Análise do percentual de gordura e IMC em praticantes de natação e musculação por meio do aparelho de bioimpedância para membros superiores Análisis del porcentaje de grasa e índice de masa corporal (IMC) en practicantes de natación y musculación por medio del aparato de bioimpedancia para miembros superiores |
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*Mestrando em Educação Física Laboratório de Estudo em Educação Física e Saúde - LEEFS Universidade Católica de Brasília - UCB **Doutor em Biologia Molecular pela Universidade de Campinas (UNICAMP) Professor do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Educação Física Laboratório de Estudo em Educação Física e Saúde - LEEFS Universidade Católica de Brasília – UCB ***Graduado em Educação Física pelo Centro Universitário de João Pessoa Doutorado em Ciências do Desporto pela Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto - Portugal Professor do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Educação Física Universidade Católica de Brasília – UCB |
Rafael André de Araújo* Francisco José Andriotti Prada** Francisco Martins da Silva*** (Brasil) |
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Resumo A natação e a musculação, atualmente, são as modalidades mais praticadas nos clubes e academias espalhadas pelo país. A natação é um esporte que trabalha vários grupos musculares, reduz a gordura corporal, alivia as tensões do dia-dia e ajuda a recuperar lesões, além de ser um esporte relaxante. A musculação ajuda a definir e fortalecer a musculatura, manter a força funcional, aumentar a densidade óssea, melhora a postura e a circulação, eleva a taxa metabólica, além da diminuição do peso corporal. O objetivo desse estudo foi comparar o percentual de gordura e IMC em praticantes de natação e musculação, por meio do aparelho de bioimpedância para membros superiores. Participaram deste estudo 30 alunos, sendo 15 praticantes de natação, média idade (31,3 ± 6,6 anos) e 15 praticantes de musculação, média idade (24,9 ± 5,8 anos). Todos assinaram um termo de consentimento, mostrando-se de acordo com uso de seus dados para fins de pesquisa, e seguiram as seguintes recomendações antes das avaliações de bioimpedância: Evitar o consumo de cafeína e álcool 24 horas e não realizar atividade física ou refeição pesada, pelo menos 4 horas antes do teste. Foram avaliados a massa corporal, estatura, percentual de gordura e o IMC, dos dois grupos. Os alunos foram avaliados no período da tarde das 15h às 18h. Para avaliar a massa corporal (kg) foi utilizada uma balança digital calibrada da marca Welmy – W300, onde o avaliado estava descalço e com traje de banho. A estatura (cm) foi medida com um estadiômetro da marca Sanny, onde o voluntário ficou em pé, descalço encostando os calcanhares, as nádegas e a nuca na parede, onde foi pedido que o mesmo inflasse o pulmão de ar na hora da medição. Para avaliar o percentual de gordura e o IMC, foi utilizado o aparelho de bioimpedância para membros superiores da marca OMRON Modelo HBF-306INT, o indivíduo permaneceu em pé, com os pés paralelos, os braços estendidos à frente, na altura dos ombros e as mãos pressionando as partes laterais do aparelho. Este procedimento é seguido para facilitar a mensuração do percentual de gordura. A análise estatística foi feito o teste de normalidade pelo método de Kolmogorov e Smirnov, para observar se as amostras tinham distribuição normal. Para comparação entre os grupos foi utilizado o teste t de student para amostras não pareadas. Os níveis de significância para as amostras estatísticas foram de (p≤0,05) e intervalo de confiança de 95%. Os resultados obtidos evidenciaram um nível de percentual de gordura mais alto no grupo de alunos da natação (19,2 ± 4,6) em relação aos alunos da musculação (14,9 ± 4,8), e no IMC um nível bem próximo de igualdade, porém ambos dentro da normalidade, o grupo da natação obteve (24,6 ± 3,8) e o grupo da musculação (24,7 ± 2,7). Com base no presente estudo, pode-se destacar que o percentual de gordura é um dado antropométrico importantíssimo para obtenção de resultados para os alunos em geral, onde eles se baseiam e utilizam essa variável como uma meta a ser atingida. De acordo com os resultados obtidos pode-se inferir que os alunos da musculação tiveram uma diferença significativa sobre os alunos da natação, relativo ao baixo percentual de gordura, sugerindo que a musculação pode ser mais viável para a obtenção desses resultados. Baseando-se, nos resultados de índice de massa corporal, este como indicativo de composição corporal analisando as condições de saúde, infere-se que tanto na natação quanto na musculação o IMC pode ser controlado. Unitermos: Musculação. Natação. Bioimpedância. IMC |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 135 - Agosto de 2009 |
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Introdução
A natação e a musculação, atualmente, são as modalidades mais praticadas nos clubes e academias espalhadas pelo país. São as duas atividades que mais se encaixam no ritmo e cotidiano do brasileiro. Ambos trazem grandes benefícios para o indivíduo praticante, proporcionando bem-estar, melhora no humor e maior disposição. A natação é um esporte que trabalha vários grupos musculares, ajuda a reduzir a gordura corporal, alivia as tensões do dia-dia e ajuda a recuperar lesões, além de ser um esporte relaxante. A musculação ajuda a definir e fortalecer a musculatura, manter a força funcional, aumentar a densidade óssea, melhorar a postura e a circulação, elevar a taxa metabólica, além da diminuição do peso gordo (HEYWARD, 2004). Para avaliar esse peso gordo podem-se utilizar vários métodos, um deles é a bioimpedância (BIA).
