Análise da frequência cardíaca, pressão arterial e duplo produto em circuit training Análisis de frecuencia cardiaca, presión arterial y doble producto en circuit trainning |
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*Pós-graduando Centro Universitário de Volta Redonda/UNIFOA **Prof. Faculdade Atenas de Paracatu e do Centro Universitário de Volta Redonda/UNIFOA Doutorando em Ciências da Saúde Universidade de Brasília/ UNB ***Prof. Universidade Presidente Antonio Carlos/ UNIPAC-Araguari Mestrando em Ciências da Saúde Universidade Federal de Uberlândia/UFU ****Pós-Graduado Universidade Veiga de Almeida/UVA Fisiologista do Centro de Medicina Esportiva de Uberlandia/ORTHOSPORTS (Brasil) |
Flavio Rodrigues Duarte* Lidiane Cristina Borges* Alexandre Gonçalves** Leandro Teixeira Paranhos Lopes*** Roberto Furlanetto Júnior**** |
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Resumo Estudos epidemiológicos têm demonstrado os benefícios, a segurança e o efeito protetor dos diversos tipos de treinamento (resistido e aeróbico) sobre as diversas doenças crônicas degenerativas principalmente sobre o sistema cardiovascular, quando direcionado a grupos especiais. O objetivo do presente estudo foi analisar a resposta aguda da freqüência cardíaca, da pressão arterial e do duplo produto no período pré e pós – esforço em circuit training. Foram avaliados 14 indivíduos sendo nove pessoas do sexo masculino e cinco do feminino (28,92±4,15 anos; 23,88±2,42 IMC; 24,8±4,62 %G) praticantes de musculação há pelo menos 12 semanas. Os voluntários executaram duas voltas no circuit training divido em oito estações com um minuto de descanso entre elas. A intensidade foi estabelecida em 12RM nos aparelhos da musculação e 85% da FCR na bicicleta estacionária. Os resultados encontrados apresentaram diferenças significativas em todas as variáveis hemodinâmicas FC, PAS, PAD e DP quando comparado o período pré e pós – esforço. Foram encontrados valores maiores pós – esforço para FC, PAS e DP. Valores menores foram encontrados quando comparado ao repouso para PAD. Concluiu – se, portanto que o treinamento em circuito apresenta valores significativos no pós – esforço e que deve ser prescrito com cautela para grupos especiais, controlando outras variáveis como intensidade, duração, intervalo e grupos musculares. Unitermos: Circuit training. Freqüência cardíaca. Pressão arterial. Duplo produto. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 132 - Mayo de 2009 |
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Introdução
Os programas de promoção da saúde apontam diretamente a inatividade física, a dieta e o estresse como fatores de risco relacionados a diversas causas de problemas cardiovasculares, sendo o sedentarismo um dos fatores mais relevantes (POWER, HOWLEY, 2004).
O sedentarismo associado a uma dieta hipercalórica tem contribuído de forma negativa a saúde do individuo, acarretando no aumento do peso corporal e ao surgimento de diversas patologias crônico – degenerativas como: doenças cardiovasculares (hipertensão e insuficiência cardíaca) (TEIXEIRA, 2000), metabólicas (diabetes e dislipidemias) (CIOLAC,GUIMARÃES, 2004), ósteo – musculares (sarcopenia e osteoporose) (ELSANGEDY et. al, 2006).
Estudos epidemiológicos têm demonstrado os benefícios, a segurança e o efeito protetor do treinamento com pesos sobre as diversas doenças crônicas – degenerativas principalmente sobre o sistema cardiovascular, quando direcionado a grupos especiais (GOTSHAL, 1999; LAUGLIN, 1999). Esses mesmos estudos têm se preocupado em monitorar, analisar e esclarecer as principais adaptações provocadas por diversos tipos de treinamento sob o sistema cardiovascular.
Atualmente, as variáveis cardiovasculares vêm sendo monitoradas para indicar diretamente o impacto da intensidade de esforço e da modalidade de exercício sobre a taxa de trabalho do miocárdio (POLITO et. al 2003). A freqüência cardíaca (FC) e a pressão arterial (PA) são as variáveis mais utilizadas, e associadas fornecem o Duplo produto (DP) que permite avaliar de forma indireta o trabalho do miocárdio (LEITE, FARINATTI, 2003).
