efdeportes.com

Atividade física e depressão. Uma breve discussão 

sobre suas relações no processo de envelhecimento

Actividad física y depresión. Una breve discusión sobre sus relaciones en el proceso de envejecimiento

 

*Graduado em Educação Física - UNICRUZ

**Mestrando em Ciências do Movimento Humano – UDESC

***Graduada em Fisioterapia – UDESC

(Brasil)

Giovane Pereira Balbé*

Roges Ghidini Dias**

Janeisa Franck Virtuoso***

gbalbe@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          O crescimento da população de idosos é consequencia da diminuição da fecundidade e mortalidade da população, o que indica uma melhor qualidade de vida nessa fase da vida. Em contrapartida, o aumento significativo dessa população eleva o número de idosos que sofrem de uma doença que atormenta a grande parte de quem envelhece, a depressão. Com objetivo de melhor entender a relação da atividade física e depressão no processo de envelhecimento, buscou-se uma breve discussão sobre o assunto. Pelo que foi apresentado, salienta-se a necessidade de aumentar a auto-estima do idoso com o intuito de dar mais valor e deste sentir-se mais amado e respeitado.

          Unitermos: Atividade física. Depressão. Envelhecimento

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 134 - Julio de 2009

1 / 1

Problematização do envelhecimento

    Vivemos um momento em que um dos grandes temas em discussão é o envelhecimento humano. Inúmeras pesquisas feitas nesta área tentam buscar respostas e soluções para minimizar as perdas decorrentes deste processo e transformar uma vida cada vez mais longa, harmoniosa e saudável.

    Atualmente, os idosos passaram a viver mais e melhor e alcançam idades mais avançadas, devido à melhoria das condições de vida. Melhorias estas tanto nos aspectos ambientais, sociais e tecnológicas (BALTES; SMITH, 2006).

    Sabe-se do crescente aumento da população mundial de idosos, onde se estima que até 2025 tenhamos cerca de um bilhão e 120 milhões de pessoas acima de 60 anos em todo o mundo (RODRIGUES; TERRA, 2006). No Brasil, atualmente a população de idosos é de aproximadamente 15.771.169 idosos, entretanto, estimativas calculam que dentro de 30 anos esta população irá duplicar (BRASIL, 2006).

    Existem várias teorias biológicas acerca do envelhecimento humano, uma delas é a que se refere a mudanças genéticas e do metabolismo das células, sendo as possíveis influenciadoras no processo de envelhecimento (STOPPE JUNIOR; LOUZÃ NETO, 1999).

    Já conforme Simões (1998) existem vários fatores influenciadores na relação da idade cronológica do idoso que justifica o processo de envelhecimento, tais como os morfológicos, os psicológicos, os hereditários, os culturais, os intelectuais e os raciais. São fatores que muitas vezes determinam o aparecimento ou agravamento de doenças nesta fase da vida.

    Os fatores mencionados acima, quando afetam um individuo idoso fazem com que este sofra um decréscimo funcional em seu organismo, necessitando de uma nova adaptação em todos os níveis sejam eles social, psicológico e físico. Estes agravantes do processo de envelhecimento não ocorrem isoladamente e sua velocidade varia de pessoa para pessoa (MAZO et al., 2005).

    Entretanto, Simões (1998) ressalta que o envelhecimento não pode ser encarado como o fim da vida, e muito menos ser justificado como impossibilidade física, social ou psíquica. Envelhecer faz parte da vida a qual apenas sofre mudanças e que dependem do compromisso de cada um tentar amenizá-las.

    Apesar da grande informação que circula diariamente nos meios de comunicação, tanto na mídia falada ou impressa, sobre envelhecimento, ainda existem muitas distorções e preconceitos no que diz respeito ao envelhecer.

    Os idosos trazem consigo uma bagagem muito grande de experiências, mas infelizmente são vistos pela sociedade como imprestáveis, sendo marginalizados e desprezados. Isso de certa forma justifica o fato da grande carência emocional e afetiva que muitos apresentam (SIMÕES, 1998). Com isso, criam-se tanto nos já idosos como nos futuros um desgosto pela vida perante essa não aceitação.

