Perfil nutricional de freqüentadores de academia mediante antropometria Perfil nutricional de asistentes a un gimnasio por medio de la antropometría |
|||
Nutricionista da Vianutri Consultoria, Santo André, SP Pós-graduada em Nutrição Desportiva e Qualidade de Vida pela FEFISA, Santo André, SP |
Viviane Cacioli Jaime Rodrigues (Brasil) |
|
|
Resumo Introdução: A avaliação do estado nutricional facilita o diagnóstico dos problemas nutricionais e permite um acompanhamento dietotarapico. Uma das formas de avaliar o estado nutricional é a antropometria, é um método de investigação em nutrição baseado na medição das variações físicas e na composição corporal global. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal com coletas de dados primarias, onde aferiu-se: massa corporal, estatura, prega cutânea do bícipes (PCB), prega cutânea tricipital (PCT), prega cutânea subscapular (PC Subs.) e prega cutânea suprailíaca (PC Sup.), e foram classificadas de acordo com Frisancho (somente PCT e PC subs); perímetro da cintura e quadril; e a circunferência do braço (CB), posteriormente classificada por Frisancho. A partir dessas medidas foram obtidos: índice de massa corporal (IMC); relação cintura quadril (RCQ) e porcentagem de gordura corporal. Resultados: Os dados antropométricos obtidos nesse trabalho indicaram prevalência de eutrofia em todas as variáveis. E na relação cintura/quadril, a maioria não apresentava risco para doenças cardiovasculares. Conclusão: Há uma grande preocupação das pessoas em relação a estética. Com a busca de uma boa forma física, através de atividades físicas, se alcança indiretamente um bom estado nutricional, o que é de suma importante para uma boa saúde. Unitermos: Antropometria. Exercício. Saúde |
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 135 - Agosto de 2009 |
1 / 1
Introdução
As alterações do estado nutricional (desnutrição e obesidade) são relacionadas com sérios agravos para a saúde, contribuindo para o aumento da morbi-mortalidade.. (Acuña, 2004; Castro 2004)
Pode ser aplicado em todas as fases de vida e permite a classificação de indivíduos e grupos segundo o seu estado nutricional. Dependendo do método utilizado, tem como vantagens ser barato, simples, de fácil aplicação e padronização, além de pouco invasivo. Ademais, possibilita que os diagnósticos individuais sejam agrupados e analisados de modo a fornecer o diagnóstico de coletivo, permitindo conhecer o perfil nutricional de um determinado grupo. A antropometria, além de ser universalmente aceita, é apontada como sendo o melhor parâmetro para avaliar o estado nutricional de grupos populacionais (SISVAN 2004).
No Brasil a realização de inquéritos populacionais de representatividade nacional não ocorre de forma sistemática (Kac, 2001), os dados disponíveis referem-se aos resultados de duas pesquisas com representatividade nacional sobre o perfil nutricional da população brasileira (Coitinho, 1991; Bittencourt, 1995): Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF), realizado em 1974–1975 pelo IBGE com assessoria da FAO; e a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN), realizada em 1989 pelo IBGE conveniado com o INAN e o IPEA.
Monteiro e cols. realizaram um estudo comparativo entre o ENDEF e PNSN. Os autores observaram que a prevalência de adultos desnutridos reduziu substancialmente, mas a de obesidade dobrou. Ocorreu inversão da razão entre desnutrição e obesidade: em 1974, a desnutrição excedia a obesidade em uma vez e meia, enquanto em 1989 a obesidade excedeu a desnutrição em mais de duas vezes. Este fato mostrou que, no Brasil, o problema da escassez tem sido rapidamente substituído pelo problema do excesso alimentar, que ocorreu em todos os estratos econômicos com aumento proporcional mais elevado nas famílias de baixa renda. A este fenômeno denomina-se transição nutricional.
Em decorrência desse problema de obesidade, algumas pessoas deixam de ser sedentárias e começam a buscar algum tipo de atividade física.