Assim, vemos ser de grande importância à análise das variáveis hemodinâmicas durante a realização dos vários métodos de treinamento existentes (aeróbio e resistido) como forma preventiva e de reabilitação.
Sobre a atuação do exercício resistido (ER) direcionado a grupos especiais, as variáveis cardiovasculares FC, PA e DP devem ser monitoradas para que estes níveis não se elevem em demasia. Logo, o que se tem observado é que durante a pratica de ER quanto maior for o tempo de tensão gerada na musculatura ativa, o número de músculos recrutados, o tamanho da massa muscular envolvida e a proporção da carga mobilizada com a intensidade de esforço, maior serão as respostas hemodinâmicas (POLLOCK et. al 2000; MIRANDA et. al 2005;).
No exercício aeróbico a literatura relata que a FC e PAS aumentam de forma linear com a intensidade do exercício, enquanto que a PAD se mantém estável ou pode cair ligeiramente em níveis mais altos de exercício (LAUGLIN, 1999; McKARDLE, KATCH, KATCH, 2003).
Contudo, estudos entre as respostas agudas do exercício resistido e do exercício aeróbio em uma mesma sessão de treinamento, utilizando o método em circuito encontram – se escassas na literatura.
O método de treinamento em circuito também conhecido como Circuit Training teve origem na Inglaterra em 1953 por Morgan, R.E Andamson, G.T adaptado do treinamento intervalado devido às dificuldades climáticas na Europa (TUBINO, MOREIRA, 2003 apud GUILHERME JUNIOR, 2006). Esse método de treinamento consiste em uma seqüência de exercícios (estações) realizados um após o outro, com ou sem descanso entre eles, podendo ser realizados nos aparelhos da musculação (FLECKE, KRAEMER, 2002).
Este método de treinamento tem sido muito utilizado pelas academias para perda e manutenção do peso corporal gordo. Pois, com a manutenção da taxa metabólica de repouso através de níveis adequados de massa muscular e o aumento do consumo de energia pós – esforço EPOC (excess post – exercise consumption) levaria ao aumento do gasto calórico diário da atividade (GUILHERME JUNIOR, 2006).
No entanto, se tratando de pessoas com sobrepeso ou obesas esses indivíduos podem apresentar alguma patologia crônica - degenerativa sobre o sistema cardiovascular necessitando de cuidados na prescrição de alguns métodos de treinamento.
Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo analisar a resposta aguda da FC, PA e DP no período pré e pós – esforço na modalidade Circuit Training.
Materiais e métodos
A amostra foi constituída por nove pessoas do gênero masculino e cinco do feminino (28,92±4,15 anos; 23,88±2,42 IMC; 24,8±4,62 %G) praticantes de musculação há pelo menos 12 semanas. Todos foram voluntários e assinaram um termo livre esclarecido aceitando participar da pesquisa. Como critério de exclusão, considerou – se o uso de medicamentos o uso de tabaco ou patologias cardiovasculares que pudessem alterar os valores da FC e da PA.
No primeiro dia os voluntários foram submetidos a avaliações antropométricas para estabelecimento do índice de massa corporal (IMC) e percentual de gordura. Foi analisada também a freqüência cardíaca de repouso (FCr), mensurada durante 5 minutos, com os voluntários sentados em uma cadeira. Doravante foi calculada a freqüência cardíaca alvo (FCA) a qual foi estabelecida a 85% da freqüência cardíaca de reserva (FCR).
Antes da coleta especifica dos dados, todos avaliados foram submetidos a um teste de 12 repetições máximas (RM) nos aparelhos específicos do circuito seguindo os seguintes procedimentos: cada voluntário foi orientado a se posicionar no aparelho específico, estipulava – se uma carga inicial e o voluntario era instruído a realizar o exercício. Ao comando do pesquisador o voluntário destravou o aparelho e realizou a fase excêntrica do movimento em dois segundos e a fase concêntrica em dois segundos, travando novamente a máquina após a tentativa das 12RM. Posteriormente dava – se cinco minutos de descanso e nova carga era acrescentada. A carga das 12RM foi à última que o voluntário conseguiu executar o exercício sem qualquer falha na mecânica de execução. Não foi permitido mais do que cinco tentativas para obtenção das 12RM. Se isso acontecesse o teste era invalidado, e o teste era repetido em outro dia, conforme orientado e citado por Lopes, Gonçalves, Rezende, 2006).