    Assim, envelhecer não deve ser visto como doença, mas sim como um processo natural pelo qual o corpo passa sendo às vezes reflexo do seu passado. Para Blazer (1998, p.15), “o envelhecer bem não se define com facilidade, mas cada um de nós reconhece com facilidade aqueles idosos que parecem ter envelhecido com sucesso”.

    A sociedade atual ainda apresenta grande dificuldade de aceitar o idoso e de torná-lo mais presente no meio social, estendendo assim, uma visão negativa sobre o idoso considerando-o como “inutilizável” (STOPPE JUNIOR; LOUZÃ NETO, 1999).

    Desta maneira, para entender melhor sobre o processo de envelhecimento precisa-se fazer algumas considerações:

    O envelhecimento se divide em envelhecimento primário, o qual corresponde a senescência, e envelhecimento secundário que corresponde à senilidade. O envelhecimento primário ou senescência consiste em um processo de mudanças biológicas influenciado pela hereditariedade. Já o envelhecimento secundário ou Senilidade deriva de fatores hostis, ambientais e tendo como particularidade advinda do trauma e doenças. A senilidade são efeitos do envelhecimento humano os quais podem ser modificados. Cabendo ainda ressaltar que o processo de envelhecimento possui doenças próprias dessa fase, que podem ser advindas tanto da senescência quanto da senilidade (BLAZER, 1998).

    O processo de envelhecimento traz como conseqüência diversas mudanças tanto nos aspectos sociais, psicológicos e físicos dos idosos. Mudanças que ocorrem no sistema endócrino, sistema imune, sistema digestivo e tantas outras alterações físicas que interferem no cotidiano, fazendo com que o mesmo tenha que se adaptar no meio em que vive. Precisa, assim de ajuda nas tarefas que antes eram tão simples e fáceis de realizar como varrer a calçada, trocar de roupa, dirigir, enfim, a vida traça novos obstáculos, portanto, há necessidade de uma nova adaptação (STOPPE JUNIOR; LOUZÃ NETO, 1999).

    Já para Shephard (2003, p. 134) o envelhecimento possui características marcantes e em sua maioria devido a mudanças físicas e que perduram para o resto da vida do idoso, como a:

    [...] altura em posição ereta diminui com o envelhecimento, principalmente por causa da cifose e da compressão dos discos intervertebrais. A massa corporal aumenta durante a meia-idade, porém permanece mais constante na velhice, à medida que o tecido magro é substituído por gordura. A perda de massa muscular leva a um declínio progressivo de força e resistência aeróbia. Os ossos mostram uma perda progressiva tanto de minerais quanto de matriz com o envelhecimento e tornam-se progressivamente mais vulneráveis a fraturas. Uma deterioração nas superfícies das articulações leva a uma alta incidência de artrite. Isso, freqüentemente, restringe as atividades rotineiras. A perda de elasticidade nos tendões e ligamentos predispõe a torções e luxações. Há um decréscimo progressivo na freqüência cardíaca máxima. Há um aumento progressivo da pressão arterial sistólica. O sistema respiratório mostra um enrijecimento da caixa torácica, porém uma perda de elasticidade no tecido pulmonar. O envelhecimento do cérebro leva a dificuldades com a memória a curto prazo, a cognição e ao aprendizado de novas tarefas. Deteriorações na visão e na audição também prejudicam algumas atividades.

    As mudanças dos papéis sociais para o idoso também fazem parte do processo de envelhecimento. A mulher, com o fim da vida reprodutiva e de cuidar dos filhos, e o homem com o fim da vida profissional, necessitam novas adaptações (STOPPE JUNIOR; LOUZÃ NETO, 1999). Para Mazo et al. (2005, p. 46), “as mudanças decorrentes do envelhecimento humano fazem da terceira idade um período de grande necessidade de ajustamento emocional”.

    Desta forma, segundo Zimerman (2000) a velhice pode ser marcada por grandes mudanças, tanto no âmbito fisiológico, psíquico e social. Onde para o idoso as perdas muitas vezes são irreversíveis, mas encarar essas adversidades e buscar uma melhoria da qualidade de vida é um ponto forte do individuo que envelhece. Salienta-se o objetivo de melhor entender a relação da atividade física e depressão no processo de envelhecimento, o que levou-nos a uma breve discussão sobre o assunto.

