efdeportes.com

Composição corporal, somatotipo e qualidades físicas de

atletas de handebol de areia feminino adulto de alto

rendimento das regiões norte e nordeste brasileiro

Composición corporal, somatotipo y cualidades físicas de atletas de balonmano 

mujeres adultas de alto rendimiento de las regiones norte y nordeste brasileño

 

*Universidad Católica Nuestra Señora de la Asunción – PY

**Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ – RJ

LABIMH - RJ

(Brasil)

José Ednaldo Alves de Sena*

José Fernandes Filho**

ed.alves@terra.com.br

 

 

 

Resumo

          Objetivo: traçar o perfil da composição corporal, da somatotipia e de qualidades físicas de atletas de handebol de areia feminino adulto das regiões Norte e Nordeste brasileiro. É um estudo transversal e descritivo com tipologia de perfil. Amostra: n=14 atletas de Handebol de areia feminino adulto de alto rendimento (Idade=21,9±3,36anos; Peso=63,9±8,70kg; Estatura=166,4±7,38cm). Para a análise da composição corporal (CP) foram usados o Índice de massa corporal (IMC) e o Percentual de gordura (%G) conforme Jackson, Pollock e Ward e para o Somatotipo (SM) o protocolo de Heath e Carter. Foram avaliadas as qualidades físicas força explosiva (FE), agilidade (AGIL), força muscular (FM), velocidade (VEL) e resistência aeróbica (RA). Na análise estatística, utilizou-se do SPSS 16.0 e do Excel 2007 para realização de médias, desvios-padrões, percentuais, tabelas e do Physical test 6.2 para realização de classificações. Resultados: na CP a média do IMC foi de 22,9±2,19kg/m² (Eutrófico) e o %G de 21,9±4,08% (Normal). Constatou-se que 21,4% e 14,3% das atletas pesquisadas encontravam-se respectivamente com o %G acima de valores relacionados à saúde e com sobrepeso. O SM médio apresentou-se Meso-endomórfico (3,8-5,2-2,0) e as qualidades físicas AGIL (10,6seg), FE (40,8cm), RA (39,2ml/kg/min) acima da média e VEL (5,08seg) e FM (60,7kgf) abaixo da média. Conclusão: Há necessidade premente de treinamento físico que contemple a composição corporal, a somatotipia e qualidades físicas de atletas de handebol de areia feminino adulto de alto rendimento estudadas das regiões Norte e Nordeste brasileiro.

          Unitermos: Composição corporal. Somatotipo. Qualidades físicas. Handebol de areia

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 133 - Junio de 2009

1 / 1

Introdução

José Ednaldo Alves de Sena    O Handebol de Areia ou "Beach Handball" é uma modalidade esportiva, atualmente, de grande destaque no cenário esportivo mundial. Sendo um esporte novo, chegou ao Brasil em 1994, ostentando atualmente este país os títulos de Bicampeão Mundial, Campeão Pan-Americano e Ibero-Americano e terceiro lugar no último mundial. Dessa forma, a responsabilidade de resultados expressivos nas competições possibilita a elaboração de estudos que proporcionem à equipe sempre estar no alto nível atlético. Nesse sentido, estudos ocorridos nas áreas da investigação esportiva indicam a necessidade de se realizar uma caracterização do perfil morfológico e funcional, recomendando-se a observação quanto ao processo de construção do alto rendimento. Corroborando com essa afirmativa Bayer (1987), argüi que o atleta dessa modalidade esportiva, além das qualidades atléticas, oriundas de valências físicas especificas, deve possuir conjuntamente qualidades morfológicas ao serviço de uma máxima mobilidade em todos os sentidos, para responder às exigências em diferentes situações de jogo. Dentro dessa perspectiva é que se propôs a elaboração desta pesquisa cujo objetivo foi traçar o perfil da Composição corporal, da somatotipia e das qualidades físicas de atletas de Handebol de areia feminino adulto de alto rendimento das regiões Norte e Nordeste do Brasil, e assim, de posse dos resultados, mostrar às autoridades que lidam com esse esporte, possíveis pontos fracos que possam ser trabalhados durante a preparação das atletas.

