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Aspectos fisiológicos do comportamento 

alimentar e sua relação com o exercício físico

 

*Centro Universitário São Camilo

**Docente Titular em Fisiologia do Centro Universitário São Camilo

***Médico do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein

São Paulo (Brasil)

Murilo Dattilo*

Roberta de Medeiros**

Marcelo Saad***

murilodattilo@terra.com.br

 

 

 

Resumo

          O processo de ingestão alimentar é influenciado por diversos fatores, os quais podem ser provenientes do próprio organismo (genéticos, psicológicos, rítmicos e fisiológicos) ou do ambiente (culturais e sociais). Além disso, pesquisas têm evidenciado que o exercício físico pode promover alterações fisiológicas capazes modificar as sensações de saciedade e fome/apetite, favorecendo à uma alteração do comportamento alimentar. Diante deste contexto, o presente estudo teve como objetivo identificar a influência do exercício físico no comportamento alimentar. Para tanto, foi realizada revisão de artigos científicos disponíveis no banco de dados científico PubMed e Scielo, com publicação entre os anos de 1981 e 2008, com os seguintes descritores: exercise, weight loss, ghrelin e food intake. Os dados disponíveis na literatura que abordam a influência do exercício físico no comportamento alimentar são inconsistentes. Algumas evidências indicam que a duração e intensidade do exercício parecem promover diferentes respostas ao corpo, prevalecendo um estado de supressão da fome em exercícios de alta intensidade. Além do mais, analisando a influência da cronicidade do exercício no comportamento alimentar, parece existir uma compensação energética por meio da ingestão de alimentos em cerca de 14 dias de prática. Outro aspecto relevante é que esta compensação parece estar relacionada com a perda de gordura corporal, momento onde há um aumento das concentrações de grelina plasmática. Embora esses mecanismos ainda necessitem maior elucidação, os citados dados sugerem que pode existir relação entre a prática de exercícios físicos com a redução de gordura, secreção de grelina e comportamento alimentar.

          Unitermos: Grelina. Exercício. Obesidade. Comportamento alimentar

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 134 - Julio de 2009

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Introdução

    Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de obesos entre 1995 e 2000 passou de 200 para 300 milhões, perfazendo quase 15% da população mundial. Estimativas mostram que em 2025 o Brasil será o quinto país no mundo a ter problemas de obesidade em sua população. Assim, a obesidade é considerada, em países desenvolvidos e em desenvolvimento, um importante problema de saúde pública, e para a OMS, uma epidemia global 1,2.

    Dois fatores associados ao estilo de vida moderno – o estilo da dieta consumida e o aumento no sedentarismo – são considerados importantes no aumento da massa corporal 3. A dieta ocidental tem sofrido modificações consideráveis, apresentando elevada densidade energética e altas taxas de gorduras, além de diminuições nos teores de fibras e de micronutrientes contribuindo, ao menos em parte, pelo aumento da ingestão energética e da massa corporal 4.

    A ingestão alimentar em humanos é descrita pela literatura como uma condição capaz de ser influenciada por diversos estímulos, como os fisiológicos,5, 6 genéticos,7 rítmicos8, psicológicos 9, sociais 10 e culturais 12. Mais recentemente, algumas evidências também têm apontado o exercício como um importante fator capaz de modificar a ingestão energética em humanos, a sensibilidade do sistema de controle do apetite, a preferência por determinados macronutrientes ou por determinados alimentos e a sensação de prazer proveniente do consumo alimentar 12.

    Diante deste contexto, este artigo teve como objetivo elaborar uma análise da literatura, evidenciando como o exercício é capaz de modular a ingestão de alimentos dos seres humanos e a possível influência exercida pelo hormônio grelina.

Influência hormonal no controle da ingestão alimentar

    Dois estados fisiológicos são componentes importantes para o comportamento alimentar, sendo muitas vezes confundidos entre si: o apetite e a fome. O primeiro significa desejo de comer, derivado não só de necessidade orgânica, mas de sensações agradáveis ligadas ao ato de comer, fazendo com que a pessoa continue a comer mesmo que não sinta fome, o que muitas vezes pode levar à obesidade. O apetite é, na verdade, rico de conteúdo comportamental e pode ser considerado como um mediador entre os impulsos e/ou sinais fisiológicos e os fatores ecológicos psicossociais. Já a fome é caracterizada por sensação orgânica, física, por urgência de alimentos e que leva a ingestão inespecífica13.

