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Índices de amplitude articular do quadril em atletas

profissionais de futebol: uma análise a partir da 

preferência de membros e posições de jogo

Indices de amplitud articular de la cadera en jugadores profesionales de fútbol: 

un análisis a partir de la preferencia de miembros y posiciones de juego

 

*Graduado em Educação Física – CEFET- CE

Especialista em Fisiologia do Exercício e Treinamento Desportivo – UCB – RJ

**Graduando em Educação Física – CEFET-CE

***Graduado em Educação Física – CEFET- CE

****Doutora em Educação Física – UNICAMP

Professora Adjunta do curso de Licenciatura em Educação Física – UFPB

(Brasil)

Glauber Carvalho Nobre*

João Barbosa da Cruz Júnior**

Anne Emanuelle da Silva Pereira*

Gertrudes Nunes de Mello***

Maria do Socorro Cirilo de Sousa****

glauber_nobre@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi analisar os índices de amplitude articular (Aar) dos movimentos do quadril em atletas profissionais de futebol. Esta pesquisa decorre de um estudo de delineamento descritivo, transversal e de campo, composta por 60 jogadores profissionais de futebol, com média de idade de 24,4±4,5 anos, que atuam em clubes participantes do Campeonato Cearense do ano de 2008, submetidos a mensuração das amplitudes articulares do quadril nos movimentos de flexão, extensão, adução e abdução do membro preferido (Mp) e membro não preferido. Utilizou-se um goniômetro analógico de aço de 14 polegadas. Empregou-se estatística descritiva e inferencial com teste “t” de student para dados pareados e Wilcoxon. O nível de significância adotado foi de 5%. Observou-se médias de Aar- flexão: 88,8+8,9 - Mp e 86,9+10,3 – Mnp; Na extensão as Aar de Mp e Mnp foram respectivamente: 20,9+12,9 e 21,7+14,3; Os valores de adução apontaram: 54,3±9,3 para Mp e Mnp (±9,6); percebeu-se diferenças na adução de Mp (16,6±7,9) e Mnp 19,4±7,7 (p=0,000). Os Aar do quadril em jogadores profissionais de futebol analisados apresentaram-se diferentes conforme posição assumida no campo de jogo, sendo que os indivíduos que atuam como goleiros apresentaram os melhores índices. A análise conforme predominância de membro permitiu relevar melhores índices para o membro não preferido em relação ao membro preferido na maioria dos atletas analisados independente da posição assumida e do movimento analisado.

          Unitermos: Futebol. Amplitude articular. Posições de jogo.

 

Abstract

          This study examined the rates of amplitude articulate (AAR) of the hip movements of professional athletes in soccer. This research follows a descriptive study of design, and cross-field, consisting of 60 professional soccer’s, with a mean age of 24.4 +4.5 years working in clubs participating in the Championship Cearense the year 2008, submitted to measurement of the hip joint range of motion in flexion, extension, adduction and abduction of preferred member (MP) and member not preferred. Used a goniometer analog of steel, 14 inches. It was descriptive and inferential statistics with "t" test of Student for paired data and Wilcoxon. The significance level was 5%. There was mean Aar-flexion: 88.8 +8.9 - 86.9 +10.3 and Mp - MNP; In extension of the Aar Mp and MnP were respectively: 20.9 +12.9, 21 7 +14.3, The value of adduction showed: 54.3 +9.3 to Mp and MNP (+9.6); noticed the differences in adduction of Mp (16.6 +7.9) and MNP 19 , 4 +7.7 (p = 0000). The Aar of the hip in professional soccer’s analyzed was different depending on the position of the game field, and the individuals who act as goalkeeper had the best rates. The analysis as a predominance of State has best rates to relieve the member not on the preferred member preferred in most tested athletes regardless of position held and the motion analysis.

          Keywords: Soccer. Articular amplitude. Positions of the game

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 133 - Junio de 2009

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Introdução

    Nestas últimas décadas, o futebol como modalidade esportiva profissional, apresenta-se em constante grau de evolução dos mais variados aspectos, sempre na busca dos processos de melhoria do desempenho (NOBRE et al, 2008). A evolução natural do futebol, como um esporte de alto rendimento, promoveu mudanças nos aspectos gerais e específicos do treinamento, preocupando-se também com a recuperação pós-treino e jogo, entre outros (AOKI, 2002).

    Dentre as capacidades físicas exigidas na modalidade futebol está a flexibilidade. Segundo Farinatti (2000), no que diz respeito ao esporte, não precisamos de evidências estatísticas e científicas para imaginar que certos tipos de atividades demandam graus adequados de flexibilidade para uma boa execução. Esta valência pode ser expressa em graus, índices ou arcos de amplitude articular e possui grande importância na prática de esportes, principalmente de rendimento.

