Análise do comportamento defensivo de equipes amadoras de handebol Análisis de la actuación defensiva de equipos amateurs de balonmano |
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*Bacharel e Licenciado em Educação Física – Universidade Federal de Viçosa, UFV **Programa de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição, UFV ***Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Estrutural, UFV ****Professor Adjunto do Departamento de Educação Física da UFV (Brasil) |
Roberto Andaki Junior* Alynne Christian Ribeiro Andaki** Edmar Lacerda Mendes*** José Geraldo do Carmo Salles**** |
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Resumo O handebol amador é marcado por problemas de nível técnico, tático e estrutural. O presente estudo analisou o desenvolvimento técnico e tático defensivo de equipes amadoras de handebol. Para a coleta de dados foi realizado o scout de seis jogos de handebol amador. Utilizou-se uma metodologia adaptada baseada em estudos realizados por HERRERO E CALVO (2001). Foram analisadas as zonas onde ocorreram às falhas defensivas; o período de jogo em que ocorreram mais falhas defensivas; os erros que ocasionaram as falhas defensivas; e as distribuição da falhas defensivas observadas em três possibilidades: gol direto, sete metros e dois minutos). As zonas onde ocorreram mais falhas defensivas foram as centrais. Os erros se acumularam na causa de ações marcação 1x1 e balanço defensivo. As equipes jogaram em média 25% do jogo em inferioridade numérica. O melhor entendimento do funcionamento defensivo de equipes amadoras de handebol permite a busca de alternativas para a melhora do nível técnico e tático. Unitermos: Handebol. Análise técnica. Analise tática. Comportamento defensivo
Abstract The handball in general, in small cities of the state, it is marked by problems of level technical, tactical and structural. This article has the necessity of know the technician and tactician development defensive of the teams, to conquer an ideal of training of the teams in front of the observed situations. It was used an adapted methodology based on the HERRERO & CALVO (2001). The zones were analyzed where happened to the defensive flaws; the game period in that they happened more defensive flaws; the errors that caused the defensive flaws; and the distribution of the defensive flaws observed in three possibilities (Goal, seven meters and two minutes). The zones where happened more defensive flaws were the central. The error accumulated in the cause of actions scored 1x1 and balanced defensive. The teams played 25% of the game on average in numeric inferiority. The result evidences the defensive training, since the defensive mistakes with 25% of the game numeric inferiority, are reflexes of a defense, which has illegal actions the rule and precarious defensive training. Keywords: Handball. Technician analysis. Tactician analysis. Defensive behaviour |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 132 - Mayo de 2009 |
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Introdução
O handebol é um esporte marcado pela constante ação de atacar e defender, marca que é retratada pela busca do gol a todo o momento do jogo, dinamismo este que torna o esporte atrativo. É no equilíbrio defesa-ataque que uma equipe se estabelece positivamente. Defender o ataque adversário é recuperar a possibilidade de ampliar o marcador. Contudo atacar apenas não resulta em êxito da equipe. É fundamental que a ação defensiva consiga buscar a ofensiva adversária.
Na região Centro-Oeste do estado de Minas Gerais o handebol feminino é bastante praticado, mais ainda com alguns problemas. Destacam-se nesta região as equipes de Martinho Campos e Pompéu, com grande rivalidade nas competições. Ambas participaram do 1° Circuito Regional Grande Lago de Handebol e foram finalistas na modalidade, sagrando-se campeã a equipe de Martinho Campos.
O handebol amador é marcado por problemas de nível técnico, tático e estrutural. A realização de scout torna-se importante ferramenta no diagnóstico das ações ofensivas e defensivas da equipe durante o jogo. O banco de informações científicas relacionada ao entendimento da dinâmica defensiva em equipes de handebol amador é escasso. Nesse sentido, o presente estudo teve o objetivo de analisar o desenvolvimento técnico e tático defensivo de equipes amadoras de handebol feminino.