Segundo estudo realizado nos Estados Unidos e Canadá demonstram, que 20% dos participantes realizavam atividades físicas para alcançar benefícios cardiovasculares e 40% se exercitavam de modo moderado, enquanto que 40% eram sedentários. A diferença entre os sexos foi maior em relação a atividades físicas vigorosas, mas desaparece quando se trata de atividade física moderada (Stephens, 1985). Em estudo realizado no Canadá (Stephens, 1986), 58% dos adultos acima de 20 anos de idade foram considerados sedentários e 17% eram pouco ativos . Vinte e cinco por cento se exercitavam regularmente e, desses, os homens eram 7% mais ativos que as mulheres. Este estudo ainda mostrou que a atividade física é mais freqüente entre os mais jovens, seguida de um progressivo declínio e um subsequente aumento aos 50 anos de idade.
De acordo com estudo realizado com 6814 homens e mulheres, a inatividade atinge 32% da população da Austrália, 54% são moderadamente ativos e 15 % são descritos como realizando atividades aeróbias (Bauman, 1991). Em um estudo mais recente foi demonstrado que dos 17053 participantes, 29% eram sedentários, e estes eram constituídos na sua maioria por indivíduos mais velhos, com menos instrução e tendo menor renda (Owen,1992).
Dados sobre o nível de atividade física de lazer na população brasileira em geral são praticamente inexistentes (Anjos, 1999)
O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil nutricional de freqüentadores de academia mediante antropometria.
Metodologia
Delineamento do estudo
Trata-se de um estudo transversal com coletas de dados primarias.
Local de estudo
O estudo foi feito na academia Carrasco em São Paulo, no Ipiranga. Os dados foram coletados no período da tarde, durante a semana.
População estudada
O estudo foi realizado em 92 pessoas freqüentadoras de uma academia na grande São Paulo. Foram 51 pessoas do sexo masculino e 41 do sexo feminino, com a idade média de 36 anos.
Coleta dos dados
As variáveis antropométricas de interesse foram: massa corporal, aferida em quilogramas (Kg), onde todos os indivíduos encontram-se sem sapatos; estatura, aferida em centímetros (cm), com fita métrica inelástica, afixada em parede plana, os indivíduos estavam descalços, em pé, com os olhos no plano Frankfort; foram tiradas duas medidas e feita a media porteriormente da prega cutânea do bícipes (PCB), prega cutânea tricipital (PCT), prega cutânea subscapular (PC Subs.) e prega cutânea suprailíaca (PC Sup.), e foram classificadas de acordo com Frisancho (somente PCT e PC subs); perímetro da cintura e quadril, utilizou-se fita métrica inelástica, o avaliado em pé; e a circunferência do braço (CB), onde se utilizou uma sita métrica inelástica, posteriormente classificada por Frisancho.
A partir dessas medidas foram obtidos: índice de massa corporal (IMC), calculado pela divisão da massa corporal e estatura em metros quadrados, classificado segundo OMS (98); relação cintura quadril (RCQ), classificado segundo MS (2004), sendo acima de um considerado risco de doenças cardiovascular para homens, e acima de 0,85 para mulheres; e calculada a porcentagem de gordura corporal, segundo Durnin e classificada segundo Lohman (1992).
Foi feito um questionário, onde se perguntava quanto tempo freqüentava a academia, a freqüência, e o motivo.
Resultados e discussão
Tabela I. Características antropométricas de freqüentadores de academia
|
Desnutrição (%) |
Risco para desnutrição (%) |
Eutrofia (n) |
Obesidade (%) |
PCT |
5,4 |
16,3 |
78,3 |
0 |
PC Subsc |
3,3 |
9,8 |
85,9 |
1,2 |
CB |
2,8 |
10,9 |
71,7 |
15,2 |
Tabela II. Classificação da RCQ
|
Risco para doenças cardiovasculares |
Sem risco para doenças cardiovasculares |
(%) |
13,0 |
87,0 |
Tabela III. Classificação da porcentagem de gordura corporal
|
Abaixo da média |
Média |
Acima da média |
Risco para doenças associadas a obesidade |
(%) |
18,5 |
11,9 |
52,2 |
16,3 |
Os dados antropométricos obtidos nesse trabalho indicaram prevalência de eutrofia em todas as variáveis. E na relação cintura/quadril, a maioria não apresentava risco para doenças cardiovasculares.
As pessoas que apresentavam risco para doenças cardiovasculares, a partir da analise da relação cintura quadril, 41% possuem o IMC acima de 24,99; e 66,6% apresentavam risco de doenças associadas a obesidade devido a grande porcentagem de gordura corporal. Isso mostra a gordura corpora relaciona-se com o prognóstico de risco de saúde.