Após as avaliações iniciais, os voluntários foram orientados a não mudarem seus hábitos da vida diária até o termino da pesquisa.
O circuito foi determinado com carga de trabalho de 12RM para os aparelhos na musculação e 85%FCR para bicicleta estacionaria com 1 minuto de descanso para cada volta no circuito. A coleta de dados dos participantes ocorreu no outro dia após o teste das 12RM para se evitar subestimação devido ao desgaste neuromuscular causado pelo teste.
O circuito na musculação foi composto pelos seguintes aparelhos: Leg Press, Supino reto, Abdominal, Desenvolvimento, Cadeira extensora e Puxada Vertical. Foram escolhidos tais exercícios com o objetivo de se trabalhar com grupos musculares grandes.
Antes de iniciar o teste foi aferida a PA do voluntário na posição sentada após 5 minutos de repouso. Para aferição da PA foi utilizado um esfigmomanômetro e um estetoscópio da marca BIC, utilizando o método auscultatório tradicional. A aferição foi realizada três vezes consecutivas para evitar possíveis erros de leitura. A FC foi monitorada por um frequencímetro da marca Precision Trainer Reebok.
O Circuit Training foi realizado da seguinte forma: a cada três aparelhos (estações) seguindo a ordem descrita acima o avaliando realizava três minutos de bicicleta estacionaria o mais próximo de 85% FCR. Após os três minutos na bicicleta o avaliando seguia para as próximas três estações retornando novamente a bicicleta estacionaria, completando – se assim a primeira volta do circuito com um total de oito estações. Foram estabelecidas duas voltas no circuito com um minuto de descanso entre as voltas. Em todas as execuções o avaliando foi orientado a evitar a manobra de valsalva. O ritmo das execuções foi estipulado para dois segundos para fase concêntrica e dois para fase excêntrica nos aparelhos da musculação. O tempo total médio do circuito foi de (27±2,0 minutos).
Nos últimos 20 segundos de cada volta foi aferida a PA e monitorada a FC e posteriormente estabeleceu - se a média das duas aferições.
Tratamento estatístico
Com o objetivo de verificar a existência ou não de diferenças, estatisticamente significantes, entre os valores de Pressão Arterial Sistólica, Pressão Arterial Diastólica e de Duplo Produto, obtidos antes e depois do treinamento, foi aplicado o teste t de Student (GRANER, 1966), aos dados em questão.
O nível de significância foi estabelecido em 0,05, em uma prova bicaudal.
Os valores de probabilidade foram p = 0, nas três comparações, indicando que houve diferenças, estatisticamente significantes entre as séries de dados comparadas, sendo que os valores de Pressão Arterial Sistólica e de Duplo Produto foram mais elevados na situação pós-treinamento.
Com relação à Pressão Arterial Diastólica, os valores mais elevados foram os obtidos na situação pré-treinamento.
Resultados
O gráfico 1 apresenta os valores médios da FC, PAS e PAD antes (repouso) e após o treinamento em circuito. A FC pré – exercício apresentou valor médio de 71±10,19 bpm. A PAS e PAD apresentaram valores médios respectivamente: 120,28±8,37 mmhg e 79,28±8,37 mmhg.
Porém no período pós – exercício, todas as variáveis hemodinâmicas apresentaram os respectivos valores: FC (171,42±5,15 bpm), PAS (176,10±10,81 mmhg) e PAD (52,46±6,0 mmhg) sendo significativamente diferente entre o repouso e o período de treinamento (p<0,05).
*p<0,05
O gráfico 2 apresenta os valores médios do DP antes (repouso) e após a execução dos exercícios. O valor do DP pré – exercício foi de 8574,78±1530,60, e assumiu valores médios pós-exercício de 30210,32±2384,0. Houve diferenças significativa entre e o repouso e o período de treinamento, sendo maior valor verificado no período pós-teste (p<0,05).
