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Apontamentos sobre aulas de 

Educação Física adaptadas para surdos

Apostillas sobre las clases de Educación Física adaptadas para zurdos

 

*Formada em Educação Física

Especialista em Educação para Surdos

**Formado em Educação Física

(Brasil)

Giseli Santos Dalpiaz*

Marcelo Gonçalves Duarte**

duartemg83@gmail.com

 

 

 

Resumo

          Estudos do Ministério da Educação (2003) mostram que a escola pública tem se tornado acessível à quase toda a população brasileira, independente de raças, religiões, condições financeiras ou sociais que as crianças estejam inseridas, por isso, tomamos conhecimento, que nas salas de aula, desde a pré-escola até o ensino médio, encontrasse uma grande diversidade cultural. No que se refere à inclusão dos deficientes neste espaço, a história nos aponta que vem ocorrendo uma evolução positiva, e cada dia encontrasse mais deficientes no ambiente escolar. Já que a inclusão não é de interesse apenas dos alunos surdos, uma vez que ao inserirmos este educando na escola regular estar-se exigindo da instituição novos posicionamentos e procedimentos de ensino baseados em concepções e práticas pedagógicas mais evoluídas, além de mudanças na atitude de professores, modos de avaliação e promoção dos alunos para séries e níveis de ensino mais avançados.

          Conseguiu-se observar com o levantamento bibliográfico o quanto o processo de inclusão do aluno surdo em aulas de Educação Física Adaptada é benéfico, fundamental, de suma importância e enriquecedor para o seu desenvolvimento pleno e o proporcionado uma fonte maior inclusão e integração com toda a comunidade escolar através da atividade física. Assim, podemos concluir que é de grande valor para os alunos surdos cada vez mais estarem incluídos nas aulas de Educação Física que a eles seja propiciado e o oferecido de forma igual. E ainda que lhes sejam proporcionados tudo que possível for para obterem uma educação de qualidade e coesa.

          Unitermos: Surdos. Educação Física. Inclusão

 

Abstract

          Studies of the Ministry of the Education (2003) show that the public school if has become accessible the almost all the Brazilian population, independent of financial races, religions, conditions or social that the children are inserted, therefore, we take knowledge, that in the classrooms, since the daily pay-school until average education, found a great diversity cultural. As for the inclusion of the deficient ones in this space, history points in them that it comes occurring a positive evolution, and each day found more deficient in the pertaining to school environment. Since the inclusion is not of interest only of the deaf pupils, a time that when inserting this educating in new the regular school to be demanding of the institution positioning and based procedures of education in evolved pedagogical practical conceptions and more, beyond changes in the attitude of professors, ways of evaluation and promotion of the pupils for series and more advanced levels of education.

          I was obtained to observe with the bibliographical survey how much the process of inclusion of the deaf pupil in lessons of Adapted Physical Education is beneficial, basic, of utmost importance and rewarding for its full development and proportionate a source bigger inclusion and integration with all the pertaining to school community through the physical activity. Thus, we can conclude that it is of great value for the deaf pupils each time more to be enclosed in the lessons of Physical Education that they are propitiated and the offered one of equal form. E despite them they are proportionate everything that possible will be for getting an education of quality and cohesive to all.

          Keywords: Deaf people. Physical Education. Inclusion

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 134 - Julio de 2009

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Introdução

    Quando se fala em pessoas com deficiência, logo nos vem à mente um individuo triste, dependente e isolado da sociedade. Mas afinal, quem são estas pessoas? Onde elas estão? Se a intenção fosse buscar definições para o termo “deficiência”, em algum momento poderiam surgir perguntas como: “pessoas que usam óculos são deficientes visuais”? Ou então, “pessoas muito obesas, muito baixas ou idosas apresentam deficiência física?”. Normalidade, diferenças individuais – difícil definir os limites. A tendência do novo milênio parece realmente ser a de derrubar barreiras, sobrepor preconceitos ou desinformações. Cada vez mais instrumentos legais têm sido criados com o intuito de oferecer às crianças e jovens brasileiros oportunidades indistintas de acesso ao ensino regular, independente de possíveis restrições motoras, sensoriais ou até mesmo intelectuais.

