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Avaliação em Educação Física escolar: um estudo 

com professores da disciplina na cidade de Fortaleza

 

*Doutorando e Mestre em Saúde Coletiva

Professor de Educação Física

Docente da Universidade Estadual do Ceará (UECE)

**Discentes do curso de Educação Física da

Universidade Estadual do Ceará (UECE)

(Brasil)

Heraldo Simões Ferreira*

Caroline Teles Souza**

Francisco Pimenta Costa**

Jonathas Cavalcante**

Júlio César Ribeiro Assunção**

Karine Conrado Bezerra**

heraldosimoes@bol.com.br

 

 

 

Resumo

          A Educação Física é uma disciplina que compõe a educação formal, é oferecida em todo o ensino básico e enfrenta desafios como todas as outras matérias do currículo escolar. Um destes desafios é a avaliação. A avaliação educacional tem como objetivo fornecer diagnósticos e subsídios para manutenção de políticas educacionais, a fim de detectar os prós e contras da política adotada, através do monitoramento do sistema educacional. A avaliação no âmbito da educação física deve ser analisada de maneira ampla, contextualizada e inserida no projeto político-pedagógico da escola e não estrita a métodos, procedimentos técnicos e aplicação de testes físicos. Utilizou-se uma pesquisa de campo, qualitativa, descritiva, os participantes eram graduados em educação física e atuantes como professor da disciplina em escolas públicas ou privadas da cidade de Fortaleza. Foram envolvidos 40 participantes. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário com três questões abertas, eram elas: O que avaliar na Educação física Escolar? Porque avaliar? e Como avaliar? Podemos perceber através dos resultados das entrevistas que mais da metade dos professores entrevistados, considera os aspectos físicos, fisiológicos e motores como essenciais a serem observados e avaliados durante as aulas de educação física não dando a mesma importância as questões sociais e afetivas.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Avaliação. Escola

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 133 - Junio de 2009

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1.     Introdução

    Educação Física é uma disciplina que compõe a educação formal, é oferecida em todo o ensino básico. Seu conteúdo contempla as práticas da cultura corporal nas dimensões atitudinais, conceituais e procedimentais.

    A disciplina aqui estudada enfrenta desafios como todas as outras matérias do currículo escolar. Um destes desafios é a avaliação. Especificamente na Educação física, as raízes do tecnicismo, da performance motora, da exaltação à técnica, se sobrepõem a conceitos mais subjetivos como socialização e desenvolvimento afetivo. O ensino quase que exclusivo dos esportes, a formação deficitária de determinados professores e a política de avaliação das escolas, em grande parte são as causas da dificuldade de avaliar na Educação Física.

    A Educação Física requer uma perspectiva baseada na pedagogia da transformação, onde a avaliação se configura como um recurso de diagnóstico que contempla o vir-a-ser do aluno-sujeito, numa ação provocadora que auxilia os alunos a construírem seu próprio conhecimento, ocupando o professor um papel mediador entre os alunos e a realidade que lhes é apresentada. Professor e aluno encontram-se numa relação dialógica de agir entendendo e entender agindo.

    Este artigo foi realizado no período de dezembro de 2008 a abril de 2009, como requisito de avaliação da disciplina de Avaliação em Educação física Escolar,da Universidade Estadual do Ceará (UECE), formalizado pelos alunos e pelo docente da mesma.

    O objetivo desse artigo é analisar através de uma pesquisa de campo como é abordada a avaliação na Educação Física pelos professores de escolas de Fortaleza, e mais especificamente os métodos e procedimentos utilizados por eles.

2.     Revisao de literatura

2.1.     A Educação Física na escola

    No Brasil, a educação física foi introduzida oficialmente nas escolas no ano de 1851, com a reforma de Couto Ferraz (DARIDO, 1999). Após Três anos a ginástica passou a ser obrigatória no primário e a dança no secundário (CASTELLANI FILHO, 1999).

    Nesse período, por intermédio de Rui Barbosa ocorreu uma reforma, exatamente no ano de 1882. Os seus pareceres sobre a reforma de ensino Leôncio de Carvalho constituíram-se num pequeno tratado sobre a educação física (DARIDO, 2005). Nessa época os professores de educação física ministravam as aulas dentro de salas e vestiam-se de paletó, e foi Rui Barbosa quem fez diversas recomendações para a melhoria da educação física escolar no Brasil (SOARES, 2001).