*p<0,05
Discussão
Os resultados do presente estudo indicam que o treinamento em circuito combinando exercícios resistidos (aparelhos da musculação) e aeróbios (bicicleta estacionária) pode influenciar nas respostas cardiovasculares agudas. Diferenças significativas foram encontradas nos valores da FC, PA e DP pré e pós – esforço. Segundo Gotshal et. al. (1999), a resposta da PA e DP irão depender do volume e intensidade do exercício associadas a massa muscular envolvida e com o tempo de tensão gerada na musculatura ativa. Entretanto, essas respostas parecem ser mais pronunciadas quando associado ambos os métodos de treinamento em uma mesma sessão.
Estudos atuais relatam que o aumento da PAS e da FC ocorre tanto em exercícios aeróbios como em ER’s (POLITO, FARINNATTI, 2003; TEIXEIRA, 2000). No caso da FC, houve diferenças estatisticamente significativas entre o repouso e pós – exercício. Isso já era esperado uma vez que durante a execução de qualquer exercício físico, a aumento do suprimento de sangue ao músculo cardíaco e a musculatura em atividade (LAUGLIN, 1999).
O comportamento da PAS apresentado neste estudo corrobora os dados encontrados no estudo de Mediano (2005), que analisando o comportamento subagudo da pressão arterial em hipertensos controlados, observou que houve aumento significativo do pós – exercício quando comparado ao repouso. Em outro estudo comparando séries de exercícios executados de forma unilateral e bilateral na extensão do joelho, as respostas hemodinâmicas para PAS foram mais elevadas no pós – esforço e nos exercícios executados na forma bilateral, ratificando que quando maior a musculatura, maior o número de músculos recrutado e mais localizado forem os exercícios, maiores serão as respostas pressóricas (CRUZ et.al, 2007).
Em relação a PAD o nosso estudo mostrou reduções significativas durante a aferição, contrariando o estudo de Mediano (2005), que encontrou aumentos da PAD tanto em série únicas como exercícios com três séries. Entretanto, o método auscultatório utilizado em nosso estudo pode ter influenciado o resultado. Segundo Pollito, Farinatti (2003) a PA tende a cair após dez segundos terminado o esforço máximo e em dois segundos após o esforço submáximo. Assim, segundo Santos, et al. (2008) como a PAD é a última a ser aferida, tal fato pode influenciar na análise do comportamento desta variável.
O DP apresentou valores significativos comparando o repouso e pós – esforço. O ponto de corte para angina é de 30.000 ou mais (FARDY, YANOWITZ apud CRUZ, 2007). Neste experimento, encontramos um valor de 30.210 e com base nesses dados, caso o individuo não possa ter uma elevação demasiada do DP, este tipo de circuito de alta intensidade deve ser evitado. A literatura atual relata que indivíduos hipertensos para se beneficiar da pratica da atividade física com reduções pressóricas devem praticar atividades de leves a moderadas e que atividades de grande intensidade podem se tornar prejudiciais por estimular o eixo renina-angiotensina-aldosterona (TEIXEIRA, 2000).
Pode – se considerar que o aumento dos valores do DP em nosso estudo deve – se aos aumentos da FC e PAS. A FC pelo uso de bicicleta ergométrica exercício tipicamente aeróbio que tente aumentar a atividade simpática do coração. E PAS por um aumento do débito cardíaco e com pouca ou quase nenhum aumento da resistência vascular periférica (LAZZOLI, 2000; TEIXEIRA, 2000).
O método utilizado para a aferição da PA neste estudo foi o auscultatório, em razão do baixo custo do equipamento, da aplicabilidade e da probabilidade de reprodução da pesquisa. Polito, Farinatti (2003), em um artigo de revisão comparando o método direto com o auscultatório os autores citados no trabalho observaram que o método indireto subestimou em até 30% a medida direta, sendo que em termos de tendência comportamental os valores foram mantidos.
Contudo, esse método não diminui a relevância do presente trabalho uma vez que foi utilizado o mesmo método de aferição e devemos lembrar que esse é o mais utilizado pelos profissionais da área da saúde.
Conclusão
Concluiu – se, portanto, que o circuit training apresenta diferenças significativas nas respostas cardiovasculares, imediatamente após o exercício, devendo este método de treinamento ser orientado com cautela a indivíduos que possuem algum tipo de problema cardiovascular devido aos valores de corte de angina pectoris. Sugere – se uma reprodução deste estudo, controlando outras variáveis, como volume, intensidade, intervalo, posição corporal e utilizando diferentes grupamentos musculares.
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