    De fato, não é suficiente apenas a criação de instrumentos legais que assegurem o ingresso de “todos” à escola. Mais do que isso, é preciso que se modifiquem atitudes, comportamentos, visões estigmatizadas. Até pouco tempo, acreditava-se que crianças e jovens com deficiências teriam melhores resultados caso fossem atendidos por um sistema especial de ensino, inclusive no que se refere à educação física. Nos últimos anos, muito se tem discutido sobre o movimento de inclusão escolar, professores que até então encaravam crianças com deficiências como uma realidade muito distante, agora fazem cursos e a se atualizam para atendê-los. Esta pesquisa tem como objetivo explicitar e construir hipóteses acerca do problema evidenciado, aprimorando as idéias, fundamentando o assunto inclusão de alunos surdos em aulas de educação física.

Problemática encontrada na inclusão do surdo

    A educação dos surdos é um assunto polêmico, que traz a tona limitações e problemas do sistema educacional vigente. As propostas educacionais direcionadas para crianças surdas têm como objetivo proporcionar o desenvolvimento pleno de suas capacidades. Contudo, diferentes práticas pedagógicas envolvendo tais sujeitos apresentam uma série de limitações e estes, ao final da escolarização fundamental (que não é alcançada por muitos) não são capazes de ler e escrever satisfatoriamente ou ter um domínio adequado dos conteúdos.

    Os discursos atuais evidenciam uma urgência em incluir o aluno portador de deficiência auditiva na escola regular. O argumento mais invocado é a Declaração de Salamanca junto com outros 87 governos. Na verdade, o que fica no esquecimento é o que diz seu artigo 19, assumindo pelos órgãos oficiais: “Políticas educacionais deveriam levar em consideração as diferenças e as situações individuais. A importância da língua de sinais como meio de comunicação entre surdos, que deveria ser reconhecido”. O fato é que os órgãos governamentais legitimam o compromisso com a inclusão social, mas não provém de recursos para atendimento educacional das escolas públicas. O caso do uso da língua de sinais pelo surdo é um exemplo significativo, pois afirma-lhes o direito de uso, mas há apenas uma recomendação para que pais e professores aprendam essa língua.

    A inclusão do aluno surdo não deve ser norteada pela igualdade em relação ao ouvinte e sim em suas diferenças sócio-histórico-culturais, às quais o ensino se ancore em fundamentos lingüísticos, pedagógicos, políticos, históricos, implícito nas novas definições e representações sobre a surdez. Todavia, selecionar uma língua traz uma série de tensões, principalmente por se inscreverem um grupo majoritário de ouvintes, e outro grupo minoritário daqueles que não ouvem. A escola, ao considerar o surdo como ouvinte numa lógica de igualdade, lida com a pluralidade dessas pessoas de forma contraditória, ou seja, nega-lhe sua singularidade de indivíduo portador de deficiência auditiva. Tais inconsistências reivindicam uma revisão educacional, que trace uma nova visão curricular com base no próprio surdo. Em relação à polêmica discussão acerca da educação dos surdos, configura-se a questão curricular, pois as escolas encontram-se atreladas a uma ideologia oralista, conveniente aos padrões dos órgãos de poder. Na educação dos surdos, o currículo faz parte de práticas educativas e é efeito de um discurso dominante nas concepções pedagógicas dos ouvintes.

    Estas ações materializam-se na afirmação de que o currículo é um espaço contestado de relação de poder, o que significa dizer que, nas práticas escolares, estas questões estão literalmente veiculadas em uma ordem necessária. O que a escola discute atualmente, por meio de seu currículo, é que “como se organizam os saberes e o conhecimento dentro do espaço para se ter uma educação de qualidade” (SILVA, 2001). Mas, para que estas questões passem a ser legítimas, é necessário ir além delas, olhando o currículo não apenas como organização de conteúdo, pois a educação não é neutra em seus valores. “No currículo há o conflito na compreensão do papel da escola em uma sociedade fragmentada do ponto de vista racial, étnico e lingüístico.

    Segundo Silva 2001, é preciso se assumir uma perspectiva sócio-lingüística e antropológica na educação dos surdos dentro das instituições escolares considerando a condição bilíngüe do aluno surdo. Atualmente tem-se falado muito em mudanças educacionais para os surdos. Repensar esta proposta, na verdade, é uma tarefa desafiadora.

Educação Física na Educação Especial

    O desenvolvimento da expressão corporal é de máxima importância para o surdo em qualquer idade, mas principalmente quando este é criança. É a partir da estimulação e desenvolvimento recebido na infância, que a criança surda terá maiores possibilidades de comunicação, interação e convivência social, assim como de sua realização pessoal.

