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Análise da interferência da prática da hidroginástica 

no desempenho das AVD’s em indivíduos idosos

Analysis of the interference hidroginastic practice in the 

performance in the daily life activities in elderlies individuals

 

*Programa de Pós graduação Strictu Senso em Avaliação das Actividades Físicas e 

Desportivas da Universidade Traz os Montes e Alto D’Ouro. UTAD (Portugal)

**Programa de Graduação em Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos, UNIPAC (Brasil)

***Programa de Graduação em Educação Física da Faculdade Sudamérica (Brasil)

Mauro Lúcio Mazini Filho*

Adelita de Castro de Souza Lima**

Gabriela Resende de Oliveira Venturini***

André Luiz Zanella*

Rafael Pedroza Savóia*

Dihogo Gama de Matos*

personalmau@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          A prática de exercício físico, além de combater o sedentarismo, contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso. O objetivo do estudo foi verificar o efeito da prática de hidroginástica sobre as AVD’s do indivíduo idoso associada à saúde. Nesta pesquisa participaram deste estudo 20 (vinte) indivíduos com idade acima de 60 anos praticantes de hidroginástica. Através do instrumento utilizado procurou-se avaliar o nível de autonomia para com as atividades da vida diária antes e depois do ingresso no programa de hidroginástica. Após análise dos resultados constatou-se que as principais atividades da vida diária que não eram realizadas autonomamente antes do ingresso no programa da hidroginástica foram: sentar e levantar de uma cadeira sem braços, subir degraus, fazer compras, andar mais depressa e ficar muito tempo em pé.

          Unitermos: Hidroginástica. Idosos. AVD’s

 

Abstract

          The practice physical exercise, beyond to fight the sedentary, contributes in the significant for the maintenance elderly physical ability. The objective of the study was check the effect the practice hidroginastic about the Daily Life Activities elderly individual to associate to health. Participant study twenty individuals with age above sixty years old practices of the hidroginastic. Across the instrumental used looked assess the level of the autonomy to with the activities of daily life before and after the entry in the hidroginastic’s programme. After analysis noticed the mains activities of the daily life wasn’t fulfill autonomy before to assess in the stand up in the shopping, walk very fast and to stay for long time stand up.

