efdeportes.com

Atividade física relacionada ao sobrepeso e 

obesidade em crianças e adolescentes

Actividad física relacionada con el sobrepeso y la obesidad en niños y adolescentes

 

Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte

Universidade Federal do Paraná

Curitiba – Paraná

(Brasil)

Michael Pereira da Silva | Guilherme da Silva Gasparotto

Michelly Pain da Silva | Mario Lopes Pinheiro

Alex Lorejan Bonfim | Rodrigo Bozza

Antonio Stabelini Neto | Wagner de Campos

michael.ufpr@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          A incidência do fenômeno hipocinético em crianças e adolescentes vem crescendo consideravelmente e, tratando-se do sobrepeso e obesidade, verifica-se a mesma tendência para esta população em vários países do mundo, desta forma o presente estudo objetiva identificar a relação de freqüência semanal da prática de atividade física com o sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes. Foram selecionadas 114 crianças (53 do sexo feminino e 61 do sexo masculino), que foram submetidas à avaliação de estatura e massa corporal para a obtenção do IMC e de atividade física mediante utilização do questionário YRBS (2005). Para o tratamento estatístico utilizou-se a distribuição de freqüência, o teste t para amostras independentes e a regressão logística para estimativa de odds ratio com intervalo de confiança de 95% e o nível de significância de p<0,05. A idade média da amostra foi de 10,2±1,6 anos, o sobrepeso e a obesidade atingiram 30,7% e 4,4% da amostra, respectivamente. As meninas apresentaram superioridade na freqüência de prática de 30 minutos de atividade física moderada em relação aos meninos (2,2±2,3 dia/semana vs. 0,8±1,2 dia/semana, p<0,01), em nenhum dos tipos de atividade física a baixa freqüência semanal foi obtida razão de chances significante com o sobrepeso e a obesidade. Desta forma, verifica-se que a atividade física não apresentou relação com o sobrepeso e a obesidade nesta população específica.

          Unitermos: Atividade física. Sobrepeso. Obesidade. Criança. Adolescente

 

Abstract

          The incidence of hypo kinetic phenomenon in children and adolescents has increased considerably and, in the case of overweight and obesity, there is a tendency for this same population in several countries of the world, so this study aims to identify the relation of the weekly physical activity with overweight and obesity in children and adolescents. We selected 114 children (53 females and 61 males) which were submitted to assessment of stature and body mass to obtain the BMI, and physical activity using the YRBS questionnaire (2005). For the statistical treatment was used the frequency distribution, the t test for independent samples and logistic regression to estimate odds ratios with confidence interval of 95% and significance level at p<0.05. The average age of the sample was 10.2±1.6 years, overweight and obesity reached 30.7% and 4.4% of the sample, respectively. The girls showed superiority in the frequency of 30 minutes practice of moderate physical activity than boys (2.2±2.3 days / week vs. 0.8±1.2 days / week, p <0.01), and in any type of physical activity the low weekly obtained significant odds ratio with regard to overweight and obesity. Thus, it is verified that physical activity showed no relation to overweight and obesity in this specific population.

          Keywords: Physical activity. Overweight. Obesity. Child. Adolescent

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 135 - Agosto de 2009

1 / 1

Introdução

    A adoção de um estilo de vida ativo apresenta benefícios na prevenção e controle do sobrepeso e obesidade, condição que está associada diretamente com elevação na pressão arterial, diminuição da resistência à insulina aumento nos níveis de colesterol total, triglicérides e LDL-C, assim como uma diminuição nos níveis de HDL-C (BRACCO et al., 2002).

    Desta forma, a prática de atividade física apresenta-se como um fator relevante de investigação pela sua relação inversa com o acúmulo de gordura corporal e, conseqüentemente, diminuição nos fatores de risco de doenças crônico-degenerativas (PINHO; PETROSKI, 1999; ROSENDO DA SILVA; MALINA, 2000).

