Análise epidemiológica das lesões em atletas de futebol profissional do Sport Club do Recife em 2007 Análisis epidemiológico de las lesiones de los jugadores de fútbol profesional del Sport Club de Recife en 2007 |
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*Acadêmico do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE **Docente do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE ***Fisioterapeuta vinculado ao Sport Club do Recife (Brasil) |
Randy Marcos Batista dos Santos* Fabiana Maria de Vasconcelos Gouveia** Jairo Evangelista de Lima*** Antônio Ferreira de Azevedo*** |
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Resumo Introdução/objetivo: O elevado desempenho de um grupo de atletas de futebol exige uma grande potência fisiológica, a fim de derrotar os adversários, conquistando títulos e maior visibilidade no mundo esportivo, porém estas maiores exigências sofridas pelos jogadores os tornam mais propícios a lesões. A preocupação com a exclusão dos atletas das atividades motivou os componentes dos departamentos médico dos clubes a estudarem o perfil destas lesões. Nossa análise epidemiológica tem o objetivo de demonstrar a freqüência de lesões sofridas pelos atletas de uma equipe da elite do futebol brasileiro. Metodologia: Foram analisadas epidemiologicamente, de modo descritivo, as afecções traumato-ortopédicas do time de futebol profissional do Sport Club do Recife durante a temporada de 2007, na qual disputou o Campeonato Pernambucano, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro da série A, com uma média de 35 atletas no plantel. Os dados foram colhidos a partir da admissão dos jogadores no departamento médico do clube, sendo posteriormente em percentil, através de gráficos, no âmbito do programa Microsoft Office Excel 2003. Resultados: Dentre todas as lesões esportivas analisadas observou-se um predomínio das musculares, com as de membros inferiores, principalmente as de coxas, comparando-se as demais regiões do corpo, e por fim, os atletas meio-campistas e atacantes obtiveram as maiores incidências que os de outras posições. Conclusões/considerações finais: Esta freqüência comprova o crescimento do futebol-força em detrimento do futebol-arte. E que a maior exigência dos atletas expõe o sistema músculo-esquelético em demasia, principalmente os membros inferiores e, de sobremaneira, os jogadores que atuam no meio-de-campo e ataque da equipe. Ainda pôde-se observar que a incorporação de outros caracteres para serem analisados em posteriores estudos, tais como: a média de idade, de peso e de estatura da amostra a ser observada em relação às lesões, seria relevante para a obtenção de novas conclusões. Unitermos: Lesões esportivas. Futebol. Atletas. Epidemiologia |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 134 - Julio de 2009 |
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Introdução
O futebol é um dos esportes mais admirados em todo mundo, capaz de despertar o interesse para sua prática em milhões de pessoas, e de ambos os sexos. A Fédération Internationale de Football Association – FIFA congrega 203 países membros e cerca de 200 milhões de praticantes, sendo 40 milhões de mulheres, segundo Ejnisman e Cohen (7) (2005).
O aumento no número de praticantes revela a importância mundial desse esporte, o qual vem sendo responsável por transações milionárias de atletas entre as equipes. Essa busca pelos melhores jogadores é incessante, os clubes investem o máximo para obter um elenco vitorioso a fim de conquistar títulos e repercussão internacional. Assim, os campeonatos são disputados pelos jogadores no limite da disposição física alcançando a completa exaustão, com o espaço no gramado sendo disputado palmo a palmo.
Estes atletas são mais exigidos fisicamente do que os atletas de outras modalidades, pois, fazem movimentos rotacionais em excesso e correm maior distância na velocidade submáxima, sendo desta forma, mais expostos às lesões traumato-ortopédicas, segundo GOULD III (8).
A busca pelo sucesso expõe os atletas a uma condição de serem submetidos a esforços físicos e psicológicos muito próximos dos limites fisiológicos, com o corpo respondendo às cargas impostas de diversas maneiras, podendo se verificar o crescimento do número de lesões nestes jogadores (2).
O futebol-arte vem dando lugar ao futebol-força, baseado na forte marcação, preparo físico e estratégias de marcação agressivas para superar os adversários, almejando novos títulos (5).
