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A prática pedagógica da Educação Física escolar no ensino

fundamental: análise da realidade na cidade de Meleiro, SC

La práctica pedagógica de la Educación Física escolar en la enseñanza 

básica: análisis de la realidad en la ciudad de Meleiro, SC

 

*Professor do Curso de Educação Física/ UNESC

Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Física (GEPEF/UFSM)

**Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física da

Universidade do Extremo Sul Catarinense

Bolsista do projeto de pesquisa: Educação Física no Ensino Fundamental

de Criciúma: em busca de um diagnóstico

***Prof. Dr. do Programa de Pós Graduação em Educação da

Univerisidade Federal de Santa Maria

Professor do Curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria

Lider do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Física

Victor Julierme Santos da Conceição*

Renata Rocha Costa**

Hugo Norberto Krug***

victor@unesc.net

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Este estudo objetivou verificar o perfil da prática pedagógica do professor de Educação Física de ensino fundamental da rede de e pública de ensino da cidade de Meleiro (SC), em relação ao planejamento, objetivos, conteúdos, procedimentos metodológicos, relação professor-aluno e avaliação. A amostra constituída por seis professores de educação física do ensino fundamental, totalizando 66,67% da população. O instrumento de pesquisa foi um questionário e o tratamento estatístico a freqüência percentual. Concluiu-se que 66,67% dos professores realizam planejamento escolar, cujo objetivo é de evitar a rotina (100%), 83,33 realizam este planejamento junto com os demais professores, no entanto não buscam a participação dos alunos (83,33%). O planejamento realizado é cumprido por 100% dos sujeitos e 83,33% desenvolvem uma reavaliação do planejamento sempre que necessário. Um dos problemas mais mostrados pelos sujeitos (50%), em relação à realização do planejamento, estão voltados ás causas naturais, ou seja, voltados á problemas inesperados e causas externas. As referencias utilizadas pelos sujeitos para o desenvolvimento do planejamento estão voltadas aos valores ideais da legislação educacional, sendo os objetivos direcionados ao desenvolvimento de aspectos motores, afetivos e cognitivos (83,33%). Os conteúdos são traduzidos nas atividades recreativas (100%) e estes conteúdos são traçados a partir das sereis onde ministram as aulas, pela disponibilidade do espaço físico e segundo os objetivos da disciplina (66,67%). Os métodos de ensino utilizados são do tipo socializado (83,33%), experimental (66,67%) e global, parcial e misto (66,67%). A técnica de ensino utilizada é em grupo (66,67%). Quanto à relação professor-aluno, 83,33% dos sujeitos relatam que existe um bom relacionamento. A observação e assiduidade do aluno são os instrumentos avaliativos mais utilizados, pelos professores (100%), estas avaliações apresentam uma periodicidade bimestral (83,33%) e a finalidade de avaliar o processo de ensino aprendizagem (66,67%). Esta investigação mostra um comprometimento com os aspectos organizacionais da prática pedagógica da disciplina de educação física, pelos professores.

          Unitermos: Educação Física escolar. Ensino fundamental. Prática pedagógica

 

Artigo decorrente do Projeto de pesquisa: Diagnóstico da Educação Física Escolar na Região Sul da Santa Catarina. GEPEF/ UFSM-UNESC

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 133 - Junio de 2009

1 / 1

Introdução

    Hoje, apesar da realização de inúmeros estudos para proporcionar melhorias na metodologia aplicável nas aulas de Educação Física, ainda há fatos marcantes ocorridos em momentos distintos da história que se manifestam nas aulas de Educação Física. Desta forma, o repensar da prática docente requer um estudo sobre as questões do passado, pois o homem deve entender o seu passado para que possa entender a realidade dos fatos atuais. (FARIAS, SHIGUNOV & NASCIMENTO, 2001).

    Considerando o processo de ensino como uma ação conjunta do professor e dos alunos, em que o professor estimula e dirige atividades em função da aprendizagem dos alunos, pode-se dizer que a aula é a forma didática básica de organização do processo de ensino. Cada aula é uma situação didática específica, na qual objetivos e conteúdos se combinam com métodos e formas didáticas visando, fundamentalmente, propiciar a assimilação ativa de conhecimentos e habilidades pelos alunos. (LIBÂNEO, 1992).