    Conforme Achour Jr. (1996 p.103). “a flexibilidade é importante para o atleta melhorar a qualidade do movimento, para realizar habilidades atléticas com grandes amplitudes de movimento e reduzir os riscos de lesões músculo-articulares”. Segundo Farinatti (2000) a flexibilidade pode ser definida como a amplitude articular máxima em uma ou mais articulações ou pela relação existente entre o comprimento e a tensão de um músculo alongado.

    Möller, Oberg; Gillquist (1985) investigaram o efeito de uma única sessão de treinamento de futebol sobre a flexibilidade das articulações do quadril, joelho e tornozelo, acusando uma redução significativa até 24 horas. Em um outro aspecto, OBERG, EKSTRAND, MÖLLER & GILLQUIST (1984) EKSTRAND; Gillquist (1982) e Oberg et ali. (1984) compararam a mobilidade articular de atletas jogadores de futebol em diversas posições, chegando-se à conclusão de que não havia associação significativa. Em todos os casos, porém, a comparação com grupos controle revelou que existiria um declínio progressivo da flexibilidade com a prática continuada do futebol.

    Há, com isso, uma tendência a considerar-se que a prática do futebol tenda a reduzir a flexibilidade. Ainda que isso não seja consensual, estudos comparativos sugerem que a prática continuada do futebol é, freqüentemente, associada com níveis de mobilidade articular abaixo da média de populações não-atléticas em vários grupos articulares (TRAVERS e EVANS, 1976; OBERG ET ALII, 1984; MANGINE, NOYES e MULLEN, 1990; GLEIM e MCHUGH, 1997; ARAÚJO, 1999).

    Desta forma a análise dos níveis ou índices de amplitude articular em atletas profissionais das mais variadas modalidades esportivas, e mais especificamente do futebol, é fundamental para o direcionamento, controle e seleção dos estímulos de treinamento, na prevenção de lesões, na mobilidade articular, influenciando nos aumentos dos índices de desempenho esportivo. É relevante assumir também os dos indices ecnicas lidades e mais especificamente no futebol, eque está análise deve ser diferenciada a partir das posições assumidas no campo de jogo e especificadas de acordo com os movimentos inerentes ao desporto praticado.

    A partir do que foi exposto levantou-se alguns questionamentos: quais são os níveis de amplitude articular do segmento quadril, em jogadores profissionais de futebol? Estes níveis se diferenciam de acordo com predominância de membro e posição/função assumida pelos jogadores no campo de jogo? Desta forma o objetivo deste estudo foi analisar os índices de amplitude articular de jogadores profissionais de futebol a partir das ações de identificar os índices de amplitude articular (AAr) do quadril de acordo com as movimentações predominantes da modalidade; Analisar e comparar os valores de AAr de acordo com movimento articular, dominância de membro e posição de jogo.

Material e métodos

Caracterizações da pesquisa

    Esta pesquisa decorre de um estudo de delineamento descritivo, transversal e de campo.

População e amostra

    A população foi composta por atletas profissionais. A amostra constituiu-se de 60 indivíduos dos gêneros masculino, com média de idade de 24,4±4,5 anos, jogadores profissionais de futebol distribuídos por posição assumida no jogo, sendo 08 goleiros, 10 zagueiros, 10 laterais, 11 volantes, 10 meias e 11 atacantes, que atuam nos clubes participantes do Campeonato Cearense do ano de 2008, selecionados de forma intencional. Ambos os clubes estão localizados na região do Cariri, no sul do estado do Ceará.

Instrumentos para coleta dos dados

    Utilizou-se para mensuração da amplitude articular dos segmentos corporais selecionados neste estudo, um goniômetro analógico de aço da marca Baseline® com escala em até 360° (trezentos e sessenta graus). Foi utilizada também uma ficha de coleta padronizada pelo autor da pesquisa, colchonetes, um implemento de madeira ou plástico (cadeira ou mesa) para as medidas em que os indivíduos deveriam permanecer sentados, além de material de expediente como pranchetas, luvas de borracha, entre outros.

Procedimentos para a coleta dos dados

    A princípio foi realizado um procedimento de listagem junto a Federação Cearense de Futebol (FCF) dos clubes filiados que estão localizados na região do Cariri, Ceará. A partir daí, estabeleceu-se contato por telefone ou “in loco” com os clubes Guaraní Esporte Clube e Associação Recreativa, Desportiva e Cultural Icasa para levantamento prévio da quantidade de atletas pertencentes a estes estabelecimentos.