Em se tratando de IMC, 64,31% estavam na faixa de eutrofia, e 31,52% estavam acima de 24,99 Kg,/m2 , sendo que desses, 48,27% freqüentam a academia mais de cinco meses. Deve –se ressaltar que o IMC é uma variável que não distingue a massa gorda da massa magra, e que esses indivíduos com IMC acima de 24,99 Kg,/m2 poderiam ter uma grande quantidade de massa magra, já que suas pregas cutâneas são consideradas eutróficas, na sua maioria.
Em relação a CB, verificou-se que 15,21% encontravam-se na classificação de obesidade, porém a CB é uma variável que não distingue massa gorda de massa magra. Desse indivíduos nenhum apresentava obesidade em relação a PCT, e somente 7,1% apresentou obesidade em relação a PC Subs.
Segundo o questionário aplicado a maioria dos indivíduos freqüentavam a academia por questões de estética, seguido de saúde e por fim lazer. Das pessoas que freqüentavam para melhorar a saúde, 38,8% estavam fora da faixa de eutrofia do IMC, e 66,6% fora da média para a percentagem de gordura corporal.
Conclusão
A atividade física é uma maneira eficácia de se obter resultados positivos em relação ao estado nutricional, e a prevenção de doenças.
Há uma grande preocupação das pessoas em relação a estética. Com a busca de uma boa forma física, através de atividades físicas, se alcança indiretamente um bom estado nutricional, o que é de suma importante para uma boa saúde.
Seria interessante a divulgação da atividade física relacionada a boa saúde, através de campanhas como cartazes, palestras, propostos pela própria academia incentivando seus alunos a saberem mais sobre a boa alimentação e sua correlação com a boa forma e a saúde.
Referência bibliográfica
Acuña, K; Cruz, T; Avaliação do estado nutricional de adultos e idosos e situação nutricional da população brasileira. Arq Bras Endocrinol Metab 2004. v.48 n.3
Anjos LA. Prevalência da inatividade física no Brasil. In: Anais do 2o Congresso Brasileiro de Atividade Física & Saúde; 1999 Nov 24-26; Florianópolis, Santa Catarina. Florianópolis: Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina; 1999. p. 58-63.
Bauman, M.D., and Owen, N. Habitual physical activity and cardiovascular risk factors. Med. J. Aust. 154: 22-28, 1991.
Bittencourt A.S, Magalhães R.F. Fome: um drama silencioso. In: Minayo MCS, ed. Os muitos Brasis: Saúde e população na década de 80. São Paulo: HUCITEC, 1995. p. 269-89.
Castro, M. B. T;Anjos, L. A;Lourenço, P. M; Padrão dietético e estado nutricional de operários de uma empresa metalúrgica do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública 2004 v.20 n.4
Coitinho D.C, Leão MM, Recine E, Sichieri R. Condições nutricionais da população brasileira: Adultos e idosos. Pesquisa nacional sobre saúde e nutrição. Brasília: INAN, Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, 1991.
Kac G. Fatores determinantes da retenção de peso no pós-parto: uma revisão da literatura. Cad Saúde Pública 2001;17:453-66
Monteiro CA, Mondini L, Souza ALM, Popkin BM. Da desnutrição para a obesidade: a transição nutricional no Brasil. In: Monteiro CA, ed. Velhos e novos males da saúde no Brasil: A evolução do país e de suas doenças. São Paulo: HUCITEC, 1995. p.247-55
Owen, N., and Bauman, A. The descriptive epidemiology of sedentary lifestyle in adult Australians. Int. J. Epidemiol. 21: 305-310, 1992.
Stephens, T., Craig, C.L., and Ferris, B.F. Adult physical fitness in Canada: findings from the Canada Fitness Survey I. Can. J. Publ. Health, 77: 285-290, 1986.
Stephens, T., Jacobs, D.R., and White, C.C. A descriptive epidemiology of leisure time physical activity. Publ. Health Rep.,1985; 100: 147-158
Outros artigos em Portugués
revista
digital · Año 14 · N° 135 | Buenos Aires,
Agosto de 2009 |