Hábitos de vida na escola: projeto de pesquisa sobre aspectos nutricionais e físicos desenvolvidos na aula de Educação Física como prevenção da obesidade infantil Hábitos de vida de la escuela: proyecto de investigación sobre aspectos nutricionales y físicos desarrollados en las clases de Educación Física como prevención de la obesidad infantil |
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*Coordenador do Programa de Qualidade de Vida da Universidade do Sul de Santa Catarina **Acadêmica da Universidade do Sul de Santa Catarina (Brasil) |
Richard Ferreira Sene Leonora da Rosa Oliveira |
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Resumo O presente estudo consiste em apresentar uma proposta para o educador físico estar atuando dentro da unidade escolar. A alimentação dos discentes é de suma importância, pois é nesta fase que deve estar trabalhando a prevenção da obesidade infantil. O objetivo deste estudo é conscientizar os alunos da 2º série do Ensino Fundamental da Escola Municipal Berlaminda Souza Pires na cidade de Imbituba em Santa Catarina, Brasil, sobre a importância de ter hábitos saudáveis na alimentação. Através de aulas expositivas e dinâmicas sobre hábitos saudáveis de alimentação, foi elaborado e realizado um projeto em sala de aula, visando atender os objetivos traçados. O projeto foi desenvolvido em seis etapas, sendo que durante estas etapas foram abordados os temas referentes à pirâmide alimentar, nutrientes dos alimentos, a importância da alimentação saudável na infância para o seu desenvolvimento, as doenças provenientes da obesidade e a importância de se trabalhar estas informações em conjunto com os exercícios físicos propostos pelo professor de Educação Física. Os resultados obtidos mostram que o percentual das crianças participantes com obesidade já é alarmante e igual aos encontrados pelo IBGE (2000), isso deve aos hábitos alimentares não saudáveis apresentado pelas crianças. Entretanto, fica evidenciado nos resultados encontrados um alto nível de atividade física dos participantes. Como recomendação para novos estudos, ressaltar a importância não só da participação de escolas nesse processo, mas também dos pais. Professores, escola e pais devem estar atentos e participativos nesse processo de conscientização de um estilo de vida saudável já na infância. Unitermos: Criança. Educação Física Escolar. Obesidade infantil. Alimentação |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 133 - Junio de 2009 |
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Introdução
A educação física através dos anos vem se preocupando quase que exclusivamente ao desenvolvimento motor, entretanto, vêem-se hoje em dia a preocupação de se trabalhar também saúde em uma visão mais ampla tendo como ponto de partida os hábitos de vida das crianças e sua alimentação.
A obesidade é considerada um dos grandes males do século, atualmente devido a sua incidência suas conseqüências é o que mais acarreta óbito. Portanto, necessitamos de um trabalho de conscientização na alimentação dos escolares, pois hoje a mudança que se vê são hábitos “americanizados” submetidos a países subdesenvolvidos.
A necessidade de melhorar os padrões de saúde, tanto de caráter patológico como obesidade, que acarreta as doenças crônico-degenerativas como diabetes, hipertensão, cardiopatias, quanto nos transtornos psicológicos como ansiedade, depressão.
Problemas como o desinteresse da escola em relação à saúde de seus alunos, faz com que os educadores físicos visualizem em suas aulas um quadro de obesidade infantil e junto a isso, um crescimento alarmante. Segundo pesquisas do IBGE (2000) relatam que “temos um cenário assustador, pois a obesidade atinge 15% das crianças do Ensino Fundamental”.
A falta de conhecimento também é apontada como prejudicial para a incidência da obesidade infantil e em conseqüência afeta a auto-estima e podendo aumentar as chances de contraírem cada vez mais cedo as doenças acima citadas. Além disso, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), “uma criança obesa em idade escolar tem 30% de chance de se tornar um adulto obeso e o risco aumenta em 50% se ela entrar na adolescência com esta mesma composição corporal”.
A criança necessita ser educada não só fisicamente, mas também como fazer uma boa alimentação, tarefa hoje por proposta curricular ser abrangida de certa forma pelo professor de educação física e de acordo com a idade das crianças, poderão ter vantagens tanto em seus hábitos alimentares, quanto em seus hábitos comportamentais.
O importante é não perder a essência das aulas de educação física, levar a informação dos nutrientes dos alimentos de forma lúdica e atrativa, falando sobre a importância das proteínas, lipídios e fibras para o organismo e seu desenvolvimento.