    O início da sensação de fome ocorre por diversas razões, sendo a deficiência de energia após um período de jejum ou o aumento no gasto energético, a oferta de alimentos palatáveis e os aspectos sociais os possíveis responsáveis, cada um mediado por diferentes sinais e mecanismos que então regulam o consumo de alimentos. É possível observar dados na literatura afirmando que a grelina, a leptina, a termogênese induzida pelo alimento, os níveis de glicose plasmática e a insulina são fatores que podem participar no início da sensação de fome14.

    Recentemente, a grelina foi descrita por possuir propriedades orexígenas, ou seja, estimular a fome e o apetite. Este peptídeo composto por 28 aminoácidos é produzido predominantemente no estômago, mas outros segmentos do trato gastrointestinal e determinadas áreas do cérebro também são capazes de sintetizá-la 15,16. Até o presente momento, duas formas de grelina foram descritas, sendo a grelina acilada e não-acilada (essa última representa cerca de 80 a 90% do volume total)17,18.

    Inicialmente, a grelina foi descrita como um ligante endógeno do receptor secretagogo de hormônio do crescimento (GH) (GHS-R)19, sendo o processo de acilação essencial para a ligação da grelina com seu receptor 15,20. Além disso, diversos estudos têm apresentado outras funções relacionadas a esse hormônio, entre elas papel muito importante na regulação do balanço energético, aumentando a ingestão de alimentos e diminuindo a utilização de gordura 16,21. Porém, a grelina não-acilada parece ter pouca influência na regulação do apetite, mas é considerada importante em outras funções, como inibição da proliferação celular22 e estimulação da adipogênese23.

    Em função de sua expressão ocorrer quando o estômago está vazio e o nível plasmático aumentar agudamente antes e diminuir após a refeição, é possível que esse hormônio também tenha um importante papel no desencadear da busca do alimento 16,24. Após ser secretada, a sinalização pela grelina plasmática é mediada por neurônios do núcleo arqueado do hipotálamo que expressam o neuropeptídeo Y (NPY) e agouti-related protein (AgRP), ambos potentes peptídeos orexígenos 25.

    Já o hormônio leptina, um peptídeo composto por 167 aminoácidos 26, produzido e secretado predominante pelo tecido adiposo tem sido considerado muito importante no controle da ingestão alimentar 14,27. Em humanos, a circulação de leptina sanguínea é reflexo das mudanças agudas no balanço energético resultantes do aumento ou diminuição da ingestão calórica 28 e, uma vez secretada, alcança o sistema nervoso central por um mecanismo de transporte saturável 24. O estado de jejum ou a perda de massa corporal resulta em baixos níveis de leptina no sangue, que por sua vez, gera um aumento na expressão do NPY hipotalâmico, levando à estimulação da ingestão alimentar 29. Contrariamente à grelina, a administração periférica ou central de leptina exógena resulta na diminuição da ingestão de alimentos com redução no tamanho da refeição. Esse resultado indica que a leptina modula a potência sensorial por feedback negativo do estímulo causado pelo alimento30.

    Friedman em 1998 elaborou uma hipótese afirmando que a fome é dependente da quantidade de oxidação fosforilativa e dos níveis de produção de ATP no fígado. Um importante indicador parcial que pode ser utilizado para identificar os níveis de oxidação, além de ser relacionado com o início da sensação de fome, é a termogênese induzida pelos alimentos31. Semelhantemente, Westertep-Plantega e colaboradores (1999) observaram redução na sensação de fome quando os indivíduos se deslocam para locais de altitudes elevadas, onde a disponibilidade de oxigênio no ar é mais reduzida 32.

