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Nível de satisfação com a imagem corporal de universitários

Grado de satisfacción com la imagen corporal en estudiantes universitarios

 

Curso de Educação Física

Centro Universitário UniFMU

(Brasil)

Bruno Mantovani | Gustavo Pinha

Bianca Corrêa | Lira Bueno | Mariene Freitas

Heloisa Damaceno | Renan Hirai

vraso@usp.br

 

 

 

Resumo

          A auto-percepção e a satisfação corporal são fatores preponderantes na auto-aceitação dos indivíduos e podem gerar atitudes adequadas ou inadequadas que auxiliam ou prejudicam seu convívio social. Este trabalho teve como objetivo identificar o nível de satisfação corporal de universitários e descobrir até que ponto os fatores influenciam na percepção corporal e busca pelo “corpo perfeito”, para isto foram avaliados no total 86 estudantes universitários, sendo, 52 homens e 34 mulheres, com idade a partir de 17 anos, cursando diferentes áreas do ensino universitário. Para a formação dos métodos, a informação do índice de massa corporal (IMC) foi obtida através dos dados de peso e altura fornecidos pelos participantes. Utilizaram-se silhuetas padronizadas para avaliar a auto-percepção da imagem corporal e um questionário de auto-preenchimento para determinar a satisfação com a imagem corporal. A maior parte dos participantes estavam satisfeitos com seus corpos, as mulheres se mostraram mais sinceras ao admitir que gostariam de fazer pequenas mudança no corpo. Não foram encontradas diferenças significativas entre a SA e SI. A silhueta 7 foi apontada como ideal a ser atingido por 27% das mulheres. As silhuetas 6 e 7 foram apontadas como ideais a ser atingidos por 19% dos homens. A insatisfação corporal foi mais prevalente entre as mulheres. Homens tendem a aceitar a sua imagem corporal, enquanto as mulheres parecem mais preocupadas. Os homens demonstraram o desejo de ter um corpo definido e com grande volume de massa magra, já as mulheres desejam ser magras mas com curvas na medida certa.

          Unitermos: Satisfação. Imagem corporal. Universitários. Auto-percepção

 

Abstract

          The self-perception and the satisfaction with the body image are determinant factors for the self-acceptance of the individuals and may generate adequate or inadequate attitudes that helps or impair their social society. This article had as objective identify the level of satisfaction with the body image of university students and discover until which point the factors can influence in the body perception and the search of the “ perfect body ”, for this were evaluated in total 86 university students, at this, 52 men and 34 women, with minimum 17 years old, coursing different areas in the university education. For the formation of the methods, we obtained body mass index (BMI) through datas of weight and height putting up by the participators. We also used standardized silhouettes to evaluate their self-perception of the body image, and a self-completing questionnaire to determine the satisfaction with de body image. Most of the participators were satisfied with their bodies, the women showed their selves more sincere to admit about little changes on their body image. No significantly differences between the AS and IS was verified. Profile 7 was pointed as ideal to be reached by 27% of women. Profile 6 and 7 was pointed as ideal to be reached by 19% of men. The body dissatisfaction were more prevalence between women. Men are more available to accept their body images, the women, however, seems more worried about it. Men showed the wish for a define body and with big extent of slim mass, the women, however, wishes to be thin but with curves in the right measure.

          Keywords: Self-perception. Satisfaction. University students. Body image

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 132 - Mayo de 2009

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Introdução

    A imagem corporal é o modo pelo qual o corpo apresenta-se para nós, ou seja, a representação mental que possuímos do nosso corpo (CASH AND PRUZINSKY, 1990; SCHILDER, 1999; TAVARES, 2003).

    Atualmente é muito comum não estarmos satisfeitos com o nosso próprio corpo, com diversos tratamentos estéticos, cirurgias plásticas e a extrema valorização da aparência através das mídias, nos preocupamos cada vez mais com nossa imagem corporal.

    Segundo STICE (2002), podemos notar que com o passar dos anos os ícones femininos vem se tornando mais magras. Nos anos 50 a imagem corporal perfeita, era composta por mulheres com formas mais cheias do que atualmente, que o “padrão de beleza” é ter cintura fina, quadris largos e seios avantajados.

    O que também influenciou essa mudança foi à busca por uma vida saudável. Após investidas individuais em atividades físicas, notou-se a necessidade de um programa completo para a eficácia da busca pela saúde e bem-estar, com o acompanhamento de nutricionistas, personal-trainers e em alguns casos, psicólogos.