Em estudos anteriores, as lesões foram pesquisadas como sendo um dano causado por traumatismo físico sofrido pelos tecidos do corpo, de acordo com Andreoli et al (1). A divulgação da importância de se conhecer melhor a cerca das afecções traumato-ortopédicas em atletas tornou-se inerente ao crescimento da ênfase da prática do futebol.
A incidência elevada de lesões no futebol solidificou o interesse dos profissionais de saúde do esporte para a realização de estudos a fim de avaliar os acometimentos sofridos pelos atletas. As repercussões da ausência de jogadores dos gramados para poder se reabilitar de algum trauma, atingem desde a integridade física e psicológica do atleta, passando pela alteração de coesão e entrosamento da equipe, até a afetar os aspectos financeiros da instituição, requerendo maiores investimentos para o tratamento e a diminuição do apoio de patrocinadores e da torcida junto ao clube.
O tema vem ganhando diversas formas de abordagens desde 1952, quando Naves (10) realizou um estudo pioneiro da relação das lesões traumáticas no futebol em 4.000 jogos/10 anos. Após anos de pesquisas por inúmeros estudiosos, Cohen e Abdalla (4) (2003) propuseram uma análise dos traumas esportivos sofridos por 280 pacientes, nestes 45% das lesões foram no joelho, 9,8% no tornozelo e 7,7% no ombro, obtendo como maioria, as afecções em partes moles (53,9%).
Metodologia
Durante a temporada de 2007 do futebol nacional, foram realizadas as devidas anotações sobre as 49 lesões sofridas pelos atletas do futebol profissional do Sport Club do Recife que se reabilitaram no departamento médico. A equipe apresentou um plantel disponível ao técnico, variando de 30 até 43 jogadores durante o ano, com uma média de 35 atletas na temporada, disputando durante o ano 61 partidas entre os campeonatos pernambucano, brasileiro (Série A) e a Copa do Brasil.
As anotações foram analisadas percentualmente, de modo descritivo, através de gráficos feitos no programa Microsoft Office Excel 2003, sob a perspectiva do tipo de lesões mais freqüente, da região do corpo mais afetada e da posição dos atletas mais lesionados da equipe.
A classificação das lesões nesse nosso estudo está relacionada com o tempo mínimo de afastamento dos atletas das atividades profissionais de 48 horas, relacionando-as de formas distintas.
Os tipos de lesões foram classificados de acordo com a incidência, sendo divididas em musculares, ligamentares, por trauma direto e tendíneas.
Quanto à localização, as lesões foram classificadas por segmentos: tronco (cabeça e pescoço, coluna dorsal e tórax, coluna lombar e cintura pélvica), membros inferiores (coxa, joelho, perna, tornozelo e pé) e membros superiores (ombro, braço, cotovelo, antebraço, punho e mão) (5).
Quanto à posição de cada atleta afetado foram divididos em goleiro, zagueiro, lateral, meio-campista, atacante.
Assim, a incidência das lesões analisadas em gráficos serão evidenciadas a seguir.
Resultados
O plantel da equipe do Sport Club do Recife, com em média 33 atletas/ano, sofreu um grande número de lesões em 2007, sendo os jogadores submetidos à assistência do departamento médico do clube, a fim de reabilitarem a integridade física.
Ao analisarmos as 49 lesões ocorridas no âmbito das regiões do corpo (Gráfico 1) as quais foram mais freqüentes, os membros inferiores obtiveram 75,51% de prevalência em relação às demais.
Gráfico 1. Freqüência das lesões em relação às regiões do corpo
Nos membros inferiores, a coxa demonstrou uma incidência de 40,81%, seguida do joelho (16,31%) e do tornozelo (12,24%), segundo o gráfico 2.
Gráfico 2. Freqüência das lesões em relação às regiões do corpo, especificamente
Quanto ao diagnóstico, as lesões musculares (51,02%) tiveram a maior freqüência, ganhando para as ligamentares (28,57%) e as por trauma direto (12,24%), conforme o gráfico 3.
Gráfico 3. Freqüência das lesões em relação ao tipo
Com as informações observadas no gráfico 4 e submetendo-as a comparações, as posições dos atletas da equipe, nas quais se observou o predomínio de acometimentos foram nos meio-campistas (46,93%), acompanhados dos atacantes (24,48%) e dos zagueiros (12,24%) .