    A partir daí, fez-se uma reunião com os dirigentes, comissão técnica e atletas dos referidos estabelecimentos para explicação dos objetivos, relevância, procedimentos para a coleta dos dados e projeção para assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) conforme lei 196/96 (BRASIL, 2001) para pesquisa com seres humanos. Os atletas selecionados mantinham um ritmo de treinamento há pelo menos três meses consecutivos, de quatro a oito sessões de treino semanais e que não apresentavam histórico de lesão recentemente.

    A mensuração da amplitude articular dos diversos movimentos e segmentos corporais selecionados nesta pesquisa foi realizada a partir da aplicação do protocolo recomendado pelo Laboratório de Biometria e Fisiologia do Esforço (LABIFIE) e citado em Dantas (2005) para utilização da goniometria nos movimento de flexão, extensão, adução e abdução do quadril. Abaixo estão descritos os procedimentos específicos para aplicação deste método de acordo com o movimento corporal analisado.

Abdução do quadril (coxofemural)

    Posição inicial: o testando devera estar deitado em decúbito dorsal. Técnica: uma das hastes do goniômetro devera posicionar-se sobre uma linha traçada entre as duas cristas ilíacas, e a outra sobre a face anterior da coxa em sua linha mediana em seguida, realizar – se – á o movimento de abdução do quadril, com a haste fixada na coxa.

Figura 01. Aplicação do goniômetro no movimento de abdução do quadril

Adução do quadril (coxofemural)

    Posição inicial: o avaliado devera estar em decúbito dorsal com ambas as pernas estendidas. Técnica: uma das hastes do goniômetro (fixa) deverá localizar-se na linha das duas cristas ilíacas, e a haste móvel deve se posicionar ao longo da extremidade da face anterior da coxa, sendo assim realizar o movimento de adução.

Figura 02. Aplicação do goniômetro no movimento de adução

Flexão da articulação do quadril (coxofemoral)

    Posição inicial: o testando devera estar deitado em decúbito dorsal, as pernas estendidas. Técnica: o goniômetro devera colocar-se com o seu eixo central sobre o ponto trocantérico, uma das hastes fixada na parte lateral do tronco, sobre o prolongamento da linha axilar, e a outra, na face externa da coxa, em sua linha mediana, em seguida, realizar-se a flexão da articulação do quadril.

Figura 03. Aplicação do goniômetro no movimento de flexão do quadril.

Extensão da articulação do quadril (coxofemoral)

    Posição inicial: o testando devera estar deitado em decúbito ventral, pernas estendidas. Técnica: o goniômetro devera ser posto com seu eixo central sobre o ponto trocantérico, uma das hastes fixada na parte lateral do tronco, no prolongamento da linha axilar e a outra na face externa da coxa, em sua linha mediana, em seguida, realizar-se-á a extensão da articulação do quadril.

Figura 04. Aplicação do goniômetro no movimento de extensão do quadril

Plano analítico

    Após o registro dos dados confeccionou-se um banco de dados em pacote estatístico e programa de fomentação de planilhas. Aplicou-se a estatística descritiva para as medidas de tendência central e dispersão. Utilizou-se o teste de Shapiro Wilk para verificar a nomalidade dos dados. Para a estatística inferencial recorreu-se a utilização do teste “t” de student para dados pareados quando analisado o grupo em geral e teste de Wilcoxon para a análise por preferência de membro de acordo com posição de jogo. O nível de significância adotado foi de 5%. A distribuição foi realizada em tabelas e gráficos após o equacionamento e classificações dos valores.

Resultados

    A análise geral dos graus de amplitude articular dos jogadores profissionais de futebol avaliados nesta pesquisa está evidenciada na tabela 01. Percebeu-se que a média encontrada para o movimento de flexão da coluna lombar foi de 27,2°. Nos movimentos de flexão do quadril as médias indicaram 88,8 graus para o membro preferido (MP) e 86,9° para o membro não preferido (MNP).

    Neste mesmo segmento, os valores médios de amplitude articular no movimento de extensão demonstraram índices de 20,9° e 21,7° para MP e MNP respectivamente, sendo que no primeiro, o valor mínimo encontrado foi de -06°. No movimento de abdução, o índice encontrado (54,3°) foi o mesmo para ambos os membros. Na adução do quadril, percebeu-se médias de 16,6° e 19,4° para MP e MNP concomitantemente (p=0,000) Ver tabela 01.

Tabela 01. Estatística descritiva dos valores de amplitude articular em graus dos movimentos do quadril nos atletas em geral (N=60)

Movimento

Dominância

X

S

Mín.

Máx.

