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Nutrição em corrida de aventura: 

fator decisivo para um melhor desempenho

Nutrición en carrera de aventura: factor decisivo para um mejor desempeño

 

* Educador físico. Acadêmico do Mestrado em Educação da

Universidade de Santa Cruz do Sul- UNISC

** Nutricionista. Especialista e Mestre em Saúde Coletiva. Professora do Curso de Nutrição

do Centro Universitário Franciscano- UNIFRA, Santa Maria-RS

(Brasil)

Rodrigo Muradás*

digscs@yahoo.com.br

Karen Mello de Mattos**

kmmattos@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          A alimentação adequada é primordial para a saúde de todos indivíduos em especial para aqueles adeptos de atividades esportivas, principalmente aquelas consideradas intensas como a corrida de aventura. Esta modalidade exige de seu competidor um bom preparo físico atrelado ao consumo alimentar correto destes competidores. Desta forma objetivou-se com o presente trabalho efetuar uma revisão bibliográfica sobre a alimentação adequada na prática de corrida de aventura.

          Unitermos: Alimentação. Nutrição. Esporte

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 133 - Junio de 2009

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Introdução

    A qualidade de vida dos indivíduos necessita de uma alimentação saudável que não consiste em uma receita pré-concebida, pois deve respeitar atributos coletivos e individuais impossíveis de serem quantificados de maneira prescritiva (BRASIL, 2005). Dentre os atributos individuais podemos considerar a atividade física como um importante fator. A atividade física interfere diretamente no metabolismo basal de seus praticantes. Indivíduos desportistas necessitam de um acompanhamento nutricional especifico e adequado para obterem em seu treinamento um melhor resultado e desempenho. Tendo em vista este fato, a nutrição esportiva visa melhorar o desempenho do atleta, reduzir fadiga e lesões; reparo de lesões; otimizar os depósitos de energia e força; repor eletrólitos; maximizar o ganho de massa magra e manter o trato gastrointestinal confortável durante o evento. O planejamento alimentar deve considerar a adequação energética da dieta, a distribuição dos macronutrientes e o suporte de vitaminas e minerais (CABRAL; et al, 2006). Dentre as modalidades esportivas que necessitam de uma maior atenção em relação ao consumo alimentar de seus praticantes, destaca-se a corrida de aventura. A corrida de aventura iniciou-se no Brasil entre as décadas de 80 e 90 objetivando associar o lazer ao bem-estar, bem como o desenvolvimento de potencialidades e o contato direto com meio ambiente e sua preservação. Segundo Romanini; Umeda (2002) a idéia inicial é misturar em uma mesma competição, esportes diversos, de acordo com o tipo de terreno e a dificuldade a ser imposta na prova. As modalidades esportivas envolvidas na competição caracterizam-se por ciclismo, corrida, técnicas verticais, natação e orientação com mapa por meio da efetuação de trabalho individual, duplas ou quartetos. A competição visa também o trabalho em equipe e o estimulo a motivação dos participantes. O período de competição desta modalidade pode variar de algumas horas (mínimo de três horas) podendo chegar em até quinze dias da competição. Pelo fato de ser uma competição de longa duração, o consumo alimentar e a hidratação durante a prova tornam-se imprescindíveis para que seus competidores possam conclui - lá com máximo de rendimento. Tendo em vista este fato o presente trabalho objetivou efetuar uma revisão bibliográfica sobre a alimentação adequada na prática de corrida de aventura.

Metodologia

    A metodologia utilizada consistiu em uma revisão bibliográfica em artigos científicos com os seguintes descritores: nutrição, esporte e corrida de aventura publicados entre 2003-2008 e livros sobre nutrição e atividade física.