    De acordo com ADAMS (1977), percebe-se que o mundo social, claramente, discrimina os indivíduos não-atraentes, numa série de situações cotidianas importantes. Pessoas julgadas pelos padrões vigentes como atraentes parecem receber mais suporte e encorajamento no desenvolvimento de repertórios cognitivos socialmente seguros e competentes, assim, indivíduos tidos como não-atraentes, então mais situados a encontrar ambientes sociais que variam do não responsivo ao rejeitador e que desencorajam o desenvolvimento de habilidades sociais e de um autoconceito favorável.

    Essa procura intensa pela imagem corporal atraente, trouxe à tona doenças até então pouco estudadas como a bulimia e anorexia, transtornos alimentares difíceis de se tratar que podem levar à morte.

    O excesso de preocupação com a aparência e o aumento da insatisfação com o corpo, principalmente com o peso, na contemporaneidade, tem sido objeto de muito estudos científicos. Esse interesse é motivado pelo reconhecimento do crescimento dos distúrbios alimentares em garotas adolescentes e mulheres jovens, principalmente. A preocupação com o peso é entendida como resultado da internalização de padrões irreais de beleza, e muitas vezes, predispõe as jovens à depressão. Especialistas em distúrbios alimentares defendem que haja esforços no sentido de alterar esse padrão de beleza extrema magreza e atitudes sociais frente ao aumento de peso, ao mesmo tempo, que sejam feitos estudos de intervenção para melhor a imagem corporal das garotas (STRIEGEL-MOORE, 2001).

    SHONTZ (1990), afirma que a organização da imagem corporal não é puramente neurológica nem mental. Acredita-se também que as emoções tenham um papel importante no desenvolvimento da imagem corporal. Na verdade, há uma interação entre os lados fisiológico, neural e emocional, além do fator social. Um desses processos analisados separadamente tornaria a analise falha e incompleta. Mudanças em um deles podem ocasionar conseqüências na experiência do corpo.

    Como vimos anteriormente, podemos notar que diversos fatores nos influenciam na nossa percepção da imagem corporal, extrema valorização da aparência pela mídia, contato social, alimentação e fatores emocionais. Esses nos fazem enxergar se o corpo que temos é o “padrão” ou não.

    Deste modo, este estudo tem como objetivo identificar o nível de satisfação corporal de universitários e descobrir até que ponto os fatores influenciam na percepção corporal e busca pelo “corpo perfeito”.

    Para estruturação deste estudo, foram elaboradas questões para o norteamento, e foi utilizado o STM (Matching Task), proposto por STUNKARD et alli, (1983) e adaptado por MASH e ROCHE (1996).

    Acredita-se que os resultados deste estudo poderão nos provar que as pessoas nunca estão satisfeitas com seu próprio corpo, e se pudessem, mudariam algo nele.

    Ao procurar abordar as práticas, atitudes, e vivencias dos estudantes universitários, procuramos saber o mais especificamente possível o que os leva a ter ou querer ter o tipo de corpo que têm.

Métodos

Amostra

    A amostra contou com a participação total de 86 estudantes universitários, sendo 52 homens e 34 mulheres, com idade a partir de 17 anos, cursando diferentes áreas do ensino universitário. Todos aparentemente saudáveis, com um nível de aptidão física entre freqüente e muito freqüente e da classe média alta ( dados não apresentados).

Técnicas de coleta dos dados

    A fundamentação utilizada para avaliar a satisfação da imagem corporal foi o STM (Silhouette Matching Task), proposto por STUNKARD (1983), adaptado por MASH e ROCHE (1996). O SMT é composto por 12 silhuetas em escala progressiva, conforme a Figura 1, na qual foi apresentado aos universitários, devendo esses responder duas questões, tendo como objetivo avaliar sua silhueta atual (SA) e sua silhueta desejada ou atual (SI).

Figura 1 – SMT (Silhouette Matching Task) ou Teste para a avaliação da imagem corporal

    Foram feitas treze questões que buscavam identificar se os universitários entrevistados sofriam influência da família, da sociedade, da mídia, entre outros fatores, como psicológicos e nutricionais, que fazem esses procurarem fazer, ou não, modificações na sua imagem corporal. Nessas questões também foi perguntado se os estudantes praticavam alguma atividade física para alcançar sua silhueta desejada ou ideal.

Análise dos dados

    Para analisar os dados coletados foram utilizados cálculos como média, freqüência, porcentagem e desvio padrão, no qual estão apresentados em formas de tabelas e descritos nos textos explicativos.