    Na realização do ensino da Educação Física, a aula constitui o elo decisivo do processo de educação e formação. A aula representa a unidade pedagógica e organizativa básica essencial do processo de ensino. Constitui o verdadeiro ponto de rotação do pensamento e da ação do professor. (DREWS, FUHRMANN E BAESKAN apud BENTO, 1987).

    Para Carreiro da Costa (1988) a prática pedagógica é um problema central da ação educativa, que não deve ser realizada em si, mas com a expressão de um longo processo que materializa as várias opções tomadas pelo docente durante a organização do ensino.

    De acordo com Cunha (apud Farias, Shigunov & Nascimento, 2001), a prática pedagógica é o cotidiano do professor na preparação e execução do ensino.

    Portanto, segundo Cunha (1992), estudar o que acontece na aula é tarefa primeira daqueles que se encontram envolvidos e comprometidos com um a prática pedagógica competente.

    Assim, a prática pedagógica do professor (o planejamento das aulas) pode ser analisada, identificando-se coerência, consistência, suas implicações e relações, o que poderá contribuir para que sua ação seja mais eficaz.

    A partir destas premissas acima disseminadas originou-se o seguinte questionamento: - Qual é o perfil da prática pedagógica do professor de Educação Física das escolas de ensino fundamental da cidade de Meleiro (SC), em relação ao planejamento, objetivos, conteúdos, procedimentos metodológicos, relação professor-alunos e avaliação?

    Assim, este estudo objetivou verificar o perfil da prática pedagógica do professor de Educação Física das escolas de ensino fundamental da cidade de Meleiro (SC).

    Justificou-se o estudo, considerando que as informações obtidas poderão contribuir para uma reflexão sobre a prática pedagógica do professor.

Metodologia

    Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva exploratória. A populacional constituiu-se pelos professores de Educação Física das escolas de ensino fundamental das redes de ensino público da cidade de Meleiro (SC). A amostra foi selecionada de forma não probabilística intencional, compondo o trabalho por 6 professores de Educação Física, totalizando 66,67% do total da populacional de professores de educação física. Na literatura sobre Metodologia Científica, vários autores destacam que o tamanho da amostra deve ser de 10,0 a 30,0% da população para se poder fazer uma boa generalização dos resultados obtidos por um estudo. 50% destes sujeitos apresentam mais de 50 anos de idade, 66,67% são do sexo feminino, 66,67% trabalham em apenas uma escola e 50% apresentam um tempo de serviço que varia de 20 a 35 anos. O instrumento de pesquisa foi um questionário e o tratamento estatístico a freqüência percentual.

Apresentação e discussão dos resultados

Tabela 1. Razões para elaboração do planejamento. n=6

 

f

%

Evita a rotina e a improvisação

6

100,00

Contribui para a realização dos objetivos visados

4

66,67

Promove a eficiência do ensino

2

33,33

Garante maior segurança na direção do ensino;

1

16,67

Garante economia de tempo e energia

1

16,67

    De acordo com os dados da tabela 1, observa-se que 100% dos professores elaboram o planejamento evitando a rotina e a improvisação, enquanto 66,67% realizam esta ação pedagógica buscando contribuir para os objetivos visados pelo professor na disciplina, este fato prediz o dado que destaca que o planejamento promove a eficiência do ensino (33,33%). Estes dados mostram a maioria do pensamento dos sujeitos investigados.

Tabela 2. Tipos de planos de ensino elaborados pelos professores. n=6

 

f

%

Plano de ensino e de aula

3

50,00

Plano de ensino

2

33,33

Plano de aula

1

16,67

    Na tabela 2, verifica-se que 50,00% dos sujeitos pesquisados realizam plano de ensino e de aula, enquanto 33,33% dos professores manifestaram que o “plano de ensino” foi o “tipo de planejamento que elaboraram para a sua disciplina”. Este fato mostra que existe uma preocupação no processo de planejamento da aula e isto se manifesta no decorrer da unidade didática. Este resultado é retratado na literatura existente, pois, segundo Pereira (1999), os poucos professores de Educação Física que planificam sua disciplina efetuam normalmente três tipos de planificação: anual, unidade didática e aula. Para Luckesi (1993) o planejamento é um modo de ordenar a ação tendo em vista fins desejados, tendo por base conhecimentos que dêem suporte objetivo à ação, e se assim não o for, o planejamento será um faz-de-conta de decisão, porque não servirá em nada para direcionar a ação.

