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Estudo da composição corporal, do VO2 máximo e coordenação motora por meio do teste de campo em atletas de judô

Estudio de la composición corporal, del VO2 máximo y de la coordinación motora por medio de un test de campo en judocas

 

*Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília

*Mestre em Treinamento Desportivo

** Licenciado em Educação Física pela Faculdade Alvorada de Brasília

(Brasil)

Dr. Rodolfo López Cazón*

Lic. Leonardo Lopes de Amorim**

Lic. Renzo Menhô Barbosa***

rodolfocazon@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          No presente trabalho apresentamos um estudo da composição corporal, do VO2 máximo e da coordenação motora, em 6 atletas de Judô do sexo masculino, com idades entre 18 e 25 anos. Para o estudo da composição corporal utilizamos o método de 7 dobras cutâneas de Jackson e Pollock (1978), e para a avaliação do VO2 e a coordenação motora, o teste de Leger (1988), adaptado para o Judô pelo mesmo autor. O objetivo do trabalho foi estudar a relação existente entre a composição corporal, o VO2 máximo e a coordenação motora entre esses atletas.

          A avaliação da composição corporal apontou valores muito bons de massa muscular nos atletas pesquisados, mesmo aqueles com sobrepeso tiveram o percentual de massa magra baixo, sendo em media de 8,5%, e um percentual de massa muscular de 49,78%. O teste de VO2 máximo demonstrou que atletas com maior percentual de gordura tiveram um nível de desempenho menor do que atletas com menor percentual. Ainda assim, o índice de captação de oxigênio médio foi de 41,90 ml/kg/min., um valor que deixa o grupo classificado como regular de acordo com a idade (18-25 anos). Em relação à coordenação motora, todos os atletas apresentaram uma diminuição aproximada de 1 (um) e 3 (três) min. antes do término do teste de VO2, o que demonstra que este parâmetro não acompanha o potencial cardiorrespiratório dos atletas estudados. Ao relacionar os parâmetros pesquisados, concluímos que os atletas com percentual de gordura mais elevado, maior estatura e menor massa magra, chegam à exaustão com menor tempo de trabalho, apresentando uma perda mais rápida da coordenação motora.

          Unitermos: Composição corporal. VO2 máximo. Coordenação motora. Atletas de judô

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 135 - Agosto de 2009

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Introdução

    O Judô é uma modalidade fundada no Japão no ano de 1882, pelo mestre Jigoro Kano, e difundida posteriormente por todo o mundo, tendo início no Brasil em 1915 no estado do Rio Grande do Sul, e consecutivamente em todo o pais. (Medeiros 1998).

    O esporte é praticado por atletas de todas as idades, tendo a finalidade competitiva para alguns, e sendo uma forma saudável de utilizar o tempo livre para outros.

    Dentre os atletas que praticam o Judô com finalidade competitiva, existe uma parte que participa de competições sem o menor acompanhamento profissional, mantendo os treinamentos durante intervalos de ócio, a alimentação irregular, e a falta de avaliações que estudem o desenvolvimento físico e funcional como atletas.

    O conceito de testes e avaliações em Educação Física é encarado como um processo para se atribuir notas e conceitos. Essas atribuições assumem um papel importante no quadro educacional, mas não é o único e nem o mais importante propósito quando estudamos, avaliamos e testamos o corpo humano. (Heyward, 2000).

    O objetivo desses testes e avaliações é estudar e mostrar aos profissionais de Educação Física e de outras áreas afins que um programa de avaliação pode assumir um papel de suma importância no processo de treinamento e competição dos atletas. A avaliação informa quando e como fazer mudanças em seus treinamentos, de forma que tanto a parte cardiorrespiratória quanto a parte técnica sejam mais trabalhadas, fazendo com que o desgaste não seja exagerado. (Filho, 1999).

    Os testes e avaliações permitem que os atletas se conheçam melhor, saibam reconhecer seus limites e consigam trazer seus sonhos mais próximos da realidade.

    O objetivo do trabalho foi estudar a relação entre a composição corporal, o VO2 máximo e a coordenação motora em atletas de Judô.