A avaliação por bioimpedância em membros superiores é uma das várias formas de avaliar a quantidade de massa gorda do indivíduo. Os equipamentos de BIA funcionam por condução de um impulso elétrico de baixa tensão. Os músculos, os vasos sanguíneos e os ossos são tecidos do corpo que contém quantidades altas de água, que conduz facilmente a eletricidade. Quando o volume da água corporal total (ACT) é grande, a corrente flui mais facilmente através do corpo com menor resistência. A resistência ao fluxo da corrente será maior em indivíduos com grande quantidade de gordura corporal, dado que o tecido adiposo é mal condutor de corrente elétrica pela sua baixa quantidade de água. Devido ao fato do conteúdo de água da massa livre de gordura (MLG) ser relativamente grande (73% de água), esta pode ser predita por meio das estimativas de ACT (STOLARCZYR e HEYWARD, 2000).
As equações de BIA são baseadas em modelos populacionais, como uma alternativa para equações específicas para populações, as equações generalizadas de BIA, desenvolvidas para populações heterogêneas variando em idade, estatura, peso e nível de gordura corporal podem ser utilizadas. Essa abordagem leva em conta a variabilidade biológica entre subgrupos populacionais (MORROW et al., 2003). A validação e precisão desse método de BIA são afetadas por instrumentação, fatores do sujeito e ambientais habilidades do avaliador e equação de predição usada para estimar a MLG (MORROW et al., 2003).
Outros métodos disponíveis não são totalmente satisfatórios para todos os propósitos. A pesagem hidrostática, por exemplo, é um dos métodos mais barato, porém de difícil aplicação em determinados grupos, requer pessoal treinado e alto grau de colaboração do indivíduo. Esse método, apesar de ser considerado um “padrão ouro” na determinação da composição corporal é impraticável em locais como academias e consultórios. Já a antropometria, é útil e praticável em estudos de campo, mas sua acuidade é limitada devido à validação das diversas equações existentes (DANTAS, 2003).
O método das dobras cutâneas (DOC), ao longo dos anos tem sido largamente utilizado para estimar a gordura total em situações de campo e clínicas. Devido à facilidade de administrar e ao custo relativamente baixo do teste de DOC. A fidedignidade e validade das medidas de DOC são afetadas pela habilidade do avaliador, tipo de adipômetro, fatores do sujeito e equação de predição utilizada para estimar a gordura corporal, Lohman et al. 1984, apud Stolarczyk e Heyward, 2000.
A Interectância de infravermelho (NIR) é um método de campo relativamente novo para estimar a composição corporal. O NIR ainda está nos estágios iniciais de desenvolvimento, apesar de estar sendo proposto e divulgado como uma alternativa viável aos métodos de DOC e BIA são necessárias muitas pesquisas para validar totalmente seu potencial para a avaliação da composição corporal (STOLARCZYK e HEYWARD, 2000). Além da composição corporal, o analisador de bioimpedância, verifica também o índice de massa corporal (IMC).
Os valores do IMC podem ser utilizados tanto para diagnosticar sobrepeso e obesidade, quanto para diagnosticar desnutrição energética crônica. O cálculo sugere dividir o Peso (massa corporal) pela estatura do indivíduo (em metros) ao quadrado (kg/m²). No entanto, existe certo impasse com relação à escolha dos valores de corte para esses diagnósticos. O NCHS – National Center for Heath Statistics tem definido obesidade, em termos de índice de massa corporal, como valores maiores que 27,8 kg/m² para homens e 27,3 kg/m² para mulheres. Mais recentemente, um grupo de estudiosos da Organização Mundial de Saúde (OMS) sugeriu o valor de 25 kg/m² como limite máximo para normalidade, Anjos, 1992, citado por Mayolino (2007).