Tabela 3. Forma de elaboração do planejamento de ensino pelos professores. n=6

 

f

%

Com os demais professores

5

83,33

Sozinho

1

16,67

Participação de alunos

Sim

1

16,67

Não

5

83,33

Consulta livros

Sim

6

100,00

Não

0

0,00

Cumpre o planejamento

Sim

6

100,00

Não

0

0,00

Reelaboração do planejamento durante sua execução

Sim

5

83,33

Não

1

16,67

Existência de objetivos

Sim

6

100,00

Não

0

0,00

    Na tabela 3, constatou-se que a maioria (83,33%) dos professores declararam que “a forma de elaboração do planejamento de ensino de sua disciplina” é em conjunto ou há a participação de outros professores. Krug (1996) acredita que não se chega a um bom resultado, no sentido da Educação Física com os professores numa posição de individualismo. A partir deste ponto de vista, acredita-se na importância dada pelos professores, no processo de planejamento da educação física escolar. Nesta mesma análise, antecipa-se uma homogeneidade nos conteúdos trabalhados buscando uma organização entre as séries de ensino. A tabela 04 ainda mostra que 100% dos sujeitos buscam a consulta de livros para organizar um planejamento com objetivos, que é cumprido por este mesmo percentual de professores. 83,33% destes reelaboram o planejamento, tendo em vista possíveis mudanças no andamento das aulas. O ponto que chama a atenção nesta tabela, é que 83,33% dos professores, não buscam a participação dos alunos no processo de organização do planejamento, este ponto vai de encontro com a literatura, pois de acordo com Siedentop (1983) para que a prática do professor seja considerada pedagógica, é necessário que este professor e seus alunos estejam ligados por um objetivo.

Tabela 4. Dificuldades encontradas para elaborar o planejamento de ensino pelos professores. n=6

  

f

%

Naturais

3

50,00

Metodológicas

2

33,33

Organizacionais

2

33,33

Não respondeu

1

16,67

Humanas

0

0,00

    Na tabela 4, notou-se que a maior parcela (50,00%) dos professores disseram que a “principal dificuldade que enfrentaram para a elaboração do planejamento de ensino de sua disciplina” foram as causas naturais. Piletti (1995) coloca que é o medo do inesperado, ou seja, das causas externas que podem atrapalhar o planejamento de ensino, é uma das maiores dificuldades na elaboração do plano de trabalho. 33,33% dos sujeitos colocam que as causas metodológicas são as maiores dificuldades, enquanto o mesmo percentual acha que são fatores organizacionais que dificultam o planejamento escolar.

    Neste caso, pode-se dizer que o planejamento não assegura, por si só, o andamento do processo de ensino. É preciso que os planos estejam continuamente ligados à prática, de modo que sejam sempre revistos e refeitos. Segundo Libâneo (1992: p. 225) "a ação docente vai ganhando eficácia na medida em que o professor vai acumulando e enriquecendo experiências ao lidar com as situações concretas de ensino".

Tabela 5. As referências usadas pelos professores para a formulação dos objetivos. n=6

 

f

%

Os valores e ideais da legislação educacional

5

83,33

As necessidades e expectativas de formação cultural

2

33,33

Os conteúdos básicos das ciências

1

16,67

    Na tabela 5, notou-se que a maior parcela (83,33%) dos professores declararam que “os valores e ideais da legislação educacional” foram às “referências usadas para a formulação dos objetivos da Educação Física escolar”, enquanto que 33,33% se remetem ás necessidades e expectativas de formação cultural. Libâneo (1992), destaca que as três citadas como alternativas de respostas, não podem ser tomadas isoladamente, pois estão interligadas e sujeitas a contradições. O mesmo autor ainda salienta que a elaboração dos objetivos pressupõe, da parte do professor, uma avaliação crítica das referências que utiliza, balizada pelas suas ações em face dos determinantes sócio-políticos da prática educativa. Assim, o professor precisa saber avaliar a pertinência dos objetivos e conteúdos propostos pelo sistema escolar oficial, verificando em que medidas atendem as exigências de democratização política e social, deve, também, saber compatibilizar os conteúdos com as necessidades, aspirações, expectativas da clientela escolar, bem como torná-los exeqüíveis às condições sócio-culturais e de aprendizagem dos alunos.