Metodologia
Amostra
Participaram do estudo as equipes amadoras de handebol feminino representantes dos municípios mineiros de Pitangui, Três Marias, Morada Nova de Minas, Pompéu, Martinho Campos e Pará de Minas, participantes do 1° Circuito Regional Grande Lago de Handebol, torneio feminino realizado em Morada Nova de Minas nos dias 13, 14 e 15 de novembro de 2005.
Procedimentos
Foram analisados os jogos das equipes finalistas Martinho Campos e Pompéu por apresentarem melhores estruturas e organização de jogo (Quadro 1).
Jogo |
Chave |
Resultado |
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1 |
B |
Pompéu |
29 X 13 |
Pará de Minas |
2 |
B |
Pará de Minas |
13 X 30 |
Martinho Campos |
3 |
B |
Martinho Campos |
29 X 24 |
Pompéu |
4 |
Semi-final A |
Pompéu |
26 X 11 |
Pitangui |
5 |
Semi-final B |
Martinho Campos |
32 X 11 |
Três Marias |
6 |
Final |
Martinho Campos |
25 X 23 |
Pompéu |
Quadro 1. Jogos analisados das equipes finalistas
Para a coleta dos dados, foi utilizada abordagem adaptada da metodologia proposta por HERRERO; CALVO (2001). Este instrumento possibilitou a análise das zonas da defesa, os períodos de jogo em que ocorreram o maior número de falhas defensivas e as suas causas, como também a distribuição da falhas defensivas observadas em três possibilidades: gol direto, 7 metros e 2 minutos.
Analise das zonas da defesa em que ocorre o maior número de falhas defensivas
A figura 1 apresenta as zonas de análise para as falhas defensivas.
Figura 1. Divisão das áreas da quadra de defesa: I - extrema direita; II - lateral direita;
III - meia direita; IV meia esquerda; V lateral esquerda; e, VI extrema esquerda.
Períodos de jogo em que ocorre o maior número de falhas defensivas
Para a análise do tempo das falhas defensivas cada jogo foi dividido em quatro períodos de 10 min. (0 a 10, 10 a 20, 25 a 35 e 35 a 45) e dois períodos de 5 min. (20 a 25, 45 a 50) em razão do tempo de jogo no evento avaliado ter sido reduzido pelos organizadores para dois tempos de 25 min.
Causas das falhas defensivas
Analisar as causas das falhas defensivas é importante aspecto, pois através dele poderemos verificar quais são os motivos que conduziram a mais falha na defesa. O que também reflete os meios que os oponentes utilizaram no ataque provocando os erros defensivos.
Foram consideradas seis possíveis causas desencadeadoras de falhas defensivas:
Erro na marcação um contra um (1x1), ocorre pela falta de agressividade do defensor ou uma má orientação defensiva, a situação mais comum é a que o atacante supera o defensor em uma situação de finta;
Erro por falta de profundidade defensiva (PD), esta situação ocorre quando o defensor está recuado próximo a linha dos seis metros e atrasa ou não realiza a saída frontal, o que provoca a falha defensiva.
Erro por não realizar o contra-bloqueio (CB), parte da situação de bloqueio em que os defensores não realizam a troca de marcadores ou não realizam nenhuma reação contra o bloqueio;
Erro no balanço defensivo (BD) é um erro comum quando a equipe atacante realiza a circulação de bola, e/ou o engajamento é rápido e o defensor não consegue chegar para fechar a penetração do atacante; o contra-ataque foi inserido nesta categoria.
Erro na compensação do oponente ou troca de adversário (CO), é o erro provocado pela situação de cruzamento ou a troca de posição dos atacantes e não há troca dos defensores;
Erro produzido por não pegar o rebote (RE), é o erro ocasionado quando a bola é rebatida pelo goleiro na defesa de um arremesso.
Distribuição das falhas defensivas
A distribuição das falhas defensivas foi observada em três possibilidades:
Gol direto;
A penalização de tiro de sete metros;
Exclusão de 2 minutos.
A coleta de dados foi realizada por um único observador, no momento do desenvolvimento do jogo com a utilização de uma ficha padronizada (scout).
Analise estatística
A análise foi feita através de estatística descritiva com percentual.
