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Efeito da prática sobre as características cinemáticas

do fundamento toque na iniciação do voleibol

Efecto de la práctica sobre las características cinemáticas del fundamento toque en la iniciación al voleibol

 

*Centro de Estudos do Movimento Humano (CEMOVH)

**Instituto Compartilhar

(Brasil)

Fábio Heitor Alves Okazaki* ** | Gerson de Oliveira Amorim*

Nathalia Kopp** | Victor Hugo Alves Okazaki*

vhaokazaki@gmail.com

 

 

 

Resumo

          O objetivo do estudo foi analisar o efeito da prática sobre as características cinemáticas do fundamento toque no voleibol. Três crianças (idade 8 ± 0,1 anos; estatura 1,34 ± 0,1 m; peso 35,2 ± 3,2 kg), sem experiência com o voleibol, foram analisadas cinematicamente (2D, plano coronal), antes e depois de um período de prática de seis meses, realizando o toque no voleibol. O período de prática não foi suficiente para estabelecer uma simetria no perfil do deslocamento angular entre o membro direito e esquerdo. A posição inicial dos membros não demonstrou ser o fator mais importante no desempenho do toque, mas sim os instantes próximos e durante o contato da mão com a bola. As articulações distais pareceram ter maior influência sobre o desempenho do toque e apresentaram maiores alterações em função da prática. O controle através de sinergia e a restrição numa das articulações (para a redução na demanda de controle) foram propostos para explicar o comportamento ímpar entre os membros esquerdo e direito. O desempenho do fundamento toque pode ser eficaz mesmo sem a presença de um perfil simétrico no comportamento das articulações entre os membros superiores homólogos.

          Unitermos: Coordenação e controle motor. Fundamento toque. Voleibol

 

Abstract

          This study aimed to analyze the effect of practice over the kinematic characteristics of the volleyball pass motor ability. Three children (age 8 ± 0,1 years; height 1,34 ± 0,1 m; weight 35,2 ± 14,9kg), without experience with the volleyball, were cinematically analyzed (2D, coronal plane), performing the volleyball pass, before and after a six month period of practice. Practice period did not show to be enough to establish symmetry between the left and right limbs. Limbs’ initial position did not seem to be the most important factor in pass performance, but the instants around the and during the approach of the hand with the ball. Distal joints seemed to have more influence over the pass performance and showed greater changes with practice. Control through synergy and the constraint of one joint (to reduce control demand) were proposed to explain the unique behavior between the right and left limbs. Pass performance may be effective even without the presence of a symmetric profile in the joints behavior between homologous upper limbs.

          Keywords: Coordination and motor control. Volleyball pass. Volleyball

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 134 - Julio de 2009

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Introdução

Victor Hugo Alves Okazaki    O voleibol é um dos esportes mais praticados no mundo (SCHULTZ, 1999; BOJIKIAN, 1999). Entre os fundamentos técnicos do jogo o toque é uma das técnicas mais utilizadas (OKAZAKI et al., 2005a; EJEM e JHONSON, 1983) e que caracteriza a função do levantador. O desempenho de um bom levantamento, realizado através do fundamento toque, é imprescindível para proporcionar uma melhor condição para o sucesso das ações de ataque (DÜRRWÄCHTER, 1997; BAACKE et al., 1994). Entretanto, poucos estudos analisaram o desempenho deste fundamento técnico no voleibol.

    Em geral, apenas análises subjetivas e descrições globais do movimento são encontradas na literatura (DÜRRWÄCHTER, 1997; BAACKE et al., 1994; EJEM e JHONSON, 1983). Aspectos quantitativos que detalhem o desempenho do movimento têm sido pouco explorados. A análise quantitativa do fundamento toque pode proporcionar um melhor entendimento das estratégias utilizadas na coordenação e no controle do movimento através da identificação de variáveis que determinam seu desempenho (TEMPRADO et al., 1997).