Depressão e sua relação com o processo de envelhecimento

    O crescimento da população de idosos é um sinal positivo, pois mostra que os mesmos estão tendo uma melhor qualidade de vida, portanto, um viver mais saudável justificando sua longevidade. Em contrapartida, o aumento significativo dessa população eleva o número de idosos que sofrem de uma doença que atormenta a grande parte de quem envelhece que é a depressão.

    O termo depressão surgiu em meados do século XIX, onde já era usado nos dicionários médicos daquele período. Os médicos da época utilizavam o termo depressão ao invés de melancolia, talvez pelo fato desta evocar um sentido fisiológico (STOPPE JUNIOR; LOUZÃ NETO, 1999).

    A depressão é uma doença que afeta a grande maioria dos idosos, devido a perdas na área intelectual com dificuldades de memorização, na área social onde as perdas devem-se ao afastamento de grupos, perda de status, abandono e isolamento. Pode ainda, em conseqüência das perdas desencadear vários problemas cardíacos, pulmonares e gastrointestinais (ZIMERMAN, 2000). As dificuldades características do envelhecimento como a diminuição da audição e visão, da força, da precisão manual, da flexibilidade, do reflexo, podem levar a perda da independência do idoso. Além da viuvez, afastamento dos filhos, aposentadoria com redução de ganhos, morte de parentes podem também contribuir ou até mesmo causar o surgimento da depressão e abalar toda a estrutura emocional do idoso (CARVALHO; FERNANDEZ, 2002).

    A vida que antes era de trabalho, dedicação aos filhos, compromissos na sociedade e no próprio local de moradia, passa a ser passado. À medida que envelhece o idoso acaba se deparando com novas mudanças que para ele muitas vezes são difíceis de aceitar e de adaptar-se.

    Para o idoso uma das mudanças que fica marcada em sua vida é a chegada da aposentadoria. Stoppe Junior e Louzã Neto (1999) ressaltam que se aposentar para alguns idosos é algo tão esperado, pois assim terão o descanso merecido. Já para outros, que viveram suas vidas só para o trabalho, sentem-se incapazes e a aposentadoria leva ao desgosto pela vida, o que faz diminuir a auto-estima e gera uma sensação imensa de vazio.

    O idoso deprimido muitas vezes não admite sofrer desta doença, mas muitas vezes a sua própria postura como, a forma de falar (aparentando cansaço, desiludido), sentado ou debruçado são algumas formas não verbais de apresentação da doença, ressalva Blazer (1998).

    Depressão está intimamente ligada ao estado emocional do individuo. Os estados depressivos, de acordo com Zimerman (2000), no idoso são muitas vezes relacionados a perdas de amigos ou de algum familiar, dificuldade de memorização, doenças, carências afetivas e aspectos sociais.

    Já para Mazo, Lopes e Benedetti (2004, p. 97) o surgimento da depressão se dá pela:

    [...] combinação de fatores genéticos, ambientais e psicológicos. Está sempre associado à diminuição de mediadores químicos como noradrenalina, serotonina e dopamina, além de outros elementos psicossociais, como a perda de pessoas queridas, ruptura de grupos de referência, redução da capacidade de adaptação, levando o individuo à dificuldade em estabelecer estruturas psicoafetivas, à escassez de recursos sociais e financeiros, principalmente frente à saúde prejudicada. A disfunção tiroidiana também pode desencadear um quadro depressivo.

    O idoso é um individuo que está suscetível à depressão, pois o próprio processo de envelhecimento favorece para sua depreciação. As perdas físicas, isolamento social, entre muitas outras formas que colaboram na diminuição da auto-estima e conseqüentemente a piora da qualidade de vida de quem envelhece.

    A depressão possui uma classificação própria que é dada através da depressão maior, que são os quadros melancólicos, psicóticos e sazonais, havendo uma variação de gravidade entre depressão leve, moderado e grave (STOPPE JUNIOR; LOUZÃ NETO, 1999).

    Além de sua classificação, a depressão possui sinais e sintomas característicos principalmente em idosos, onde podem apresentar sentimento de culpa, negativismo, irritabilidade, sensação de vazio e abandono, fadiga, falta de perspectivas, perda de apetite e peso, dificuldade de concentração, inquietação, desinteresse pela atividade sexual, distúrbios digestivos, dor de cabeça, sendo estes sintomas e sinais que não respondem a nenhum tratamento (MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004).

