de idosos no mundo. Porém o envelhecimento da população é um fenômeno de amplitude mundial, a Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, em 2025, existirão 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos, sendo que os muitos idosos (com 80 ou mais anos) constituem o grupo etário de maior crescimento (IBGE, 2000; SOUSA et al., 2003; AGUIAR et al., 2008).
Esse fenômeno impõe a necessidade de preparação e adequação dos serviços de saúde, incluindo capacitação e formação dos profissionais de saúde, sendo assim, as quedas são umas das maiores preocupações, devido a ocorrência e conseqüências em relação a qualidade de vida do idoso (AGUIAR et al., 2008).
Estudos realizados na Turquia, mostram que 31,9% dos idosos caíram ao menos uma vez no ultimo ano, enquanto no Brasil cerca de 30% dos idosos sofrem quedas ao menos uma vez ao ano. Para prevenir as quedas é necessário estimular o equilíbrio, aprimorando as condições de recepção de informações do sistema vestibular e somatossensorial e visual, ativando a musculatura antigravitacional, para que isso ocorra é indicada a pratica de atividades físicas (SIQUEIRA et al., 2007; RESENDE; RASSI; VIANA, 2008).
Vários pesquisadores demonstram em seus estudos que a atividade física, auxilia na melhora da qualidade de vida, equilíbrio, sistema cardiovascular, atenua a perda de força e trofismo muscular, ajuda na prevenção e controle de algumas doenças sistêmicas como hipertensão arterial, diabetes mellitus, osteoporose e doenças cardiovasculares, regula as funções respiratórias, diminuindo assim a mortalidade. Além disso, a prática de exercícios físicos regulares auxiliam a prolongar a independência do idoso, em suas AVD’s, levando também a um melhor controle emocional e psicológico (CARVALHO; FORTI, 2008; AGUIAR et al., 2008).
A incidência de quedas em idosos e suas conseqüências na qualidade de vida do indivíduo, explica claramente a necessidade da prevenção, que é possível através de medidas simples como, mudanças na alimentação, adaptações no domicílio, revisão nas medicações, promoção de segurança no domicílio e fora do domicílio (SIQUEIRA et al., 2007; AGUIAR et al., 2008).
É difícil identificar um motivo único para as quedas em idosos, pois existe uma somatória de fatores intrínsecos como imobilidade e incapacidade funcional para realizar AVD’s e extrínsecos como, má iluminação, piso escorregadio entre outros (GANANÇA et al., 2006; ARAÚJO; CABRAL; SANDOVAL, 2009).
A fraqueza muscular traz ao idoso, dificuldade em realizar suas AVD’s, além de aumentar o risco de quedas e fraturas. O exercício resistido aumenta a força muscular, resistência aeróbica, massa magra, diminuindo o risco de quedas devido adequação da composição corporal. O exercício físico reduz os déficits motores e sensoriais, ameniza os efeitos das medicações devido as mudanças fisiológicas ocorridas em decorrência do exercício, já que a maior parte dos efeitos atribuídos ao envelhecimento deve-se na verdade ao desuso das funções fisiológicas, por imobilidade e má adaptação e não devido à doenças crônicas (SAFONS; PEREIRA; RODRIGUES, 2006; SOUTO; BANDEIRA; SANDOVAL, 2009).
O Brasil passa por uma fase de transição, de um país jovem para um país de idosos, essa transição ocorre por diversos motivos como, a melhora da qualidade de vida, campanhas de vacinação, melhora na saúde, evolução da ciência, além de saneamento básico, que associados a outros fatores aumentaram a expectativa de vida dos brasileiros, o que é um fato positivo. Porém o envelhecimento acarreta muitos problemas aos indivíduos que estão passando por este processo, tanto fisicamente quanto psicologicamente o idoso sofre de diversas dificuldades necessitando atenção especial dos profissionais e estudantes da área da saúde. Estima-se que a cada mês cerca de um milhão de pessoas ultrapassa a barreira dos 60 anos de idade. A humanidade precisa cuidar para que o envelhecimento seja um acontecimento natural na vida do ser humano e não como um problema (AGUIAR et al., 2008).
É importante se estudar como acontece o envelhecimento, os problemas advindos deste fato e formas de se evitar que o envelhecimento se torne um fardo para o idoso e seus familiares. A relevância deste estudo vem do aumento de quedas que acompanham o envelhecimento. Saber se existe diferença no risco de quedas nos indivíduos idosos institucionalizados ou não institucionalizados é importante para estabelecer parâmetros entre a qualidade de vida de cada grupo, suas atividades de vida diária (AVD’s), os déficits físicos diversos e principalmente estudar meios de diminuir o risco de quedas entre os idosos.