Tabela 6. Tipos de objetivos das aulas propostos pelos professores. n=6

  

f

%

Motores, afetivos e cognitivos

5

83,33

Motores, afetivos e sociais

4

66,67

Motores e socialização

1

16,67

Motores e atitudinais

1

16,67

Motores e cognitivos

1

16,67

Motores

0

0,00

    Na tabela 6, visualizou-se que 83,33% dos professores afirmaram que o “tipo de objetivos das aulas de Educação Física escolar” são embasados em aspectos motores, afetivos e cognitivos, já 66,67% dos sujeitos desenvolvem seu objetivos a partir de aspectos motores, afetivos e sociais, enquanto que nenhum (0,0%) do questionados responderam que os objetivos seriam apenas motores. Estes fatos vão contra o que Aguiar (2003) comenta, onde a Educação Física escolar ainda vive sob a influência da cultura de aptidões físicas, iniciação desportiva e formação de equipes representativas. Mostrando que neste aspecto histórico e filosófico sobre a aptidão física ser o caminho maior no desenvolvimento da educação física escolar está começando á ser rediscutido.

Tabela 7. Determinação dos objetivos gerais. n=6

  

f

%

Professor

4

66,67

Escola

3

50,00

Sistema educacional

3

50,00

    Na tabela 7, observou-se que a grande maioria (66,67%) dos professores afirmaram que a “determinação dos objetivos gerais da Educação Física na escola” é feita “pelos próprios professores de Educação Física”. Este estudo coincide com o estudo de Bonone (2001) realizado com professores de Educação Física de Caxias do Sul (RS), o qual constatou que são os próprios professores de Educação Física que definem os objetivos a serem desenvolvidos. Segundo Canfield (1996) a preferência do professor é um dos aspectos considerados na hora de planejar, e é determinante nos objetivos de sua prática pedagógica. No entanto um percentual muito próximo á este (50,00%), buscam contemplar o objetivo da educação física com os da escola, e, um percentual igual (50,00%), desenvolve seus objetivos através do sistema educacional. Conforme Libâneo (1992) os objetivos traçados pelo sistema escolar, expressam as finalidades educativas de acordo com as idéias e valores dominantes na sociedade, enquanto aqueles que abordam os objetivos da escola, estabelecem princípios e diretrizes de orientação do trabalho escolar com base num plano pedagógico-didático que represente o consenso do corpo docente em relação à filosofia da educação e à prática escolar.

Tabela 8. Tipos de conteúdos utilizados nas aulas. n=6

 

f

%

Recreação

6

100,00

Atletismo

5

83,33

Voleibol

5

83,33

Futsal

5

83,33

Handebol

5

83,33

Basquetebol

4

66,67

Ginástica geral

4

66,67

Dança

2

33,33

Capoeira

0

0,00

    Na tabela 8, verificou-se que 100% dos professores declararam que a recreação é o conteúdo mais utilizado nas aulas de Educação Física escolar”, enquanto o atletismo, voleibol, futsal e handebol são citados com 83,33% da freqüência de respostas. Segundo Rech et al. (2001), os desportes coletivos são utilizados em larga escala como conteúdos didáticos pela escola para um aprimoramento, tanto das qualidades físicas, como das relações sociais entre os indivíduos. Os esportes coletivos mais praticados e difundidos em nosso pais são o futsal, o voleibol, o basquetebol e o handebol, onde cada um apresenta características próprias e desenvolve suas capacidades de forma diferente.