O tema hábitos saudáveis na alimentação: A educação física contribuindo para uma alimentação saudável foi desenvolvido na Escola Municipal Professora Belarminda de Souza Pires, localizado na cidade de Imbituba - SC., que se faz presente no bairro Campestre, com a 2º série do Ensino Fundamental, portanto ficando limitado somente a essa amostra.
Objetivos
Geral
Conscientizar os alunos da 2ª série do Ensino Fundamental da Escola Municipal Berlaminda Souza Pires, para a importância de ter hábitos saudáveis na alimentação.
Específicos
Verificação do índice de massa corpórea dos alunos da 2ª Série;
Verificar hábitos alimentares dos alunos;
Verificar hábitos físicos dos alunos;
Conhecer e compreender a pirâmide alimentar;
Aplicar um projeto de conscientização de hábitos de vida saudável baseado em alimentação e atividade física.
Obesidade infantil
A obesidade é uma das patologias nutricionais que mais tem apresentado aumento em seus números, não apenas nos países ricos, mas também nos países industrializados.
Nos Estados Unidos aproximadamente 25% das crianças entre 6 e 17 anos são obesas ou apresentam risco de sobrepeso. A obesidade representa nos Estados Unidos a doença nutricional mais prevalente entre crianças e adolescentes. Nas nações em desenvolvimento, a obesidade coexiste com a desnutrição, provavelmente pela modificação dos hábitos e estilo de vida, que se tornaram mais “americanizados” (REVISTA ABESO, nº 21).
Diversos estudos na área de obesidade infantil relatam um número assustador de crianças que já se encontram em fator de risco. Um deles demonstra exatamente a realidade escolar que atualmente atravessamos com relação a este mal.
O Bogalusa Heart Study determinou a relação entre obesidade e o risco de doenças cardiovasculares. Das 9.167 crianças na idade escolar de 5 a 17 anos que participaram do estudo, 11% apresentavam obesidade; 58% das 813 crianças obesas apresentavam pelo menos um risco cardiovascular adverso. Fatores de risco incluíam níveis elevados de colesterol, elevação da pressão arterial e elevação dos níveis de insulina de jejum. Entre adolescentes que faleceram de trauma, a presença de fatores de risco das doenças cardiovasculares foi correlacionada com doença coronariana aterosclerótica assintomática, e nos obesos as lesões aterosclerótica estavam mais avançadas. O diabetes mellitus tipo 2, que há alguns anos apresentava-se como entidade rara entre adolescentes, agora é considerado em certas populações como a metade dos novos casos de diabetes diagnosticados. O aumento do diabetes tipo 2 é atribuído ao aumento da obesidade infantil. Complicações respiratórias, como apnéia do sono, asma e intolerância aos exercícios, são freqüentes em crianças obesas e podem limitar a prática de atividade física e dificultar a perda de peso. (REVISTA ABESO, nº 13).
O aumento da obesidade nos países em desenvolvimento especialmente no Brasil, é constante e tem se manifestado nos últimos anos, por uma combinação de fatores: a modificação do padrão alimentar, mudanças no comportamento físico e uma maior constância no reconhecimento do problema por profissionais de saúde.
Alguns fatores que podem ajudar a evitar a obesidade infantil
Sabe-se que existem diversos formas de evitar e prevenir a obesidade como, hábitos alimentares saudáveis e exercícios físicos, mas se tratando de criança, pode-se prevenir, utilizando algumas artimanhas.
Ao contrário do que se imagina antigamente a idéia de criança saudável era ser “gordinho”, hoje se sabe que além de ser um fator de risco a saúde também é motivo de discriminação social.
Tratamentos
Diversas são as formas de se tratar uma criança obesa. Primeiro passo seria a conscientização dos Pais com relação à educação alimentar de sua casa, automaticamente dos seus filhos.
O tratamento da criança obesa não pode ser isolado da família. Programas de tratamento de crianças obesas que incluem múltiplos membros da família têm mais sucesso em longo prazo que programas que incluem somente a restrição alimentar da criança obesa. (Revista ABESO)
Além de um controle alimentar e a participação da família neste processo de perda de massa gorda para que tenha êxito, necessário também um aporte para o gasto energético e um trabalho psicológico.
Deve-se observar corretamente a questão relacionada a condução deste processo tanto alimentar como físico, ou seja, a criança deve garantir o seu crescimento normal, sem dietas radicais que possam prejudicar absorção dos nutrientes para além de reduzir a massa gorda a perda desnecessária da massa muscular.