    Outro fator importante é conhecer a forma como o movimento é coordenado durante o processo de aprendizagem. Temprado e colaboradores (1997) demonstraram que jogadores novatos tendem a desempenhar o saque por cima através de uma seqüência de movimento em fase. Isto permite aos jogadores novatos uma diminuição na demanda de controle da habilidade, uma vez que os segmentos são controlados em conjunto simultaneamente (OKAZAKI & RODACKI, 2005; TEMPRADO, 1997). Por outro, os jogadores de voleibol experientes tendem a realizar um movimento anti-fase (TEMPRADO et al., 1997), permitindo maior proveito na transferência de energia das entre as articulações para maximizar a performance (OKAZAKI et al., 2005; ANDERSON & SIDAWAY, 1994; PUTNAN, 1993). Contudo, Temprado e colaboradores (1997) não analisaram as alterações da aprendizagem dos jogadores de forma longitudinal. Desta forma, as alterações na coordenação do movimento, em função da aprendizagem, ainda não são conhecidas.

    Sendo a análise quantitativa do desempenho e da aprendizagem um aspecto promissor para otimização no processo ensino-aprendizagem e no treinamento, este estudo objetivou analisar o efeito da aprendizagem sobre as características cinemáticas do fundamento toque no voleibol.

Metodologia

Amostra

    A amostra foi constituída por 3 sujeitos praticantes de voleibol (idade 8,0 ± 0,1 anos; estatura 1,34 ± 0,1 m; peso 35,2 ± 3,2 kg) sem experiência com a prática sistemática do voleibol. Foram selecionadas crianças que não reportaram nenhum tipo de lesão ou qualquer problema que pudesse interferir no andamento da pesquisa. Antes do início da avaliação, todos os participantes foram informados dos procedimentos de avaliação, e os responsáveis pelas crianças assinaram um termo de consentimento de participação livre e esclarecido.

Procedimentos experimentais

    Os participantes foram analisados antes (Pré-teste) e após (Pós-teste) seis meses de um programa de prática sistemática de voleibol (pré-teste) que foi conduzido com duas sessões semanais com uma hora de prática por sessão. O programa foi conduzido por profissionais de Educação Física em um centro de treinamento especializado em voleibol.

    Antes do início da filmagem, um aquecimento de 15 minutos, composto por vários exercícios generalizados, foi conduzido pelo professor das crianças. Após, foram afixados nos sujeitos marcadores do modelo biomecânico enquanto estes foram informados dos procedimentos experimentais. Em seguida, um aquecimento específico foi conduzido através de um o professor lançava a bola com ambas as mãos e o sujeito realizava o toque devolvendo a bola para o professor, que se encontravam a uma distância aproximada de 4 m (figura 1). Foram realizados aproximadamente 15 movimentos.

    Após uma breve pausa (3 a 5 minutos), os participantes desempenharam um conjunto de 10 toques de maneira similar aquela utilizada no aquecimento. Apesar da regularidade dos lançamentos do professor em relação à criança, apenas três lançamentos em que a bola foi lançada precisamente sobre a cabeça (na direção da testa) da criança foram selecionados para análise. Em todos os lançamentos a bola descreveu uma parábola e os participantes não necessitaram realizar deslocamentos laterais e frontais para interceptar a bola. Três movimentos foram agrupados em média para representar o padrão do movimento de cada sujeito. Para que a média agrupada fosse calculada, o movimento foi normalizado em valores percentuais, ou seja, a escala de tempo absoluto (segundos) foi transformada em porcentagem (100%). Este procedimento foi realizado através de uma função spline, calculado através do software Biomechanics Toolbox (Manchester Metropolitan University, UK).

    O início do movimento de toque foi determinado 0,33 s antes do instante de contato com a bola, e o final do movimento 0,16 s após a bola perder contato com a mão. O fundamento do toque foi analisado a partir dos movimentos relativos às articulações do ombro e do cotovelo dos membros esquerdo e direito. Os movimentos destas articulações foram quantificados através de uma análise cinemática conduzida a partir de filmagem. Para tal, foi utilizada uma filmadora (JVC Japão - 60Hz - Shutter Speed de 1/250) posicionada perpendicularmente ao plano de movimento com o centro focal direcionado sobre a articulação do ombro. A filmadora foi posicionada a frente do sujeito, a uma distância de 3 metros do plano de movimento. Como a habilidade do toque no voleibol foi predominantemente desempenhado em um único plano (coronal), uma análise em 2 dimensões foi adequada. O local de filmagem encontra-se representado na figura 1.