    Entretanto, em crianças e adolescentes ainda existem dúvidas quanto a este fato, dado que alguns estudos não demonstraram associação significativa do nível de atividade física com os níveis de adiposidade corporal nesta população (OEHLSCHLAEGER et al., 2004; JACKSON et al., 2009).

    Como instrumento de avaliação deste estado, a utilização do índice de massa corporal (IMC) apresenta-se eficiente em grandes populações devido à facilidade de aplicação, além de apresentar uma relação significativa com a gordura corporal (MALINA; KATZMARZYK, 1999).

    Contudo, a incidência do fenômeno hipocinético em crianças e adolescentes vem crescendo consideravelmente (PINHO; PETROSKI, 1999) e, tratando-se do sobrepeso e obesidade, verifica-se a mesma tendência para esta população em vários países do mundo (WANG et al. 2002) e, diante disto, e da necessidade de maiores esclarecimentos sobre a relação da atividade física com sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes, o presente estudo objetiva identificar a relação de freqüência semanal da prática de atividade física com o sobrepeso e obesidade.

Materiais e métodos

População e amostra

    O presente estudo foi conduzido de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e teve início após os pais ou responsáveis pelos jovens assinarem um termo de consentimento livre esclarecido concordando com os procedimentos a serem realizados.

    Assim a presente investigação foi realizada com crianças e adolescentes na faixa etária entre 6 e 14 anos de 3 escolas do município de Jacarezinho, Paraná. Foram entregues os termos de consentimento para 210 crianças e adolescentes, contudo apenas 114 obtiveram o consentimento de seus pais e/ou responsáveis para a participação no estudo, sendo 53 (46,5 %) do sexo feminino e 61 (53,4%) do sexo masculino.

Instrumentos e procedimentos

Antropometria

    Os avaliados foram submetidos à aferição de massa corporal (MC) expressa em quilogramas (Kg) e estatura expressa em metros (m), para a aferição da massa corporal utilizou-se uma balança antropométrica digital portátil (Plenna), com graduação de 0,1Kg e capacidade de 180 Kg. Os avaliados estavam descalços e usando roupas leves, e foram orientados a distribuírem igualmente sua massa corporal entre ambos os pés (HEYWARD; STOLARCZYK, 1996).

    A estatura foi aferida mediante a utilização de um estadiômetro (Seca), fixado na parede com graduação de 0,1 cm e escore máximo de 220 cm medido da base do solo. O avaliado estava descalço com o peso distribuído entre os pés e braços relaxados onde este foi instruído a manter-se o mais ereto possível. A cabeça foi posicionada de forma que a face se mantivesse na vertical e no momento da aferição o avaliado realizou uma inspiração forçada e o estadiômetro foi posicionado no ponto mais alto da cabeça comprimindo o cabelo (HEYWARD; STOLARCZYK, 1996).

    O IMC foi obtido mediante a razão da massa corporal (em Kg) pelo quadrado da estatura (em metros) e foi expresso em Kg/m² e sua classificação deu-se através das tabelas referenciais relativas ao sexo e a faixa etária propostas para a população brasileira (CONDE; MONTEIRO, 2006).

    Devido ao baixo número de crianças obesas agregaram-se tais indivíduos com os que apresentavam sobrepeso, assim, dividiu-se o estado nutricional em duas categorias sendo: 1) Eutróficos e 2) IMC aumentado.

Avaliação da atividade física

    Para a avaliação da atividade física utilizou-se do questionário recordatório Youth Risk Behavior Surveillance (YRBS) (2005), proposto pelo Centers for Disease Control (2006), traduzido para língua Portuguesa, para a identificação de comportamento de risco em crianças e adolescentes.