          Keywords: Hidroginastic. Elderlies. Daily life activities

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 133 - Junio de 2009

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Introdução

    Segundo dados do IBGE (2001), no ano de 2030 o Brasil obterá a sexta população mundial em número absoluto de idosos. No ano de 2025 os idosos representarão 14% da população brasileira, com a idade superior atingindo uma marca de 75,3 anos e de acordo com esta estimativa, o Brasil deixará de permanecer no 16º lugar na relação de países com população de idosos que, atualmente, em números, representa 14 milhões, estimando para 2020 uma margem de 31 milhões e isso adverte que a terceira idade está em progressiva ampliação no Brasil, conforme estudos descritos. Envelhecer significa ter um declínio de todos os processos fisiológicos, dificultando a realização das atividades de vida diárias ou AVD’s, com base nas idéias relatas. Esclarecendo e acrescentando ainda mais outros pesquisadores ressaltam que “a deteriorização natural da função fisiológica com a idade pode ser atenuada ou revertida com o treinamento regular, suficiente e de modo satisfatório de desempenho e força”, pois a prática diária e regular de hidroginástica melhora todos os componentes do condicionamento físico. Pesquisas trazem considerações mostrando que o envelhecimento é um processo complexo cujas alterações geram transformações estruturais no corpo humano e, em conseqüência, transtornam as suas funções. Este sucessivo processo de mudanças avança contra parte da vida e é assinalado por numerosos fatores genéticos e ambientais. Com o transpor dos anos há uma variação nos hábitos diários de vida incluindo o sedentarismo em decorrência de um declínio da capacidade funcional e este pode gerar uma série de ameaças ao corpo que podem ser alteradas com uma modificação no estilo de vida, por meio de hábitos mais saudáveis. Em vistas de que de nada adiantaria haver uma maior perspectiva de vida sem possuí-la com qualidade. A participação real de uma atividade física regular, adequada e ajustada promove não só progressos das capacidades físicas, mas igualmente também das psicológicas e sociais proporcionando uma melhor qualidade de vida, como afirmam alguns estudos. Numerosos são os fatores que influenciam a fase do envelhecimento, procriando diferentes modificações, desencadeando obstáculos, perdas e ganhos. Essas modificações podem ser fisiológicas, anatômicas e comportamentais, caracterizando-se em idades. Propõem que a prática de uma atividade como a hidroginástica torna o idoso mais competente e mais saudável, proporcionando-lhe um desenvolvimento na sua qualidade de vida, devido aos múltiplos benefícios que ela oferece tais como: aumento na amplitude articular, aumento da densidade óssea, aumento da coordenação, da agilidade, diminuição da ansiedade e da depressão e principalmente a independência nas atividades diárias (AVD’s). A hidroginástica, adquirindo um caráter de prevenção patológica e de bem-estar pessoal na vida cotidiana, se individualiza das outras atividades, realçando muitos benefícios, devido às propriedades físicas que o meio líquido oferece. Tais propriedades exercem grande reforço para o trabalho como: peso corporal avaliado em 90% dentro da água, redução do impacto nas articulações, ambiente descontraído, incremento da autoconfiança, musculatura agonista e antagonista trabalhadas igualmente, ausência do desconforto da transpiração aparente, entre outras mais. Os vários benefícios relacionados à prática da hidroginástica, que podem atenuar os efeitos da ação do tempo sobre a vida do idoso, influenciam direta e indiretamente no seu modelo funcional. O envelhecimento é um processo muito complexo; os indivíduos possuem características diferentes e envelhecem de forma diferente. Para classificar o nível de autonomia, tendo em vista a variabilidade de idosos, a American Geriatrics Society, utiliza como referência o termo “Atividade da Vida Diária” (AVD), que permite saber o que um idoso verdadeiramente pode praticar. Através da prática regular de exercícios físicos, como uma atividade física planejada, estruturada, repetitiva, sempre orientada por profissionais especializados, dentro das possibilidades individualizadas, pode-se aprimorar ou conservar um ou mais componentes da aptidão física (melhor funcionamento do coração, pulmão, circulação sangüínea, diminuição do estresse, da gordura corporal, capacitando os idosos a serem indivíduos autônomos, entre outros benefícios), em determinada concepção. Baseado nesta afirmativa este artigo teve como objetivo quantificar a interferência da prática da hidroginástica no desempenho das atividades da vida diária de idosos, utilizando um questionário adaptado de Matsudo e Pereira (2000), constando questões para dados demográficos e atividades funcionais relacionadas ao dia a dia dos participantes. Portanto, este artigo justificou sua relevância, pois há necessidade da elaboração de um programa de hidroginástica para a terceira idade que prepare o idoso para executar suas atividades da vida diária, ou seja, tentar ser um anteparo para que não perca a sua auto-suficiência, através da manutenção de sua saúde física, social, funcional e mental.