Figura 1. Local de filmagem

Modelo biomecânico

    Para a determinação dos movimentos, uma série de marcas (15mm de diâmetro) foi aderida à pele sobre os seguintes pontos anatômicos: 

  1. quadril – crista ilíaca; 

  2. ombro - acrômio; 

  3. cotovelo - epicôndilo medial do úmero; 

  4. punho - processo estilóide da úlna. 

    Este conjunto de pontos anatômicos foi utilizado para definir os segmentos do tronco (1-2), braço (2-3) e antebraço (3-4). A junção formada por dois segmentos adjacentes forneceu os ângulos articulares do modelo biomecânico de quatro pontos e três segmentos proposto: articulação do ombro (tronco+braço) e cotovelo (braço+antebraço) (figura 2).

Figura 2. Modelo biomecânico

    As imagens foram armazenadas em fita e posteriormente transferidas para um computador. As imagens foram digitalizadas manualmente por um único avaliador através de um software específico de análise de movimento (SIMI Motion ®) e um conjunto de variáveis foi obtido.

    O efeito da prática do fundamento toque no voleibol foi analisado através das características cinemáticas do deslocamento e da velocidade angulares nas articulações do ombro e do cotovelo.

Análise estatística

    Os dados foram analisados a partir de estatística descritiva de médias e desvios-padrão. Como tentativa de eliminar o efeito de ruído incluso nas análises cinemáticas, devido ao processo de coleta e de digitalização dos dados (OKAZAKI et al., 2004a; WOOD, 1982), foi aplicado um filtro recursivo do tipo Buterworth de 4ª ordem com uma freqüência de corte de 10Hz (OKAZAKI & RODACKI, 2005; RODACKI et al., 2005).

    A raiz quadrada média do erro médio (para mais detalhes ver SIDAWAY et al., 1995) foi calculada para representar um índice de variabilidade de movimento do deslocamento e da velocidade angular, no membro esquerdo e direito, durante o pré-teste e o pós-teste. As análises estatísticas foram realizadas através do software STATISTICA® (STATSOFT Inc., versão 6.0). O nível de significância adotado foi de p<0,05.

Resultados

    A figura 3 apresenta o deslocamento e a velocidade angular das articulações (ombro e cotovelo) no pré-teste e no pós-teste. O ombro esquerdo no pré-teste iniciou o movimento com menor flexão antes do contato com a bola. Todavia, após o período de prática, perfil do deslocamento angular no ombro esquerdo apresentou valores próximos ao do lado direito. A velocidade angular do ombro esquerdo apresentou maiores valores em instantes próximos ao contato com a bola. Ao passo que, as velocidades angulares do ombro direito (pré-teste e pós-teste) e do ombro esquerdo no pós-teste foram desempenhadas após o instante de toque com a bola.

    A articulação do cotovelo apresentou as maiores modificações no lado direito, entre o pré-teste e o pós-teste. No pré-teste, o cotovelo direito demonstrou menor extensão antes do toque com a bola, apesar do maior valor verificado após o toque. Após o período de prática, o cotovelo direito tendeu a aproximar o valor de extensão verificado entre o segmento esquerdo e direito. A velocidade angular do cotovelo após o período de aprendizagem foi diminuída no segmento direito, enquanto no segmento esquerdo a velocidade angular permaneceu com valores próximos.

    A raiz quadrada do erro médio foi utilizada para representar o índice de variabilidade do movimento para analisar a simetria entre os comportamentos das articulações. A prática apenas demonstrou a redução da assimetria no comportamento da articulação do ombro. Pois, a prática aumentou a variabilidade entre os membros homólogos no deslocamento do cotovelo e velocidades angulares do ombro e do cotovelo (tabela 1).

Figura 3. Deslocamento e velocidade angular do ombro e cotovelo

 

Tabela 1. Índice de variabilidade entre as articulações homólogas, em função da prática

 

Raiz Quadrada do Erro Médio

do Lado Esquerdo x Lado Direito

Pré-teste

Pós-teste

Deslocamento Angular do Ombro

10.26

6.31

Deslocamento Angular do Cotovelo

20.94

22.26

Velocidade Angular do Ombro

65.06

80.77

Velocidade Angular do Cotovelo

20.94

170.44

    O índice de variabilidade apresentado entre o pré-teste e o pós-teste foi maior no lado esquerdo do ombro e direito do cotovelo, ambos para deslocamento e velocidade angulares (tabela 2).