    A glicose e a insulina também podem estar envolvidas na sinalização da fome, pois estudos indicam que uma queda transitória e dinâmica nas concentrações de glicose plasmática, dentro de uma curta duração de tempo (5 minutos), está fortemente relacionada com o início da refeição 33. Em relação à insulina, observa-se que este hormônio possui um efeito supressor de apetite em indivíduos eutróficos e em menor escala em indivíduos obesos. Holt e colaboradores (1995) observaram que a resposta à insulina (Área Sob a Curva) foi negativamente correlacionada (r­ = – 0,40) com a ingestão energética em uma “refeição teste” ad libitum 34. Semelhantemente, Speechly e Buffenstein (2000) demonstraram uma correlação negativa entre as concentrações de insulina e a subseqüente ingestão de alimentos (somente em indivíduos eutróficos)35. Porém, vale a pena atentar-se ao fato de que a relação entre os níveis de insulina plasmática e fome pode não ser realmente direta, uma vez que pode ser confundida ou amenizada por diversos processos metabólicos33.

Influência do exercício na ingestão alimentar: efeito agudo

    Seria pertinente pensar que, para manutenção do balanço energético, o indivíduo submetido à atividade física responderia com um aumento no consumo alimentar, mas os estudos não têm demonstrado esse fato, tanto na modificação da fome quanto na ingestão de alimentos em curto prazo (1 a 2 dias) 36,37,38.

    Lluch e colaboradores (1998) avaliaram os efeitos de uma única sessão de exercício físico na fome e na ingestão energética. Foi realizada a prática de cicloergômetro por 50 minutos, a 70% do volume de oxigênio máximo (VO2máx) por 22 mulheres eutróficas praticantes regulares de exercícios. Embora tenha sido verificado que o exercício elevou o prazer em comer, não houve efeito do exercício sobre a fome, não sendo observado aumento na procura por alimentos nas 8 horas seguintes à finalização do exercício38.

    Moore e colaboradores (2004) verificaram que um gasto energético de cerca de 360 kcal induzido pela prática de cicloergômetro em crianças, tanto a 50 como 70% do VO2máx em um único dia, não foi capaz de produzir uma compensação na ingestão de energia, pois a ingestão ad libitum foi similar tanto nas crianças que realizaram o exercício como no grupo sem exercício39. Esses resultados demonstram que o exercício não gera um aumento imediato na fome, sendo similares aos dados obtidos por King, Tremblay, & Blundell (1997)40.

    Embora os dados apresentados acima não indiquem sinais de compensação na ingestão energética em curto prazo, outros autores demonstraram que uma única sessão de exercício físico pode gerar uma modificação da sensação de fome e da ingestão energética, resultando numa supressão da sensação de fome após o exercício 37, 41, 42, 43, 44, ou então, um atraso na ingestão de alimentos após sua prática, tanto em homens quanto em mulheres 41,42. Em um estudo realizado por Broom e colaboradores (2007), foi avaliado o comportamento da fome (através de uma escala visual) em 9 homens adultos eutróficos divididos em 2 grupos (exercício e controle) durante e após a prática de exercício por um período de 1 hora à 72% do VO2máx. A fome foi menor nas primeiras 3 horas no grupo exercício comparada ao grupo controle (p = 0.013), sugerindo que a fome é suprimida durante e imediatamente após o exercício45.

Influência do exercício na ingestão alimentar: efeito crônico

    Quando se trata de intervenções com exercícios em médio prazo (normalmente não mais que 2 a 5 dias) os dados também são contraditórios. Segundo uma revisão bibliográfica realizada por King e colaboradores (1997), com uma ampla abordagem sobre os efeitos do exercício no comportamento alimentar, 19% dos estudos analisados reportaram um aumento na ingestão energética após o exercício, 65% não apresentaram modificações e 16% observaram uma diminuição40.