    A reforma inicialmente foi implantada somente no Rio de Janeiro e em Escolas Militares, mas após o século XX outros estados fizeram sua reforma educacional e implantaram a educação física com o nome de “ginástica” em suas escolas (SOARES, 2001).

    Apesar do preconceito com á pratica de atividades físicas por parte da elite, que valorizava principalmente a intelectualidade, foi por forte influência higienista que os educadores defenderam a pratica da ginástica nas escolas. No higienismo a preocupação principal era com os hábitos de higiene e com a saúde, exaltando o desenvolvimento físico e moral, a partir do exercício (DARIDO, 2005).

    Nesse inicio de século XX a educação física era exclusivamente pratica, deixando de lado fatores cognitivos e atitudinais, numa tentativa de isolar o corpo da mente, o que é considerado um absurdo nos dias atuais. Com o inicio da Ditadura Vargas, a preocupação principal era com a segurança nacional e com a participação civil, transformando a educação física num instrumento de adestramento físico, assumindo um caráter de militarização do corpo (DARIDO, 1999).

    Esse modelo militarista usou as aulas de educação física como um meio para selecionar indivíduos que se encaixem nos padrões militares excluindo aqueles que eram considerados incapacitados. Durante a ditadura militar, no ano de 1964, a educação física tornou-se um modo para selecionar atletas, não tão diferente do modelo militarista esse novo modelo ficou conhecido como esportivista (CASTELLANI FILHO, 1999).

    Nesse período o esporte brasileiro sofreu grande influência do futebol devido as Copas do Mundo em que o Brasil foi campeão, nos anos de 1958 e 1962. Por isso os militares utilizaram o grande interesse da população em relação ao esporte para obter êxito político, ou seja, a educação física era utilizada como meio de encontrar atletas em potencial nas escolas, para que essas pessoas se destaquem mundialmente, valorizando assim a soberania nacional e por conseqüência a Ditadura aqui instalada. Portanto, nesta época a educação física era praticamente resumida ao esporte e as habilidades motoras, transformando assim o professor de educação física em um técnico esportivo (DARIDO, 1999).

    Devido ao grande numero de criticas ao modelo esportivista ou tecnicista ocorreu uma mudança, muitos professores voltaram-se para atender um novo conceito que começou a se desenvolver. Nesse conceito a educação física busca atender as necessidades e os interesses dos alunos, abrindo na assim um conceito sobre a recreação. Nos dias de hoje, a recreação resume-se ao fato dos alunos jogarem bola enquanto o professor marca o tempo de jogo, apagando assim todos os princípios pedagógicos que deveriam ser utilizados pelos professores durante as aulas. (DARIDO, 2005).

2.2.     Avaliação

    Avaliação sempre esteve presente em várias áreas profissionais, visto que o objetivo da avaliação é sempre verificar o resultado do ensino (SANTOS; GONÇALVES 1996, p.75).

    Para Klein e Fontanive (1995) avaliação educacional tem como objetivo fornecer diagnósticos e subsídios para manutenção de políticas educacionais, a fim de detectar os prós e contras da política adotada, através do monitoramento do sistema educacional.

    Com relação ao ato de avaliar Santos e Varela (2007, p.02) relatam que:

    O ato de avaliar implica na coleta, na análise e na síntese dos dados que configuram o objeto da avaliação, acrescido de uma atribuição de valor ou de qualidade, que se processa a partir da comparação da configuração do objeto avaliado com um determinado padrão de qualidade previamente estabelecido para aquele tipo de objeto.

    “Avaliação diferencia-se da verificação, pois nesta há apenas uma coleta da informação, e na avaliação alem da coleta de dados existe uma tomada de decisão, para direcionar o objeto da avaliação.” Luckesi (2002 apud SANTOS; VARELA, 2007, p.02)

    Para Haydt (2000) é determinar a quantidade, a extensão ou grau, tendo por base um sistema de unidade convencional. Sendo assim a medida sempre é expressa em número, tornando objetiva e exata.

