Avaliação do potencial de superação (APS) de atletas: um estudo de caso Evaluación del potencial de superación de atletas: un estudio de caso Evaluation of the potential for overcoming among athletes: a case study |
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*Graduado em Educação Física - FURB Mestre em Engenharia de Produção – Área de Ergonomia (UFSC) **Graduada em Educação Física - UFSM Aluna do Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas Área de Estudos de Gênero – DICH/UFSC ***Doutor em Informática em Saúde (UNIFESP/EPM) Graduado em Medicina – UERJ |
Josenei Braga dos Santos* Geórgia Maria Benetti** André Junqueira Xavier*** (Brasil) |
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Resumo Objetiva-se neste estudo ampliar a forma de avaliação e intervenção da Proposta de Auxílio Cognitivo (PAC) para atletas - elaborada por Santos et al. (2005) - por meio da Avaliação do Potencial de Superação (APS), assim como avaliar a percepção e o potencial de superação de uma atleta de tênis de campo que estava no período de transição (categoria juvenil para o profissional) sobre as dimensões superação, potência interativa: físico, mental, social, espiritual e moral, concentração e promoção humana. Através da utilização de uma escala que varia de 0 a 10 pontos, pretende-se ajudá-la a superar suas dificuldades, melhorar sua autopercepção, sua performance esportiva e observar o equilíbrio de interação entre as dimensões. Trata-se de um estudo de caso com uma atleta de 17 anos de idade e 10 anos de prática, que estava com dificuldades de seguir sua carreira e disputando competições pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT) e Federação Internacional de Tênis (ITF) durante o segundo semestre de 2005. Foram aplicadas 27 sessões individuais com duração de 30 a 60 minutos, durante um período de três meses, três vezes por semana dividida em três etapas: a) antes – aplicação da APS, b) intervenção – técnica expositiva dialógica, exercícios de alongamento, caminhada, técnicas de respiração, autopercepção, relaxamento, visualização, conversas por telefone e e-mail e c) depois – aplicação da APS. Os resultados mostraram que, antes da intervenção as dimensões mental, concentração e promoção humana, foram aquelas que apresentaram menor valor. Já depois da intervenção, notou-se que houve equilíbrio de interação entre as dimensões, melhora da autopercepção e da performance esportiva. Unitermos: Psicologia do esporte. Auxílio cognitivo. Superação. Tênis de campo
Abstract The objective in this study is to extend the form of evaluation and intervention of the Proposal for Cognitive Aid - developed by Santos et al. (2005) - through the evaluation of the Potential for Overcoming (PO), as well as the evaluation of the athlete's perception for the following dimensions: overcoming, physical, mental, social, spiritual, moral, concentration and human promotion. The evaluation of PO is performed by the analysis of the scale scores, which ranges from 0 to 10 points and intends to help the athlete to overcome her difficulties, improver her self-perspections and her performance and to observe the balance among the dimension’s interaction. The paper presents a case study with a 17-year old professional tennis player passing through a transitional training period. The PO was applied to help her overcome the difficulties in keeping her career and in competing on Brazilian and International tournaments along the second semester of 2005. Twenty-seven individual sessions (30 to 60 minutes, three times a week) were held during a 3-month period. The intervention was divided into three parts: a) pre and post intervention: PO evaluation usage, b) intervention: expository-dialogued technique usage, stretching and walking exercises, breathing techniques, self-perception, relaxation, visualization, colloquies for telephone and e-mail. The results showed that the dimensions which presented the lowest values before intervention were the mental, concentration and human promotion ones. After the intervention, there was a balanced interaction among all dimensions, a better self-perception as well as a higher sportive performance. Keywords: Sports psychology. cognitive aid. overcoming. field tennis |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 132 - Mayo de 2009 |
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Introdução
O tênis de campo de acordo com Del Rio (1997), é um esporte difícil do ponto de vista das exigências psicológicas, mais especificamente das capacidades mentais, pois os muitos ajustes de forma rápida, entre pensamento e ação, produzem nos treinamentos e nas competições, uma série de erros mentais, que por sua vez, geram erros técnicos na execução do golpe e originam um círculo vicioso de dúvidas, frustração, aborrecimento, autocrítica e decepção por parte do atleta.