Os objetivos do trabalho foram avaliar o risco de quedas de idosos não institucionalizados e comparar o risco de quedas entre outros estudos com a mesma população.
Métodos
Estudo analítico transversal com aplicação de teste de alcance funcional.
A amostra foi composta por 20 idosos com idade variando de 60 a 80 anos, residentes na cidade de Goiânia, sendo uma amostra de conveniência.
O instrumento utilizado para avaliar o risco de quedas dos idosos foi o Teste de Alcance Funcional, que consiste na fixação de uma fita métrica fixada na parede com o idoso posicionado lateralmente a fita, em pé com os pés paralelos e com os membros superiores fletidos em 90º, pede-se ao idoso uma inclinação de todo o corpo a frente até o máximo possível sem alterar o posicionamento dos pés. Será anotado em centímetros o maior alcance que cada idoso conseguir realizar sem alterar o posicionamento dos pés. Após a avaliação será verificado o resultado e comparado com o escore específico do teste.
Para a análise estatística foi aplicado o teste de variância com media e desvio padrão.
Resultados
Foram analisados nesta pesquisa idosos de ambos os sexos, residentes na cidade de Goiânia, com idade entre 60 e 80 anos. Os dados estão apresentados em forma de gráficos e tabelas.
A idade dos idosos foi analisada conforme mostra o gráfico 1
O alcance dos idosos em centímetros foi analisado segundo os parametros do tesde do alcance funcional e o risco de quedas foi encontrado segundo o escore específico do mesmo teste, conforme mostram as tabelas 1 e 2
Tabela 1. Alcance em centímetros
Nome |
Alcance Funcional |
Nome |
Alcance Funcional |
A.R.S. |
21,3 |
M.V.P. |
21,0 |
A.C.T. |
21,9 |
R.V.S. |
16,3 |
C.M.O. |
18,2 |
A.N.K. |
14,2 |
H.M.S. |
28,4 |
H.B.N. |
16,6 |
J.M.F. |
20,0 |
I.A.V. |
33,2 |
J.M.R. |
18,3 |
J.A.M. |
25,8 |
M.A.F. |
25,7 |
J.B.D. |
26,5 |
M.C.B. |
25,2 |
P.A.S. |
28,7 |
M.G.B. |
30,0 |
P.R.R. |
22,4 |
M.L.O. |
11,2 |
R.G.S. |
21,3 |
Tabela 2. Risco de quedas
Nome |
Escore |
Nome2 |
Escore3 |
A.R.S. |
2 |
M.V.P. |
2 |
A.C.T. |
2 |
R.V.S. |
2 |
C.M.O. |
2 |
A.N.K. |
4 |
H.M.S. |
1 |
H.B.N. |
2 |
J.M.F. |
2 |
I.D.B. |
1 |
J.M.R. |
2 |
J.A.M. |
1 |
M.A.F. |
1 |
J.B.D. |
1 |
M.C.B. |
1 |
P.A.S. |
1 |
M.G.B. |
1 |
P.R.R. |
2 |
M.L.O. |
4 |
R.G.S. |
2 |
Foi analisada também a porcentagem do risco de quedas dos idosos segundo suas idades conforme o a tabela 3.
Tabela 3. Idade e risco de quedas
Idade |
n |
Escore |
% |
60 – 69 |
13 |
1 |
54% |
|
|
2 |
46% |
|
|
4 |
0% |
70 – 80 |
7 |
1 |
15% |
|
|
2 |
70% |
|
|
4 |
15% |
O risco de quedas também variou de acordo com o sexo, como representado na tabela 4.
Tabela 4. Sexo
Sexo |
Escore |
Porcentagem |
F |
1 |
47% |
F |
2 |
53% |
M |
1 |
58% |
M |
2 |
42% |
Discussão
A maioria dos idosos estudados estava na faixa etária entre 60 e 69 anos e fora também os idosos que conseguiram maior alcance funcional resultando em menor risco de quedas, isso se atribui ao fato de que quanto mais idoso, mais o indivíduo perde força muscular e outros atributos físicos (GANANÇA et al., 2006; AGUIAR et al., 2008).