    Com relação à capacidade de medir as valências de uma avaliação Pestana, (1998) afirma que:

    O desempenho do aluno é, evidentemente, bastante abrangente, e o SAEB não é capaz, ainda, de medir vários aspectos nele contidos – principalmente atitudes, aspectos afetivos e valores – que fazem parte do agir educacional, objetivo da escola. Mas o desempenho do aluno, em termos de aprendizagem de conteúdos e de aquisição de habilidades e competências, é passível de medição (PESTANA,1998,p.67).

    “A avaliação é uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos.” (BARBOSA, 2008 p.01)

2.3.     Avaliação na Educação Física Escolar

    Atualmente tem-se discutido sobre os sistemas de avaliação já instituídos nas bases da educação brasileira. Firme (1994 apud RODRIGUES; SILVA, 2008, p.161) afirma que, lamentavelmente, a reprovação de crianças e jovens é vista como um “processo natural”, “inevitável”, e a explicação a esse fenômeno sustenta-se na preservação da qualidade de ensino. A evasão é aceita como um processo “normal” dos “fracassados”, sem refletir sobre os múltiplos fatores que a ela se podem relacionar de fato, dentre os quais, a maneira como a avaliação é realizada, por exemplo.

    Segundo Mendes et al. (2007) a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96, propõe no seu artigo 24 um modelo de avaliação escolar com caráter contínuo e cumulativo, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados adquiridos ao longo do período sobre as eventuais provas finais.

    Para Bratifische (2003), a Educação Física hoje, almeja que as aulas possibilitem ao aluno vivenciar as habilidades físicas por meio de conhecimentos que enfatizam o corpo, esportes, lutas, danças e ginástica, visando enriquecer seu vocabulário motor. Bratifische diz ainda em sua publicação que a avaliação escolar tem se modificado no decorrer dos anos, em conseqüência das mudanças estruturais na sociedade, das alterações no comportamento humano, dos avanços tecnológicos, entre outros fatores. Desta forma, avaliar em educação física consiste em reconhecer, diagnosticar, desenvolver e valorizar a expressão individual, a cultura própria e a manifestação de afetividade, viabilizando a aprendizagem e formação integral do educando.

    Mendes et.al. (2007) afirma que por outro lado, estudos apontam que as características das práticas avaliativas aplicadas pelos professores de Educação Física na atualidade, nos diversos níveis de ensino, direciona-se na maioria das vezes exclusivamente à verificação do aprendizado pela análise da capacidade de retenção de informações e reprodução de movimentos técnicos, desconsiderando-se o desenvolvimento e progresso global do aluno.

    Para Darido e Rangel (2005) nos últimos anos não foram poucos os professores que optaram por esse método tradicional de avaliação, pois diziam tornar a Educação Física mais cientifica, objetiva e qualitativa. Apesar de que partir da década de 70, esse modelo tradicional de avaliação passou a ser alvo de muitas críticas e comprovado através de pesquisas que esse sistema de avaliação só estava servindo para rotular os alunos (em excelentes, bons, regulares e fracos).

    Darido et al. (2002) afirma em sua resenha do livro a prática educativa, que Zabala propõe a avaliação de fatos, conceitos, procedimentos e atitudes, justificando a prova escrita para fatos e conceitos, seja a do tipo mais rápido ou exaustivo. Vale ressaltar que a observação dos conceitos podem ser mais bem mais avaliados quando a expressão verbal é possível, e não apenas a escrita, da mesma forma que vê nas pessoas a necessidade de uma expressão de gestos, citando o exemplo do uso das mãos que os indivíduos fazem para explicar melhor esses conceitos.

    Segundo Darido e Rangel (2005) deve evitar utilizar provas escritas em que se deve responder exatamente conforme o que foi apresentado em sala de aula, mas sim observar o aluno durante todas as aulas e ser for necessário solicitar a sua interpretação dos conceitos.

    Para Carvalho et al. (2000 apud BRATIFISCHE, 2008, p.23), “a avaliação no âmbito da educação física deve ser analisada de maneira ampla, contextualizada e inserida no projeto político-pedagógico da escola e não estrita a métodos, procedimentos técnicos e aplicação de testes físicos”.