Tabela 2. Índice de variabilidade de cada articulação, em função da prática

 

 

Raiz quadrada do erro médio

do Pré-teste x Pós-teste

Lado Esquerdo

Lado Direito

Deslocamento Angular do Ombro

14.63

1.58

Deslocamento Angular do Cotovelo

1.31

17.74

Velocidade Angular do Ombro

113.67

13.76

Velocidade Angular do Cotovelo

18.43

120.60

    O gráfico ângulo-ângulo foi utilizado para representar a relação entre as articulações adjacentes do ombro e do cotovelo. O pré-teste demonstrou um perfil de comportamento mais recíproco entre os lados esquerdo e direito, quando comparado ao pós-teste. Ou seja, o aumento no deslocamento angular do cotovelo foi acompanhado por um aumento no deslocamento angular do ombro. Contudo, no pré-teste, os valores de deslocamento angular das articulações foram muito próximos nos instantes de contato com a bola (figura 4).

Figura 4. Deslocamento angular do ombro x cotovelo

Discussão

    O fundamento de toque no voleibol não apresentou simetria no perfil do deslocamento angular entre os membros homólogos, tanto no pré-teste quanto no pós-teste. Os membros direito e esquerdo iniciaram o movimento de toque a partir de posições não coincidentes. Todavia, nos instantes próximos ao toque da mão com a bola, o deslocamento angular tendeu a convergir para um valor próximo (figura 3 e 4). Esta estratégia de controle também foi verificada por Bootsma e Van Wieringen (1990). Estes autores demonstraram no tênis de mesa que, independente da posição inicial da raquete, a rebatida da bola era convergida para uma mesma posição de contato raquete-bola. Assim, foi sugerido que a organização dos princípios de percepção e ação proporcionou um acoplamento espaço-temporal entre as articulações, nos instantes críticos do desempenho, para garantir um movimento mais simétrico. Esta estratégia foi ainda mais evidente no pós-teste, em função da prática.

    O toque no voleibol apresentou os picos de velocidade angulares do ombro e do cotovelo (lados esquerdo e direito), no pré-teste e pós-teste, ocorrendo em instantes muito próximos. Alguns estudos têm demonstrado consistência no tempo relativo do pico da velocidade angular no salto vertical (SOEST et al., 1994) e salto de rebote em pêndulo pliométrico (RODACKI et al., 2001) iniciados com diferentes graus de flexão de joelho. Estes estudos sugeriram que o pico da velocidade angular invariável seria essencial para o desempenho nas tarefas de propulsão (RODACKI et al., 2001; SOEST et al., 1994). Esta característica invariável do tempo em que os picos de velocidade ocorreram no toque do voleibol também pareceu ser papel ímpar na organização temporal do movimento. Contudo, diferente do que acontece no desempenho do salto vertical, os picos de velocidade no toque ocorreram após o contato da mão com a bola. Este atraso no pico de velocidade pode ter sido utilizado como estratégia para a manutenção da precisão no movimento (TEIXEIRA, 2000).

    Alguns estudos demonstraram que o pico de velocidade angular do punho no arremesso do basquetebol (OKAZAKI et al., 2006b; RODACKI et al., 2005), e da velocidade linear da raquete no beisebol (CALJOW et al., 2005), não ocorrem no instante de lançamento da bola. Tais estratégias foram relacionadas ao aumento ou à manutenção da precisão do movimento, pois a velocidade tem sido diretamente relacionada à variabilidade de movimento (SCHMIDT et al., 1978; TEIXEIRA, 1999, 1997). Assim, um movimento com maior consistência e precisão pode ser produzido em detrimento da velocidade no instante crítico do desempenho (OKAZAKI et al., 2006a; TEIXEIRA, 2000; FITTS, 1954). Possivelmente, se esta estratégia de manutenção da precisão não fosse utilizada, haveria maior variabilidade das posições lineares das mãos no contato com a bola. Contudo, mais estudos que manipulem a precisão do movimento são necessários para firmar tais suposições.