Metodologia

Modelo e tipo do estudo

    A presente pesquisa é caracterizada como um estudo transversal, descritivo sendo o tipo de estudo empregado o de perfil. Nos estudos transversais todas as medições são feitas num único "momento", não existindo, portanto, período de seguimento dos indivíduos (MENEZES, 2008). Já no que consiste a pesquisa descritiva Thomas e Nelson (2007), afirmam que essa é “um estudo de status e é amplamente utilizada na educação e nas ciências comportamentais”. Os referidos autores citam ainda que “o seu valor está baseado na premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio de observação, análise e descrição objetivas e completas”. Já segundo Thomas e Nelson (2007), o estudo do perfil “é utilizado para mostrar vários padrões de características. Em essência, se resume em colocar o indivíduo em uma escala de teste de um número de características e traçar o seu perfil”.

Local do estudo

    O estudo foi realizado no setor de Avaliação Física, na quadra poli-esportiva e na pista de atletismo do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.

Universo e tamanho da amostra

    O universo da pesquisa foi formado por atletas de Handebol de areia. A amostra foi escolhida de maneira intencional e composta por n=14 atletas de Handebol de areia feminino adulto de alto rendimento das regiões Norte e Nordeste, todas aparentemente saudáveis, e com idades entre 18 a 29 anos.

Procedimentos

    A presente pesquisa comportou três momentos distintos: inicialmente foi mantido contato com a Técnica da seleção, e via declaração, foi mostrada a relevância da pesquisa, obtendo assim, a devida permissão para realização da mesma. Seqüencialmente, as atletas foram contatadas de forma grupal, sendo informadas dos procedimentos e objetivos da avaliação para a pesquisa, e também dos possíveis desconfortos, riscos e benefícios, e após voluntariamente aceitarem participar, assinaram por extenso, um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, como também foi marcado dia, hora e local para participarem das mensurações das medidas antropométricas e dos testes físicos. Por último, de posse do material (protocolos, instrumentos antropométricos e os relacionados à medição de qualidades físicas) foi realizada a aplicação dos mesmos. As medidas necessárias para a avaliação foram realizadas por um especialista na rotina de avaliação física em saúde; e todos os instrumentos foram previamente calibrados. Foi explicado que as respostas teóricas e testes práticos seriam confidenciais e só resultados globais entrariam na pesquisa para o conhecimento. Além de que foram também seguidos os procedimentos da resolução 196/96, que se refere à pesquisa com seres humanos.

Parâmetros estudados

  • Peso corporal: para mensurar o peso corporal, foi utilizada uma balança antropométrica da marca Filizola, modelo Personal, com capacidade para 180 kg e com divisão de 100/100 gramas. O peso foi registrado em quilogramas (Kg) e uma casa decimal. No ato da pesagem, a atleta foi posicionada no centro da balança, descalça e ereta, com o olhar num ponto fixo à sua frente e estando de frente para a escala de medida. Foi realizada apenas uma medida (BARBANTI, 1983; FERNANDES FILHO, 2003).

  • Estatura: para a medida da estatura, foi utilizado um estadiômetro tipo trena da marca Seca, com 200 cm de comprimento, com escala de divisão em milímetros. A estatura foi registrada em centímetros, respeitando-se uma casa decimal. Foi realizada apenas uma medida, com a atleta descalça, em posição anatômica – braços caídos ao longo do corpo, com as mãos em supinação, pés unidos e com suas porções distais apontando para frente – e com as regiões pélvica, escapular e occipital encostadas na haste inclinada do instrumento de medição. A cabeça foi posicionada em função do Plano de Frankfurt, que é caracterizado por uma linha imaginária, paralela ao solo, que passa pelo ponto mais baixo do bordo inferior da órbita direita e pelo ponto mais alto do bordo superior do meato auditivo externo correspondente (BARBANTI, 1983; PITANGA, 2004; FERNANDES FILHO, 2003). A medida foi realizada com o indivíduo em apnéia respiratória, em função do turno.