    Foram extraídos dados referentes a três questões que abordavam os hábitos de freqüência semanal de prática de atividade física expressas em dias por semana, sendo elas: 1) Em quantos dos últimos 7 dias você participou de atividades físicas por pelo menos 30 minutos? Isto não fez você transpirar ou respirar aceleradamente, como por exemplo: caminhar rápido, pedalar lentamente, skate, empurrar o cortador de grama e limpar o chão (categorizada como 30 min. de AF moderada); 2) Em quantos dos últimos 7 dias, você fez exercícios ou participou de atividades físicas por no mínimo 20 minutos? Que fez você transpirar ou respirar aceleradamente, como por exemplo: Basquetebol, futebol, correr, nadar, pedalando rapidamente, dançando rapidamente ou atividades aeróbicas similares (categorizada como 20 min. de AF vigorosa); 3) Durante os últimos 7 dias, quantos dias você fez atividade física por um total de 60 minutos por dia? Vale todo o tempo que você passou em algum tipo de atividade física que aumentasse seu batimento cardíaco e fez você respirar rapidamente durante algum tempo (categorizada como 60 min. de AF moderada e/ou vigorosa).

    Para a análise dos dados, os participantes foram divididos em três categorias de acordo com a freqüência semanal de prática de atividade física apresentada, sendo: 0 a 1 dia/semana; 2 a 3 dias/semana e 4 a 7 dias/semana.

Análise estatística

    A análise estatística deu-se mediante utilização do software SPSS versão 15 for Windows, o método descritivo foi utilizado para a caracterização da amostra apresentando valores mínimos, máximos, médios e desvio padrão das variáveis estudadas e a distribuição de freqüência para a identificação das prevalências de sobrepeso, obesidade e prática semanal de atividade física.

    O teste t para amostras independentes foi utilizado para a verificação de diferenças das variáveis apresentadas entre meninos e meninas.

    Para a estimativa da razão de chances (OR) das crianças com baixa freqüência semanal de prática de atividade física de apresentar sobrepeso e obesidade foi utilizada a regressão logística binária usando como valores de referência a maior freqüência semanal de prática de atividade física (4 a 7 dias/semana). O nível de significância adotado foi de p<0,05 e intervalo de confiança de 95%.

Resultados

    Para a amostra total, verificaram-se médias de idade de 10,2±1,6 anos, de MC de 37,6±10,8 Kg, de estatura 1,41±0,10 m e de IMC de 18,4±3,2 Kg/m².

    A tabela 1 apresenta os valores mínimos, máximos, médios e desvio padrão para meninos e meninas para as variáveis de idade, massa corporal estatura e IMC.

Tabela 1. Valores mínimos, máximos, médios e desvio padrão das variáveis estudadas de acordo com o gênero sexual

 

Meninos (N= 61)

Meninas (N= 53)

 

 

Média/ DP

Mín.

Máx.

Média/ DP

Mín.

Máx.

t

p

Idade (anos)

10,3 ±1,7

6,0

13,8

10,1±1,6

7,0

13,0

-0,51

0,61

MC (Kg)

37,6±11,17

20,0

65,8

37,6±10,59

22,0

65,0

0,00

0,99

Estatura (m)

1,41±0,11

1,20

1,70

1,41±0,09

1,20

1,60

-0,08

0,93

IMC (Kg/m²)

18,3±3,03

13,4

26,0

18,5±3,50

13,3

31,4

0,21

0,83

N: Número de indivíduos; DP: Desvio Padrão; Mín.: valor mínimo, Máx.: valor máximo; MC: massa corporal; IMC: Índice de Massa Corporal.

    Quanto à freqüência de atividade física, todas as categorias de atividade física apresentaram valores mínimos de 0 dias/semana e máximos de 7 dias/semana, diferindo apenas em suas médias onde, para a prática de 30 minutos de AF moderada verificou-se a média de 1,4±1,9 dias/semana, para os 20 minutos de AF vigorosa 2,0±1,4 dias/semana e para os 60 minutos de AF moderada e/ou vigorosa 1,1±1,6 dias/semana.