    Menor variabilidade entre as articulações homólogas foi verificada no ombro em comparação ao cotovelo, após o período de prática. Isto sugere estratégias de controle diferenciadas entre ombro e cotovelo, em função de sua especificidade (quanto ao número de graus de liberdade a serem controlados: dinâmica interna) e da tarefa (quanto a demanda na amplitude do movimento: dinâmica externa). Os maiores ajustes nas articulações distais (cotovelo) sugerem que, em tarefas de lançamento de implementos, as articulações distais possuem maior influencia sobre o produto final do desempenho. Tais inferências estão em consonância com outros estudos que analisaram o arremesso do basquetebol entre adultos e crianças (OKAZAKI et al., 2005), e em função do aumento da distância (RODACKI et al., 2005).

    A análise da velocidade angular do ombro e do cotovelo, entretanto, apresentou maior variabilidade após a prática. Em geral, alguns estudos têm demonstrado que novatos tendem a congelar os graus de liberdade do movimento para reduzir a demanda de controle no início da aprendizagem (OKAZAKI et al., 2004b; NEWELL e VAILLANCOURT, 2001; VEREIJKEN et al., 1992). Posteriormente, com a prática, estes graus de liberdade são liberados até que o sujeito consiga tirar proveito da energia reativa do movimento, ou seja, aproveitar as propriedades visco-elásticas do sistema (TEMPRADO et al., 1997; SIDAWAY et al., 1995; HUDSON, 1986). A análise do índice de variabilidade entre o lado esquerdo e direito, após a prática, sugere esta estratégia de liberação nos graus de liberdade ao redor das articulações. Tal estratégia, ajustando os parâmetros de controle do movimento, permitiu o aumento da simetria nos instantes próximos ao contato com a bola.

    A prática de seis meses apresentou modificações ímpares no lado direito e esquerdo, nas articulações analisadas. Maior variabilidade de movimento após a prática foi encontrada no ombro do lado esquerdo e no cotovelo do lado direito. Existem evidências de que o controle do movimento não é realizado individualmente por cada músculo ou articulação, mas ao invés disso, através de sinergias em forma cooperativa como uma unidade (COSTA & VIEIRA, 2000; JARIC & LATASH, 1998; SIDAWAY et al., 1995). Por conseguinte, o sistema nervoso controlaria a redundância/abundancia dos graus de liberdade (TURVEY, 1990; STELMACH & DIGGLES, 1982), através da distribuição da ativação de níveis superiores do sistema nervoso para níveis inferiores, constituindo as sinergias funcionais (ou estruturas coordenativas) (COSTA & VIEIRA, 2000; KELSO e SCHÖNER, 1988). Esta forma de controle foi proposta para explicar esta característica diferenciada (não-linear e não-simétrica) entre as articulações após a prática. Além disso, as alterações de apenas uma das articulações (ombro no lado esquerdo e cotovelo no lado direito) podem permitir a redução na demanda de controle durante o desempenho no movimento. Esta estratégia tem sido verificada em outros estudos que analisaram o saque no voleibol (TEMPRADO et al., 1997), o chute no futebol (ANDERSON & SIDAWAY) e o arremesso no basquetebol (OKAZAKI et al., 2005).

Conclusão

    O período de seis meses de prática não foi suficiente para estabelecer uma simetria no deslocamento angular (ombro e cotovelo) entre o membro direito e esquerdo. Contudo, modificações nos parâmetros de controle foram verificadas nas articulações ombro e cotovelo. A posição inicial dos membros não demonstrou ser o fator mais importante no desempenho do toque, mas sim os instantes próximos e durante o contato da mão com a bola. Foi sugerido que a consistência no tempo relativo em que o pico de velocidade angular acontece no ombro e no cotovelo é essencial para o desempenho do toque no voleibol. As articulações distais pareceram ter maior influência sobre o desempenho do toque e apresentaram maiores alterações em função da prática. O controle através de sinergia e a restrição numa das articulações (para a redução na demanda de controle) foram propostos para explicar o comportamento ímpar entre os membros esquerdo e direito. O desempenho do toque pode ser eficaz mesmo sem a presença de um perfil simétrico no comportamento das articulações entre os membros homólogos superiores.

    Para futuros estudos, recomenda-se a análise do fundamento toque no voleibol em função de variáveis como: o nível de experiência dos jogadores, a distância do lançamento, bolas com diferentes pesos e tamanhos, etc. Também é aconselhada a análise tridimensional e que contemple os membros inferiores.

Referências bibliográficas

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revista digital · Año 14 · N° 134 | Buenos Aires, Julio de 2009  
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