De forma geral, o alto índice de massa corporal ocasiona obesidade do indivíduo, propiciando que o mesmo tenha maior tendência a distúrbios cardiovasculares. Assim como, o excesso de gordura corporal causa maior ocorrência de doenças crônico-degenerativas, além dos problemas cardiovasculares. Daí a importância da prática de natação e musculação como atividades aeróbias para viabilizar o metabolismo oxidativo, efetivando assim a metabolização da gordura. Isso pode ser atingida por meio de uma prática regular e adequada que propicia bem estar, qualidade de vida e controla a massa de gordura.
O objetivo desse estudo foi comparar o percentual de gordura e IMC em praticantes de natação e musculação, por meio do aparelho de bioimpedância para membros superiores.
Materiais e métodos
Participaram desse estudo n=30 indivíduos, divididos em dois grupos: sendo n=15 praticantes de natação, com média idade (31,3 ± 6,6) anos é n=15 praticantes de musculação, média idade (24,9 ± 5,8) anos. Todos foram voluntários e assinaram um termo de consentimento, mostrando-se de acordo com uso de seus dados para fins somente de pesquisa e seguiram as instruções para realização do teste. Para fazer as avaliações de bioimpedância todos seguiram as seguintes recomendações: Evitar o consumo de cafeína e álcool 24 horas antes da avaliação e não realizar atividade física ou refeição pesada, pelo menos 4 horas antes do teste.
Foram avaliados a massa corporal, a estatura, o percentual de gordura e o IMC, dos dois grupos. Os alunos foram avaliados no período da tarde das 15 às 18 horas. Para avaliar a massa corporal (kg) foi utilizada uma balança digital calibrada da marca Welmy – W300, onde o avaliado estava descalço e com traje de banho. A estatura (cm) foi medida com um estadiômetro da marca Sanny, onde o voluntário ficou em pé, descalço encostando os calcanhares, as nádegas e a nuca na parede, onde foi pedido que o mesmo inflasse o pulmão de ar na hora da medição. Para avaliar o percentual de gordura e o IMC, foi utilizado o aparelho de bioimpedância para membros superiores da marca OMRON Modelo HBF-306INT, o indivíduo permaneceu em pé, com os pés paralelos, os braços estendidos à frente, na altura dos ombros e as mãos pressionando as partes laterais do aparelho. Este procedimento é seguido para facilitar a mensuração do percentual de gordura.
Análise estatística
Trata-se de um estudo quase experimental. Onde foi feito um teste de normalidade pelo método de Kolmogorov e Smirnov, para observar se as amostras tinham distribuição normal. Para comparação entre os grupos foi utilizado o teste t de student para amostras não pareadas e os valores foram apresentados como média e desvio padrão. Os níveis de significância para as amostras estatísticas foram de p≤0,05 e intervalo de confiança de 95%, entre os valores médios obtidos.
Resultados
Tabela 1. Mostra os valores como média e desvio padrão das características antropométricas e IMC da amostra
Variáveis |
Natação |
Musculação |
Massa Corporal (kg) |
76,9 ± 11,4 |
75,8 ± 10,3 |
Estatura (cm) |
176,3 ± 4,0 |
174,8 ± 5,6 |
Porcentagem de gordura (%) |
19,2 ± 4,6 |
14,9 ± 4,8* |
IMC (kg/m²) |
24,6 ± 3,8 |
24,7 ± 2,7 |
(*) diferença significativa em relação grupo natação; todos com p≤0,05.
São apresentados na tabela 1, os valores médios e desvio padrão das variáveis da amostra, de massa corporal (kg), estatura (cm), porcentagem de gordura (%) e IMC (kg/m²), dos dois grupos distintos de alunos da natação e da musculação. Nenhum voluntário foi excluído do teste, portanto, todos os dados obtidos no teste foram utilizados na avaliação. Foi verificado que os alunos da natação comparados aos alunos da musculação apresentaram maior massa corporal, maior estatura e maior percentual de gordura. A exceção foi o IMC, que não apresentou relevância significativa entre os grupos avaliados.