Resultados
Zonas de efetivação das ações
A análise das zonas onde ocorreram mais falhas defensivas é importante para se identificar os locais que a equipe tem se mostrado mais frágil diante do ataque do adversário, bem como avaliar o setor defensivo onde é necessário um melhor desenvolvimento através do treinamento.
A análise dos resultados das zonas em que mais falharam, evidencia que a defesa dos dois times tem carência em proteger a parte central, onde o atacante tem a visão mais ampla de arremesso e maior chance de êxito ofensivo. A defesa de Martinho Campos mostrou mais falhas nas zonas meia direita (25%); meia esquerda (27,5%); lateral esquerda (22,5%), apresentando um acúmulo de erros nas regiões centrais e na lateral esquerda de sua defesa com diferença percentual baixa entre elas (Tabela 1). No entanto, pode ser lido como uma eficiência dos jogadores adversários que atuam nesta zona, o que também reflete uma deficiência defensiva.
Tabela 1. Zonas onde ocorreram mais falhas na defesa da equipe Martinho Campos
Zonas |
Jogo 2 |
Jogo 3 |
Jogo 5 |
Jogo 6 |
Total |
% erros |
Extrema direita |
0 |
5 |
0 |
2 |
7 |
9 |
Lateral direita |
2 |
2 |
2 |
3 |
9 |
11 |
Meia-direita |
4 |
5 |
5 |
6 |
20 |
25 |
Meia-esquerda |
7 |
6 |
3 |
6 |
22 |
27,5 |
Lateral esquerda |
0 |
7 |
1 |
10 |
18 |
22,5 |
Extrema esquerda |
0 |
3 |
0 |
1 |
4 |
5 |
A equipe de Pompéu, também apresentou a concentração das falhas defensivas na zona central, meia direita (22%) e meia esquerda (26%). Todavia, o que se destacou foi o percentual de 14% em erros na extrema esquerda onde normalmente se tem um baixo aproveitamento de êxito ofensivo devido ser uma zona extrema da quadra, em que o atacante tem um ângulo reduzido para o êxito do arremesso.
As falhas na extrema esquerda, como podem ser visualizadas na Tabela 2, foram ocorridas nos jogos realizados contra a equipe de Martinho Campos enfatizando uma predisposição do engajamento desta equipe a ser concluídos nesta região, ocasionando esse número de falhas.
Tabela 2. Zonas onde ocorreram mais falhas na defesa da equipe de Pompéu
Zonas |
Jogo 1 |
Jogo 3 |
Jogo 4 |
Jogo 6 |
Total |
% erros |
Extrema direita |
1 |
1 |
0 |
0 |
2 |
2 |
Lateral direita |
6 |
4 |
1 |
5 |
16 |
18 |
Meia-direita |
5 |
6 |
3 |
6 |
20 |
22 |
Meia-esquerda |
3 |
8 |
6 |
7 |
24 |
26 |
Lateral esquerda |
2 |
8 |
1 |
5 |
16 |
18 |
Extrema esquerda |
0 |
7 |
0 |
6 |
13 |
14 |
Período em que ocorreram as falhas
Para HERRERO E CALVO (2001), o comportamento esperado de uma defesa durante uma partida é de apresentar nos primeiros períodos mais erros e no desenvolvimento do jogo ir ajustando ao ataque, corrigindo as suas falhas.
A defesa de Martinho Campos apresentou o comportamento de ajustamento durante a partida como foi demonstrado na Tabela 3 nos períodos de 20 a 25 min. e 45 a 50 min.. Observa-se nestes períodos uma redução dos erros.