Tabela 9. Critérios utilizados pelos professores para seleção dos conteúdos das aulas. n=6

 

f

%

Plano de ensino

2

33,33

Idade dos alunos

2

33,33

Infraestrutura da escola

1

16,67

Quantidade e idade dos alunos

1

16,67

    Na tabela 9, constatou-se que 33,33% dos professores afirmaram que o plano de ensino e a idade dos alunos são os principais “critérios utilizados para seleção dos conteúdos” da sua disciplina. Esses dados mostram-se contraditórios á Oliveira (1994), quando este afirma que existe uma subjetividade na escolha de conteúdos por parte de quem planeja, que por sua vez sobrepõe-se às necessidades e possibilidades dos alunos. Já Libâneo (1992) esclarece que na escolha dos conteúdos de ensino, deve-se levar em conta não só a herança cultural manifestada nos conhecimentos e habilidades, mas também a experiência da prática social vivida no presente pelos alunos, isto é, nos problemas e desafios existentes no contexto em que vivem.

Tabela 10. Formas de organização dos conteúdos pelos professores nas aulas. n=6

 

F

%

Por série

4

66,67

Pela disponibilidade de espaço físico

4

66,67

Segundo os objetivos da disciplina

4

66,67

Segundo interesses e necessidades dos alunos

2

33,33

Por bimestre

2

33,33

Por trimestre

0

0,00

    Na tabela 10, nota-se que 66,67% dos sujeitos organizam seus conteúdos seguindo os critérios referentes á série de atuação, disponibilidade de espaço físico e objetivo da disciplina. Piletti (1995) salienta que existem dois tipos de critérios para a organização dos conteúdos: (a) critério lógico – é baseado nas estrutura da própria matéria, (b) critério psicológico – é baseado no nível de desenvolvimento intelectual ou cognitivo do aluno. Representa a disposição da matéria na ordem em que se realiza a experiência do aluno. 33,33% dos professores, sujeitos da pesquisa optam pelo interesse e necessidades dos alunos e dividem os conteúdos por bimestre. Libâneo (1992) diz que na escolha dos conteúdos de ensino, leva-se em conta não só a herança cultural manifestada nos conhecimentos e habilidades, mas também a experiência da prática social vivida no presente pelos alunos, isto é, nos problemas e desafios existentes no contexto em que vivem.

Tabela 11. Tipos de métodos de ensino utilizados pelos professores nas aulas. n=6

 

 

f

%

Quanto á atitude

Socializado

5

83,33

Individual

1

16,67

Quanto à comunicação do resultado

Experimental

4

66,67

Verbalizado

3

50,00

Quanto aos métodos da educação física

Demonstração

2

33,33

Resolução de problema

1

16,67

Global, parcial e misto

4

66,67

Dialogado

2

33,33

    Na tabela 11, visualizou-se que os “tipos de métodos mais utilizados” pelos professores em suas aulas foram: (a) Quanto á atitude – Socializado (83,33%); (b) Quanto à comunicação do resultado – Experimental (66,67%); e (c) Quanto aos métodos da Educação Física – Global, parcial e misto (66,67%). Segundo Zorzan et al (2001) atualmente diversos são os métodos de ensino-aprendizagem utilizados por professores para desenvolver os conteúdos da Educação Física. Já de acordo com Oliveira (1998) são quatro os métodos de ensino mais utilizados na Educação Física na escola: 1) método da demonstração, 2) método de resolução de problemas, 3) método global e método parcial.

Tabela 12. Tipos de técnicas de ensino utilizadas pelos professores nas aulas. n=6

  

F

%

Em grupo

4

66,67

Expositiva

2

33,33

Interrogativa

2

33,33

Experimentação

2

33,33

Individualizada

2

33,33

    Na tabela 12, observou-se que a maior parcela dos professores afirmaram que os “tipos de técnicas de ensino utilizadas nas aulas de Educação Física escolar” são em grupo (66,67%), enquanto 33,33% optam por utilizar outras técnicas de ensino (expositiva, interrogativa, experimentação, individualizada). Schmitz (1993: p.133), conceitua o método de ensino como “um conjunto de circunstâncias a serem consideradas, para que a atividade possa ser realizada de acordo com os objetivos e os conteúdos propostos”. De acordo com Libâneo (1992) as técnicas, assim como os métodos, não são empregados isoladamente e sim, existem como uma relação entre objetivos, conteúdos, métodos e técnicas de cada disciplina, peculiaridades dos alunos e trabalho criativo do professor. Para sintetizar essa complexidade do ato pedagógico, utiliza-se o termo procedimento metodológico.