Envelhecimento humano

    É vastamente conhecido que a velhice é inevitável, faz parte da vida, portanto o envelhecimento é um processo natural e que a senescência não é patológica, pois é intrínseca à condição humana. Nesta mesma linha de raciocínio, uma investigação realizada descreve e ressalta que o envelhecimento é um processo dinâmico, irreversível, vagaroso e gradual; sendo a somatória de múltiplos processos entre si, abarcando os aspectos biopsicossocial e completa afirmando ser um processo de involução universal, culminando com a morte. O envelhecimento não se dá de um dia para o outro e nem em uma determinada idade, ocorre progressivamente dando condições de adaptação física e emocional às mudanças, à medida que vão sobrevindo. O processo de envelhecimento realiza-se com todos os seres vivos, mas é com o ser humano que este processo acarreta desconforto, desalento, pois o tema velhice vem acumulado de preconceitos de caráter negativo. Os atributos negativos vêem determinados pela sociedade que prioriza as características biológicas e físicas. Para a nossa sociedade atual ser um velho tem um grande significado subjacente, muito negativo e salienta fundamentado numa idéia errônea de que obrigatoriamente o envelhecimento causa “incompetência comportamental”. A sociedade julga o idoso um sujeito pouco importante, demonstrando que ser velho exprime ser incapaz, é ser problema, associando o envelhecimento natural à senilidade, a dependência, a perda de status social e à impotência; enfim, o idoso torna-se uma pessoa que incomoda e atrapalha as outras. Diante desta imagem tão negativa ditada pela sociedade, destaca que o idoso opõe-se a pensar e nega o seu próprio envelhecimento. Através dessa desvalorização, o idoso diminui a sua participação no meio social, gerando um sentimento de inutilidade, levando-o a apresentar problemas orgânicos e psicológicos ocasionando o isolamento social deste sujeito. O ser humano sente medo da velhice, pois esta, ameaça a integridade de seu corpo, o que exprime perder habilidades e isso o intimida, pois a sociedade torna patente a preocupação com o corpo bonito e jovem, estar decadente significa ser excluído, abandonado. Assim as capacidades físicas, as modificações anátomo-fisiológicas, as alterações psicossociais e cognitivas, são regredidas ao decorrer do processo de envelhecimento, bem como: Capacidades físicas - há uma diminuição de: coordenação motora grossa e fina, habilidades, equilíbrio, esquema corporal, visão e audição; Modificações anátomo-fisiológicas - hipotrofia cerebral e muscular, diminuição da elasticidade vascular e muscular, concentração de tecido adiposo, tendência à perda de cálcio pelos ossos, desvios de coluna, redução na mobilidade articular, altura, densidade óssea, volume respiratório, resistência cardiopulmonar, freqüência cardíaca máxima, débito cardíaco, consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e mecanismos de adaptação (hemodinâmicos, termorreguladores, imunitários e hidratação), insuficiência cardíaca; Função cognitiva - é expressa pela velocidade de processamento nas informações, assim influenciada pela quantidade de motivação e estimulação. Com isso, só sofrerá alterações negativas se não for estimulada. Alterações psicossociais - ocorre, a diminuição da sociabilidade, a depressão, mudanças no controle emocional, isolamento social e baixa auto-estima, ocasionadas pela aposentadoria, pela dificuldade auditiva, visual e motora, pela síndrome do ninho vazio (saída dos filhos de casa), pela impotência sexual, entre outras. A amplitude dos movimentos em torno das articulações declina-se com a idade, característica esta essencial do envelhecimento. A inatividade física mostra que um número sempre crescente de idosos está vivendo abaixo dos limites da capacidade física, bastando qualquer doença inesperada para se tornarem dependentes. A figura a seguir mostra os efeitos que ocorrem no processo de envelhecimento, de acordo com o Colégio Americano de Medicina Esportiva.

Figura 1. Efeitos do processo de envelhecimento

Hidroginástica

    De acordo com a história, o emprego da água como agente terapêutico é conhecido desde a antiguidade por diferentes civilizações: egípcios e romanos arquitetaram termas e banhos públicos com intenções curativas e recreativas. A hidroginástica traz na sua origem e desenvolvimento na Alemanha, propondo-se atender a um grupo de pessoas com idade avançada que necessitavam exercitar uma atividade física segura, sem risco de ocasionar lesões e que proporcionasse bem-estar físico. Passando a existir nos Estados Unidos, com propósitos terapêuticos, conhecida hidroterapia, foi desenvolvida e aperfeiçoada por cientistas, médicos e professores. Atualmente é praticada e estudada em quase todos os grandes centros do mundo. A hidroginástica é a ginástica na água, a qual se diferencia das outras atividades, realçando alguns benefícios, devido às propriedades físicas que o meio oferece. Os exercícios físicos são executados com ou sem material em piscina: valendo da resistência da água como sobrecarga, visando uma melhor qualidade de vida e ao bem estar físico de seus praticantes. A temperatura da água é uma característica importante e deve ser observada neste tipo de atividade. A temperatura ideal para prática de atividades aquáticas não competitivas deve ser entre 27° e 29° (graus) e esta é dependente da faixa etária dos praticantes. Acima de 31º só em caso de trabalhos terapêuticos.

