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A construção de um novo paradigma psico-social 

através do desenvolvimento das academias de ginástica

La construcción de un nuevo paradigma psico-social a través del desarrollo de los gimnasios

 

Docente da Unidade de Ensino Superior do Alto Iguaçu (UNIGUAÇU)

Mestrando pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

(Brasil)

Carlos Alberto Santiago Junior

santiagopersonal@gmail.com

Pedro Paulo Mendes Sbissa

ppsbissa@gmail.com

 

 

 

Resumo

          A preocupação com a saúde e a aparência física são fatores que têm influenciado cada vez mais a sociedade na busca constante de um melhor condicionamento e manutenção da estética. Inseridas neste contexto, as academias de ginástica constituem parte fundamental do processo de criação de um novo paradigma psico-social voltado para o melhoramento da qualidade de vida do indivíduo.

          Unitermos: Academias. Sociedade. Saúde. Qualidade de vida

 

Abstract

          The concern with health and physical appearance has often influenced the society in the search for a better conditioning and aesthetics maintenance. Integrated in this context, the academies of gymnastics are a fundamental part in the creation process of a new psycho-social paradigm that can improve the individual life’s quality.

          Keywords: Academies. Society. Health. Life’s quality

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 133 - Junio de 2009

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    Atualmente nos grandes centros, observa-se que fatores como indisponibilidade de horários, recursos financeiros limitados e atribuições do dia-a-dia restringem os indivíduos à prática de exercícios. Além disso, a estrutura oferecida pelas academias nem sempre supre as necessidades básicas para o bom andamento das atividades. Desta forma, pode-se afirmar que a vida moderna não permite condições para uma vida saudável. Porém, a população tem se preocupado cada vez mais com seu bem estar e com a melhoria da qualidade de vida. Esta conscientização, a respeito da importância do exercício físico, de acordo com Guarnieri (1997) citado por Tahara e Silva (2003), vem proporcionando um grande aumento de público nas academias de ginástica.

    Todavia, infelizmente, é comum encontrar cidades no qual o nível dos serviços oferecidos pelas academias é inferior ao desejado pelos clientes. Neste sentido, o consumidor torna-se cada vez mais exigente. Tal situação é um reflexo da busca gradativa pela melhoria da qualidade de vida, não só no aspecto físico, como também mental. Para acompanhar este crescimento e as exigências de mercado, o profissional da área física deve estar preparado para lidar com situações de competitividade constante, visto que no Brasil o número de academias e demais espaços voltados à prática de atividades físicas vem aumentando rapidamente. Desta forma, é preciso inovar para sobreviver no contexto organizacional.

    Neste sentido, Bramante (1997) afirma:

    Na medida em que o país vem passando por uma urbanização acelerada, as cidades passaram a investir em áreas abertas para a prática de exercícios, como também na disseminação de locais fechados, como clubes e academias.

    E foi a partir dos anos 70, que se iniciaram programas que atendessem diferentes faixas etárias, em função da diversidade de pessoas que passaram a procurar as academias, que no começo de seu surgimento, eram vistas apenas como uma simples alternativa para a realização de atividades físicas básicas. A esteira, a bicicleta ergométrica e outros aparelhos de menor complexidade foram os precursores dos tempos atuais. Atualmente, aulas coletivas de diversas modalidades passam a ser ministradas com o objetivo de criar maior interação com os freqüentadores. Aulas particulares, voltadas às práticas com treinamento individual através do personal treiner, também ganharam grande destaque.

    De acordo com Sautchuk (2007), estudos indicam que hoje em dia, a atividade que mais se encontra em evidência nas academias é a musculação, por se tratar de uma atividade muito procurada por indivíduos de diferentes faixas etárias e condições físicas, como forma de se manterem ativos. Silva et al., (2007) corroboram que estes estudos evidenciam inclusive a importância da musculação para a saúde. É importante ressaltar que os profissionais que ministram aulas de musculação nas academias necessitam de informações concretas sobre estes dados, para que possam contribuir de forma eficaz e segura para a melhoria da qualidade de vida da população em geral.

    Posteriormente, assim como quase toda prática esportiva, com o intuito de adequar-se às necessidades e respeitar os limites e desejos de cada indivíduo, a musculação aprimorou-se de forma a oferecer treinos específicos para cada praticante. A individualização do cliente, portanto, tornou-se então um dos principais diferenciais nestes espaços. O aluno deixa de ser apenas mais um número nas academias e passa a ser tratado, reconhecido e valorizado como peça fundamental e ativa na manutenção dos recursos que permitem a sobrevivência da empresa no mercado, através da fidelização. Juntamente com a ginástica aeróbica, a musculação é a atividade que mais ganhou adeptos na última década, beneficiando-se com o avanço tecnológico, que permitiu incorporar dezenas de equipamentos para a sua prática.

    O resultado é que hoje se percebe um desencadeamento crescente do número de academias (cada vez mais bem equipadas e diferenciadas) e, conseqüentemente do número de adeptos, tornando-as um local de fácil acesso para a disseminação da atividade e exercícios físicos, contribuindo para a saúde e bem estar dos indivíduos.