    A Tabela 2 apresenta os valores mínimos, máximos, médios e desvio padrão da freqüência de atividade física de acordo com o gênero sexual.

Tabela 2. Valores mínimos, máximos, médios e desvio padrão das variáveis de atividade física para meninos e meninas

Atividade física

Meninos (N= 61)

Meninas (N= 53)

 

T/Intensidade)

Média/ DP

Mín.

Máx.

Média/ DP

Mín.

Máx.

t

p

30 min./moderada

0,8±1,2

0

5

2,2±2,3

0

7

4,02

0,00

20 min./vigorosa

2,0±1,5

0

7

1,9±1,3

0

7

-0,45

0,65

60 min./moderada e/ou vigorosa

1,1±1,6

0

7

1,0±1,5

0

7

-0,08

0,93

T: Tempo

    As médias de freqüência de prática de atividade física apresentaram-se semelhantes entre meninos e meninas nas categorias correspondentes aos 20 minutos de AF vigorosa e 60 minutos de AF moderada e/ou vigorosa. Para os 30 minutos de AF moderada as meninas apresentaram média superior.

    A tabela 3 apresenta as prevalências das categorias referentes à freqüência semanal de prática de atividade física (0 a 1 dia/semana, 2 a 3 dias/semana e 4 a 7 dias/semana) de acordo com o gênero.

Tabela 3. Prevalência das categorias de freqüência de atividade física para meninas e meninos

 

 

Meninos

Freqüência

 

30 min. de atividade moderada

20 min. de atividade vigorosa

60 min. atividade moderada e/ou vigorosa

0 a 1 dia/semana

N

48

21

46

%

78,7

34,4

75,4

2 a 3 dias/semana

N

6

33

9

%

9,8

54,1

14,8

4 a 7 dias/semana

N

7

7

6

%

11,5

11,5

9,8

 

 

Meninas

Freqüência

 

30 min. de atividade moderada

20 min. de atividade vigorosa

60 min. atividade moderada e/ou vigorosa

0 a 1 dia/semana

N

25

20

39

%

47,2

37,7

73,6

2 a 3 dias/semana

N

13

27

10

%

24,5

50,9

18,9

4 a 7 dias/semana

N

15

6

4

%

28,3

11,3

7,5

N: número de indivíduos.

    O sobrepeso atingiu 30,7% da amostra e a obesidade 4,4% e, ao analisar de acordo com o gênero, viu-se que 29,5% dos meninos apresentaram sobrepeso e 1,6% obesidade e para as meninas 32,1% delas apresentaram sobrepeso e 7,5% obesidade.

    Quanto à relação da AF com o sobrepeso e a obesidade, a tabela 4 demonstra as razões de chances obtidas para cada classificação de atividade física e suas respectivas categorias relacionadas à freqüência semanal, além das prevalências destas categorias de acordo com o estado nutricional de meninos e meninas.

Tabela 4. Prevalência de freqüência de prática de atividade física, odds ratio (OR) e intervalos de confiança (IC 95%) de acordo com o estado nutricional

30 min. de atividade moderada

Freqüência

Eutróficos

IMC aumentado

OR (IC 95%)

p

4 a 7 dias/semana

9,5%

15%

1

-

2 a 3 dias/semana

14,9%

20%

0,873 (0,253 – 3,011)

0,83

0 a 1 dia/semana

68,9%

55%

0,518 (0,195 – 1,375)

0,13

20 min. de atividade vigorosa

Freqüência

Eutróficos

IMC aumentado

OR (IC 95%)

p

4 a 7 dias/semana

9,5%

15%

1

-

2 a 3 dias/semana

51,4%

55%

0,675 (0,201 – 2,266)

0,52

0 a 1 dia/semana

39,2%

30%

0,483 (0,134 – 1,738)

0,26

60 min. atividade moderada e/ou vigorosa

Freqüência

Eutróficos

IMC aumentado

OR (IC 95%)

p

4 a 7 dias/semana

8,1%

10%

1

-

2 a 3 dias/semana

10,8%

27,5%

0,625 (0,162 – 2,407)

0,49

0 a 1 dia/semana

81,1%

62,5%

2,063 (0,434 – 9,804)

0,36

OR: odds ratio; IC: Intervalo de confiança.