Discussão
Rossi e Tirapegui (2001) utilizaram dois métodos diferentes para a avaliação de percentual de gordura, a BIA e a equação de Faulkner. Verificaram diferenças estatísticas significativas (p<0,05), e não obtiveram consenso científico acerca do método mais adequado para monitorização das amostras.
Filho e Shiramoto (2001) verificaram em seu estudo que a predição de gordura corporal e o aumento significativo da massa corporal magra independem da modalidade praticada, inferiram que além dos objetivos estéticos, o exercício físico regular e permanente age positivamente sobre aspectos relacionados à qualidade de vida dos indivíduos, levando-os a níveis mais próximos dos padrões desejáveis em termos de saúde.
Na amostra estudada foi verificado que a massa corporal dos alunos da natação é maior, mostrando que o esporte não visa à redução de peso, mas pode sim ocasionar melhorias em seu condicionamento e resistência física, além de aumentar sua capacidade cardiorrespiratória.
A menor quantidade de massa corporal nos alunos da musculação sugere que a modalidade é mais eficiente na redução de peso. A variável estatura apresentou valor médio mais elevado para os alunos da natação, justificando como um dos motivos dos mesmos serem mais pesados.
A variável de percentual de gordura definiu muito bem a preocupação do artigo, infere-se dos resultados que para quem tem como objetivo reduzir o percentual de gordura corporal a musculação apresenta-se como um meio de promover essa redução, sendo essa atividade bem orientada por profissionais capacitados e complementando exercícios anaeróbios com exercícios aeróbios (DANTAS, 2003).
A natação por sua vez, mostrou não ser uma atividade direcionada à redução de gordura corporal, apesar de seus benefícios. A porcentagem de gordura foi a única variável que apresentou diferença significativa (p≤0,05). Quanto ao índice de massa corporal, houve uma diferença mínima entre as duas amostras, sendo o grupo da musculação 0,1 kg/m² maior que o grupo da natação. A média de ambos os grupos estão dentro do limite sugerido pela OMS (20 – 25 kg/m²), portanto, pode-se deduzir que a prática das duas modalidades é eficaz para controlar o IMC.
Conclusão
Com base no presente estudo, pode-se destacar que o percentual de gordura é um dado antropométrico importantíssimo para obtenção de resultados para os alunos em geral, onde eles se baseiam e utilizam essa variável como uma meta a ser atingida. De acordo com os resultados obtidos pode-se inferir que os alunos da musculação tiveram uma diferença significativa sobre os alunos da natação, relativo ao baixo percentual de gordura, sugerindo que a musculação pode ser mais viável para a obtenção desses resultados. Baseando-se nos resultados de índice de massa corporal, este como indicativo de composição corporal analisando as condições de saúde, infere-se que tanto na natação quanto na musculação o IMC pode ser controlado.
Referências
STOLARCZYR, Lisa M. e HEYWARD, Vivian H. Avaliação de Composição Corporal Aplicada / Trad. Sérgio H. F. Carvalho. 1ª ed. – São Paulo: Manole, 2000.
HEYWARD, Vivian H. Avaliação Física e Prescrição de Exercício. Técnicas Avançadas. / Trad. Márcia Dornelles. 4ª ed. – Porto Alegre: Artmed, 2004.
DANTAS, Estélio H. M. A Prática da Preparação Física. 5ª ed. – Rio de Janeiro: Shape, 2003.
MORROW, James R. Jr.; JACKSON, Allen W.; DISCH, James G.; MOOD, Dale P. Medida e Avaliação do Desempenho Humano. / Trad. Maria da Graça Figueiró da Silva. 2ª ed. – São Paulo: Artmed, 2003.
MAYOLINO, Ricardo. Biometria: Caderno Técnico Didático de Medidas e Avaliação. 1ª ed. – Brasília, 2007.
OMRON, Healthcore. Manual de Instruções. Aparelho para Análise de Porcentagem de gordura Corporal. Inc. 306INTINST Rev., 2000.
ROSSI, Luciana e TIRAPEGUI, Júlio. Comparação dos Métodos de Bioimpedância e Equação de Faulkner para Avaliação da Composição Corporal em Desportistas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. Vol. 37, n. 2, maio/ago., 2001.
FILHO, Albertino de Oliveira e SHIRAMOTO, Rosana Naomi. Efeitos do Exercício Físico Regular sobre Índices Preditores de Gordura Corporal: Índice de Massa Corporal, Relação Cintura-Quadril e Dobras Cutâneas. Revista da Educação Física / UEM. Maringá, v.12, n.2, p. 105-112, 2. sem. 2001.
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