Metodologia
Tipo de pesquisa
Este estudo é classificado de maneira “Quanti-quali”: pois segundo Marconi e Lakatos (1991, p. 187) consistiu em investigações de pesquisa empírica cuja a principal finalidade é delineamento ou analise das características de fatos ou fenômenos, avaliação do programa de alimentação saudável. Foram utilizadas varias técnicas como entrevistas, questionários, formulários e etc. Empregam-se procedimentos de amostragem. E, ainda qualitativa, pois os dados se apresentam na forma de discurso. Quanto aos objetivos se classifica como di tipo descritiva, pois foram feitas análises, observações e registro das variáveis. De campo quanto aos procedimentos, pois o estudo foi realizado através de uma pesquisa em ambiente fora de laboratórios como citado abaixo.
População e local da pesquisa
O projeto Hábitos Saudáveis na Alimentação: a Educação Física contribuindo para uma alimentação saudável na escola atenderá crianças de 7 a 9 anos da segunda série do Ensino Fundamental no município de Imbituba, onde a Escola Municipal Berlaminda Souza Pires se faz presente no bairro Campestre.
Instrumentos e procedimentos utilizados para coleta de dados
O projeto-pesquisa será realizado mediante a aplicação de instrumentos e procedimentos relatados abaixo:
autorização da direção da escola;
autorização do professor responsável pela turma que foi realizado o trabalho-pesquisa;
autorização dos pais dos alunos.
Após todas as autorizações, iniciam-se as etapas abaixo descritas:
Etapa 1
Foi explicado sobre o projeto para as crianças;
Realizado Composição Corporal através do IMC;
Aplicação de um questionário sobre conhecimentos dos seus hábitos alimentares;
Etapa 2
Decorar a sala com as crianças, tornando a sala temática com o projeto;
Apresentação da pirâmide alimentar e construção da pirâmide alimentar pelas crianças (teste);
Estudo sobre os nutrientes, alimentação equilibrada e curiosidades;
Etapa 3
Realização de um jogo de memória utilizando a pirâmide alimentar e distribuição de gelatinas servidas em copinhos;
Estudo sobre a importância da alimentação saudável na infância já que estão em desenvolvimento;
Etapa 4
Estudo exemplificado com as plantas: as plantas que não tem ar fresco, não é adubada, que não toma água (hidratada) relacionando com o corpo humano;
Criação de dois bonecos o “saudável” e o “não saudável”, explicação de hábitos saudáveis e não saudáveis;
Distribuição de salada de frutas;
Etapa 5
Preenchimento de um livreto para colorir frutas, verduras e legumes, com informações importantes sobre cada figura pintada e dicas para os pais com receitas e informações;
Demonstrar através de exemplos a relação que existe entre alimentação saudável e o exercício físico como forma de prevenção e melhora da obesidade;
Apresentação de uma paródia sobre o tema alimentação com as crianças;
Encerramento com distribuição de torta de banana.
Etapa 6:
Análise (Feed Back) de todo o projeto com as crianças;
Jogo de adivinhar as frutas (as crianças com olhos vendados e tentaram adivinhar qual fruta que estavam provando);
Reconstrução da pirâmide alimentar pelas crianças (re-teste);
Distribuição de alimentos saudáveis com a despedida e encerramento do projeto.
Resultados e discussão
Demografia
Tabela 1. Distribuição por gênero dos alunos que participaram do projeto,
da cidade de Imbituba-SC, do bairro Campestre, no segundo semestre de 2007.
Gênero |
Quantidade |
Masculino |
9 |
Feminino |
9 |
Total |
18 |
Fonte: Acadêmica da 6º fase de Educação Física – Licenciatura da Unisul, Tubarão-SC, 2007.
Tabela 2. Idade dos alunos que participaram do projeto, da cidade
de Imbituba-SC, do bairro Campestre, no segundo semestre de 2007.
Idade |
Quantidade |
7 |
5 |
8 |
9 |
9 |
4 |
Total |
18 |
Fonte: Acadêmica da 6º fase de Educação Física – Licenciatura da Unisul, Tubarão-SC, 2007.
Tabela 3. Índice de Massa Corporal dos alunos que participaram do projeto, da cidade de Imbituba-Sc,
do bairro Campestre, no segundo semestre de 2007, segundo classificação segundo OMS.