    Diante de tais análises, verificou-se que em nenhum dos tipos de atividade física as baixas freqüências semanais obtiveram relações significantes com o sobrepeso e obesidade nesta população.

Discussão

    Baixos valores de média de atividade física foram evidenciados tanto para meninos quanto para meninas sendo que estas apresentaram superioridade na freqüência de prática de 30 minutos de AF moderada em relação aos meninos (2,21±2,35 dias/semana vs. 0,82±1,23 dias/semana, p<0,01), e em complemento, uma maior prevalência de menor freqüência semanal (0 a 1 dias/semana) desta categoria de AF para meninos (78,7% vs. 47,2%). Em crianças e adolescentes dos Estados Unidos, dados apresentados pelo Centers of Disease Control (2006) demonstram que meninas apresentam-se menos engajadas com a prática de atividades físicas onde 11,3% das meninas versus 7,9% dos meninos não apresentam prática de atividades moderadas ou vigorosas.

    Quanto ao estado nutricional identificou-se também valores elevados de sobrepeso (30,4% da amostra total, 29,5% para meninos e 32,1% para meninas), sendo superior ao relatado por Ogden et al. (2006) que encontraram em crianças e adolescentes norte americanos valores de prevalência de 18,2% para meninos e 16% para meninas. Taxas Inferiores ao reportado no presente estudo também foram identificados por Abrantes et al. (2002), sendo 10,4% para região sudeste e 6,6% para a região nordeste do Brasil.

    Quanto à obesidade os valores identificados no presente estudo foram inferiores ao encontrado por Guedes e Guedes (1998) que verificaram uma variação de 5,4% a 12,3% da prevalência de obesidade de acordo com a faixa etária de crianças e adolescentes.

    Do ponto de vista da relação da atividade física com o sobrepeso e a obesidade, o presente estudo não evidenciou nenhuma relação das baixas freqüências semanais da prática de AF com este estado nutricional adverso, contudo, como possível fator interveniente nesta análise verificou-se que o grupo de indivíduos presentes na categoria IMC aumentado, não apresentou grande discrepância na prevalência das categorias de freqüência semanal em todos os tipos de atividade física em comparação ao grupo de Eutróficos. Tal achado é visto como fator positivo já que as elevações da prática de atividade física juntamente com adequações nutricionais apresentam-se como as principais estratégias para a prevenção e o tratamento do sobrepeso e obesidade (DANIELS et al., 2007), e além do que, indivíduos com sobrepeso e obesidade tendem a ser menos ativos do que os eutróficos (HEMMINGSSON; EKELUND, 2007; JACKSON et al., 2009).

    Contudo, apesar de haver um consenso na comunidade científica de que o exercício apresenta-se eficiente na redução do sobrepeso e obesidade, sua eficácia, a longo prazo, ainda não está claramente estabelecida, visto que tais intervenções parecem não suplantar os demais fatores que concorrem para esta crescente epidemia, onde o estilo de vida inadequado é norma e não exceção entre crianças e adolescentes (SICHIERI; DE SOUZA, 2008).

    A utilização do questionário recordatório apresenta-se como fator limitante para a presente investigação visto que este favorece a ocorrência de imprecisão nos resultados devido à dependência da capacidade do avaliado em recordar sua prática, contudo, para análises populacionais sua utilização torna-se mais viável em comparação a instrumentos de maior precisão e concomitantemente maior custo como os acelerômetros.

    Verificamos também que a não avaliação do nível socioeconômico e da maturação biológica pode influenciar, limitando uma melhor análise dos resultados, evidenciando assim a necessidade de maiores elucidações sobre a influência da prática de atividade física no sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes levando em consideração tais fatores, juntamente com a seleção de uma amostragem maior.