Metodologia

    Participaram de nosso estudo 6 atletas de Judô do sexo masculino, com idades entre 18 e 25 anos. Realizou-se um estudo da composição corporal por meio das medidas de dobras cutâneas, utilizando a metodologia de Jackson e Pollock (1978).

    Para o estudo da coordenação e do VO2 máximo utilizamos o teste de Leger (1988) adaptado para o Judô, que consiste em uma corrida de ida e volta, com distancia fixa de 15 mt, com velocidade inicial de 8,5 Km/h, e com acréscimos de 0,5 Km/h a cada minuto. Este teste trabalha por meio de cargas, velocidade e tempo, sendo a cada minuto uma carga, reduzindo o tempo de corrida de ida e volta a cada carga e aumentando a velocidade. Em cada chegada de ida e volta, os atletas tiveram que efetuar uma técnica de quadril (seoi-nague, cochi-guruma, uki-goshi etc), que são técnicas que têm divisão de força e energia maior. O teste foi realizado em um tatame.

    Observamos em cada um dos atletas estudados o comportamento da coordenação motora durante o desenvolvimento do teste.

    O processamento estatístico para a avaliação da composição corporal foi realizado por meio do programa Galileu. Utilizamos, ainda, o cálculo da média e porcentagem em nosso trabalho.

Resultados

    Todos os atletas obtiveram desempenho além do esperado, e os resultados podem provar isso, tanto na parte de aptidão física, quanto na de coordenação motora e técnica de realização dos golpes.

    A avaliação da composição corporal apontou valores muito bons de massa muscular nos atletas pesquisados, mesmo aqueles com sobrepeso tiveram o percentual de massa magra baixo, sendo em media de 8,5%, e um percentual de massa muscular de 49,78%.

    O teste de VO2 máximo demonstrou que atletas com maior percentual de gordura tiveram um nível de desempenho menor do que atletas com menor percentual. Ainda assim, o índice de captação de oxigênio médio foi de 41,908 ml/kg/min, um valor que deixa o grupo regular conforme a idade dos avaliados (18-25 anos).

    O trabalho de análise da coordenação motora foi visual e de acordo com a carga. A coordenação teve um desequilíbrio de duas cargas, em média, antes do término do teste, valor que é de grande valia devido à intensidade do teste. A média de carga da perda de coordenação motora dos atletas foi de 8,6 min., o que os classifica como regulares, analisando o grupo como um todo.

    Na tabela 1 apresentamos os dados correspondentes ao peso e à altura da amostra estudada.

Tabela 1. Peso e altura da amostra estudada

Atletas

Peso (Kg)

Altura (cm)

1

68,0

172,0

2

101,0

183,0

3

63,0

171,0

4

70,0

168,0

5

72,0

174,0

6

66,0

165,0

Total

73,3

172,1

    Os atletas avaliados têm alternância de peso e altura, apesar de treinarem no mesmo horário

Tabela 2. Comportamento da composição corporal dos atletas estudados

Atletas

% Gordura

% Massa Muscular

1

9,85

48,55

2

19,65

41,45

3

6,83

53,69

4

12,20

47,19

5

4,92

55,64

6

7,56

52,20

Total

8,5

49,78

    Observamos que os atletas mais altos possuem um peso maior, e por isso, o percentual de gordura deles é comprovadamente superior ao dos atletas mais baixos e com peso inferior. Porém, a média da massa corporal gorda dos atletas pesquisados é baixa (8,5%).

    Outro ponto positivo dos resultados foi a uniformidade do percentual de massa muscular, que vai desde o atleta mais baixo e de menor peso até o atleta de maior estatura e maior peso, tendo em média 49,78% da composição corporal como massa muscular.

Tabela 3. Valores e classificação de VO2 obtido pelos atletas pesquisados

Atletas

VO2

(ml/kg/min.)

Classificação

Ultimo Min.

de Trabalho

1

36,9

Regular

9

2

29,2

Fraca

6

3

52,8

Boa

10

4

33,2

Fraca

7

5

53,5

Excelente

11

6

45,5

Boa

9

Total

41,9

Regular

8,6

    O VO2 máximo deles demonstrou como os atletas de percentual de gordura mais alto têm um cansaço mais rápido, finalizando o teste em menor tempo.