    Tem-se a Educação Física, portanto, como uma aliada no desenvolvimento dos níveis motores, perceptivo, cognitivo e sócio-cultural para todas as pessoas e em especial para os surdos, porque suas aulas possuem características diferenciadas, são desenvolvidas no “pátio” ou no ginásio, permite maior liberdade, os alunos tornam-se mais espontâneos, mais criativos e produzem mais e com maior facilidade, mantendo uma constante troca de relações sociais. Nesta troca de relações, libera-se a criatividade, as emoções e produzem-se formas diferenciadas de movimentos e expressões tornando o aluno surdo mais ativo, produtivo e integrado.

    Destaca-se a criatividade e a espontaneidade dentre as características da Educação Física já citadas, já que a criatividade proporciona novas descobertas, novas percepções, revela novas formas e movimentos, onde estão interligados, principalmente os aspectos emocional, cognitivo e o corporal, e juntamente com ela percebe-se a manifestação da espontaneidade, através da demonstração das expressões corporais, a criação de novos gestos, formando uma linguagem corporal única e individual, que exprime um sentimento positivo e importante para a sua formação e desenvolvimento.

    E é dessa forma, que a Educação Física torna-se importante e necessária, e a capacitação de seus profissionais para atuarem nesta área torna-se imprescindível, visto que a atuação é também competência deste profissional, além de constituir uma área de trabalho e de uma linha de pesquisa emergente. Dessa forma, não nos resta dúvidas com relação à importância e a influência que a atividade física, ou a prática esportiva ou recreativa, ou o exercício físico, representam para a formação de todo e qualquer ser humano, e aqui em especial para a criança surda, pois além de possibilitar que ela se movimente descobrindo-se, permite também que ela descubra o mundo a sua volta desenvolvendo-se física, mental, emocional, lingüística e socialmente. É neste sentido que está a relação e a grande influência da Educação Física para o surdo e a contribuição que esta pode proporcionar para o melhor desenvolvimento de sua capacidade de comunicação e de sua melhor integração social.

    Por desconhecimento, receio ou mesmo preconceito, a maioria das pessoas com deficiência foram e são excluídas das aulas de Educação Física (EF). A participação nessa aula pode trazer muitos benefícios a essas crianças, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades afetivas, de integração e inserção social. (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1997).

    As escolas especiais, como as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), dividem a EF em:

  • EF Escolar para a Educação Infantil (0 a 6 anos) 1ª fase;

  • EF Escolar para o Ensino Fundamental e Educação Profissional para os Ciclos de; Escolarização Inicial (7 a 14 anos) 2ª fase;

  • Escolarização e profissionalização (acima de 14 anos) 3ª fase.

    A formação de turmas para o atendimento em EF, proposta pela APAE Educadora (projeto escolar), deverá observar, além da idade cronológica do aluno para a inserção nas respectivas fases, o seu padrão funcional que é a capacidade de compreensão dos estímulos e de execução dos movimentos propostos. (TIBOLA, 2001, apud GORGATTI; COSTA, 2005).

    Nas fases II (Escolarização Inicial) e III (Escolarização e Profissionalização), há três níveis de atuação da EF (nível I, II e III) e para a inserção do aluno dever-se-á considerar suas condições físicas momentâneas. (TIBOLA, 2001, apud GORGATTI; E COSTA, 2005).

Nível I:

    Estimulação motora; desenvolvimento do sistema motor global por meio da estimulação das percepções motoras, sensitivas, e mental com experiências vividas do movimento global; desenvolvimento dos movimentos fundamentais.

Nível II:

    Estimulação das habilidades básicas; melhoria da educação e aumento da capacidade de combinação dos movimentos fundamentais; desenvolvimento de atividades coletivas, visando à adoção de atitudes cooperativas e solidárias sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, sexuais ou culturais.

Nível III:

    Estimulação específica e iniciação esportiva; aprendizagem e desenvolvimento de habilidades específicas, visando à iniciação esportiva; treinamento de habilidades esportivas específicas, visando à participação em treinamento e competições. Para Gorgatti e Costa (2005) a educação física adaptada deve ser mantida a integridade das atividades e promovida a maximização do potencial individual, uma vez conhecidas às metas do programa, convém modificá-las, apenas quando necessário, sempre respeitando as metas previamente determinadas, assegurando que as atividades sejam um desafio à todos os participantes e, sobretudo, que seja valorizada a diferença. (DUARTE E LIMA, 2003; GORGATTI E COSTA, 2005 ).