Conclusão

    Não foi encontrada relação entre a freqüência de prática de atividade física com o sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes, contudo, os indivíduos presentes no grupo de IMC aumentado não apresentaram grandes discrepâncias nas prevalências de baixas freqüências semanais e demais freqüências em relação às crianças e adolescentes eutróficos.

Referências

  • ABRANTES, M. M.; LAMOUNIER, J. A.; COLOSIMO, E. A. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste. J. Pediatr. (Rio J.), v. 78, n. 4, p. 335-340, 2002.

  • BRACCO, M. M.; FERREIRA, M. B. R.; MORCILLO, A. M. et al. Gasto energético entre crianças de escola pública obesas e não obesas. Rev. Bras. Ciên. e Mov., v. 10, n. 3, p. 29-35, 2002.

  • CDC. Youth Risk Behavior Surveillance - United States, 2005. Surveillance Summaries, v. 55, n. SS-5, 2006.

  • CONDE, W. L.; MONTEIRO, C. A. Body mass index cutoff points for evaluation of nutritional status in Brazilian children and adolescents. J. pediatr. (Rio J.), v. 82, p. 266-272, 2006.

  • DANIELS, S. R.; ARNETT, D.K.; ECKEL, R. H. et al. Overweight in Children and Adolescents: Pathophysiology, Consequences, Prevention, and Treatment. Circulation, v. 111, p. 1999-2012, 2005.

  • GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes do município de Londrina (Pr), Brasil. MOTRIZ, v. 4, n. 1, p. 18-25, 1998.

  • HEMMINGSSON, E.; EKELUND, U. Is the association between physical activity and body mass index obesity dependent? Int J Obes, v. 31, p. 663–668, 2007.

  • HEYWARD, V. H.; STOLARCZYK, L. M. Applied Body Composition Assessment. Human Kinetics, 1996.

  • JACKSON, D. M.; DJAFARIAN, K.; STEWART, J. et al. Increased television viewing is associated with elevated body fatness but not with lower total energy expenditure in children. Am J Clin Nutr, n. 89, p. 1031–1036, 2009.

  • MALINA, R. M.; KATZMARZYK, P. T. Validity of the body mass index as an indicator of the risk and presence of overweight in adolescents. Am J Clin Nutr, v. 70, p.131S–136S, 1999.

  • OEHLSCHLAEGER, M. H. K. et al . Prevalência e fatores associados ao sedentarismo em adolescentes de área urbana. Rev. Saúde Pública,  v. 38,  n. 2, 2004.

  • OGDEN, C. L.; CARROLL, M. D.; CURTIN, L. R. et al. Prevalence of Overweight and Obesity in the United States, 1999-2004. JAMA, v. 295, n.13, p. 1549-1555, 2006.

  • PINHO, R. A.; PETROSKI, E. L. Adiposidade corporal e nível de atividade física em adolescentes. Rev. Bras. de Cineantro & Des. Humano.   v. 1, n. 1, p. 60-68, 1999.

  • ROSENDO DA SILVA. R. C.; MALINA, R. M. Nível de atividade física em adolescentes do Município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 16, n. 4, p.1091-1097, 2000.

  • SICHIERI, R.; SOUZA, R. A. Estratégias para prevenção da obesidade em crianças e adolescentes. Cad de Saúde Pública.; v. 24, n. sup 2, p.S209-S234, 2008.

  • WANG, Y.; MONTEIRO, C. A.; POPKIN, B. M. Trends of obesity and underweight in older children and adolescents in the United States, Brazil, China, and Russia. Am J Clin Nutr, v. 75, p. 971–977, 2002.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/

revista digital · Año 14 · N° 135 | Buenos Aires, Agosto de 2009  
© 1997-2009 Derechos reservados