    Assim como os demais componentes curriculares, a avaliação em Educação Física tem suas características e dificuldades. Betti e Zuliani (2002) discutem em seu estudo as concepções básicas da avaliação tradicional e progressista. Na concepção tradicional, o professor preocupa-se em transmitir conhecimentos ao aluno, que por sua vez aprende de forma passiva; através de uma prova atribui-se ao aluno uma nota fria verificando apenas habilidades cognitivas. Na concepção progressista, o professor, orientador da aprendizagem, faz diagnóstico, considera a capacidade de aprendizagem do aluno, e se autoavalia; o aluno, sujeito da aprendizagem, é mais crítico e também se autoavalia; a avaliação é contínua, e serve para a reorientação do processo. Este método tem sua importância justificada na possibilidade de se acompanhar o processo de maturação espontâneo do aluno, ou seja, sua evolução é evidenciada no decorrer do processo ensino-aprendizagem.

    Gimeno (1988 apud BETTI e ZULIANI, 2002, p.80) afirmam ainda que a importância da avaliação fundamenta-se em suas funções básicas que são diagnosticar, para detectar o estágio de desenvolvimento e aprendizagem do aluno a fim de extrair conseqüências para o próprio processo de ensino e, portanto, avaliá-lo; e classificar, para hierarquizar os alunos, e servir também como um dos critérios de promoção. O mesmo estudo destaca que os processos avaliativos incluem aspectos informais e formais, concretizados em observação sistemática/ assistemática e anotações sobre o interesse, participação e capacidade de cooperação do aluno, auto-avaliação, trabalhos e provas escritas, testes para avaliação qualitativa e quantitativa de habilidades e capacidades físicas, resolução de situações problemáticas propostas pelo professor, elaboração e apresentação de coreografias de dança, exercícios de ginástica ou tática de esportes coletivos, etc. Por fim, vale lembrar que é importante informar ao aluno quais são os momentos de avaliação formal, e quais aspectos serão avaliados e transformados em conceito para que este tenha ciência de como, por que e para quê estão sendo avaliados.

    “A primeira questão a ser discutida, fundamentada na compreensão dos aspectos pedagógicos que defendemos, inclusive para a avaliação escolar, é a preocupação/consideração com três dimensões dos conteúdos: procedimental, conceitual e atitudinal.” (DARIDO; RANGEL, 2005, p.129).

    Ainda de acordo com os autores a avaliação pode e deve oferecer elementos que possibilitem ao professor uma reflexão profunda sobre sua prática de ensino. Desta forma auxiliando na compreensão dos aspectos que devem ser revistos, ajustados ou reconhecidos como adequados para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos, tanto de forma individual como coletiva.

3.     Metodologia

    Utilizou-se uma pesquisa de campo, qualitativa, descritiva, pois “envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer” (GIL 1991 apud SILVA; MENEZES 2001, p.21).

    Os participantes eram graduados em educação física e atuantes como professor da disciplina em escolas públicas ou privadas da cidade de Fortaleza. Foram envolvidos 40 participantes. A coleta de dados foi realizada no local de trabalho dos profissionais e o instrumento de medida utilizado foi um questionário com três questões abertas, eram elas: O que avaliar na Educação física Escolar? Porque avaliar? e Como avaliar?

    A análise possuiu um caráter hermenêutico, já que “a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa.” (SILVA; MENEZES, 2001, p. 20).

4.     Resultados e discussão de dados

    Após a aplicação das entrevistas realizamos uma categorização das falas dos sujeitos envolvidos. A categorização foi instrumentalizada após a leitura e transcrição das respostas dos participantes. Observamos e registramos palavras chave que significavam uma determinada resposta.

    Em determinadas falas, emergiram mais de uma categoria de respostas, assim o número de categorias ultrapassa o número de participantes.

4.1.     Questão 01

    Na primeira questão, perguntamos o que deve ser avaliado na Educação Física Escolar. As categorias formuladas, com suas respectivas aparições nas falas dos envolvidos, foram: Questões físicas, fisiológicas, motoras – 28; Social, afetivo – 17; Performance – 01; Educação integral – 02; Dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais – 02; Área cognitiva e intelectual – 03; Avaliação de forma qualitativa – 01; Avaliação contínua e diária - 01

    De acordo com os PCNs (BRASIL, 2001) a avaliação na Educação Física Escolar deve superar os aspectos biofisiológicos, presente em 28 falas. O documento citado sugere a avaliação integral do aluno, buscando verificar os avanços nas dimensões conceituais, atitudinais e procedimentais. Felizmente, a segunda categoria mais comentada estava relacionada aos aspectos sociais e afetivos.