Idade |
IMC |
Classificação |
7 |
16,12 |
Normal |
7 |
15,27 |
Normal |
7 |
15,60 |
Normal |
7 |
17,36 |
Normal |
7 |
15,70 |
Normal |
8 |
17,75 |
Normal |
8 |
15,82 |
Normal |
8 |
14,91 |
Normal |
8 |
14,58 |
Normal |
8 |
17,09 |
Normal |
8 |
22,23 |
Obeso |
8 |
16,12 |
Normal |
8 |
16,51 |
Normal |
8 |
18,62 |
Excesso de Peso |
9 |
18,55 |
Normal |
9 |
15,36 |
Normal |
9 |
15,82 |
Normal |
9 |
24,87 |
Obeso |
Total Alunos |
|
18 |
Fonte: Acadêmica da 6º fase de Educação Física – Licenciatura da Unisul, Tubarão-SC, 2007.
Resultados de hábitos de vida
Tabela 4. Hábitos alimentar dos alunos que participaram do projeto,
da cidade de IMBITUBA-SC, do bairro Campestre, no segundo semestre de 2007.
Refeição |
Nunca |
Sempre |
Às vezes |
Total |
Café da manhã |
0 |
14 |
4 |
18 |
Lanche da manhã |
1 |
14 |
3 |
18 |
Almoço |
0 |
17 |
1 |
18 |
Lanche da tarde |
0 |
9 |
9 |
18 |
Jantar |
1 |
12 |
5 |
18 |
Lanche noturno |
2 |
2 |
14 |
18 |
Fonte: Acadêmica da 6º fase de Educação Física – Licenciatura da Unisul, Tubarão-SC, 2007.
Tabela 5. Consumo extra dos alunos que participaram do projeto,
da cidade de IMBITUBA-SC, do bairro Campestre, no segundo semestre de 2007.
Tipo |
Não |
Sim |
Total |
Consumo de “bobagens” em frente TV ou PC |
5 |
13 |
18 |
Consumo entre as refeições (bolo, pipoca, doce...). |
2 |
16 |
18 |
Fonte: Acadêmica da 6º fase de Educação Física – Licenciatura da Unisul, Tubarão-SC, 2007.
Tabela 6. Consumo de alimentos dos alunos que participaram do projeto,
da cidade de IMBITUBA-SC, do bairro Campestre, no segundo semestre de 2007.
Refeição |
Nunca |
Sempre |
Às vezes |
Total |
Carne |
1 |
6 |
11 |
18 |
Frutas |
0 |
9 |
9 |
18 |
Pizza |
3 |
1 |
14 |
18 |
Refrigerante |
5 |
2 |
11 |
18 |
Ovos |
1 |
6 |
11 |
18 |
Verduras |
3 |
11 |
4 |
18 |
Leguminosas |
2 |
10 |
6 |
18 |
Arroz |
0 |
16 |
2 |
18 |
Chips |
5 |
0 |
13 |
18 |
Leite |
1 |
8 |
9 |
18 |
Pão |
0 |
10 |
8 |
18 |
Doces |
1 |
4 |
13 |
18 |
Fonte: Acadêmica da 6º fase de Educação Física – Licenciatura da Unisul, Tubarão-SC
Tabela 7. Prática de atividade física dos alunos que participaram do projeto,
da cidade de IMBITUBA-SC, do bairro Campestre, no segundo semestre de 2007.
Tipo |
Não |
Sim |
Total |
Dentro da escola |
1 |
17 |
18 |
Fora da escola |
2 |
16 |
18 |
Fonte: Acadêmica da 6º fase de Educação Física – Licenciatura da Unisul, Tubarão-SC, 2007.
Tabela 8. Nível de atividade física por semana dos alunos que participaram do projeto,
da cidade de IMBITUBA-SC, do bairro Campestre, no segundo semestre de 2007.
Hábitos |
1x/semana |
3x/semana |
Diariamente |
Nunca |
Total |
Assiste TV, vídeo ou PC. |
3 |
4 |
10 |
1 |
18 |
Fonte: Acadêmica da 6º fase de Educação Física – Licenciatura da Unisul, Tubarão-SC, 2007.
Tabela 9. Nível de atividade física diária dos alunos que participaram do projeto,
da cidade de IMBITUBA-SC, do bairro Campestre, no segundo semestre de 2007.
Hábitos |
1 à 3 h |
Mais 3 horas |
Às vezes |
Nunca |
Total |
Assiste TV, vídeo ou PC. |
12 |
4 |
1 |
1 |
18 |
Fonte: Acadêmica da 6º fase de Educação Física – Licenciatura da Unisul, Tubarão-SC, 2007.