  • Circunferências: para mensurar a circunferência do braço em contração isométrica máxima e da panturrilha foi utilizada uma fita de medida antropométrica marca Mabis - Modelo Gulick - confeccionada em fibra de vidro, com 150 cm de comprimento e graduada em milímetros. Foi realizada apenas uma medida de cada uma das circunferências, com a atleta em posição anatômica, de frente para o avaliador e com as pernas ligeiramente afastadas (CALLAWEY et al. apud PITANGA, 2004; MATSUDO, 2000). A medição da circunferência do braço foi feita com o braço direito posicionado na horizontal, com o antebraço fletido em supino, num ângulo de 90°, considerando-se o maior perímetro do braço. A medida da circunferência da perna foi tomada na maior circunferência da perna direita, com a atleta em pé, com as pernas levemente afastadas (FERNANDES FILHO, 2003).

  • Dobras cutâneas: As medidas das dobras cutâneas tricipital, supra-iliaca, coxa, subescapular, supra-espinhal e perna foram obtidas através de um adipômetro da marca Sanny – AMB, com precisão de 0,1 mm. Foram realizadas duas medidas de cada uma das dobras, com a avaliada em posição anatômica e relaxada e obtida a média delas. As medidas foram mensuradas no hemicorpo direito e o compasso colocado de forma perpendicular à dobra (PETROSKI, 1999).

  • Diâmetros: O instrumento empregado foi um paquímetro da marca WCS e com divisão de 1/1mm. Diâmetro bi-epicondiliano do úmero (cotovelo): a atleta foi posta de pé com o ombro e o cotovelo flexionados em um ângulo de 90º. As hastes do paquímetro foram dispostas em um ângulo de 45º em relação à articulação do cotovelo. O avaliador colocou-se à frente da avaliada utilizando os dedos médios para delimitar o diâmetro bi-epicondiliano enquanto os dedos indicadores controlavam as hastes do paquímetro para realizar a medição. Diâmetro bi-epicondiliano do fêmur (joelho): a atleta foi posta sentada, com sua perna e coxa formando um ângulo de 90º entre si, tendo os pés livres. Com o auxílio dos dedos médios as hastes do paquímetro foram apoiadas nos epicôndilos em ângulo de 45º em relação à articulação de joelho e os dedos indicadores controlavam as hastes do paquímetro para realizar a medição (ROCHA, 1995).

  • Índice de Massa Corporal – IMC: as características morfológicas globais foram delineadas através do IMC – Índice de Massa Corporal de Quetelet, que é a razão entre o peso do indivíduo em quilos e sua altura em metros ao quadrado (CRONK; ROCHE, 1982). Os pontos de cortes do IMC para avaliação do estado nutricional das atletas foram obtidos segundo a classificação da OMS (1995).

  • Percentual de gordura: inicialmente estimou-se a densidade corporal, utilizando-se da equação de Jackson, Pollock e Ward (1980) citado por Costa (2001). Para a realização do cálculo do percentual de gordura (%G) foi utilizada a equação proposta por Siri (1961) citada por Guedes (1989).

  • Somatótipo: Os valores do somatotipo foram obtidos através do método somatotípico de Carter e Heath (1990) de acordo com o protocolo da Sociedade Internacional para o Avanço da Cineantropometria – ISAK (2000) e registrados na ficha registro de características somatotípicas.

  • Força explosiva: Força referida por Adams (1990), como Jump Test, pela facilidade de método e de equipamento. Em uma parede escalonada mediu-se a altura total da atleta. Com as pontas dos dedos sujas de giz, e sem realizar corrida de aproximação, a atleta saltou o mais alto possível, registrando-se na escala a altura alcançada no salto. Mediu-se a Potência, subtraindo-se da altura alcançada no salto, a altura total. Foram feitas 3 tentativas, considerando-se a de melhor performance (ROCHA, 1995).