Neste esporte, a categoria juvenil pode ser considerada como uma fase de transição bastante desafiadora para o atleta de muito empenho e dedicação em virtude de se começarem as vivências profissionais:
cobranças por resultados por parte do técnico, instituições, clubes, patrocinadores, da mídia, dos pais, do atleta e da família,
preparação para novos desafios,
viajar sozinho para disputas de torneios nacionais e internacionais e
aprender a lidar com as pressões cotidianas entre outros.
Todo este empenho e dedicação para transpor esta fase, podem estar relacionado com vários objetivos:
ganhar maturidade,
pontuar no circuito mundial,
vivenciar novas culturas,
fazer novas amizades dentro das competições e
conquistar um espaço no cenário nacional e internacional.
Para que estes objetivos sejam alcançados com êxito no tênis de campo, Pons e García-Merita (1994), González (1996), afirmam que é necessário em todas as idades, desenvolver um planejamento psicológico que dê suporte para que os atletas alcancem um bom rendimento, para poder assim, conseguir dar continuidade na sua atividade desportiva.
Com base nas afirmações destes autores, buscou-se desenvolver a Avaliação do Potencial de Superação (APS), ou seja, uma avaliação que utiliza-se de um planejamento físico-mental, por meio de intervenções, buscando ampliar a Proposta de Auxílio Cognitivo (PAC) para atletas, elaborada por Santos et al. (2005).
Esta PAC é uma proposta que visa dar suporte cognitivo para atletas que praticam esporte rendimento e busca avaliar seu estado de potência, ou seja, um estado que direciona para um processo de ação, reflexão e ação, tentando integrar as dimensões (superação, potência interativa, concentração e promoção humana) de uma forma que o atleta consiga se perceber.
Sua estrutura de trabalho está dividida em três etapas:
antes - avaliação do estado de potência por meio da análise da potência interativa (dimensões: físico, mental, social, espiritual e moral), por meio de uma escala que varia de 0 a 10 pontos, na qual o atleta se auto-avalia assinalando na escala sua percepção nestas dimensões, bem como, descreve-as,
intervenção – técnica expositiva-dialógica (discussão) com sessões individuais que duram de 30 a 60 minutos, procurando resgatar as experiências vivenciadas pelos atletas dentro e fora do contexto esportivo, relacionando-as com as dimensões citadas acima e
depois - reavaliação do estado de potência e discussão dos resultados com o atleta.
Seus objetivos estão voltados para melhorar a percepção e a performance do atleta, principalmente daqueles que estão com dificuldades de superar obstáculos, tomar decisões (pessoais e profissionais) e que querem melhorar seu desempenho em treinos e competições.
Um estudo desenvolvido com três atletas de diferentes modalidades utilizando-se esta PAC mostrou os seguintes resultados:
Tabela I. Resultado da percepção dos atletas assinalado na escala
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Atletismo |
Voleibol |
Taekwon-do |
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Dimensões |
Antes |
Depois |
Dif. |
Antes |
Depois |
Dif. |
Antes |
Depois |
Dif. |
Físico |
4,0 |
9,0 |
5,0 |
8,5 |
9,0 |
0,5 |
8,0 |
2,0 |
- 6,0 |
Mental |
6,0 |
10 |
4,0 |
6,0 |
8,5 |
2,5 |
6,0 |
9,0 |
3,0 |
Social |
3,0 |
9,5 |
6,5 |
10 |
10 |
0 |
8,0 |
10 |
2,0 |
*Espiritual |
3,0 |
8,0 |
5,0 |
6,5 |
9,0 |
2,5 |
4,0 |
10 |
6,0 |
*Moral |
2,0 |
10 |
8,0 |
4,0 |
8,0 |
4,0 |
3,0 |
10 |
7,0 |
Pontos |
18 |
46,5 |
28,5 |
35 |
44,5 |
9,5 |
29 |
41,0 |
12 |
Dif – Diferença em pontos após a intervenção
* Dimensões que mais se destacaram
Com isto, justifica-se este estudo, por acreditar que esta APS, possibilita ampliação de intervenção, avaliando todas as dimensões da PAC, bem como, pelo fato de perceber que as intervenções realizadas por Santos et al. (2005), ficaram somente em discussões e avaliaram somente a potência interativa e não as outras dimensões. Contudo, procura-se, avaliar as dimensões (superação, potência interativa: físico, mental, social, espiritual e moral, concentração e promoção humana) como pode ser observado no Quadro 1, mais o acréscimo dos exercícios físicos e cognitivos na intervenção, Quadro 3.