    Entretanto, conforme Stoppe Junior e Louzã Neto (1999) destacam que quando se fala em depressão em idosos ou indícios de depressão devemos ser muito cautelosos, pois o processo de envelhecimento por apresentar sinais e sintomas os quais podem ser confundidos com distúrbios psiquiátricos.

    Vimos muitas vezes no dia a dia a falta de consideração dos filhos perante os pais já idosos. Muitos desses idosos depois de aposentarem-se são deixados de lado ou até mesmo abandonados pelos próprios filhos, e são simplesmente “jogados” em asilos ou outras instituições. O idoso acaba confrontando com uma dura realidade que é o abandono familiar. Esta família que deveria ser o pilar para garantir a esse idoso uma vida plena, alegre e harmoniosa. Enfim, a família que teria a função de ajudar passa a ser a que mais despreza o idoso e beneficia para o desencadeamento de várias doenças, uma delas a depressão.

    O emocional abalado de uma pessoa pode surpreender muitas vezes, pois uma doença psicológica como a depressão pode ser potencialmente fatal, isto é, a possibilidade de suicídio é de 15% dos casos (CARVALHO; FERNANDEZ, 2002).

    Então, a depressão em suas mais variadas formas de expressão tal como o suicídio, a negligência com a saúde e higiene, o estresse causado pela própria disfunção cerebral, são um potencial que deve ser salientado e intervindo o mais rápido possível tentando minimizar uma possível catástrofe (BLAZER, 1998).

Atividade física e saúde no processo de envelhecimento

    A atividade física é um dos meios mais barato e mais saudáveis na qual pode melhorar a nossa saúde. Para o idoso, a atividade física é de fundamental importância, pois, o processo de envelhecimento beneficia as perdas, principalmente, nos aspectos cognitivos e físicos, assim a atividade física torna-se um fator o qual pode ajudar a amenizar estas perdas (RABACOW et al., 2006).

    O mundo atualmente vive um momento em que o sedentarismo abala toda a sociedade mundial. O fato de ser sedentário não é privilegio somente de uma classe social ou faixa etária, mas sim atinge a todos aqueles que são considerados inativos e que, portanto, não realizam nenhum tipo de atividade física regularmente.

    Segundo Mazo, Lopes e Benedetti (2004, p.110), o sedentarismo é algo que atinge a todos, mas principalmente os idosos, pois o sedentarismo ocorre em todas as faixas etárias, mas na velhice ele pode ser mais acentuado, devido à crença popular de que com o processo de envelhecimento deve-se diminuir a intensidade e quantidade de atividades físicas. Esta redução também pode ocorrer pelo receio de prejudicar a saúde e pelo medo da morte. O ser humano requer movimento, onde os resultados obtidos com um mínimo de exercícios são grandes e os benefícios incalculáveis, principalmente em se tratando do idoso. Talvez o maior benefício para manter uma boa aptidão física seja a saúde e o grau de independência que ela proporciona. Os benefícios das atividades físicas estão presentes nos aspectos biológicos, psicológicos e sociais, pois ao envelhecer os idosos enfrentam problemas como: solidão, ausência de objetivos de vida e de atividades ocupacionais, sociais, de lazer, artístico-culturais e físicas. A atividade física auxilia na reintegração destes na sociedade e melhora o seu bem-estar geral.

    São inegáveis os benefícios proporcionados pela prática da atividade física regular, maximizando uma vida mais saudável e controlando as capacidades funcionais (RABACOW et al., 2006).

    Para o idoso o tempo livre se constitui de forma mais abundante, e este deve ocupá-lo através de uma atividade física bem orientada. O beneficio desta na vida do idoso que tem seu tempo disponível é que facilita sua adaptação ao meio ambiente, dando-lhe uma nova visão de que envelhecer não é algo tão ruim. Entretanto, participar de atividades físicas orientadas facilita para uma maior motivação e se reproduz num envelhecer mais sadio (SIMÕES, 1998).