Tabela 3. Distribuição das falhas da defesa da equipe de Martinho Campos
Período |
Jogo 2 |
Jogo 3 |
Jogo 5 |
Jogo 6 |
Total |
% erros |
0 a 10 min |
2 |
5 |
4 |
5 |
16 |
20 |
10 a 20 min |
3 |
8 |
3 |
2 |
16 |
20 |
20 a 25min |
1 |
3 |
0 |
3 |
7 |
8,75 |
25 a 35min |
3 |
5 |
2 |
8 |
18 |
22,5 |
35 a 45min |
3 |
5 |
2 |
5 |
15 |
18,75 |
45 a 50min |
1 |
2 |
0 |
5 |
8 |
10 |
A defesa de Pompéu apresentou um número de erros constantes distribuídos durante a partida (Tabela 4), com exceções do jogo em que enfrentou Pará de Minas (jogo 1) que o aumento foi crescente. Este fato revela uma fragilidade no comportamento defensivo desta equipe, que nos primeiros períodos impõem seu jogo defensivo com êxito sobre o ataque adversário, mas no desenvolvimento do jogo não consegue manter a eficiência da defesa. Tal situação pode revelar um comprometimento de condição física dos atletas que tende a piorar nos minutos finais da partida.
Tabela 4. Distribuição das falhas da defesa da equipe de Pompéu
Período |
Jogo 1 |
Jogo 3 |
Jogo 4 |
Jogo 6 |
Total |
% erros |
0 a 10 min |
2 |
5 |
3 |
4 |
14 |
15,5 |
10 a 20 min |
3 |
4 |
2 |
5 |
14 |
15,5 |
20 a 25min |
3 |
6 |
1 |
5 |
15 |
16 |
25 a 35min |
3 |
6 |
2 |
5 |
16 |
17,5 |
35 a 45min |
4 |
7 |
2 |
5 |
18 |
20 |
45 a 50min |
2 |
6 |
1 |
5 |
14 |
15,5 |
Causas pelas quais são produzidas as falhas
A defesa de Martinho Campos apresentou as causas que ocasionaram erros assim destacadas na Tabela 5: 37,5% no 1x1, 32% no balanço defensivo e 25% na falta por profundidade. Os números mais elevados nos aspectos: balanço defensivo e falta de profundidade pode nos dar um indicativo de que a defesa de Martinho Campos falha por falta de aplicação no sistema tático defensivo e no condicionamento físico, levando em consideração que o contra-ataque está inserido dentro da categoria de balanço defensivo.
Tabela 5. Causas pelas quais são produzidas as falhas da equipe de Martinho Campos
Erros |
Jogo 2 |
Jogo 3 |
Jogo 5 |
Jogo 6 |
Total |
% erros |
Marcação 1x1 |
6 |
13 |
2 |
9 |
30 |
37,5 |
Profundidade defensiva |
5 |
2 |
7 |
6 |
20 |
25 |
Contra-bloqueio |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
Balanço defensivo |
2 |
12 |
2 |
10 |
26 |
32,5 |
Compensação ou troca |
0 |
1 |
0 |
2 |
3 |
3,75 |
Rebote do goleiro |
0 |
0 |
0 |
1 |
1 |
1,25 |
Já a defesa de Pompéu como pode ser visto na Tabela 6 apresentou mais de 50% dos erros na marcação 1x1. Isto indica que o sistema defensivo tem falhado quanto a agressividade na marcação e o ataque do oponente tem sido superior a tática e técnica defensiva individual.
Tabela 6. Causas pelas quais são produzidas as falhas da equipe de Pompéu
Erros |
Jogo 1 |
Jogo 3 |
Jogo 4 |
Jogo 6 |
Total |
% erros |
Marcação 1x1 |
10 |
14 |
7 |
16 |
47 |
52 |
Profundidade defensiva |
0 |
3 |
0 |
3 |
6 |
6 |
Contra-bloqueio |
1 |
2 |
0 |
0 |
3 |
3 |
Balanço defensivo |
1 |
6 |
2 |
4 |
13 |
14 |
Compensação ou troca |
5 |
8 |
1 |
5 |
19 |
22 |
Rebote do goleiro |
0 |
1 |
1 |
1 |
3 |
3 |
As falhas defensivas podem ser distribuídas em três situações distintas: o gol direto, a penalização de tiro de sete metros ou/e a exclusão de dois minutos. As falhas das duas equipes estão dispostas nas Tabelas 7 e 8.
A defesa de Martinho Campos apresentou a distribuição das falhas em 72,5% em gol direto, reduzindo os números de sete metros (12,5%) e em dois minutos de exclusão (15%).