Discussões
Na etapa 1 foi onde o pesquisador foi apresentado para as crianças, foi possível também a aplicação do questionário para possibilitar ter conhecimentos prévios de alguns dos seus hábitos alimentares e rotina diária, sendo evidenciado o que cada um deles ingere em suas refeições diárias, conforme a Tabela 4. Nesta tabela podemos observar que a refeição principal, ou seja, o almoço, todos sempre fazem, com exceção de um aluno que relatou por fator econômico, almoça às vezes; nesta mesma tabela quando nos referimos ao jantar, poucos afirmaram que o fazem. Nesta fase da vida é de suma importância para questão do crescimento. Outro fator relevante é com relação à Tabela 5, que demonstra o índice de consumo extra entre as refeições e, em frente à televisão e/ou computador, foi verificado que a maioria deles faz uso desta. O que não faz bem para saúde, pois quando nos alimentamos temos que prestar atenção no que e quanto nos estamos ingerindo.
Em relação à Tabela 6, onde comprova o consumo influenciador dos países desenvolvidos, no qual a “pizza”, seguido dos salgados “chips” e de “doces” são muito consumidos. Uma questão relevante demonstra que além de alguns hábitos alimentares serem conduzidos de forma errônea, por outro lado, na Tabela 7, a prática de atividades físicas, dentro e fora da escola é bem estruturada por eles. Isso deve ocorrer pela região, pois se trata de uma cidade litorânea e propícia as atividades físicas, sendo assim, por se tratar de um bairro mais simples que ainda prima por brincadeiras e atividades de rua. Fazendo uma relação desta tabela com as de nº 8 e 9, vimos que completa o que havia sido dito, sendo que é utilizado um tempo menor para as atividades com pouco gasto calórico, como: assistir televisão, ficar em frente ao computador, ou em jogos (videogames) e deixando registrado respectivamente tabelas que um aluno não possui nenhum destes aparelhos eletrônicos, como aparece a opção “nunca”.
Assim na etapa 1, foram mensurados altura, peso e idade (7 à 9 anos - Tabela 2) das crianças para então identificar o nível de IMC. Foi verificado que os 18 alunos (9 do gênero masculino e 9 do gênero feminino (Tabela 1) onde 16% dos participantes encontram-se com excesso de peso ou obeso, registro conforme a tabela 3 segundo a classificação do IMC da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas dados corroboram os das pesquisas encontradas pelo IBGE (2000).
Seguindo para etapa 2 a decoração da sala e a montagem da pirâmide alimentar pelas crianças foi de grande valia, pois os alunos se integraram ao projeto. Pedimos para as crianças desenharem o que eles comiam que era saudável. Surgiram alguns desenhos de panela com verduras (sopa), paisagem com frutas, só frutas. A partir disso começamos a discutir o que era alimentação saudável, explicando que arroz, carne, leite, entre outros, também faziam parte de uma alimentação saudável. Desta forma, foi apresentado para turma a pirâmide alimentar. Depois de montados a pirâmide alimentar deu-se inicio as explicações sobre cada camada da pirâmide e os alimentos com seus nutrientes que faziam parte; começando da base para o topo e respectivamente o seu grau de importância na alimentação.
Na etapa 3 foi realizado um jogo da memória onde a turma foi dividida em três equipes; a pirâmide foi colocada no quadro e os alimentos estavam expostos em cima de duas cadeiras onde um integrante da equipe se dirigia até a cadeira, pegava o alimento e falava sobre o mesmo, colocando na camada correta da pirâmide; acertando o local correto, ganharia o ponto para equipe e se errasse a equipe não pontuava naquela rodada. Foi interessante esta atividade, porque além dos alunos trabalharem em equipe os eles demonstraram que prestaram atenção na etapa anterior. No transcorrer desta etapa foi lhes entregue vários “copinhos” de gelatina, muitos nunca tinham experimentado, então foi muito válido por estar propiciando este momento para eles. Depois fizemos um círculo e conversamos, comentei com eles que somos o que comemos. Os alunos ficaram ressabiados e perguntaram como que é isso professora?: Utilizando um pouco de psicologia e de bom senso, lhes disse que se comermos muito doce, muita gordura e coisas “ruins” para o nosso organismo, ficaremos, tristes, bravos e chateados, desta forma quando formos adultos nós não mudaremos mais nosso hábitos.