    Stubbs e colaboradores (2002) avaliaram o efeito de aumentos gradativos no gasto energético induzido pelo exercício no apetite e na ingestão alimentar de seis mulheres em um período de 7 dias. Os indivíduos foram estudados em três momentos, correspondendo ao grupo sem exercício (SE; 0 kcal/dia), exercício moderado (EM; aproximadamente 310 kcal/dia) e exercício intenso (EI; aproximadamente 620 kcal/dia). Nos dias 1-7, os indivíduos auto-avaliaram a ingestão ad libitum de sua dieta usual utilizando um diário alimentar e não foi identificado um efeito do exercício na fome, no apetite e na massa corporal46. O protocolo experimental apresentou um aumento gradual no gasto energético em função do exercício, proporcionando uma elevação marcante no gasto energético total e favorecendo um balanço energético negativo, mas a ingestão energética não acompanhou a elevação marcante do gasto energético no período de sete dias.

    Whybrow e colaboradores (2008) utilizaram o mesmo protocolo de exercícios, mas com uma intervenção de 16 dias em 6 homens e 6 mulheres saudáveis. Os autores demonstraram uma compensação de aproximadamente 30% do déficit de energia induzido pelo exercício, com conseqüente aumento na ingestão energética no grupo EM quando comparado ao grupo de EI. Além disso, neste estudo foi possível identificar o primeiro estágio de uma mudança na ingestão energética para atender as demandas do elevado gasto energético e, dessa forma, um novo balanço entre a ingestão e o gasto energético só é alcançado após semanas, tornando este dado extremamente relevante, pois o corpo é capaz de sustentar um período consideravelmente alto (16 dias) em um estado de balanço energético negativo47.

    Alguns fatores relacionados à realização do exercício físico podem justificar a ausência da compensação energética em médio prazo, pois no estudo realizado por Whybrow e colaboradores (2008), conforme a intensidade do exercício aumentou (do NE para o EI), o consumo de fluídos se elevou concomitantemente, indicando que o corpo trata de maneira prioritária o restabelecimento do balanço hídrico ao balanço energético47.

    Em função desse atraso na modificação da ingestão energética, uma série de estudos tem buscado identificar qual o efeito que o exercício pode promover no comportamento alimentar em intervenções de longo prazo, ou seja, mais que um mês de duração 48,49,50,51. Em uma recente revisão com 16 estudos, envolvendo grande diversidade na modalidade da prática (caminhada, corrida, ciclismo e treino com pesos) somente três estudos identificaram mudanças significativas na ingestão energética resultante da realização do exercício, sendo que um observou diminuição da ingestão energética e dois descreveram aumento48.

    Segundo Lim e Lee (1994), que realizaram um treinamento militar básico durante 5 meses em homens classificados como eutróficos, obesos e muito obesos (índice de Massa Corporal > 35 kg/m2), observou-se que a massa corporal não foi alterada, mas os indivíduos reduziram substancialmente a gordura corporal. No estudo, os autores também identificaram que mudanças na ingestão energética em função de modificações no gasto energético induzido pelo exercício sofrem uma variação dependendo do quão obeso é o indivíduo52.

    Para Stubbs e Elia (2001) uma perda substancial de gordura pode ser alcançada e mantida antes da tentativa de adequação da ingestão energética às elevações no gasto energético53.

Influência da intensidade do exercício no comportamento alimentar

    A ingestão energética no período pós-exercício parece sofrer uma influência importante dependendo da intensidade do exercício. De fato, exercícios de alta intensidade parecem favorecer um balanço energético negativo muito maior do que os exercícios de baixa intensidade 54,55. Alguns estudos observaram que o exercício intenso de longa duração reduz a ingestão energética relativa (ingestão energética pós-exercício corrigida para o custo energético do exercício acima do nível de repouso)37,41. Além disso, indivíduos do gênero masculino falharam em compensar o gasto energético induzido pelo exercício pelo aumento na ingestão energética na refeição após o exercício, durante o mesmo dia54 ou durante o dia seguinte40. Mesmo quando homens realizaram exercícios de alta intensidade durante 7 dias consecutivos, não houve compensação 56. De maneira similar, mulheres não parecem compensar agudamente em resposta a uma sessão de exercício de alta intensidade55, mas tendem a demonstrar uma compensação significante, mas parcial, na ingestão energética de aproximadamente 30% da energia gasta durante exercícios por um período de 7 dias 56.