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) dizem que a Educação Física para alcançar todos os alunos deve tirar proveito dessas diferenças ao invés de configurá-las como desigualdades. A pluralidade de ações pedagógicas pressupõe que o que torna os alunos diferentes é justamente a capacidade de se expressarem de forma diferente. O processo de ensino aprendizagem, a respeito dos conteúdos escolhidos deve considerar as características dos alunos em todas as suas dimensões (cognitivas, corporais, afetiva, ética, estética, de relação inter pessoal e inserção social). Não se restringe a simples exercícios de certas habilidades corporais e exercê-las com autonomia de maneira social e culturalmente significativa. Para Gorgatti e Costa (2005), é importante focalizar o desenvolvimento das habilidades, selecionando atividades apropriadas, providenciando um ambiente favorável à aprendizagem encorajando a auto-superação, a todos os participantes da EF Adaptada. Corroborando com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), quando dizem que a EF deve oportunizar a todos os alunos, independente de suas condições biopsicossociais, o desenvolvimento de suas potencialidades de forma democrática e não seletiva, visando o seu aprimoramento como seres humanos. Nesse sentido, cabe assinalar que os alunos com deficiência não podem ser privados das aulas de EF. E assim, a EF faz parte de um processo de educação do ser humano, e, se bem trabalhada e administrada, poderá surtir efeitos benéficos para os praticantes, bem como para a sociedade.

Considerações finais

    O sucesso da inclusão de pessoas com necessidades especiais no ensino regular e de uma sociedade inclusiva depende da ação conjunta de toda população. Fala-se muito em trabalhar a diversidade, mas, na prática, a comunidade e a escola ainda não dominam de modo eficaz o como realizar esse trabalho. Uma boa escola pública depende essencialmente de diretores e professores preparados, de um currículo conectado ao cotidiano, de instalações físicas razoáveis (como biblioteca, laboratórios e salas de aula que não estejam superlotadas), da vivência cultural dos estudantes e da participação da comunidade. Porém, tudo isso não se faz meramente com a boa vontade do povo, há necessidade de professores se atualizarem.

    Sabe-se que, ainda há muito que fazer pensar, pesquisar, discutir e debater sobre esse assunto, que por si só é tão complexo. As possibilidades não se esgotam com esta pesquisa, tão pouco se considera encerrado as discussões sobre o tema.Logo, o objetivo maior é sensibilizar o meio acadêmico, os pais, os professores que trabalham ou não com educação especial e a própria comunidade em geral a estarem atentos aos problemas encontrados pelos portadores de deficiência auditiva, quanto a seus anseios, as suas dúvidas e os seus desejos. Pode-se falar em integração ou inclusão dos portadores de deficiência auditiva no ensino regular à medida que esses segmentos se mobilizarem para tentar minimizar o tema em estudo, certamente estaremos dando um passo definitivo contra a exclusão e a favor da inclusão constituindo um motivo para que a escola se modernize e atenta às exigências de uma sociedade que não admite preconceito, discriminação, barreiras sociais, culturais ou pessoais.

    Esta pesquisa vem corroborar para que as escolas e os profissionais envolvidos na educação inclusiva possam obter um melhor conhecimento para que possam aplicar em seu trabalho em quanto docentes envolvidos na área de educação física escolar realidades encontradas no âmbito escolar. Um dos desafios, que se espera no futuro a escola inclusiva possa oferecer uma boa qualidade de ensino para todos e que não acabe sendo uma "utopia". Sugere-se que pesquisas na área da Educação Física inclusiva e adapta para que se possa ser realizada uma melhor educação e com qualidade e direito de igualdade a todos.

Referencias

  • BRASIL, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacionais: educação física. Brasília: m ec/sef, 1997.

  • DUARTE, E; LIMA, S. T. Atividade Física para Pessoas com Necessidades Especiais. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

  • GÓES, M, C. R. de. Linguagem, surdez e educação. Coleção Educação Contemporânea. Campinas: Autores Associados, 1996.

  • GORLA, J. I. Educação Física Especial: Testes. Rolândia-Pr: Physical-Fisio,1997.

  • GORGATTI, M. G; COSTA, R.F. Atividade Física Adaptada. Barueri - Sp: Manole, 2005.

  • SILVA, Marília da Piedade Marinho. A construção de sentidos na escrita do aluno surdo. São Paulo: Plexus Editora, 2001.

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