Sendo assim, objetiva-se:
ampliar as possibilidades de avaliação e intervenção da PAC,
desenvolver a Avaliação do Potencial de Superação (APS),
observar o equilíbrio de interação entre as dimensões e
descrever como irá se comportar o estado cognitivo de uma atleta frente às situações desafiadoras.
Para desenvolvimento da APS utilizou-se os seguintes fundamentos teóricos:
Morin (2000a, 2000b) quando fala que, em educação, a importância da inteligência geral para resolução de problemas do ser humano, do conhecimento e da consciência de sua identidade complexa, são imprescindíveis para o conhecimento da vida humana e
Silva e Rubio (2003) e Rubio (2006) quando explicam que, a superação, se traduz na manutenção do desejo, na esperança e na ação para a viabilização, pois esta categoria no alto rendimento já se tornou um princípio e um termo recorrente dentre os vencedores.
Métodos
É uma forma de pesquisa descritiva, do tipo estudo de caso, ou seja, é um estudo no qual o pesquisador esforça-se por uma compreensão em profundidade de uma única situação ou fenômeno. Neste estudo analisa-se a percepção de uma atleta, reunindo uma grande quantidade de informação tentando por meio de sua análise a compreensão de seu estado cognitivo no esporte (Thomas e Nelson, 2002).
Participou deste estudo uma atleta de tênis de campo que tinha 17 anos de idade (categoria juvenil), 160 cm de altura, 66 Kg e 10 anos de prática nesta modalidade, que estava sem patrocínio, recebendo auxílio financeiro somente da família e disputando competições pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT) e Federação Internacional de Tênis (ITF) durante o segundo semestre de 2005.
No que se referiu ao consentimento informado, o estudo segue a resolução específica do Conselho Nacional de Saúde (nº196/96), na qual houve a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) por parte dos pais, pelo fato da atleta ser menor de idade, autorizando a publicação dos dados obtidos.
Avaliação do Potencial de Superação (APS)
Para elaboração da APS, utilizou-se como referência os seguintes passos:
explicação dos elementos conceituais de cada dimensão que seria trabalhada como pode ser visualizado no Quadro 1;
apresentação do esquema da PAC que foi desenvolvida por Santos et al. (2005), (Figura 1);
demonstração da escala que varia de 0 a 10 pontos em todas as dimensões, onde a atleta assinalava qual a pontuação que melhor refletia sua percepção e após descrevia como ela estava se sentindo naquele momento frente a todas as dimensões desta escala (Quadro 2).
1) Quadro 1. Definição dos elementos conceituais de cada dimensão
Superação – que evoca para a capacidade de vencer barreiras, limites, transpor obstáculos e dificuldades impostas, alcançar vitórias e quebra de recordes; |
Potência Interativa – que direciona para um processo de ação, reflexão e ação de uma forma que o atleta consiga se perceber, tentando integrar as seguintes dimensões:
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Concentração – que o atleta tenha tempo disponível de no mínimo 30 minutos (três vezes por semana) para pensar e focar nas suas ações pessoais e profissionais; |
Promoção Humana – que está interligado com seu estado de bem-estar e prazer com a vida. |
2) Figura 1. Esquema da Proposta de Auxílio Cognitivo para atletas
3) Quadro 2. Demonstração da escala de todas as dimensões
Dimensões |
Pontuação |
Superação |
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 |
Potência Interativa |
|
Físico |
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 |
Mental |
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 |
Social |
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 |
Espiritual |
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 |
Moral |
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 |
Concentração |
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 |
Promoção Humana |
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 |
Para execução da APS adotou-se como forma de trabalho três etapas:
4) Quadro 3. Descrição das etapas utilizadas no desenvolvimento do trabalho
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Resultados
Na descrição das percepções feita pela atleta na 1a etapa (Quadro 4), ela informou que estava acima do peso desejado, com muitas dores pelo corpo, passando por um período de muitos desafios e pressões psicológicas (dúvidas, questionamentos, cobranças, muita responsabilidade, indecisão, insatisfação, desmotivação, insegurança e falta de concentração) e sem muita paciência para resolver os problemas cotidianos.
Outro fator apontado, foi que nas discussões realizadas ela estava tendo muitos desentendimentos com seu técnico (treinos mal planejados, falta de apoio e espírito de equipe e descompromisso nas competições).