    Pomerleau e colaboradores (2004) avaliaram em seu estudo os efeitos da intensidade do exercício na ingestão alimentar e no apetite de treze mulheres consideradas moderadamente ativas. As voluntárias foram selecionadas para 3 protocolos experimentais: controle sem exercícios, sessões de baixa intensidade de exercício a 40% do VO2máx e sessões de alta intensidade de exercício a 70% do VO2máx. Em ambas as sessões de exercícios, as voluntárias realizaram o exercício por um período de tempo em que o gasto energético totalizou aproximadamente 350 kcal. Após cada sessão, as participantes se alimentaram ad libitum com refeições tipo buffet no almoço e no jantar e ingeriram lanches durante a tarde e a noite. Embora não tenha sido verificada modificação no apetite, foi possível observar que mais energia foi ingerida no almoço após o exercício de alta intensidade do que a sessão controle (878 ± 309 e 751 ± 230 kcal, respectivamente; p = 0,02); a ingestão energética relativa no almoço foi menor após o exercício de baixa intensidade do que a sessão controle (530 ± 233 e 751 ± 230 kcal, respectivamente; p < 0,001) e foi menor após o exercício de alta intensidade do que após a sessão controle (565 ± 301 e 751 ± 230 kcal, respectivamente; p < 0,01). Semelhantemente, a atividade física de alta intensidade provocou aumento na ingestão energética diária em comparação à sessão controle57.

    Embora os dados relacionando a intensidade do exercício e ingestões energéticas sejam limitados e divergentes, algumas evidências indicam que a intensidade do exercício possui um efeito marcante na fome subjetiva, sendo este fenômeno denominado anorexia induzida pelo exercício, fato este que ocorre somente durante e por um curto período de tempo após um exercício vigoroso (> 60% do VO2máx) 44, 55, 41, 42, 37. Portanto, a curta inibição da fome parece não ocorrer em exercícios com intensidade baixa ou moderada.

Influência da diminuição da atividade física no comportamento alimentar

    O gasto energético médio diário parece ter sofrido uma redução muito importante na população quando comparado há algumas décadas e é amplamente aceito que a população ocidental está se tornando progressivamente mais sedentária58. Estima-se que o gasto energético da população em geral tende a ser 40 a 80% maior em relação a taxa metabólica de repouso59.

    Apesar do estilo de vida moderno representar maior grau de sedentarismo, pouco se sabe sobre a relação entre a diminuição da atividade física e o desenvolvimento de um balanço energético positivo. O fato do volume de horas gasto assistindo televisão, posse de veículos automotores e uso de telefones celulares são todos considerados fatores que diminuem a atividade física média na população e, futuramente, predisporá ao ganho de massa corporal 60.

    Alguns estudos indicam que a ingestão energética tende a diminuir paralelamente com a diminuição da energia requerida 61. Porém, é atualmente incerto se a extensão deste fenômeno é verdadeira ou é devido ao aumento na ocorrência de erros de relato na ingestão alimentar 62. Stubbs e colaboradores (2004) avaliaram o efeito da imposição de uma rotina sedentária no apetite, na ingestão energética, no balanço energético e no balanço de nutrientes em 6 homens durante 7 dias. As avaliações foram realizadas em dois momentos: durante um regime sedentário (1,4 X taxa metabólica de repouso) e durante um regime moderadamente ativo (1,8 X taxa metabólica de repouso). Durante cada regime, os voluntários permaneceram no interior do equipamento de calorimetria indireta de todo o corpo por 7 dias e tiveram acesso ad libitum a dieta de composição constante e mensurável. No estudo, observou-se que o gasto energético foi de 2.300kcal 3.050kcal/dia durante os regimes sedentário e ativo, respectivamente, enquanto que a ingestão energética foi de 3.200 e 3.450 kcal/dia, respectivamente. Os autores concluíram que a redução no nível de atividade física de 1,8 para 1,4 X taxa metabólica de repouso provoca um efeito marcante no balanço energético, pois uma rotina sedentária não induz a uma redução compensatória da ingestão energética, levando a um balanço energético positivo, o que favorece o estoque como gordura e aumento de massa corporal3.