  • Agilidade: Com o objetivo de mensurar a agilidade, foi utilizado o teste Shuttle Run de Jonhson e Nelson. Foram marcadas no terreno duas linhas paralelas distando 9,14 m uma da outra, sendo que foram colocados dois blocos atrás de uma delas. A atleta posicionou-se de pé atrás da linha de partida e após o comando de “Vai!” a mesma correu em direção aos blocos que estavam atrás da outra linha paralela; a atleta pegou um deles e o depositou na linha de partida; retornou o mais rápido possível e repetiu esta seqüência, buscando agora o 2º bloco e posteriormente também o deixando na linha de partida sem o jogar em nenhuma das voltas. Foram realizadas duas tentativas com intervalos de descanso entre elas; o melhor resultado foi verificado pelo menor tempo obtido entre estas duas tentativas com uma precisão de décimos de segundos.

  • Força muscular de preensão manual: Foi utilizado para medir a força muscular, o Teste de preensão de mão (hand grip) de Johnson e Nelson (1979) citado em Marins e Giannichi (1998). O instrumento utilizado, um dinamômetro Jamar® ZN 100KGF, com escala graduada em quilos, que varia do 0 aos 100 quilos (Kgf) foi seguro pela mão direita da testanda que aplicou força manual no mesmo. A máxima preensão exercida pela testanda foi lida no aparelho, sendo computado o melhor resultado de duas tentativas executadas. A mesma ação foi feita com a mão esquerda. Seguidamente, utilizou-se a tabela para classificação da força de preensão manual (PITANGA, 2004).

  • Velocidade: Para medir a velocidade, foi empregada a corrida de 30 metros citado em Marins e Giannichi (1998). No teste o testador comandará, dizendo: “Prontos?”, “Vai!”. Ao exclamar: “Vai!”, ele abaixou o braço, para que os outros testadores, posicionados na linha de chegada, acionassem os cronômetros. Demarcou-se uma linha no chão, tanto na saída, quanto na chegada. As testadas correram, o mais rápido possível, até ultrapassarem a linha de chegada. Obteu-se o resultado do teste, computando-se em décimos de segundo, conforme o tempo gasto para percorrer os 30 metros. O cronômetro foi travado, quando a maior parte do corpo da testanda ultrapassou a linha de chegada.

  • Resistência aeróbica (VO2mx): Foi utilizado para medir a resistência aeróbica o teste Multistage Fitness Test, Department of Physical Education and Sport Science Loughborough University 1987, citado pelo National Coaching Fundation (1998). Nesse teste, a atleta percorreria uma distância de 20 metros, ininterruptamente, com o ritmo marcado por um bip, previamente gravado no protocolo em CD. Ao sinal do testador, o teste iniciou com a atleta andando ou correndo lentamente, acompanhando o bip, tendo que passar pelas linhas demarcadas, em uma distância de 20 metros. O ritmo aumentava, gradativamente, obrigando a atleta a correr cada vez mais rápido, até ao ponto em que não conseguia mais acompanhar o ritmo ditado pelo bip. Cada período rítmico foi denominado nível, tendo uma duração de 1 minuto. Os resultados foram comparados a uma tabela, correspondendo o ponto de parada com um valor de Vo2max. O Vo2max foi calculado, a partir da velocidade de corrida alcançada e executada no ultimo período. Foi utilizado como material, uma pista de 20 metros, e um CD com a gravação do protocolo do Teste de Course Navette.

    Processamento e análise de dados: Para formar o banco de dados e utilizar as técnicas da estatística descritiva de média (x), desvio-padrão (DP), mínimo, máximo, range e percentuais, utilizou-se do SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 16.0. Foi usado o Excel 2007, para elaboração de tabelas e o Software Physical Test versão 6.2 para realização de classificações.

Resultados e discussão

Tabela 1. Distribuição dos valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo de atletas de 

Handebol de areia feminino adulto das regiões Norte e Nordeste brasileiro.