Resultados

    Na tabela 1, são descritas as características da amostra divididas por gêneros, assim como idade, peso, estatura e IMC. Nota-se que grande parte dos entrevistados (mulheres: 23 [58%]; homens: 30 [68%]) se encaixam na faixa que vai dos 19 aos 25 anos de idade. O IMC de ambos os gêneros apresentam-se na faixa de normalidade, segundo a classificação da World Health Organization (1998). O desvio padrão calculado para peso e estatura das mulheres foi respectivamente 11 e 0, já para os homens foi (dados não apresentados).

Tabela 1. Características da amostra

Características da amostra

  

Homens

f(%)

Mulheres

f(%)

Idade (anos)

 

 

≤ 18

15 (29)

5 (15)

19-25

30 (58)

23 (68)

≥26

7 (14)

6 (18)

 

Ma

Ma

Peso (Kg)

74

57

Estatura (cm)

174

167

IMC (Kg/m²)

24

20

    Na tabela 2, são descritos os níveis de escolaridade de acordo com o gênero e a ano de estudo na instituição, há uma porcentagem alta (mulheres: 16 [47]; homens: 30 [58]) de entrevistados cursando o primeiro ano da faculdade.

Tabela 2. Nível de escolaridade por ano de estudo universitário

Nível de escolaridade (ano de estudo universitário) f (%)

1º 2º 3º 4º Outros

Homens

58 (30)

17 (9)

12 (6)

6 (3)

8 (4)

Mulheres

47 (16)

18 (6)

18 (6)

15 (5)

3 (1)

    Na tabela 4 e 5 são descritos os níveis de satisfação corporal e se fariam ou não mudanças em seu corpo respectivamente. Podemos notar que 14 (41%) das mulheres estão satisfeitas com a imagem corporal mais fariam algumas mudanças, entre elas, perda de peso, gordura localizada, mais massa muscular nas pernas, entre outros, quanto aos homens 20 (41%) se declaram satisfeitos, o que já não bate com os dados de aceitação de mudanças na imagem corporal onde 21 (40%) dos homens dizem que talvez e 18 (35%) dizem que sim, mudariam algo em seu corpo, dentre as mudanças aparecem perda de gordura localizada (principalmente na região abdominal), ganho de massa muscular, e perda de peso. O que nos leva a acreditar que as mulheres são mais sinceras ao admitir que não estão totalmente satisfeitas com sua imagem corporal.

Tabela 3. Nível de satisfação corporal

Satisfação da imagem corporal f (%)

 

Homens

Mulheres

Muito insatisfeito

----

----

Insatisfeito

5 (11)

11 (32)

Satisfeito, mas mudaria algo

20 (39)

14 (41)

Satisfeito

21 (41)

7 (21)

Muito satisfeito

5 (11)

2 (6)

    Na figura 2 e 3, os gráficos demonstram a distribuição da amostra em relação à SA e SI de ambos os gêneros. Percebe-se a tendência, identificada pela moda, da maioria das mulheres escolherem a silhueta 7, como sendo a SA e dos homens a silhueta 6. Já quanto a SI, o gráfico indica a tendência do sexo feminino de preferir a silhueta 7 (9 mulheres [27%]), e do sexo masculino a silhueta 6 e 7 (10 homens [19%]). A silhueta 6 foi apontada como ideal a ser atingido por 8 das mulheres (24%). Quanto aos homens a silhueta 6 foi apontada como ideal por 10 dos homens (20%). Percebe-se que as mulheres desceriam uma posição em média e os homens permaneceram estáveis.

Figura 2. Gráfico demonstra a relação entre as silhuetas atual e ideal ou desejada dos homens

 

Figura 3. Gráfico demonstra a relação entre as silhuetas atual e ideal ou desejada das mulheres

    O desvio padrão calculado para silhueta atual foi para os homens 4 e para as mulheres 3, já na silhueta desejada ou ideal foi 3 tanto para os homens quanto para as mulheres (dados não apresentados).

    Ao examinar os questionários notamos que ambos, homens e mulheres praticam ou já praticaram alguma atividade física com o intuito de modificar sua imagem corporal, dentre elas as mais utilizadas foram, musculação, natação e corrida. Além de que a maioria dos homens declaram que não se acham influenciados pela mídia, já as mulheres se acham influenciadas, mas não a todo tempo, ambos declaram que a imagem corporal é importante no meio social de convívio (dados não apresentados).

Discussão

    Este estudo teve como objetivo identificar o nível de satisfação corporal entre universitários de diferentes aéreas e instituições de ensino. Os instrumentos utilizados neste estudo podem levantar algumas limitações.

    As silhuetas são bidimensionais; dessa forma não permitem a representação do indivíduo como um todo, da distribuição de sua massa de gordura subcutânea e de outros aspectos antropométricos importantes na formação da imagem corporal (KAY, 1996).