Influência do exercício nos níveis de grelina

    Muita atenção tem sido dada ao hormônio gástrico grelina como um fator promotor da fome e do apetite, mas ainda não é amplamente estabelecido o efeito do exercício físico nos níveis plasmáticos deste hormônio. Grande parte dos estudos que busca traçar uma relação entre exercício e grelina plasmática tem utilizado protocolos de exercícios aeróbios, sendo que muitos destes indicam que uma única sessão de exercício não possui efeito marcante em suas concentrações 63,64.

    Uma limitação desses achados é que as análises foram realizadas somente da concentração de grelina total 63,64. Dessa forma, Broom e colaboaradores (2007) avaliaram o efeito do exercício físico nos níveis de grelina plasmática acilada e na fome em 9 homens adultos eutróficos. Divididos em 2 grupos (exercício e controle) os exercício foram realizados por 1 hora à 72% do VO2máx. Observou-se que as concentrações de grelina acilada foram menores durante as três primeiras horas e durante todo o período de 9 horas comparado com o grupo controle. Dessa forma, os autores concluíram que a redução nas concentrações de grelina acilada favorece um estado de supressão da fome durante e imediatamente após o exercício45.

    Mackelvie e colaboradores (2007) avaliaram os efeitos do exercício físico nas concentrações de grelina acilada e não-acilada em 34 adolescentes eutróficos (n = 17) e obesos (n = 17). O protocolo utilizado seguiu um período de 5 dias de exercícios aeróbios (65 a 75% da freqüência cardíaca máxima) com duração de 1 hora/dia. Os indivíduos obesos apresentaram níveis de grelina totais inferiores aos indivíduos eutróficos em todos os momentos, mas não sofreram modificações com a prática do exercício. Por outro lado, houve um efeito marcante do exercício tanto na grelina acilada como não-acilada, com aumento da grelina acilada após o exercício, sendo mais significante nos indivíduos eutróficos. Neste estudo, não houve uma redução significante da massa corporal nos indivíduos eutróficos (– 0,2 ± 0,2kg) e nos indivíduos obesos (– 0,2 ± 0,2kg) 65.

    Como indivíduos obesos apresentam concentrações de grelina plasmáticas inferiores quando comparado com indivíduos eutróficos, algumas evidências apontam que a redução da massa corporal é capaz de promover um aumento nas suas concentrações, sendo este um meio adaptativo do corpo em resposta ao déficit de energia66. Além disso, pode-se observar que os níveis de grelina se tornam aumentados em resposta à perda de massa corporal resultante de dietas hipocalóricas, caquexia causada pelo câncer e na anorexia 66,67,68,69. Foster-Schubert e colaboradores (2005) investigaram como os níveis de grelina totais aumentam em resposta a perda de massa corporal induzida pelo exercício, sem redução na ingestão calórica. Para isso, 173 mulheres no período pós-menopausa, obesas e sedentárias foram selecionadas para a prática de exercícios aeróbicos ou para o grupo controle por um período de 12 meses. As mulheres que se exercitaram apresentaram um aumento progressivo e significante nos níveis de grelina, sendo que esses valores alcançaram 18% a mais nas que tiveram uma redução de massa corporal superior a 3 quilos 70.

Considerações finais

    A influência do exercício físico na modulação do comportamento alimentar ainda necessita de maiores esclarecimentos, visto que muitos fatores podem influenciar este aspecto, tais como a duração e intensidade do exercício. Embora quadros de anorexia pós-exercício sejam observados sob condições de intensidade elevada, estes efeitos parecem durar por curtos períodos. No entanto, a cronicidade do exercício, representada por um balanço energético negativo sustentado por dias, parece possuir efeitos no comportamento alimentar, alterando subjetivamente a sensação de fome a fim de compensar o gasto energético induzido pelo exercício. O envolvimento de hormônios, como alteração nas concentrações de grelina em função de redução de massa corporal podem estar envolvidos nesse processo e necessitam ser melhor estudados.

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revista digital · Año 14 · N° 134 | Buenos Aires, Julio de 2009  
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