Variáveis

Atletas (n = 14)

x ± sd

min

max

range

Idade (anos)

21,9 ± 3,36

18

29

11

Peso (kg)

63,9 ± 8,70

46,70

77,60

30,90

Estatura (cm)

166,4 ± 7,38

152,00

175,00

23,00

IMC (kg/m²)

22,9 ± 2,19

20,20

27,40

7,20

Gordura (%)

21,9 ± 4,08

15,48

29,45

13,97

Endo

3,8 ± 0,90

3,07

6,06

2,99

Meso

5,2 ± 1,11

3,50

7,07

3,57

Ecto

2,0 ± 0,84

0,61

3,13

2,52

AGIL (seg)

10,6 ± 0,36

9,85

11,53

1,68

FE (cm)

40,8 ± 5,82

32,50

53,00

20,50

VEL (seg)

5,08 ± 0,30

4,73

5,77

1,04

FM (kgf)

60,7 ± 10,85

44,00

81,50

37,50

RA (ml/kg/min)

39,2 ± 5,40

29,80

46,60

16,80

IMC = índice de massa corporal; AGIL = agilidade; FE = força explosiva; VEL = velocidade; FM = força muscular; RA = resistência aeróbica.

    A idade média expressa em anos apresentou uma população caracterizada na fase adulta jovem (MOREIRA 2001). Esses dados estão de acordo com estudos em atletas do sexo feminino de handebol de alto nível no Brasil, onde foi encontrada uma média de 20,26 anos (KNIJNIK; SIMÕES, 2000).

    Nesse estudo, quando da análise da Composição corporal, (Tabela 2) o IMC apresentou-se eutrófico. Resultado similar também foi obtido tanto em atletas de clubes participantes da V Liga Nacional de Handebol Feminino Adulto, quanto em atletas da Seleção Brasileira de Handebol Feminino, a nível Olímpico. Aqui cabe ressaltar que, embora este parâmetro não seja muito recomendado para conferir diagnóstico nutricional a indivíduos atletas, pois consegue apenas mostrar a massa corporal total e não diferencia a massa corporal magra (ANJOS, 1992) pode-se comumente encontrar atletas com esse índice alterado (GUERRA; KNACKFUSS; SILVEIRA, 2006). Este fato foi observado quando da classificação percentual, onde se pôde constatar na amostra deste estudo 14,3% das atletas com sobrepeso.

    Conforme se observa na Tabela 2, o percentual de gordura (%G) de 21,9% da amostra encontra-se classificado dentro da média que está entre 16–25%. Corroborando, Colares (1994), em seu trabalho com atletas de handebol competitivo, encontrou valores de percentual de gordura para atletas adultas de 21,8%, sendo semelhantes aos evidenciados no presente estudo através da mesma metodologia aplicada (SIRI, 1961). Entretanto, se esses valores são considerados normais para a aptidão física relacionada à saúde, eles estão acima do previsto para atletas do sexo feminino desse esporte os quais quando relacionados à alta performance atlética poderá ser bem menor, fato esse observado em relação às atletas da Seleção Brasileira de Handebol Feminino de nível Olímpico, o qual o percentual encontrado foi de 11,0% (FRÓES et al., 2008). Isso muito provavelmente ocorreu devido ao fato de que as atletas de altíssimo rendimento, além de se dedicarem a um período e a uma duração de treinamento maior, possuem acompanhamento nutricional e equipe técnica especializada. Também é oportuno ressaltar que 21,4% das atletas pesquisadas encontravam-se com o percentual de gordura acima dos valores relacionados à saúde.

Tabela 2. Relação dos valores médios do IMC e da Gordura % com os respectivos valores de referência 

de atletas de Handebol de areia feminino adulto das regiões Norte e Nordeste brasileiro.

Composição corporal

Atletas (n = 14)

X

Referência

IMC (kg/m2)

22,9

18,5 £ IMC < 25

Eutrófico*

Gordura (%)

21,9

16 – 25%**

Normal

Fonte: *OMS (1995). **Pollock; Wilmore (1993); Heyward; Stolarczyk (1996); Foss; Keteyian (2000).