Flexão

MP

88,8

8,9

61,0

108,0

MNP

86,9

10,3

63,0

110,0

Extensão

MP

20,9

12,9

-6,0

50,0

MNP

21,7

14,3

1,0

60,0

Abdução

MP

54,3

9,3

39,0

71,0

MNP

54,3

9,6

30,0

80,0

Adução

MP

16,6*

7,9

2,0

34,0

MNP

19,4*

7,7

2,0

35,0

X - média; S - desvio padrão; Mín. – Valor mínimo; Máx. – Valor Máximo; MP – membro preferido; 

MNP – membro não preferido; * p< 0,050 – diferenças estatísticas significativas.

    A análise inferencial dos valores médios de amplitude articular do grupo em geral apontou diferenças estatisticamente significativas em favor dos membros não-dominantes no movimento de adução do quadril (p=0,006). Nos outros movimentos analisados, não foram verificadas diferenças em linguagem estatística nas médias de amplitude em relação à predominância de membro.

    O gráfico 01 abaixo aponta os valores medianos de amplitude articular do movimento de flexão de quadril de acordo com predominância de membro e posição assumida no campo de jogo. Percebeu-se que os indivíduos que atuam como goleiros apresentaram maiores índices de amplitude (95° – MP; MNP 94,5° - MNP) para este segmento corporal em relação às demais posições.

    Em alusão a dominância de membros, os índices para os membros não dominantes (MNP) foram ligeiramente maiores nas posições de zagueiro (85° MP; MNP - 86°), goleiro e atacantes (89° - MP; 90° - MNP). Nas outras posições, os valores de amplitude articular (AA) foram maiores nos membros dominantes (laterais: MP – 90°; MNP – 87°; meio-campo: MP – 88,5°; MNP - 86°; volantes: MP - 90°; MNP - 83°) sendo que nestes últimos, as diferenças foram estatisticamente significativas (p=0,000).

Gráfico 01. Mediana dos valores amplitude articular no movimento de flexão de quadril conforme posição de jogo (N=60)

    A análise das amplitudes no movimento de extensão de quadril revelou medianas maiores para as posições de goleiro (37° - MP e 38° - MNP), zagueiro (20° MP e 28° MNP) e laterais (22,5° e 22,8°) em relação aos atacantes (20° - MP e 22°MNP), volantes (14° - MP e 17° MNP) e meio-campos (13° MP e 6,5° MNP). As diferenças estatísticas entre as amplitudes articulares nos MP e MNP foram apontadas para as posições de zagueiros, volantes, meio-campos e atacantes (p=0,003; p=0,004; p=0,000 e p=0,000 respectivamente), sendo que apenas no grupo de indivíduos de meio-campo, estas diferenças foram em favor do MP. Ver gráfico 02.

Gráfico 02. Mediana dos valores de amplitude articular no movimento de extensão de quadril de acordo predominância de membros e posição de jogo (n=60)

    A dinâmica dos valores medianos de AA no movimento de abdução do quadril de acordo com posição de jogo e dominância de membros está explicitada no gráfico 03 abaixo. Os goleiros e atacantes apresentaram valores maiores neste segmento corporal (59° MP, 61° MNP e 62° MP, 56° MNP respectivamente) em relação às outras posições (zagueiros: 59° e 54°; laterais: 48° e 53°; volantes: 48° e 50°; meio-campos: 48° e 53° para MP e MNP concomitantemente).

    O MNP indicou índices maiores de amplitude articular do que no MP na maioria do grupo, apontando diferenças estatísticas nas posições de lateral, volante e meio-campo (p<0,050). Em outras duas posições (zagueiros e atacantes) o MP revelou maior arco articular do que o MNP (p=0,000 e p=0,004 respectivamente).

Gráfico 03. Mediana dos valores de amplitude articular no movimento de abdução de quadril de acordo com predominância de membro e posição de jogo (n=60)

    A análise do movimento de adução do quadril revelou valores medianos maiores para os goleiro (28,5° MP e 27° MNP) em relação aos demais jogadores (20° MP e 21° MNP para zagueiros; 14° MP e 19° MNP para laterais; 18° MP e 19° MNP para volantes; 11,5° MP e 16° MNP para meio-campos e 15,5° MP e 18° MNP para atacantes). Novamente a AA nos MNP foram maiores em quase todas as posições de jogo (ver gráfico 04), indicando diferenças estatisticamente significativas nos laterais, meio-campos e atacantes (p=0,000; p=0,003 e p=0,000 concomitantemente).