5) Quadro 4. Análise das percepções apresentadas pela atleta na 1a. etapa
1a Etapa |
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Na 3a etapa (Quadro 5), a atleta informou que suas percepções mudaram, mostrando que apesar do cansaço físico devido a quantidade de jogos disputados, ela conseguiu emagrecer, melhorou sua capacidade de concentração, passou a gerenciar melhor seus problemas cotidianos e demonstrou maior disposição frente as situações, estando mais motivada para a vida pessoal e profissional.
Além dessas melhoras, ela também pontuou pela primeira vez na ITF, conseguiu classificação para disputar a etapa master de um torneiro que seleciona os melhores atletas do Brasil na sua categoria e mudou de técnico.
6) Quadro 5. Análise das percepções apresentadas pela atleta na 3a. etapa
3a Etapa |
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Na Tabela I, apresenta-se o resultado assinalado na escala pela atleta durante as avaliações que foram realizadas nas duas etapas (1a e 3a). Para sua análise, levou-se em consideração o total de pontos atribuído em cada dimensão e após comparou-se entre as etapas, chegando-se assim, a uma diferença em pontos após a intervenção.
7) Tabela I. Resultado da Avaliação do Potencial de Superação (APS) da atleta
Dimensões |
1a Etapa |
3a Etapa |
Dif. |
*Superação |
10 |
8,0 |
- 2,0 |
Físico |
8,0 |
9,0 |
1,0 |
*Mental |
5,0 |
8,0 |
3,0 |
Social |
9,0 |
10 |
1,0 |
Espiritual |
9,0 |
10 |
1,0 |
Moral |
10 |
9,5 |
- 0,5 |
*Concentração |
3,0 |
7,5 |
4,5 |
*Promoção Humana |
7,0 |
10 |
3,0 |
Total de pontos |
61 |
72 |
11 |
Dif – Diferença em pontos após a intervenção
* Dimensões que mais se destacaram
Discussão
Como pode ser observado, houve uma melhora de 11 pontos, na qual as dimensões mental, concentração e promoção humana foram as que mais se destacaram. Já as dimensões superação e moral reduziram seus valores. Este último caso, pode estar relacionado com o cansaço físico e mental e com a quantidade de torneios disputados pela atleta durante este período.
Após análise das percepções da atleta, ficou evidente que todas as situações apontadas causaram inúmeros problemas a sua saúde, o que para, De Rose Jr., Deschamps e Korsakas (2001) e Brandão, Russel e Matsudo (1990), são situações que estão muito presentes na vida atlética, pois o esporte de rendimento cria uma imagem geradora de lesões músculo-esqueléticas e distúrbios mentais, o que provoca um elevado índice de lesões somáticas e transtornos mentais, prejudicando a performance esportiva dos atletas.
De acordo com Guallar e Pons (1994), estas situações geralmente ocorrem pela falta de um trabalho de preparação psicológica, porque quando um atleta desfruta de boa preparação física, habilidades técnicas e táticas de qualidade, as habilidades atencionais aparecem com mais evidência na atividade desportiva, assim como na execução da tarefa. Para Samulski (2006), a preparação psicológica tem que ser um processo integrado e de longo prazo devendo ser orientado e supervisionado por um expert em coaching e suporte psicológico, pois os atletas jovens e as mulheres necessitam de um suporte mais intensivo. Já González (1996), afirma que o essencial é aprender a concentrar-se, ou seja, focar exclusivamente no que se tem que fazer na atuação competitiva, evitar a distração e não pensar nos resultados durante a atuação. Outro ponto de destaque seria desenvolver a atitude superação, ensaiando-a nos próprios treinamentos e não somente ser exigida nas competições.
Estas afirmações são recorrentes no contexto do esporte, porque em um estudo realizado por Samulski e Noce (2002), com atletas paraolímpicos (deficiência física, visual ou mental), mostrou que a vontade de competir e o desejo de superar limites foram os motivos mais relevantes apontados por estes atletas.
Outro fator que se percebeu é que, este estado cognitivo na qual a tenista se encontrava, também pode estar associado à fase da adolescência, o que para Galahue e Ozmun (2001), não é apenas um período de rápida alteração física, mas também de transição social e psicológica (período de muitos questionamentos, dúvidas, desafios, exploração, experimentação e de exame crítico das ações da sociedade que o cerca). Além disso, nas discussões feitas notou-se que a atleta tinha um sentimento constante de muita cobrança na busca pela perfeição, às vezes achava que não estava treinando bem, treinava e jogava machucada, queria ganhar os jogos rapidamente e achava que não conseguia fazer bons resultados. Estes sentimentos, segundo Kretly, Oliveira e Bretas (2003) são comuns, porque é na vitória que o atleta referencia o seu sucesso, que a lesão já faz parte enquanto custo para a obtenção de resultados positivos, que a vida pessoal, familiar e social fica em segundo plano e que a responsabilidade muitas vezes aparece em momentos precoce, sem maturidade para aceitá-la.