Tabela 7. Conseqüências das falhas defensivas da equipe de Martinho Campos
Cons. |
Jogo 2 |
Jogo 3 |
Jogo 5 |
Jogo 6 |
Total |
% erros |
Gol |
11 |
20 |
11 |
22 |
64 |
72,5 |
Sete metros |
3 |
5 |
0 |
3 |
11 |
12,5 |
Dois minutos |
1 |
6 |
0 |
6 |
13 |
15 |
A defesa de Pompéu, como pode ser visto na Tabela 8, também obteve o resultado de 15% das exclusões de dois minutos. Mas, o que observamos é uma diminuição na porcentagem da distribuição das falhas em gol direto (67%), com respectivamente um aumento no número de 7 metros (18%) em relação ao número apresentado pela defesa de Martinho Campos.
Tabela 8. Conseqüências das falhas defensivas da equipe de Pompéu
Cons. |
Jogo 1 |
Jogo 3 |
Jogo 4 |
Jogo 6 |
Total |
% erros |
Gol |
9 |
27 |
10 |
22 |
68 |
67 |
Sete metros |
7 |
3 |
2 |
5 |
17 |
18 |
Dois minutos |
3 |
4 |
1 |
8 |
16 |
15 |
A defesa de Pompéu apresenta números percentuais próximos aos da equipe de Martinho Campos. Os números totais apontam uma diferença, que ao se observar o número de falhas que tiveram como conseqüência a penalização de sete metros da equipe de Pompéu (números que fazem a diferença entre o campeão e o vice).
As duas equipes jogaram em média 25% do tempo de jogo em inferioridade numérica. ROMAN (1997), em seu estudo sobre os jogos olímpicos e campeonatos mundiais de 1988 a 1996, relata que 20% dos jogos, em média, são realizados em inferioridade numérica. Informações confirmam a importância do treinamento nesta situação de jogo.
Martinho Campos X Pompéu
Observamos no jogo final, de acordo com Tabela 9, a ocorrência de um grande número de erros na defesa de Martinho Campos na zona lateral esquerda, bem como uma concentração dos erros nas zonas centrais. Já a defesa de Pompéu apresentou os erros mais distribuídos pelas zonas, onde destacamos a falta de erros na zona extrema esquerda diferente do que ocorreu na extrema direita, que apresenta um alto número de erros. Estes elevados números nas zonas lateral esquerda da defesa de Martinho Campos e na zona meia esquerda de Pompéu, nos revelam uma predisposição ofensiva das equipes adversárias em tentar a finalização com os jogadores que ocupam estas zonas. O que se observou, foi que as equipes apresentam seus jogadores mais atuantes em termos ofensivos nestas zonas.
Tabela 9. Zonas e falhas defensivas por período no jogo final
|
Zonas que mais falham |
Faltas por períodos |
||||||||||
|
Ext. Direita |
Lat. Direita |
Meia Direita |
Meia Esquerda |
Lat. Esquerda |
Ext. Esquerda |
0-10’ |
10-20’ |
20-25’ |
25-35’ |
35-45’ |
45-50’ |
M. Campos |
2 |
3 |
6 |
6 |
10 |
1 |
5 |
2 |
3 |
8 |
5 |
5 |
Pompéu |
0 |
5 |
6 |
7 |
5 |
6 |
4 |
5 |
5 |
5 |
5 |
5 |
A distribuição das falhas defensivas nos períodos pela equipe de Pompéu se manteve uniforme, não obtendo oscilação. Já a defesa de Martinho Campos apresenta uma oscilação significativa do segundo período (20-25’) de três erros para o quarto período (35-45’) de oito erros. Tendo como hipótese de que cada erro defensivo acaba em gol direto ou indireto, pode-se dizer que a equipe de Pompéu em comparação com a de Martinho Campos perdeu o jogo devido a falhas na defesa no segundo período (20-25’) e terceiro períodos (25-35’) do jogo final, em que a defesa obteve dez erros e a de Martinho Campos apenas cinco, contrariando a idéia de que as partidas entre equipes do mesmo nível são decididas nos últimos quinze minutos de jogo.