Tabela 13. Níveis de relação professor-aluno nas aulas. n=6

 

f

%

Boa

5

83,33

Ótima

1

16,67

Péssima

0

0,00

Ruim

0

0,00

    Na tabela 13, verificou-se que a maioria (83,33%) dos professores consideraram “bom” o seu “nível de relação com os alunos” nas aulas de Educação Física escolar. Conforme Pinto (1998) o relacionamento entre professor e alunos é a condição de toda a aprendizagem significativa. Já segundo Xavier e Santos (1998) o papel do professor na disciplina de Educação Física se confunde com a relação afetiva que desenvolve o professor. Desta forma, é preciso deixar claro que o papel do professor vai além da amizade que este pode ter com os alunos, pois o professor tem um papel social de ensinar, de desenvolver autonomia com relação aos movimentos, de fazer com que o aluno incorpore no seu dia-a-dia à prática de uma atividade física em busca de uma melhor qualidade de vida, com aulas variadas, bem organizadas, bem planejadas, em busca de objetivos a curto e longo prazo, com um professor presente, que observe seus alunos, que oriente e que principalmente ensine Educação Física.

Tabela 14. Instrumentos de avaliação utilizados pelos professores nas aulas. n=6

  

f

%

Observação diária

6

100,00

Assiduidade do aluno

6

100,00

Prova prática

3

50,00

Auto-avaliação

2

33,33

Prova teórica

1

16,67

Prova oral

1

16,67

Outra

1

16,67

Não faz avaliação

0

0,00

    Na tabela 14, notou-se todos os professores investigados desenvolvem algum tipo de avaliação. Sendo assim, 100% destes utilizam a observação diária e a assiduidade do aluno como critérios avaliativos, 50,00% realizam prova prática e 33,33% desenvolvem a auto-avaliação. Ainda 16,67% dos professores utilizam a prova teórica, proca oral ou outra forma para avaliar o aluno. Os dados concordam com Rombaldi (1996), onde este menciona que, no caso específico da Educação Física, a observação é a técnica mais utilizada para realizar a avaliação e que através da técnica da observação é possível coletar dados em todos os aspectos, mas especialmente no afetivo e psicomotor.

Tabela 15. Períodos de realização da avaliação pelos professores. n=6

  

F

%

Bimestral

5

83,33

Mensal

0

0,00

Trimestral

0

0,00

Semestral

0

0,00

Não realiza avaliação

1

16,67

    Na tabela 15, o primeiro momento mostra um dado bastante satisfatório, pois visualizou-se que 83,33% dos professores afirmaram que realizam “avaliações nas aulas de Educação Física escolar” e estas realizadas bimestralmente. Segundo Haydt (1994), a avaliação é um processo contínuo e sistemático, devendo assim ser constante e planejada, ocorrendo normalmente ao longo de todo o processo ensino-aprendizagem, para reorientá-lo e aperfeiçoá-lo.

Tabela 16. Finalidade da avaliação realizada pelos professores. n=6

 

f

%

Avaliar o processo de ensino-aprendizagem

4

66,67

Cumprir as formalidades legais

3

50,00

Verificação da aprendizagem do aluno

2

33,33

    Na tabela 16, quanto a “finalidade da avaliação realizada na Educação Física escolar”, observou-se que 66,67% dos professores declararam que é de “avaliar o processo de ensino-aprendizagem”, enquanto 50,00% definem como finalidade da avaliação “cumprir as formalidades legais” e 33,33% acham que a finalidade é a “verificação da aprendizagem do aluno”. Segundo Libâneo (1992) é importante a realização da avaliação para verificar o progresso alcançado pelos alunos, que reflete a eficácia do ensino. Ainda Haydt (1994) destaca que a avaliação é importante e necessária para: (a) conhecer os alunos; (b) determinar se os objetivos previstos para o processo ensino-aprendizagem foram ou não atingidos; (c) aperfeiçoar o processo ensino-aprendizagem; (d) diagnosticar as dificuldades de aprendizagem; e (e) promover os alunos de acordo com o aproveitamento e o nível de adiantamento alcançado nas matérias estudadas.