    Podemos observar que a média geral do grupo no teste de VO2 foi de 41,9 ml/kg/min, classificado de regular, e só um atleta atingiu a classificação de excelente, com um valor de 53,5 ml/kg/min.

Tabela 4. Comportamento da coordenação durante o teste de VO2 máximo

Atletas

Tempo final de trabalho

(min)

Perda da coordenação

(min)

1

9

7

2

6

4

3

10

9

4

7

4

5

11

10

6

9

8

Total

8,6

6,3

    O tempo final do teste é muito importante, pois a partir dele chegamos a vários resultados, principalmente como se encontra o potencial cardíaco.

    Observamos que a perda de coordenação motora foi rápida em relação ao tempo de duração do teste, que foi satisfatório. A coordenação é um fator que deve ser trabalhado neste grupo, pois é a junção dos parâmetros técnica, resistência física e força. Ao melhorar esses fatores, contribuímos para o desenvolvimento do atleta e para a obtenção de altos rendimentos desportivos.

Tabela 5. Resultados gerais do estudo

Atletas

Tempo final de trabalho (min)

% de gordura

Perda da

coordenação (min)

1

9

9,8

7

2

6

19,6

4

3

10

6,8

9

4

7

12,2

4

5

11

4,9

10

6

9

7,5

8

Total

8,6

8,5

6,3

    A massa muscular dos atletas pesquisados foi boa de forma geral, assim como o percentual de gordura. Podemos observar que os atletas com percentual de gordura mais elevado terminaram o teste de VO2 em um tempo menor, tendo uma perda da coordenação motora mais rápida que atletas com percentual de gordura menor.

    De forma geral, os resultados dos testes realizados mostraram que o grupo pesquisado têm potencial desportivo favorável, apesar de precisar trabalhar mais a parte cardiorrespiratória.

Conclusões

  1. O percentual de massa muscular do grupo de atletas estudados foi de 49,78, o que classificamos como bom para atletas de Judô.

  2. Os percentuais de gordura foram relativamente baixos, tendo uma média geral de 8.5%.

  3. O VO2 máximo do grupo de forma geral foi classificado como regular com uma média de 41,9 km/kg/min. Dos 6 (seis) atletas pesquisados, 1 (um) foi classificado de excelente, 2 (dois) de bom, 1 (um) de regular e 2 (dois) de fraco.

  4. Em relação à coordenação motora, todos os atletas apresentaram uma diminuição aproximada de 1 (um) e 3 (três) min. antes do término do teste de VO2, o que demonstra que este parâmetro não acompanha o potencial cardiorrespiratório dos atletas estudados.

  5. Relacionando os parâmetros estudados, chegamos à conclusão que os atletas com percentual de gordura mais elevados, maior estatura e menor massa magra, chegam à exaustão com menor tempo de trabalho, assim como a uma perda mais rápida da coordenação motora.

Bibliografia

  • Araújo, C. G. Teste de esforço e prescrição de exercícios. 5ª Ed. Editora Revinter. São Paulo. 2000.

  • Bortole, C. Muda a história. Revista Judô, Ed. Ippon, ano 1. p. 10-11, 1997.

  • Filho, J, H. A prática da avaliação Física: testes, medidas, avaliação física em escolares, atletas e academias de ginástica. 1ª Edição. Editora Shape. Rio de Janeiro. 1999.

  • Hunger,D. et al. Projeto de pesquisa: O judô Brasileiro e sua memória. In: III Encontro Nacional da História do esporte, lazer e Educação Física. P. 314-321, 1995.

  • Heyward, V. H. Avaliação da Composição Corporal aplicada. 1ª Ed. Editora Manole. São Paulo. 2000.

  • Jackson, A.S. Pollock, M.L. Generalized equations for predicting body density of men. British J. Nutr. V.49, p. 497-504, 1978.

  • Lancellotti, S. Olimpíadas 100 anos. São Paulo: Ed. Nova Cultura e Circulo do Livro, 1996 a.

  • Léger, L.A, et al. The multistage 20 Shuttle Run test for aerobic fitness. Journal of Sports Sciences. 1988, 6, 93-101.

  • Medeiros, R. H. A história do Judô . Artigo I. Amazonas, 1998.

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