Outros aspectos que também podem ser mencionados e que podem influenciar estes comportamentos seria a falta de experiência nesta fase, período de transição da categoria juvenil para o profissional, pelas pressões causadas pelo ambiente cultural (clube, federações, academia, família e escola) em que a atleta vivia, em virtude de ter que mostrar resultado em um curto espaço de tempo, superar as dores, alcançar logo o potencial desportivo e o sucesso e, principalmente, criar representações que não se podia perder os jogos, pois na sua visão estaria decepcionando as pessoas que estavam lhe apoiando no desenvolvimento da sua carreira desportiva.
Este momento pelo qual os jovens tenistas passam, é bem explicado por Balbinotti (2004) et al., pois ter sucesso nas primeiras competições no esporte não é condição indispensável à obtenção dos resultados futuros, tendo em vista que muitos jovens desportistas, em seus primeiros anos de formação que não obtiveram resultados de destaque, vêm mais tarde a apresentar um potencial desportivo e os conseqüentes resultados.
Conclusões
Após o desenvolvimento deste estudo pode-se notar quais eram as dimensões que deveriam ser trabalhadas, bem como, conseguiu-se mostrar para a atleta quais foram as suas dificuldades.
Um ponto bastante importante, foi que a atleta melhorou seu estado cognitivo, passando a gerenciar melhor suas dificuldades com mais segurança e clareza, prova disto é que ela começou a fazer tratamento para emagrecer.
Outro aspecto constatado foi que o prazer pela vida, pelo esporte e a vontade de se equilibrar frente às dificuldades, foram alguns dos motivos que a levaram a aumentar o seu potencial de superação, observando que estes deveriam ser mais explorados e considerados por técnicos, familiares, instituições, federações, patrocinadores e clubes, como fonte de desenvolvimento da performance e formação do atleta no tênis de campo.
Percebeu-se que a APS auxiliou a atleta nas suas adversidades, mostrando como é importante se observar em todo processo de transição, assim como, para que esta possa ser considerada como um instrumento de avaliação no esporte é necessário que seja realizado um processo de validação da mesma (dados estatísticos) utilizando uma amostra maior de atletas.
Para finalizar, conclui-se que é necessário criar planejamentos de médio a longo prazo, que vise não somente performance esportiva, mas também o contexto educacional, ajude na formação pessoal e, principalmente respeite a fase de desenvolvimento e crescimento em que o atleta se encontra.
Referências
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De Rose Jr D, Deschamps S, Korsakas P. Situações causadoras de stress no basquetebol de alto rendimento: fatores extracompetitivos. Rev Bras Cien Mov. 2001; 9(1):25-30.
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Guallar A, Pons D. Concentración y atención en el deporte. In: BALAGUER, I. Entrenamiento psicológico en el deporte. Albatros Educación; 1994. p. 207-245.
Kretly V, Oliveira EM, Bretas ACP. O significado do esporte para o atleta: um estudo com os/as atletas do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa. Acta Paul. Enf. 2003; 16(1): 66-75.
Morin EA. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2000a.
____________. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO; 2000b.
Pons D, García-Merita M. La ansiedad en el deporte. In: BALAGUER, I. Entrenamiento psicológico en el deporte. Albatros Educación; 1994. p. 135-171.
Rubio K. O imaginário da derrota no esporte contemporâneo. Psicol Soc. 2006; 18(1) :86-91.
Samulski DM. Suporte psicológico aos atletas brasileiros durante as olimpíadas de Atenas 2004. Rev Bras Educ Fis Esp. 2006; 20 (5);165-167.
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Thomas JR, Nelson JK. Métodos de pesquisa em atividade física. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 294-296.
Agradecimentos
A Emílio Takase, coordenador do Laboratório de Neurociência do Esporte e a Juarez Muller Dias, coordenador do Núcleo de Estudos em Tênis de Campo, ambos da UFSC e aos coordenadores da Academia Racer pelo respeito, apoio e suporte técnico no desenvolvimento deste trabalho.
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revista
digital · Año 14 · N° 132 | Buenos Aires,
Mayo de 2009 |