    Apesar das limitações apresentadas, o conjunto de silhuetas foi eficaz no que diz respeito à identificação da SA. O grupo estudado tem uma boa percepção de suas dimensões corporais. Desta forma é valida a utilização dos valores média de IMC (Índice de Massa Corporal) e utilização das silhuetas.

    Com a conclusão de que os homens e mulheres estudados praticam ou já praticaram alguma atividade física, podemos notar que estão em busca, de alguma maneira, modificar as formas e proporções de seu corpo.

    A quantidade de gordura corporal é um fator importante na manutenção da saúde, em nossa cultura, a baixa quantidade de gordura corporal tornou-se um valor estético inegável (NOVAES, 2001; MCLAREN AND GAUVIN, 2002). Essa valorização exagerada de baixos níveis de gordura corporal expostos pela mídia, a comparação entre os indivíduos que freqüentam o mesmo ambiente, além de opiniões da própria família, leva as pessoas a apresentarem altos níveis de insatisfação com a aparência do corpo (BLOWER et alli, 2003; DELVIN AND ZHU, 2001), o que não se garante em nossos estudos já que 0% de todos os entrevistados se declararam muito insatisfeitos com sua imagem corporal. Tal insatisfação pode levar a comportamentos autodestrutivos como o abuso de dietas que podem culminar em bulimia e anorexia nervosa (DELVIN AND ZHU, 2001; NUNES et alli, 1998), o que também não foi o caso de nenhum dos estudados.

    A determinação e comparação das SA e SI permitiu verificar tipo físico ideal da amostra estudada. Para as mulheres, foi considerada ideal a silhueta 6. Mostrando que as mulheres tendem a escolher silhuetas pouco menores do que a atual.

    Os homens apontaram, como ideal, a silhueta 6. Nota-se a tendência masculina de possuir um corpo com maior volume e menor quantidade de gordura corporal. Percebe-se que os homens se identificam com as silhuetas abaixo de 4 queriam aumentar a silhueta, refletindo o desejo de apresentar maior quantidade de massa corporal (POPE et al, 2001). Que, realizando um experimento para identificar o tipo físico ideal em relação à gordura corporal e massa muscular de homens em três países, Áustria, Estados Unidos

    América e França, encontraram um desejo consensual de redução de percentual de gordura e aumento de massa muscular.

    Em relação ao nível de satisfação corporal, as mulheres apresentam um nível diferente dos homens sendo, 23 (68%) e 46 (91%) respectivamente. Estes achados se afirmam junto com os resultados de outros estudos que também verificaram maior nível de insatisfação corporal em mulheres, quando comparadas com os homens.

    A insatisfação com a imagem corporal leva as pessoas a iniciarem um programa de atividade física (FOX AND CORBIN, 1989; LOLAND, 2000; LOLAND, 1998). As mulheres perseguem o ideal de magreza e os homens, por outro lado, buscar ser mais fortes e volumosos. Um programa de atividade física bem elaborado pode reduzir o peso corporal, aumentar massa muscular, o que é o desejo da maior parte os estudados.

    Estudos comprovam que a prática de atividade física pode levar os indivíduos a alcançar os corpo que idealizam, estes também se relata associação entre atividade física e altos níveis de satisfação corporal (LOLAND, 1998; HARTER, 1985; WILLIANS AND CASH, 2001). Porém, as atividades físicas podem trazer preocupação excessiva com a magreza (DAVIS AND FOX, 1993; ZABINSKI et al, 2001).

    Os estudiosos da promoção de saúde deveriam incluir em seus estudos a preocupação com os possíveis efeitos negativos da prática de atividade física. Também necessitamos abolir esse padrão de imagem corporal perfeita ditado pelas mídias, e nos forçarmos em busca de um corpo bonito, mais acima de tudo saudável.

Conclusão

    Pode-se concluir que os homens querem ter um corpo mais forte e volumoso e com baixo percentual de gordura, já as mulheres buscam o tipo físico ideal que é um corpo mais magro, menos volumoso e com curvas nas medidas ditadas pelo padrão da mídia.

    Como poucos dos estudados se declararam muito satisfeito acredita-se que esses não estão satisfeitos por completo com sua imagem corporal, pois a maioria se declarou satisfeito com seu corpo, o que comprova nossa hipótese experimental que dizia que nenhum indivíduo está totalmente satisfeito com seu corpo e que se possível fariam mudança necessárias para tornar sua imagem corporal mais atraente. Não foram verificadas diferenças significativas quanto a SA e SI. A insatisfação com a imagem corporal foi mais prevalente.

Referências

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