Gráfico 04. Mediana dos valores de adução de quadril de acordo com predominância do membro e posição de jogo (N= 60)

Discussão

    A análise dos graus ou índices de flexibilidade em atletas profissionais das mais variadas modalidades esportivas, e mais especificamente do futebol, é essencial para o direcionamento, controle e seleção dos estímulos de treinamento, na prevenção de lesões, entre outros, influenciando nos aumentos dos índices de performance esportiva. É relevante admitir também que esta apreciação deve ser individualizada a partir das posições adquiridas no campo de jogo e expressa de acordo com os movimentos específicos, inerentes ao desporto praticado.

    Em estudo realizado por Obadia et al. (2005) que propôs um perfil de amplitude articular através do método de goniometria em jogadores de futebol das categorias de base (sub 15 e sub 17) atuantes em clubes da cidade do Rio de Janeiro, Brasil, percebeu-se que o valor médio predito para a amplitude no movimento de flexão do quadril foi de 75,52±12,92 graus, valor este inferior à média geral encontrada no presente estudo.

    Zakas (2004) analisando os índices de amplitude articular de adolescentes atletas de futebol constatou índices médios de amplitude, antes de um programa experimental de treinamento de flexibilidade, de 82,8±8,1° e 44,8±6,1° para os movimentos de flexão e abdução do quadril respectivamente. Tais valores novamente são inferiores aos encontrados no presente estudo.

    Oberg et al. (1984) examinaram os índices de mobilidade articular de diversos segmentos corporais de jogadores de futebol diferenciados por posição de jogo e descobriram que os goleiros tendem a exibir melhores perfis de flexibilidade geral que os jogadores de outras posições. As diferenças de amplitude/mobilidade articular entre posições de jogo revelam os diferentes tipos de estímulos aos quais são submetidos os jogadores, sendo que os goleiros por apresentarem melhores desempenhos na amplitude articular devam ser os atletas mais exigidos quando em treinamentos que aprimorem a valência física flexibilidade.

    Rahnama; Lees; Bambaecichi (2005) compararam a força muscular e flexibilidade entre “preferred and non-preferred leg”, de futebolistas ingleses de elite e sub-elite através de dinamometria isocinética e goniometria respectivamente. Neste estudo, não foram identificadas diferenças significativas nos graus de flexibilidade do movimento de flexão quadril entre membro preferido e não preferido. Estes dados não corroboram os resultados da presente pesquisa, pois diferenças entre graus de amplitude do segmento preferido e não-preferido foram encontradas na maioria dos jogadores e em todos os movimentos analisados.

    Entretanto, na análise da força dos flexores do joelho, detectou-se diferenças em linguagem estatística em favor do membro não-preferido. Estes autores concluíram em sua pesquisa que a maior resistência dos músculos flexores do joelho do membro preferido pode estar associada ao uso diferencial desses músculos durante o movimento de chute.

    Da mesma forma, os menores desempenhos nos graus de amplitude articular para o membro preferido na maioria dos atletas analisados na presente pesquisa, podem estar relacionados à maior força/resistência gerada por este segmento corporal, entre outros, o que pode diminuir os graus do arco articular quando comparado como os índices do segmento não-preferido.

Considerações finais

    O estudo com base na amostra permitiu inferir que os índices de amplitude ou arco articular dos movimentos do quadril em jogadores profissionais de futebol analisados apresentaram-se diferentes conforme posição assumida no campo de jogo, sendo que os indivíduos que atuam como goleiros apresentaram os melhores índices em todos os movimentos avaliados.

    Os graus de amplitude analisados conforme predominância de membro permitiu relevar melhores índices para o membro não preferido em relação ao membro preferido na maioria dos atletas analisados independente da posição assumida e do movimento analisado. As diferenças encontradas no arco articular de membros preferidos e não preferidos na maioria dos jogadores analisados podem estar relacionadas à maior solicitação ou demanda de atividades para este primeiro segmento, fazendo com que haja um maior desenvolvimento de tônus muscular ou encurtamento diferenciado em relação ao segmento não preferido, entre outros.

    Revela-se, portanto, a necessidade de melhor acompanhamento no que se refere aos estímulos do treinamento, especificamente de flexibilidade, que levem em consideração a predominância de membro e a posição assumida no jogo. Deve-se também, ressaltar a importância de realização de outros estudos.

Referências

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  • OBERG, B.; EKSTRAND, J.; MÖLLER, M.; GILLQUIST, J. Muscle strength and flexibility in different positions of soccer players. International Journal of Sports Medicine, v.5, p.213-6, 1984.

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  • TRAVERS, P.R.; EVANS, P.G. Limitation of mobility in major joints of 231 sportsmen. British Journal of Sports Medicine, v.10, p.35-6, 1976.

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