    Conforme sugere Deps (2000) a atividade física favorece a satisfação pessoal para o idoso, pois faz com que ele próprio sinta-se capaz de realizar as mais variadas tarefas sejam elas atividades domésticas, familiares, do trabalho ou lazer. O benefício da atividade física além de proporcionar a autodeterminação contribui para a prevenção de doenças, prolongando o tempo de vida. Praticar uma atividade física regular é mais um meio de melhorar a saúde física e mental dando um novo significado ao seu dia-a-dia.

    O envelhecer traz grandes mudanças no corpo do idoso e estas mudanças muitas vezes são difíceis de serem encaradas, pois para o idoso aquilo que era tão fácil de realizar como se vestir, caminhar, comer, enfim, algo tão simples passa a ser um obstáculo o qual terá que superar. Portanto, quanto mais inativo ele for mais dificuldade irá encontrar com o passar dos anos (MAZO et al., 2005).

    Aceitar as transformações que ocorrem tanto nos aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais na terceira idade é uma das formas de encarar os problemas decorrentes desta fase da vida, de forma a minimizá-los por meio da atividade física, participação na comunidade, passeios e entre outros (ZIMERMAN, 2000).

    Pessoas idosas que já sofrem de doenças sentem maior dificuldade para participar de uma atividade física. Mazo et al. (2005) diz que os idosos que apresentam mais dor física e patologias não conseguem vincular-se ao convívio social e acabam se isolando, preferindo o repouso a qualquer esforço.

    A prática da atividade física, com realização de exercícios regulares é um excelente mecanismo de propiciar bem-estar fisiológico e bom envelhecimento (BLAZER, 1998). Para Zimerman (2000), a atividade física além de proporcionar melhoras na flexibilidade, na condição muscular (força e resistência), prevenir a obesidade, prevenir a osteoporose, desenvolver a autoconfiança, a socialização, melhorar a postura, a coordenação motora e o equilíbrio, mantém e/ou propicia a independência do idoso entre outros benefícios.

    A atividade física deve ser vista pelo idoso não como sacrifício, mas sim, como algo que lhe dê prazer, sentindo-se motivado e cada vez mais satisfeito com as melhoras advindas da sua prática.

    O envelhecimento traz muitas vezes conseqüências irreversíveis que acabam prejudicando a qualidade de vida de quem envelhece. Recentemente, tem se dado um novo enfoque no que diz respeito à atividade física e saúde sendo seguidamente substituída por qualidade de vida (FLECK et al., 1999).

    Neste sentido, conforme a Organização Mundial da Saúde qualidade de vida representa a percepção do individuo de sua posição na vida no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive, considerando seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (FLECK et al., 1999).

    Portanto, a atividade física é um componente da saúde a qual é essencial principalmente quando relacionada a idosos, pois esta, favorece para que os mesmos tenham uma vida melhor, com alegria, bem estar, refletindo em qualidade de vida.

    Segundo o autor a cima, quando se fala em qualidade de vida, devemos lembrar que esta possui dois parâmetros. Um deles parâmetros subjetivos que diz respeito à bem estar, amor, felicidade, prazer, inclusão social, liberdade, solidariedade, realização pessoal, espiritualidade; e parâmetros objetivos (realização das necessidades básicas econômicas e sociais de uma determinada sociedade tais como: alimentação, acesso à água potável, educação, emprego, moradia, saúde e lazer). Estes parâmetros se interagem constituindo uma cultura formando assim uma nova noção de qualidade de vida.

    Por meio da atividade física podemos desenvolver uma melhoria qualidade de vida, implantando uma mudança de hábitos e valores em relação ao corpo e propiciando benefícios físicos, psicológicos e sociais ao idoso, retardando o desenvolvimento de doenças crônicas que acometem a população idosa, melhorando a auto-estima e oferecendo a eles a oportunidade de uma vida mais ativa (ZIMERMAN, 2000).

    Para Shephard (2003) o benefício da atividade física no processo de envelhecimento, vai mais longe do que simples respostas fisiológicas. Mas, para ele, o fato do idoso manter um estilo de vida ativo, favorece para um aumento dos contatos sociais, melhora a saúde física e emocional, como também reduz os risco à doenças crônicas. Os ganhos não somente diminuem as chances destes serem hospitalizados como, também ajudam a conter gastos dos órgãos públicos em uma sociedade que envelhece gradativamente.