    Outro benefício é o empuxo, pois as articulações sofrem menos impacto com o solo durante os saltitamentos, fator importantíssimo para as pessoas em condições posturais especiais, para gestantes, para obesos e pessoas com osteoporose. A resistência da água contra uma ação de movimentos seqüenciais num determinado tempo devido a sua sobrecarga melhora o componente cardiorespiratório e neuromuscular (RML).

    Corpos imersos apresentam uma sensação de alívio de peso e facilita a execução de exercícios para gestantes, obesos e portadores de deficiências físicas. A freqüência cardíaca na água é menor, quando comparada com a mesma intensidade de exercício em terra. De acordo com todas essas características verificadas na literatura, fica evidente que a Hidroginástica proporciona benefícios variados, a nível físico. Os principais benefícios à saúde, adquiridos com a prática de atividade física, se referem aos aspectos antropométricos, neuromusculares, metabólicos e psicológicos. As modificações são: o aumento do volume sistólico, da ventilação pulmonar, potência aeróbica; a melhora do perfil lipídico, da sensibilidade à insulina e a diminuição da freqüência cardíaca em repouso e no trabalho submáximo, da gordura corporal; da pressão arterial; o incremento da força e da massa muscular; da densidade óssea e da flexibilidade. Outros benefícios da hidroginástica, que ainda podem ser destacados são: melhoria da postura, redução do impacto articular, alívio das dores, alívio das tensões, diminuição da ansiedade e do estresse do dia-a-dia, melhoria da qualidade do sono, aumento da motivação, melhora a coordenação motora, proporcionando bem-estar físico, mental e uma melhor qualidade de vida.