    Para Darido e Rangel (2005) a Educação Física não pode se restringir a avaliação do domínio motor e esquecer as relações cognitivas, afetivas e sociais dos alunos. Deve considerar a conduta humana em todas as dimensões.

    Abaixo mostramos algumas das respostas obtidas:

    “A avaliação em educação física dever ser feita através da “observação” do aluno avaliado as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais. O professor avalia o aluno através do conhecimento do assunto (conceitual), através da habilidade motora (procedimental) e através dos valores (atitudinais)”.

    “A EF escolar tinha como principal objetivo enfoque de avaliação o desenvolvimento motor e a melhora da performance. Já nos dias de hoje, a EF escolar objetiva englobar, além do desempenho motor, também o desenvolvimento social, afetivo e psicomotor”.

    “Na educação Física escolar, é importante avaliar as valências psico-motoras como lateralidade, coordenação motora, ritmo e cadência. Assim como os fatores comportamentais: cooperação, respeito mútuo, individualidade e coletividade”.

    Também foi realizado, com o intuito de visualização, um gráfico de cada questão, lembrando que as palavras chave foram contabilizadas nas falas dos envolvidos, assim uma mesma resposta poderia conter mais de uma categoria.

    Abaixo é demonstrado gráfico relacionado a questão 1:

Gráfico 1

4.2.     Questão 02

    Os participantes também foram questionados sobre os motivos da avaliação em Educação Física Escolar, mais precisamente o porquê da avaliação. As categorias formuladas, com suas respectivas aparições nas falas dos envolvidos, foram: Desenvolvimento do aluno - 10; Corrigir e identificar erros e dificuldades - 13; Analise do conhecimento - 07; Ensino aprendizagem – 06; Interesse – 03; Capacidades motoras 03; Saúde – 01; Analisar o trabalho do professor – 06

    De acordo com Coletivo de Autores (1992) a Educação Física Escolar é compreendida como uma disciplina do currículo escolar, mas não basta a avaliação estar referenciada nos objetivos do plano escolar. Deve-se ter como finalidade o projeto histórico na qual o aluno está envolvido.

    A categoria com maior número de respostas foi - Corrigir e identificar erros e dificuldades - com 13 aparições. Tal resposta é importante, pois a avaliação permite mensurar como o conteúdo está sendo ministrado e assimilado. Assim possui duplo sentido, sendo útil, segundo Darido e Rangel (1995) para as duas partes, aluno e professor, contribuindo para uma reflexão do que foi realizado e verificar se objetivos foram alcançados ou não.

    Abaixo são reproduzidas algumas falas dos participantes:

    “Quando o professor avalia ele vai saber qual a real condição de seus alunos, principalmente aqueles que apresentam dificuldades, tanto as dificuldades físicas, quanto as dificuldades de relacionamento o que é muito comum nas escolas particulares”.

    “O motivo é verificar qual o efeito da participação do aluno na aula e da própria aula, se esta garante que fará o aluno adquirir ou desenvolver ou aperfeiçoar a sua capacidade motora”.

    “Para tentar detectar e corrigir possíveis falhas no aprendizado e no comportamento do aluno em si”.

    “Para se ter noção do nível de aprendizado do aluno em relação as aulas ministradas e ter um feed-back dos alunos em relação as aulas, no intuito de avaliar também a aula como ferramenta no aprendizado do aluno”.

    “Para observar as características motoras e de comportamento de cada aluno com a avaliação progressiva e constante do aluno, ele poderá aprimorar suas habilidades e corrigir alguns erros”.

    “Para ter um retorno do que os alunos aprenderam”.

    “Porque devemos saber o “nível” dos alunos para planejarmos as aulas com maior eficiência nos resultados desejados”.