Alguns estudos demonstram que o risco de quedas aumenta de forma importante na transição entre 69 até oitenta anos. Concordando com os resultados desta pesquisa, onde a maioria dos idosos que se encontravam na faixa etária de 60 até 69 anos tiveram risco de quedas 1, enquanto os idosos de 70 até 80 anos, na sua grande maioria obtiveram risco de quedas duas vezes maior. Este fato revela um importante declínio na capacidade física e funcional do idoso, declínio que pode ser ainda mais evidente, se for levado em consideração que 15% dos idosos com idade igual ou superior a 70 anos obteve risco de quedas igual a 4 e apenas 15% destes obtiveram risco de quedas igual a 1, enquanto a porcentagem deste mesmo risco para os idosos abaixo de 70 anos foi de 0%, e que 54% obtiveram risco de quedas igual a 1, ou seja, o menor risco citado pelo teste (SIQUEIRA et al., 2007; AGUIAR et al., 2008).
Estudos também demonstram que o risco de quedas é maior em idosos do sexo feminino, as causas disso ocorrer ainda foram pouco estudadas e são controversas. Algumas causas sugeridas são a fragilidade da mulher com relação ao homem, o maior acometimento por doenças e maior comportamento de risco para quedas. Apesar disso, estudos que levaram em consideração estes fatores, ainda encontraram maior risco de quedas em idosos do sexo feminino (AGUIAR et al., 2008; SOUTO; BANDEIRA; SANDOVAL, 2009; ARAÚJO, CABRAL; SANDOVAL, 2009).
Conclusão
Portanto nota-se que o risco de quedas em idosos aumenta de forma importante principalmente nos idosos acima de 70 anos de idade, também que o risco de quedas foi maior em mulheres que nos homens, apesar de que as causas para isto ocorrer serem controversas.
Assim se torna cada vez mais importante não somente estudar o risco de quedas, mas também a forma de amenizar este problema, não somente os fatores intrínsecos, como os fatores ambientais que levam os idosos a sofrerem quedas. Principalmente a importância está em se estudar formas de melhorar a qualidade de vida do idoso, prolongando-a.
Referências
AGUIAR, J. L. N. et al. Análise do Equilíbrio e redução do Risco de Quedas em Idosos Institucionalizados após Programa de Exercícios Fisioterapêuticos. Lecturas: Educacion Física y Deportes, Revista Digital Buenos Aires. ano 13, n 119, abril de 2008. http://www.efdeportes.com/efd119/risco-de-quedas-em-idosos-institucionalizados.htm
ARAÚJO, I. F. L.; CABRAL, V. P. C.; SANDOVAL, R. A. Análise Comparativa da Capacidade Funcional entre Idosos Institucionalizados e não Institucionalizados. Trabalho de conclusão de Curso, Graduação em Fisioterapia, Universidade Católica de Goiás, 2009.
CARVALHO, R. B. C.; FORTI, V. A. M. O Processo de Envelhecimento e os Benefícios da Atividade Física na Saúde e Qualidade de Vida. Lecturas: Educacion Fisica y Deportes. Revista Digital Buenos Aires. ano 13, n 124, set. 2008. http://www.efdeportes.com/efd124/o-processo-de-envelhecimento-e-os-beneficios-da-atividade-fisica.htm
GANANÇA, F. F. et al. Circunstâncias e Conseqüências de Quedas em Idosos com Vestibulopatia Crônica. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. maio/junho, 72(3), 2006.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Dados preliminares do censo 2000. Disponível em: www.ibge.gov.br.
REBELATTO, J. R.; CASTRO, A. P.; CHAN, A. Quedas em Idosos Institucionalizados: características gerais, fatores determinantes e relações com a força de preensão manual. Acta Ortopédica Brasileira. 15(3), 2007.
SAFONS, M. P.; PEREIRA, M. M.; RODRIGUES, J. F. A. Efeitos do Programa Melhor Idade Brasil Telecom de Condicionamento Físico sobre a Força dos Membros Inferiores de Praticantes Idosos. Lecturas Educacion Fisica y Deportes, Revista Digital Buenos Aires, ano 11, n 98, jul, 2006. http://www.efdeportes.com/efd98/efeitos.htm
SIQUEIRA, F. V. et al. Prevalência de quedas em idosos e fatores associados. Rev Saúde Pública. Outubro, 41(5), 2007.
SOUSA, L. et al. Qualidade de Vida e Bem-Estar dos Idosos: um estudo exploratório na população portuguesa. Rev Saúde Pública. junho, 37(3), 364 -71, 2003.
SOUTO, P. P. C.; BANDEIRA, T. F.; SANDOVAL, R. A. Força Muscular de Membros Superiores e Inferiores: estudo correlacional e comparativo entre grupos de idosas. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Fisioterapia, Universidade Católica de Goiás, 2009.
Outros artigos em Portugués
revista
digital · Año 14 · N° 136 | Buenos Aires,
Septiembre de 2009 |