Na etapa 4 demonstrei através da plantinha seca e da viva como funciona o nosso organismo. Mostrando que a plantinha seca ela não recebeu os nutrientes suficientes para seu bom funcionamento e a partir deste momento, correlacionei com o nosso organismo, pois se deixarmos de comer ou comer coisas que não são boas para nosso funcionamento ele reage da mesma forma como a plantinha demonstrou. No quadro foi colocado dois bonecos o triste (gordinho) e o feliz (magrinho). Neste momento foi trabalhado a alimentação inadequada (balas, chicletes, doces, refrigerantes) e também o apelido, pois achei necessário nesta turma focar este assunto, devido encontrar uma situação em que possuía uma criança que estava sofrendo pelo “Bulling”. Encerramos esta etapa com uma gostosa distribuição de salada de frutas e todos gostaram porquanto existia furtas diferentes do modo normal do preparo.
No que diz respeito à Etapa 5, começou com a entrega do livreto (anexo 3), onde os alunos coloriram alimentos com informações instrutivas embaixo de cada um; continha também uma palavra-cruzada, adivinhação e para os Pais receitas e dicas de alimentação saudável. Na parte dos exercícios físicos contextualizei com os esportistas, da vida saudável e com qualidade que os mesmos levam para sua vida pessoal e profissional. Apresentou-se uma parodia com a melodia da ciranda cirandinha, que transcorreu desta forma: “banana bananinha, vamos todos nos alimentar; a alimentação boa é importante pra brincar, a verdura que tu me deste era boa pra chuchu, os legumes que eu comi me fez ficar forte para estudar, por isso tomatinho entre no meio desta roda, deixa um nutriente bem riquinho nunca diga adeus e chame a abóbora”. Para termino desta etapa foi dado aos alunos uma torta de banana.
Para finalizar o trabalho, na Etapa 6, onde estávamos em um círculo e conversando sobre o que era alimentação saudável, o que deveríamos dar prioridade nas nossas alimentações, a importância do exercício físico na idade que eles encontravam-se até a fase adulta; sobre também as doenças transcorrentes e agravantes da obesidade. Foi realizado a montagem da pirâmide alimentar pelas crianças e o que foi visto que essa remontagem foi de excelente resultado, já que as crianças sabiam a colocação de cada alimento que compõe as camadas dele e seus nutrientes. Logo após foi realizado outra dinâmica onde as crianças ficavam com uma venda nos olhos experimentando e cheirando as frutas e tentando adivinhá-las.
Finalizando todas as etapas, distribuído frutas, iogurtes, pães, queijos e sucos para diversas crianças. As crianças discutiram, analisaram, deram sugestões e exemplos de seu dia-a-dia em suas casas, mostrando interesse de levar a idéia adiante. A obesidade infantil vem aumentando dia-a-dia como demonstra os dados neste trabalho-pesquisa. Com isso, profissionais Licenciados em Educação Física agregados a área da saúde, devem estar atentos aos hábitos de vida de seus alunos sobre este tema.
Considerações finais
O estudo nos permite concluir que o índice de excesso de peso e obesidade é alarmante entre essas crianças, pois ainda apresentam hábitos de alimentação não saudáveis. Entretanto, os hábitos de atividades físicas nos remetem a uma reflexão encontrada em outros estudos: a criança deve provar de tudo, entretanto deve manter um nível de atividade física compatível a essa ingesta calórica. Conforme resultados encontrados neste estudo que as crianças são ativas fisicamente.
Na ultima etapa as crianças puderam remontar a pirâmide alimentar e o que nós podemos verificar foi o conhecimento que as mesmas tiveram dos alimentos em suas respectivas camadas. Com isso, podemos afirmar que as crianças deste estudo compreenderam o que lhes foi proposto.
Este trabalho foi um início de conscientização de hábitos alimentares e acreditamos acrescentar uma melhora na alimentação e na qualidade de vida dessas crianças.
Uma recomendação importante que nos permite fazer é que o envolvimento dos pais nesse processo. Com a escola promovendo um trabalho interdisciplinar e disponibilizando mais tempo para o desenvolvimento dessas ações com certeza o aproveitamento seria maior ainda.
O professor, como formador de opinião e de conceitos, provém intermediar assuntos transversais que beneficiem a vida dos alunos. Muitas vezes, o professor de Educação Física prende-se somente ao desenvolvimento motor ficando alheio a esses temas.
Esta experiência deixa comprovado que se pode fazer um trabalho diferenciado no âmbito escolar, introduzindo maneiras diversas de conciliar o ensino com a qualidade de vida. Finalizando, acredita-se que o resultado sempre será positivo quando estamos buscando o melhor para nossos alunos.
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