A defesa de Martinho Campos apresentou distribuídas as causas que produziram as falhas defensivas, destacando os dez erros por balanço defensivo e seis por falta de profundidade defensiva. Enquanto na equipe de Pompéu os erros apareceram concentrados na marcação 1x1, totalizando dezesseis erros.
Quando analisamos as conseqüências dos erros das duas equipes na partida final, o número de erros que resultaram em gol direto foi igual, mas a diferença que parece ter influenciado no resultado final foi o número de sete metros e o número de exclusões por dois minutos.
O elevado número de exclusões de dois minutos de Martinho Campos(6) e Pompéu (8) como pode ser visto na Tabela 10, nos leva a uma reflexão para a importância do jogo em inferioridade numérica da defesa, aspecto que deve ser trabalhado taticamente já que Martinho Campos jogou doze minutos com cinco defensores e Pompéu jogou dezesseis minutos. Foram quatro minutos a mais em superioridade numérica a favor da equipe de Martinho Campos. Tal situação pode ter sido o principal aspecto a definir o resultado da partida (Martinho Campos 25 x 23 Pompéu).
Tabela 10. Causas e distribuição das falhas no jogo final
|
Causas das falhas |
Distrib. das falhas |
|||||||
|
Marcação 1x1 |
Profundidade Defensiva |
Contra- Bloqueio |
Balanço Defensivo |
Compensação ou troca |
Rebote do Goleiro |
Gol |
7 metros |
2 min. |
M. Campos |
9 |
6 |
0 |
10 |
2 |
1 |
22 |
3 |
6 |
Pompéu |
16 |
3 |
0 |
4 |
5 |
1 |
22 |
5 |
8 |
Considerações finais
A causa da falha defensiva pode ser vista como meio em que a equipe adversária procura para a obtenção do êxito ofensivo. Isso nos leva a uma reflexão do nível técnico e tático das equipes, já que as falhas se concentraram na causa de ações 1x1 e balanço defensivo.
As zonas em que se concentraram as falhas defensivas foram as centrais, com pequenas variações para as duas áreas laterais, fatos que nos leva a refletir a cerca da importância defensiva na área central.
As equipes do I Circuito Regional Grande Lago, em sua maioria, não se utilizaram ofensivamente do bloqueio do pivô ou de outro jogador como medida tática. O que acabou em uma grande perda tática do jogo, acarretando em um número desprezível de falhas defensivas por contra-bloqueio.
As falhas defensivas tiveram como conseqüência os gols diretos, seguidos por penalidades de 7 metros e principalmente a exclusão de 2 minutos. Um número observado como fundamental no desenvolvimento do trabalho, foi o tempo de jogo em situação de inferioridade numérica das duas equipes, que jogaram em media 25% do tempo de jogo nesta situação. ROMAN (1997), em seu estudo, observou que 20% dos jogos em média são em inferioridade numérica. Isto demonstra a importância do treinamento dessa situação, que durante o jogo a equipe não busca taticamente as ações defensivas.
Com o resultado dessas análises esperamos que as equipes compreendam a importância da defesa e reflitam para o treinamento que muitas vezes é direcionado apenas para o aspecto ofensivo. Deixando em segundo plano o aspecto defensivo que precisa ser revisto pelos técnicos, já que as ações ilegais na defesa são penalizadas com exclusões.
Referências
CALVO, T.G. & HERRERO, J.A.G. Estúdio sobre el Funcionamiento del Sistema Defensivo 5:1 en el Campeonato de Europa de Croácia 2000 por lãs equipos nacionales de Espana y Francia. In: Área de balonmano Número 17, Febrero 2001.
NAGY-KUNSAGI, P. Handebol. Rio de Janeiro. Palestras e Edições Esportivas,1983
ROMAN, J. D. Comunicación Técnica nº 161 Los conceptos modernos de lãs defensas em inferioridad numérica 5:6 In: Área de balonmano.
SIMÕES, A. C. Handebol defensivo: conceitos técnicos e táticos. São Paulo. Phorte Editora, 2002.
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revista
digital · Año 14 · N° 132 | Buenos Aires,
Mayo de 2009 |