    Em relação aos componentes do somatotipo (endo-meso-ecto) foi verificado que, de acordo com a tabela 3, os sujeitos do estudo, em média, revelaram uma característica Meso-endomórfica, independentes de suas funções a serem desempenhadas dentro de uma partida. Embora vários estudos (POWERS; HOWLEY, 2000; DANTAS, 2001; FERNANDES FILHO, 2003; MEDINA, 2000), afirmem que as atletas de alto nível de diversos esportes apresentam predominância do componente mesomorfo, demonstrando que a muscularidade é um fator primordial para o desempenho esportivo, as atletas avaliadas nesse estudo, em média, ao apresentar a classificação Meso-endomórfica não detém um tipo físico condizente com o alto rendimento (CUNHA JUNIOR et al., 2006), haja vista os moderados valores de endomorfia dificultarem a alta performance atlética. Estudos de Nogueira et al. (2005) mostraram valores médios classificados como Mesomorfo Balanceado para as atletas que disputaram os Jogos Pan Americanos.

Tabela 3. Relação dos valores médios do somatotipo de atletas de Handebol de areia feminino adulto das regiões Norte e Nordeste brasileiro.

Somatotipo

Endomorfia

Mesomorfia

Ectomorfia

Somatotipo

Atletas (n = 14)

3,8

5,2

2,0

Meso-endomórfico

Fonte: ISAK (2000).

 

Tabela 4. Relação dos valores médios de qualidades físicas com os respectivos valores de referência 

de atletas de Handebol de areia feminino adulto das regiões Norte e Nordeste.

Qualidades físicas

Atletas (n = 14)

x

x referência

Classificação

AGIL (seg)

10,6

11,4–10,9

Acima da media1

FE (cm)

40,8

Desempenho acima de 90%2

VEL (seg)

5,08

3s08–4s19

Abaixo da média3

FM (kgf)

60,7

Desempenho de 40%4

RA (ml/kg/min)

39,2

38-48

Boa5

Fonte: 1Kiss (1987); 2Montaye (1988, apud Fernandes Filho,2003); 3Popov (1986, apud Marins; Giannichi, 1888); 4Fitness Canadá (1987); 

5ACMS (1980). AGIL = agilidade. FE = Força explosiva. VEL =velocidade. FM = Força muscular. RA = resistência aeróbica.

    Por ser um esporte que exige muita ação e movimentos rápidos, o handebol requer das atletas qualidades físicas básicas essenciais à alta performance. Nesse estudo, conforme Tabela 4 qualidades físicas que dão suporte aos desempenhos técnicos e táticos como agilidade, força explosiva de membros inferiores e resistência aeróbica, apresentaram valores acima da média, indicando boa preparação das atletas em relação a essas variáveis. Por outro lado, o handebol é um desporto que também apresenta características de esforços físicos de alta intensidade e de curta duração, com ênfase nas capacidades motoras de velocidade e de força. Nesse sentido, no presente estudo foram observados baixos valores em relação à velocidade e à força muscular de membros superiores. No âmbito das capacidades físicas capazes de serem melhoradas, essas duas são de fundamental importância para otimizar a qualidade e dar maior rendimento a gestos específicos desse esporte como força e velocidade nos arremessos.

Conclusão

    Conclui-se que, no que consiste à composição corporal embora seus valores médios estivessem dentro dos padrões de normalidade, foi observado atletas com o %G e IMC acima do valor previsto na literatura para atletas feminino desse esporte. Os valores moderados do componente endomorfo apresentados mostraram que essas atletas, em média, não possuem um tipo físico condizente com o alto rendimento. No que consiste às qualidades físicas, as variáveis velocidade e força encontravam-se abaixo das médias citadas na literatura. O estudo mostrou a necessidade premente de treinamento que vise os pontos fracos das variáveis acima estudadas de atletas de handebol feminino das regiões Norte e Nordeste brasileiro.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/

revista digital · Año 14 · N° 133 | Buenos Aires, Junio de 2009  
© 1997-2009 Derechos reservados