Conclusão

    O propósito deste estudo foi tentar chegar ao encontro de dados sobre a prática pedagógica dos professores de Educação Física escolar. Entretanto, é forçoso reconhecer, porém, que este estudo se circunscreveu com uma amostra representativa de 66,67% das escolas da rede pública da cidade de Meleiro (SC). Desta forma as conclusões abaixo são apresentadas de acordo com os objetivos da pesquisa.

    Quanto ao perfil da prática pedagógica os professores ressaltam que existe planejamento escolar e estes buscam a usa realização para evitar a rotina e improvisação e contribuem para a realização para contribuir para a realização dos objetivos visados, sendo o plano de aula a forma mais utilizada. O planejamento é desenvolvido com os demais professores, no entanto na sua maioria não buscam a contribuição dos alunos para a organização dos objetivos e conteúdos. Cabe ressaltar que os professores buscam uma reorganização constante deste planejamento, sempre utilizando livros como forma de consulta e embasamento para tal ato pedagógico. As dificuldades mais apresentadas voltam-se ás causas naturais, sendo questões relacionadas ao tempo e motivos externos, os mais apontados.

    Os professores destacaram que os objetivos destinados á Educação Física no ensino fundamental são direcionados aos valores ideais da legislação educacional, escolhendo aqueles que desenvolvem os aspectos motores, afetivos e cognitivos.

    Os sujeitos da pesquisa escolhem como conteúdos a recreação e os esportes ditos hegemônicos (atletismo, voleibol, futsal, handebol e basquetebol) para serem trabalhados na disciplina de educação física. Acredita-se que estes conteúdos são trabalhados devido ao ciclo de ensino (2ª, 3ª e 4ª ciclos), já que os objetivos são escolhidos pela legislação educacional e estes destacam como recomendável o aprendizado destes esportes no ensino fundamental. Não podemos afirmar quais as propostas pedagógicas utilizadas, até o momento, no aspecto abaixo podemos extrair algumas conclusão sobre este ponto.

    Em relação aos procedimentos metodológicos os professores de Educação Física afirmam utilizar quanto à atitude o método socializado, quanto à comunicação do resultado, o método experimental e quanto aos métodos da educação física, o Global, parcial e misto, a técnica de ensino é em grupo. Estas respostas mostram não haver uma forma única de ensino, pois as respostas são bastante heterogêneas, mostrando percentuais semelhantes entre as opções de respostas. Isto também mostra uma falta de “rumo” teórico, onde os professores possam abordar de forma análoga as abordagens de ensino. Não mostrando uma preocupação sobre as propostas pedagógicas que embasam a educação física escolar.

    Os professores mencionam que a relação é boa, porém os sujeitos da investigação afirmam que existe pouca participação dos alunos na organização pedagógica da aula. Este aspecto reflete uma certa diretividade das aulas indo de encontro com as características de um bom relacionamento.

    O principal “instrumento de avaliação” utilizado pelos professores de Educação Física escolar é a observação diária e a assiduidade dos alunos. Também apresentaram como forma de avaliação a prova prática e a auto-avaliação. Estas avaliações são realizadas bimestralmente e apresentam como finalidade avaliar o processo de ensino aprendizagem.

    Surge a necessidade de desenvolver esta investigação com outras realidades escolares em diferentes regiões do estado de Santa Catarina, pois somente assim poderemos destacar ações que podem ser utilizadas como referencias, abordando uma discussão mais fidedigna sobre a realidade da educação física escolar.

Referências bibliográficas

  • BENTO, J.O. Planejamento e avaliação em Educação Física. Lisboa (Portugal): Livros Horizonte, 1987.

  • BONONE, C.G.G. A prática da Educação Física na escola privada de ensino médio em Caxias do Sul – RS – perspectivas do professor. In: I Congresso Mercosul de Cultura Corporal e Qualidade de Vida. Anais ..., Ijuí: Unijuí, p.71-72, 2001.

  • CANFIELD, M. de S. Planejamento das aulas de Educação Física: é necessário? In: CANFIELD, M. de S. (Org.). Isto é Educação Física! Santa Maria: JtC Editor, p.21-32, 1996.

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revista digital · Año 14 · N° 133 | Buenos Aires, Junio de 2009  
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