    Esta multiplicação do número de academias é mais evidente nas maiores cidades, a qual por sua vez, permite maior diversidade de ofertas. Aulas personalizadas, aparelhos com tecnologia de ponta e avaliação física, são alguns dos diferenciais apresentados. Alguns estabelecimentos investem ainda em pontos além do exercício físico propriamente dito e levam para junto dos alunos profissionais como nutricionistas, massoterapeutas e outros serviços que constituem itens de atratividade aos clientes.

    Nessa ótica de reflexão, as academias de atividades físicas são espaços representativos desse novo olhar sobre a prática de exercícios, oferecendo, inclusive, para a população urbana, a possibilidade da prática regular, o que tem um papel decisivo no contexto na melhoria do bem-estar geral (Saba, 2001; Tahara e Silva, 2003).

    Diante desta competitividade, há estabelecimentos que buscam vários nichos de mercado. No ramo de academias de ginástica, por exemplo, existem empresas que têm como público-alvo desde as classes mais populares até a alta sociedade. Neste ponto é possível observar o crescente número de “academias de luxo”. São organizações voltadas a um patamar elitizado, com custos de treinamento mais elevados, porém com nível de conforto diferenciado, constituindo-se uma vantagem competitiva. Há ainda empresas que utilizam a segmentação e se especializam, por exemplo, para o atendimento exclusivo ao público feminino, outras ao da terceira idade e assim por diante.

    Contudo, fica claro que estas ramificações de negócios direcionam-se para um único ponto: a saúde física e mental de seus clientes. Todos os estabelecimentos que possuem uma sólida base em seus princípios éticos e morais zelam incessantemente pela manutenção da qualidade de vida de seus alunos. Como toda e qualquer prática, a atividade física necessita de bom senso e equilíbrio para a sua realização, tanto dos profissionais quanto dos consumidores.

    Não se pode negar a importância do surgimento desenfreado das academias de ginástica para a promoção da atividade física, mas por outro lado é preciso dizer que a maioria das academias ainda não absorveram a mudança na passagem de elementos puramente estéticos para o bem - estar. Priorizar o efeito rápido e efêmero da beleza pode ser muito danoso para o alcance do bem estar (Saba, 2001).

    Fica claro desta forma que para manter um bom resultado no atendimento às necessidades da clientela deve ser realizado constantemente um acompanhamento de mercado e um controle da eficiência das atividades desempenhadas. Além disso, a mudança paradigmática com priorização na qualidade de vida pode ser aproveitada pelo mercado para oferecer um produto que possa promover o bem estar da sociedade. Desta forma, a corrida pela beleza pode ser direcionada para um novo referencial mais significativo - o de ter uma vida mais saudável.

    Entretanto, a busca sem limites pela aparência física perfeita pode levar o indivíduo ao uso de agentes anabólicos que ao contrário de promoverem a saúde, provocam sérios riscos e danos ao organismo. De acordo com uma pesquisa realizada por Silva et al. (2007), existe um alto consumo de esteróides anabólicos androgênicos e outros hormônios pelos adeptos das academias. Isto é uma desvirtuação do paradigma da saúde. Neste sentido, torna-se fundamental que as academias exerçam um papel educador, conscientizando seus alunos dos malefícios no consumo dessas substâncias. Um dos caminhos é o desenvolvimento de um trabalho multidisciplinar, trazendo para dentro das academias outros profissionais como pedagogos e psicólogos, a fim de auxiliarem no processo de prevenção em relação a estas substâncias.

    Finalizando, é importante enfatizar o potencial de transformação social através das academias, uma vez que o bem estar físico não está separado do psicológico. A prática de exercícios físicos nas academias pode ser utilizada para se construir uma sociedade mais feliz e capaz de aceitar melhor a si mesma e ao próximo. Cabe não somente a iniciativa privada o desenvolvimento deste potencial, é importante também que o governo perceba o quão benéfico podem ser as academias para o contexto social e assim desenvolver projetos que busquem tornar este espaço acessível a toda população.

Referências

  • BARBANTI, V. J. Dicionário de Educação Física e do Esporte. Manole: São Paulo, 1994.

  • BRAMANTE, A. C. Programa de Atividades Físicas em grupos especiais. In: 1º Congresso brasileiro de atividade física & saúde. 1997, Florianópolis. Anais do Congresso. Florianópolis: 1997, p.15.

  • SABA, F., Aderência: à Prática do Exercício Físico em Academias. São Paulo: Ed. Manole, 2001.

  • SAMARAS, T. T., STORMS, L.H. & ELRICK, H. Longevity, mortality and body weight. Ageing Research Reviews. 1:673-691, 2002.

  • SAUTCHUK C. E. A medida da gordura. O interno e o íntimo na academia de ginástica. Mana. 13(1):185-205, 2007.

  • SILVA P. R. P., JÚNIOR L. C. M., FIGUEIREDO V. C., CIOFFI A. P., PRESTES M. C. CZEPIELEWSKI M. A.. Prevalência do uso de agentes anabólicos em praticantes de musculação de Porto Alegre. Arq Bras Endocrinol Metab; 51(1), 104-110, 2007.

  • TAHARA, A.K. e SILVA, K.A. A prática de exercícios físicos na promoção de um estilo de vida ativo. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires; Ano 9; n.61; Jun., 2003. http://www.efdeportes.com/efd61/ativo.htm

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