Hidroginástica e o idoso

    A hidroginástica é a somatória de exercícios com movimentos precisos e bem dirigidos no meio onde, a ação da gravidade, incide brandamente impedindo dessa maneira os micro-traumas comuns à prática física, resultando numa atividade que interage automaticamente nos domínios afetivos, cognitivos e motores. Recomenda-a prática da hidroginástica como uma boa atividade para as necessidades dos idosos e sem qualquer contra indicação. Os exercícios na água propiciam um ambiente de alegria, descontração e prazer, que aproveita a resistência da água como sobrecarga, fortalecendo as estruturas musculares. A hidroginástica atua fortalecendo as estruturas musculares e tem caráter moderado; e por ser praticada no meio líquido preserva a força muscular, possibilitando uma maior amplitude de movimentos, onde os exercícios não sobrecarregam o coração e evitam lesões musculares esqueléticas. A atividade física no meio aquático deve ser gratificante e prazerosa, onde o idoso possa liberar as tensões do seu dia-a-dia levando-o a estados psicológicos positivos e ajudando na manutenção de bons níveis de saúde. Nas aulas de hidroginástica para a população em evidência, pode e devem ser desenvolvidas atividades recreativas, pois estas por requererem a socialização operam diretamente em fatores que se intrometem no desenvolvimento físico e social do idoso. Considera-se importante o conhecimento da população em que será submetida ao desenvolvimento de um trabalho, para que a prescrição dos exercícios seja adequada e acate as necessidades morfológicas, orgânicas e emocionais do grupo, obtendo bons resultados, tornando a atividade mais produtiva e lúdica, para a terceira idade. Os objetivos de um programa de atividade física, como hidroginástica, para a terceira idade, devem obter exercícios diretamente relacionados com as modificações mais importantes e que são decorrentes do processo de envelhecimento. Tais como: promover atividades recreativas, para a produção de endorfina e andrógeno, responsáveis pela sensação de bem-estar e recuperação da auto-estima; atividades em grupo, com caráter lúdico para maior sociabilização; atividades moderadas e progressivas, preparando gradativamente o organismo para suportar estímulos cada vez mais fortes; atividades de força, com sobrecarga, principalmente para os músculos responsáveis por sustentação e postura, evitando cargas muito fortes e contrações isométricas; exercícios de alongamento para ganho de flexibilidade e de mobilidade e atividades de relaxamento, diminuindo tensões musculares e mentais. A prática da hidroginástica torna o idoso mais apto e mais saudável, proporcionando uma melhora na qualidade de vida nesta faixa etária, devido aos vários benefícios que ela oferece. Dentre os benefícios cita-se o acréscimo anátomo-fisiológico: há um aumento na amplitude das articulações, força muscular, aumento VO2máx, tolerância à glicose e da sensibilidade à insulina, um menor risco de problemas articulares, uma diminuição da freqüência cardíaca basal, da pressão arterial e das tensões do dia-a-dia, um relaxamento muscular, uma desintoxicação das vias respiratórias, um controle do peso corporal, uma melhora da circulação periférica, das funções orgânicas e dos sistemas cardiovascular e cardiorrespiratório. Em relação à melhora das capacidades físicas: aumento da coordenação, da agilidade, da sinestesia, da percepção, do esquema corporal, da velocidade de ação e reação, melhora do equilíbrio. Quanto ao aspecto sócio afetivo: acréscimo da auto-estima, autoconfiança, independência nas atividades diárias, reintegração, sociabilização, bem estar físico e mental, diminuição da ansiedade, e da depressão, tornando os idosos mais valorizados, mais participativos e ativos nos programas de lazer e com mais vontade de viver. Há melhora da capacidade cognitiva. O idoso sente necessidade e valoriza as atividades em grupo, tem necessidade de se sentir integrado socialmente priorizando a sua participação em vez do resultado obtido na atividade. A elaboração de um programa de hidroginástica para a terceira idade deve preparar o idoso para cumprir suas atividades da vida diárias, ou seja, tentar impedir que este perca a sua auto-suficiência, através da manutenção de sua saúde física e mental.

    Um conceito de "qualidade de vida" refere-se a um movimento dentro das ciências humanas e biológicas no sentido de valorizar parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida. Sabe-se que adotar um estilo de vida saudável é fundamental para minimizar os fatores de risco que levam a morte. Portanto a participação efetiva de uma atividade física regular promove não só melhorias das capacidades físicas, mas também das capacidades psicológicas e sociais proporcionando uma melhor qualidade de vida. Atualmente a hidroginástica é cada vez mais recomendada por representar um programa de atividade física capaz de propiciar a melhoria da qualidade de vida e por permitir que as pessoas sintam – se mais confortáveis e seguras.

    É sustentado que a saúde e qualidade de vida do homem podem ser preservadas e aprimoradas pela prática regular de atividade física. Vários autores corroboram que prescrição da atividade física enquanto fator de prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida possibilita-lhes uma maior produtividade e melhor bem-estar. Ao se distinguir a qualidade de vida em indivíduo saudável relacionada à saúde ou aplicada ao indivíduo sabidamente doente vincula a prática de atividade física à obtenção e preservação da qualidade de vida. Os músculos fortalecidos protegem as articulações, diminuem o risco de lesões e ajudam a manter a postura corporal, diminuindo as dores lombares. Portanto, um programa que apresente estes resultados favorece a manutenção da autonomia e disposição possibilitando mais desenvoltura para os idosos na realização de suas atividades diárias. O envelhecimento é um processo muito complexo; os indivíduos possuem características diferentes e envelhecem de forma diferente. Para classificar o nível de autonomia, tendo em vista a variabilidade de idosos, a American Geriatrics Society, utiliza como referência o termo “Atividades da Vida Diária” (AVD), que permite saber o que um idoso realmente pode fazer. Neste sentido, diante das colocações acima, este estudo tem como propósito observar se idosos praticantes de hidroginástica manifestam melhorias na sua capacidade de realizar atividades da vida diária (AVD). Mais especificamente, o que se busca nesta pesquisa são evidências científicas de que um programa de hidroginástica pode vir a desenvolver a autonomia (ou capacidade funcional) do idoso, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida.