Resultados e discussão

    A alimentação para praticantes de corrida de aventura deve fornecer todos macronutrientes em destaque o carboidrato com recomendação de 60-70% no valor energético total (VET) consumido diariamente. Entretanto, deve ser avaliado o índice glicêmico (IG) dos alimentos consumidos. O índice glicêmico permite classificarmos um alimento em relação ao efeito que ele ocasiona na glicemia pós-prandial comparando com o efeito observado após o consumo de um alimento referência, sendo que ambos devem possuir a mesma quantidade de carboidrato disponível (50g ou 25g) (OLENDZKI; et al, 2006). Em síntese, O IG é um índice que expressa o aumento da glicose no sangue após o consumo de um alimento fonte de carboidrato (SOUZA, 2007). Após esta classificação os alimentos são divididos em tabelas com seus referentes índices. São considerados alimentos de alto índice glicêmico (IG>70): batata, biscoito, pães refinados, refrigerantes, bolo, sorvete, milho, pipoca, melancia; baixo (IG < 55): alimentos integrais, leguminosas, frutas com casca, verduras, soja, pêra, maçã, leite e derivados, laranja e moderado (IG 55 a 70): abacaxi, mel, sacarose, nhoque, arroz parbolizado, banana, mamão, melão. Quanto maior o índice glicêmico consumido maior será seu efeito na glicemia, ou seja, estes alimentos serão absorvidos rapidamente pelo organismo ao compararmos com os alimentos de baixo e moderado índice glicêmico. A preocupação com o índice glicêmico da alimentação estava voltada somente para tratamento da diabete melito tanto tipo 1 (DM1) quanto tipo 2 (DM2) sendo um dos grandes desafios da terapêutica (CRUZES; et al, 2008). Porém em virtude de sua relevância para o organismo, o controle do IG passou a ser fundamental na prática esportiva. Desta forma, para corredores de aventura recomenda-se o consumo de alimentos de baixo a moderado índice glicêmico no período pré-competição e durante a realização da mesma por estes alimentos fornecerem glicose de forma contínua (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2001; KLEINER, 2002) e desta forma manter a fonte energética adequada. Logo após a competição deve ser consumido alimentos de alto índice glicêmico para evitar a depleção de massa magra e adequar o nível de glicose que poderá estar baixo. O consumo de proteínas deve seguir a recomendação de 10-15% do VET, sendo consumida preferencialmente uma hora e meia após o término da competição (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2001; KLEINER, 2002); enquanto lipídios devem possuir consumo entre 20-25% do VET. O consumo de alimentos ricos em proteína e gorduras durante a competição podem ocasionar indisposição gastrointestinal, influenciando negativamente no rendimento do atleta. A reposição hídrica é extremamente importante para o adequado desempenho. Recomenda-se no período da prova por ser uma atividade intensa, o consumo hídrico de 230 ml a cada quinze/vinte minutos (KLEINER, 2002). Deve ser consumido além de água, o consumo de repositores energéticos, visando à reposição de eletrólitos perdidos durante a competição como sódio e potássio (WOLINSKY; HICKSON, 1996). Como fonte destes temos repositores energéticos, maltodextrina e água de coco. Salienta-se que alimentos fontes de fibras insolúveis como os alimentos integrais e fontes de fibras solúveis como frutas e verduras devem compor diariamente a dieta alimentar dos competidores. Recomenda-se o consumo de alimentos variados, pois dependendo da intensidade e duração da prova pode ocorrer monotonia alimentar fazendo com que o competidor reduza seu rendimento por meio da inapetência. Salienta-se que os alimentos sejam de fácil acesso como barra de cereais, frutas, biscoitos, entre outros, e possuam embalagens íntegras em virtude da competição ocorrer em meio à natureza e estes alimentos estarem sujeitos ao contato com a água o que o deixará impossibilitado para o consumo. O consumo de alimentos perecíveis como queijo e presunto não são recomendados devido à facilidade de deteriorar-se.

Considerações finais

    Por meio da revisão bibliográfica efetuada, podemos observar o quão importante consiste a alimentação equilibrada para prática de corrida de aventura. O controle do índice glicêmico consumido é primordial para o bom desempenho. Pois, o consumo de alimentos de alto índice glicêmico, bem como ricos em gordura ocasionam sérios prejuízos para o rendimento. Observou-se também a importância da hidratação constante por meio de água e repositores energéticos para repor eletrólitos perdidos.

Referências

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição. O que é uma alimentação saudável? Considerações sobre o conceito, princípios e características: uma abordagem ampliada. Maio, 2005. Disponível em http://nutricao.saude.gov.br/documentos. Acessado em 21 de março de 2009.

  • CABRAL, Carlos Augusto Costa et al . Diagnóstico do estado nutricional dos atletas da Equipe Olímpica Permanente de Levantamento de Peso do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Rev Bras Med Esporte,  Niterói,  v. 12,  n. 6, 2006.

  • CRUZES, André Luiz et al . Hiperglicemia pós-prandial em pacientes com diabetes melito tipo 2. Arq Bras Endocrinol Metab,  São Paulo,  v. 52,  n. 4, jun.  2008.  

  • KLEINER, Susan M. Nutrição para o treinamento de força. Editora: Manole. Tradução: Dulce Marino, 2002.

  • MCARDLE, William D; KATCH, Frank I; KATCH, Victor. Nutrição para o desporto e o exercício. Editora: Guanabara Koogan, 2001.

  • OLENDZKI BC; et al. Methodology for adding glycemic index and glycemic load values to 24-hour dietary recall database. Nutrition, v. 22, n. 11-12, 2006.

  • ROMANINI, V.; UMEDA, M. Esportes de aventura ao seu alcance. São Paulo: Bei Comunicação, 2002.

  • SOUZA, Alessandra. Índice Glicêmico de Alimentos. Sociedade Brasileria de Diabetes, 2007. Disponível em: http://www.diabetes.org.br. Acessado em 21 de março de 2009.

  • WOLINSKY, Ira; HICKSON JR, James. Nutrição no Esporte e Exercício. Editora: ROCA LTDA. 2ª ed. Tradução: Maria Góes, Paulo Marcos Oliveira,1996.

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