    Abaixo é demonstrado gráfico representativo da questão 2:

Gráfico 2

4.3.     Questão 03

    Na terceira questão, perguntamos como avaliar na Educação Física Escolar. As categorias formuladas, com suas respectivas aparições nas falas dos envolvidos, foram: Observação do desenvolvimento motor e avaliação prática. – 13; Avaliação teórica – 12; Aspectos motores, cognitivos e afetivos – 01; Avaliações contínuas – 08; Auto-avaliação – 01; Participação – 07; Freqüência – 02; Antes, durante e depois – 04; Atividades lúdicas e recreativas – 07; Desenvolvimento cognitivo – 04

    De acordo com Darido e Rangel (2005), sugere-se para a avaliação em Educação Física Escolar o uso de diversos tipos de registro. Ainda afirmam que os alunos podem ser avaliados sistematicamente, por meio de observações das práticas (categoria presente em 13 falas), ou de forma específica, com provas, pesquisas, relatórios, apresentações, etc.

    Abaixo mostramos algumas das respostas obtidas

    “A avaliação deverá ser progressiva e constante. Em todas as aulas deverão ser realizados relatórios apontando aspectos motores, cognitivos e afetivos”.

    ‘Dependendo do conteúdo avaliado, o aluno deverá conhecer o histórico da modalidade e os gestos técnicos, ao final do ano deverá ser feita a média destas avaliações”.

    “Através de trabalhos, provas, e durante as aulas, com perguntas aos alunos”.

    “Podemos avaliar com a participação, a socialização, relatórios, o desenvolvimento dos avanços e esforços nas realizações das atividades”.

    Abaixo é demonstrado gráfico relacionado a questão 3:

Gráfico 3

5.     Conclusão

    Podemos perceber através dos resultados das entrevistas que mais da metade dos professores entrevistados, considera os aspectos físicos, fisiológicos e motores como essenciais a serem observados e avaliados durante as aulas de educação física não dando a mesma importância as questões sociais e afetivas.

    Foi constatado ainda que identificar e corrigir os erros e as dificuldades dos alunos bem como acompanhar o desenvolvimento dos mesmos durante as aulas é considerado como a principal razão de se avaliar.

    As atividades que promovem o desenvolvimento do sistema motor foi um dos métodos predominantes como forma avaliativa pelos professores estudados, no entanto a avaliação teórica também foi um dos recursos utilizados por parte dos mesmos.

    Considerando a pesquisa realizada e a reflexão sobre os resultados encontrados nota-se que as inúmeras respostas convergem principalmente aos aspectos motores, demonstrando que a maioria dos professores utiliza o modelo tradicional de avaliação. Porém pode-se observar que o interesse aos aspectos avaliativos atitudinais e cognitivos também está presente em algumas respostas dos professores entrevistados, reforçando que Educação Física está em fase de transição, ou seja, cada vez mais voltada para as dimensões atitudinais e cognitivas, porém ainda permanecendo, as habilidades motoras, como os principais fatores a serem analisados e avaliados.

Referências

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  • CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil. Campinas, Papirus, 1988.

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  • DARIDO, S. C. ET. AL. Resenha do livro A prática educativa, de Antoni Zabala. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 23, n. 2, p. 195-205, jan. 2002. Antoni ZABALA. A prática educativa: como ensinar, Porto Alegre, Editora Artes Médicas Sul Ltda, 1998.

  • DARIDO, Suraya Cristina; RANGEL, Irene Conceição Andrade. Educação Física na escola: implicações para prática pedagógica. Editora Guanabara Koogan, 2005.

  • DARIDO, Suraya Cristina. Educação Física na Escola:questões e reflexões. Araras, Topázio, 1999.

  • HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. São Paulo, Ática, 2000.

  • MENDES, Evandra Hein; NASCIMENTO, Juarez Vieira do; MENDES, José Carlos. Metamorfoses na avaliação em Educação Física: da formação inicial à prática pedagógica escolar. Movimento, Porto Alegre, v.13, n. 01, p.13-37, janeiro/abril de 2007.

  • RODRIGUES JÚNIOR, José Carlos; SILVA, Cinthia Lopes da. A significação nas aulas de Educação Física: encontro e confronto dos diferentes “subúrbios” de conhecimento. Proposições, v. 19, n. 1 (55) - jan./abr. 2008

  • SANTOS, M.R; VARELA, S. A avaliação como um instrumento diagnóstico da construção do conhecimento nas séries iniciais do ensino fundamental. Revista Eletrônica de Educação Ano I, p.02, ago. / dez. 2007.

  • SILVA, E.L; MENEZES. E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. Florianópolis, Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 3º Edição, 2001.

  • SOARES, C, L. Corpo e História. Campinas, Autores associados, 2001.

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