Material e métodos

    Neste artigo foi utilizado, além de trabalhos de revisão literária, uma pesquisa de campo. Este estudo classifica-se como quantitativo baseado em suas características e tem como alvo avaliar se um programa de Hidroginástica causa interferência no desempenho das “Atividades da Vida Diária” (AVD’s) em pessoas idosas, segundo a percepção de seus praticantes. A população do presente estudo constituiu-se por homens e mulheres na fase da vida considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como idoso, ou seja, com 60 (sessenta) anos ou mais, e residentes na cidade de Leopoldina. Participaram do estudo 20 (vinte) indivíduos idosos de ambos os sexos, escolhidos de forma aleatória; com idade mínima de 60 (sessenta) anos, sendo que nenhum dos participantes do grupo de amostragem mora sozinho; todos freqüentam regularmente aulas de Hidroginástica numa Academia de Leopoldina/MG participando desta atividade, no mínimo, há 03 (três) meses. Todos concordaram e assinaram um termo de consentimento livre e eles se consideraram esclarecidos o suficiente para participar do estudo. Como instrumento de medida foi empregado um questionário - parte construída e parte adaptado de Pereira & Matsudo – com o objetivo de identificar as tarefas cotidianas que já praticadas com outras atividades diárias passaram a ser praticadas após a entrada dos participantes nas aulas de Hidroginástica. O instrumento foi aplicado na forma de entrevista pela investigadora desse estudo, durante os horários de aula e no local da prática das atividades físicas. A análise e interpretação dos dados obtidos seguiram uma abordagem quantitativa. Os dados foram tabulados num microcomputador valendo-se da planilha “MS-Excel 2003 do Windows XP” e analisados a partir das inferências estatísticas de percentual (%).

Resultados e discussões

    Através da análise dos resultados pode-se verificar que no grupo pesquisado 85% dos entrevistados são do sexo feminino e 15% masculino.

Gráfico 1. Percentual quanto ao sexo da amostragem

    O grupo se apresenta num percentual de 35% na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos; 20% entre 66 (sessenta e seis) e 71 (setenta e um) anos e 45% acima de 71 (setenta e um) anos de idade.

Gráfico 2. Distribuição quanto a Idade

    A população demonstrou que a Hidroginástica já faz parte das suas atividades físicas, pois já são freqüentadoras regulares. Todos fazem aulas 03 (três) vezes por semana, com duração de 45 (quarenta e cinco) min/aulas e um percentual de 50% (cinqüenta) desse grupo faz essa atividade aquática no mínimo há 03 (três) meses e no máximo de 02 (dois) anos; 10% (dez) entre 02 (dois) e 03 (três) anos e uma última parcela de 40% (quarenta) há mais de 3 anos. Faz-se relevante destacar que apenas 30% (trinta) por cento desse grupo, ou seja, 06 (seis) indivíduos praticam uma outra atividade física, como citado: natação, ioga e caminhada. O restante tem feito somente a Hidroginástica.

Gráfico 3. Distribuição quanto ao tempo de prática da atividade

    Os motivos, que conduziram os participantes a buscar a Hidroginástica, como atividades físicas regular, ficaram assim destacados: 50% (cinqüenta) por prescrição médica; 30% (trinta) para melhorar a saúde; 10% (dez) para melhorar o condicionamento físico e 10% (dez) pelo lazer e o convívio social que a atividade proporciona.