Gráfico 4. Freqüência das lesões em relação às posições dos atletas
Discussão
Os estudos epidemiológicos das lesões esportivas estão se tornando cada vez mais imprescindíveis para o esporte de alto rendimento, pois os atletas devem passar o mínimo de tempo afastado dos gramados, sendo importante para o aprimoramento da equipe. Assim, as análises das lesões no elenco são necessárias para realizar medidas preventivas na temporada seguinte.
Quanto à topografia anatômica das lesões, os resultados deste estudo estão de acordo com a literatura, com maior acometimento dos membros inferiores (2,5,9). Esta semelhança está relacionada com o uso essencialmente dos membros inferiores para a prática do esporte.
As lesões no joelho obtiveram 16,31%, as quais foram ultrapassadas apenas pelas afecções nas coxas, igualmente à pesquisa realizada por Cohen et al (4) (2003) que observou a prevalência das lesões de partes moles seguidas pelas de joelho.
A nossa análise se revelou concordante com outros estudos, como de Lysholm e Wiklander (9) (1987), com 65% de lesões musculares e D´Souza (6) (1994), com 61% de lesões, diferindo apenas do percentual de 51,02% de afecções deste tipo do atual estudo, o qual obteve em seqüência as ligamentares com 28,57% .
Observando a pesquisa de Cohen e Abdalla (4) (2003), as lesões de partes moles foram referentes a 53,9% do total, sobressaindo-se das demais conforme o nosso estudo.
Cohen et u (3) (1997) concluíram que a maior incidência de lesões no futebol masculino ocorria em atletas do meio de campo e do ataque, revelando semelhante ao observado no Sport Club do Recife.
Assim, de acordo com os resultados obtidos em todas as pesquisas, maiores abordagens referentes à prevenção das diversas lesões, principalmente as musculares, devem ser tomadas a fim de diminuir a incidência destas e melhorar a performance da equipe.
Conclusão
As lesões nos membros inferiores se sobressaíram das demais, sendo maioria nas coxas.
As lesões musculares foram mais freqüentes, seguidas das ligamentares.
Os atletas meio-campistas e os atacantes sofreram mais agressões na integridade física, provavelmente por conta de uma marcação mais vigorosa nesses setores pelos adversários.
As afecções sofridas pelos atletas são referentes às maiores exigências destes durante as atividades profissionais, ou seja, a evidência do futebol-força, em detrimento ao futebol-arte.
Através do nosso estudo, evidenciou-se que a incorporação de caracteres referentes à média de idade, de estatura e de peso da amostra em relação às lesões ocorridas, seria de suma importância em novas pesquisas, a fim de compará-las com os resultados já encontrados.
Referências
Andreoli, C.V.; Wajchenberg, M. & Perroni, M.G. Basquete. In, Cohen, M. & Abdalla, R.J., Lesões nos esportes – diagnóstico, prevenção e tratamento. São Paulo: Revinter, 2003, cap. 47.
Carazzatto, J.G. Manual de Medicina do Esporte. São Paulo: Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, 1993.
Cohen, M. et al. Lesões ortopédicas no futebol. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 32, n.12, p. 940-944, 1997.
Cohen, M. & Abdalla, R.J., Lesões nos esportes – diagnóstico prevenção e tratamento. São Paulo: Revinter, 2003, cap. 47.
Cohen, M.; Abdalla, R. J. Lesões nos Esportes: diagnóstico, prevenção, tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.
D´souza D. Track and field athletics injuries. A one-year survey. J Sports Med 28: 197-2002, 1994.
Ejnisman B, Cohen M. Futebol. In: COHEN, M.; ABDALLA, R. J. Lesões nos Esportes: diagnóstico, prevenção, tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.
Gould III, James A. Fisioterapia na ortopedia e na medicina do Esporte. São Paulo/SP. Editora Manole. 1993.
Lysholm J., Wiklander J.Injuries in runners. J Sports Med 15: 168-171.1987.
Naves, J.: Medicina, deporte y accidentes deportivos. Barcelona, Editores Salvat, 1952 apud Pardon, E.T., 1977. p. 43.
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