    Uma alimentação adequada aliada à prática de atividade física regular, exposição moderada ao sol, estimulação mental, controle do estresse, atitude positiva são conciliações que aumentam as chances de frear os efeitos da passagem do tempo (ZIMERMAN, 2000).

    O envelhecimento apresenta características, como: perdas da massa muscular, flexibilidade, perdas cognitivas e desencadeamento de doenças como diabetes, depressão, obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares, osteoporose entre outras. Assim, a prática de atividade física regular favorece tanto para prevenção destas doenças como também ameniza ou elimina, possibilitando uma longevidade com melhor qualidade (MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004).

Algumas considerações

    Tentar conter o envelhecimento humano é algo impossível, mas fazer com os idosos possam ter um envelhecimento mais saudável é apostar na melhoria da qualidade de vida desta população. Minimizar suas perdas, e dar-lhes um novo sentido a sua vida incentivando-os a prática da atividade física é algo essencial principalmente a aqueles que querem viver mais e melhor.

    Sendo assim, aumentar a auto-estima do idoso e o prazer de viver seja ele deprimido ou não, é um papel que cabe a todos os profissionais da área da saúde e afins. Por meio do carinho, atenção, toque e a honestidade são alguns artifícios, os quais podem ser usados com o intuito de dar mais valor ao idoso e deste sentir-se mais amado e respeitado, dando novo valor a sua vida.

Referencias

  • BALTES, Paul B; SMITH, Jacqui. Novas Fronteiras para o Futuro do Envelhecimento: da Velhice bem Sucedida do idoso Jovem aos Dilemas da Quarta Idade. A Terceira Idade, São Paulo, v.17, n.36, p.7-31, jun. 2006.

  • BLAZER, Dan. Problemas Emocionais da Terceira Idade: Estratégias de Intervenção. São Paulo: Andrei, 1998.

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Saúde. 2006. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2006/matriz.htm. Acesso em: 10 mar. 2007.

  • CARVALHO, Valdecir de Fátima Cardozo; FERNANDEZ, Maria Elida Davila. Depressão no Idoso. In. PAPALÉO NETTO, Matheus. Gerontologia: A velhice e o Envelhecimento em Visão Globalizada. São Paulo: Atheneu, 2002. p.60-173.

  • DEPS, Vera Lúcia. Atividade e Bem-Estar Psicológico na Maturidade. In: NERI, Anita Liberalesso (org.). Qualidade de Vida e Idade Madura. 3.ed.São Paulo: Papirus, 2000.

  • FLECK, Marcelo Pio de Almeida et al. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL -100). Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 21, n. 1, p. 19-28, jan./mar., 1999.

  • MAZO, Giovana Zarpellon; LOPES, Marize Amorim; BENEDETTI, Tânia Bertoldo. 2.ed. Atividade Física e o Idoso: Concepção Gerontológica. Porto Alegre: Sulina, 2004.

  • MAZO, Giovana Zarpellon et al. Tendência a Estados Depressivos em Idosos Praticantes de Atividade Física. Revista Brasileira Cineantropometria & Desempenho Humano, Florianópolis. n.7, v.1, p.45-49, 2005.

  • RABACOW, Fabiana Maluf et al. Questionários de Medidas de Atividade Física em Idosos. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, Florianópolis, v.8, n.4, p. 99-106, 2006.

  • RODRIGUES, Nara; TERRA, Newton Luiz. Gerontologia Social para Leigos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006.

  • SHEPHARD, Roy J. Envelhecimento, Atividade Física e Saúde. São Paulo: Phorte, 2003.

  • SIMÕES, Regina. Corporeidade e Terceira Idade: a marginalização do Corpo Idoso. 3.ed. Piracicaba: Unimep,1998.

  • STOPPE JUNIOR, Alberto; LOUZÃ NETO, Mario Rodrigues. Depressão na Terceira Idade. São Paulo: Lemos, 1999.

  • ZIMERMAN, Guite I. Velhice: Aspectos Biopsicossociais. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/

revista digital · Año 14 · N° 134 | Buenos Aires, Julio de 2009  
© 1997-2009 Derechos reservados