Gráfico 4. Distribuição quanto à justificativa da prática da Hidroginástica

    Quanto ao item disposição após as aulas, 30% (trinta) se sentem completamente relaxados, 65% (sessenta e cinco) muito bem dispostos e 5% (cinco), apenas um aluno tem uma sensação de cansaço.

Gráfico 5. Distribuição quanto à disposição física após as aulas

    Em relação à aptidão física 75% (setenta e cinco) sentem-se fisicamente independentes; 20% (vinte) fisicamente ativo e apenas 5% (cinco) se sentem fisicamente frágil.

Gráfico 6. Distribuição quanto à realização de tarefas cotidianas

    Todos os idosos conseguiram perceber melhoras e/ou redução em problemas de saúde; como abaixar o nível de colesterol; pressão arterial mais controlada; artrite e/ou artrose (maior incidência de alívio em dores e melhor movimentação, mesmo tendo crises que relatam ser menos intensas); obesidade (apesar de não ser objetivo identificar o peso corporal) perfazendo um total de 30% (trinta); foi percebido também o incremento no sistema cardiovascular e no cardiorrespiratório, pois um significante percentual demonstrou que uma parcela sentiu menos falta de ar, menos estresse e melhorias nas varizes indicando menor queimação nas pernas. Mas o item questionado “falta de energia” e “problemas de coluna” obteve um percentual de 45% (quarenta e cinco) atingindo o maior índice dentre as melhorias observadas e sentidas fisicamente pelos integrantes do estudo.

Gráfico 7. Distribuição quanto ao incremento físico observado

    Para a verificação e classificação do nível de autonomia, o instrumento foi adaptado e mostra apenas algumas, das atividades possíveis, devido a variabilidade de idosos, e usado como referência o termo AVD’s para saber o que realmente o idoso pode executar. A tabela 1 mostra as atividades da vida diária iniciando do coeficiente de impossibilidade até o coeficiente de facilidade de realização. Apenas a letra A significa incapacidade de cumprir a tarefa. As letras B, C e D referem-se em que situações funcionais os participantes são capazes de realizar as tarefas com algum nível de dependência e a letra E determina a independência física para desempenhar a atividade, ou seja, determina uma total autonomia para efetivação da tarefa cotidiana. Através da Tabela 1, observa-se neste grupo participante da pesquisa que os percentuais de maior índice estão na opção E, escolha tal que o permite fazer as tarefas com autonomia em relação as opções A, B, C e D. A prática da hidroginástica pode suavizar os efeitos da ação do tempo sobre as degenerações fisiológicas do idoso, sendo capaz de promover uma melhoria muscular, flexibilidade, resistência cardiorrespiratória, composição corporal e beneficiar a ativação da circulação, maior incremento na auto-estima, na postura, capacitando a redução da freqüência cardíaca de repouso e reduzir os riscos de lesões articulares. Um outro ponto a ser evidenciado é que esse grupo já integrante de uma atividade física há mais de 01 (um) ano subentende-se estar com boa capacidade para realizar as atividades da vida diária (AVD’S) com autonomia e economia biológica.

Conclusão

    Através dos resultados apresentados pode-se constatar que a hidroginástica é eficiente na promoção da autonomia dos movimentos físicos dos idosos mantendo a “dependência” como um elemento mais distante da vida dessa clientela especial. Por outro lado, é necessário salientar as limitações do trabalho, em termos do planejamento metodológico que não possibilitou a permissão de um estabelecimento de relações entre causa e efeito mais precisas entre a prática da hidroginástica e a melhora da autonomia dos idosos em suas atividades diárias. Levou-se em consideração o objetivo e com base nos resultados do presente estudo, pode-se concluir que a hidroginástica, como uma prática, exercida de maneira regular, corrobora para a melhoria e manutenção da aptidão física nos idosos. Entretanto, há necessidade de um número maior de estudos, que avaliem os efeitos aqui abordados e outros, da hidroginástica sobre a aptidão física dos idosos com a aplicação de avaliações específicas para a idade sênior.

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