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Ansiedade e autoconfiança dos atletas classificados e não-classificados para a Seleção Brasileira Olímpica de taekwondo

Ansiedad y autoconfianza de los atletas clasificados y no clasificados para la Selección Brasileña Olímpica de taekwondo

Anxiety and high confidence in classfied and non-classified athletes of taekwondo Brazilian Olympic Team

 

*Laboratório de Psicologia do Esporte

Centro de Excelência Esportiva

Universidade Federal de Minas Gerais

**Florida State University

***Universidade Fumec

Faculdade de Ciências da Saúde

(Brasil)

  Marcelo da Silva Januário*

Luiz Carlos Moraes*

Edson Soares Medeiros Filho**

Renato Melo Ferreira*

Ingrid Ludimila Bastos Lôbo***

ingridludimila@yahoo.com.br

 

 

 

Resumo

          A ansiedade e a autoconfiança são variáveis fundamentais para o bom desempenho esportivo. Observa-se que poucos estudos examinaram a importância da interpretação dos níveis de ansiedade no taekwondo. Assim, o presente estudo objetivou verificar se os níveis de ansiedade e autoconfiança dos atletas classificados para a Equipe Brasileira Olímpica Permanente de Taekwondo (EOP), em 2007, diferiram dos níveis dos atletas não classificados, e também se os atletas classificados para EOP perceberam seus níveis de ansiedade e autoconfiança como mais positivos para o seu desempenho do que os não-classificados. Participaram oito atletas do gênero masculino, com idade de 24,4 ± 2,1 anos, sendo todos participantes da seletiva para a formação da EOP. O instrumento utilizado foi o Inventário de Estado Competitivo (IEC), que avalia a ansiedade pré-competitiva e a autoconfiança, e se estes níveis são positivos ou não para o desempenho esportivo. Não houve diferenças significativas entre os níveis de ansiedade dos dois grupos, contudo, os atletas classificados para a EOP analisaram a ansiedade somática como mais positiva do que os não classificados (p≤ 0,05). Os resultados corroboram com evidências que diferenciam as interpretações de reações somáticas entre os atletas de maior e menor desempenho.

          Unitermos: Ansiedade. Taekwondo. Autoconfiança. Desempenho.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 132 - Mayo de 2009

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Introdução

    A ansiedade-estado relaciona-se com o desempenho esportivo e tem sido, predominantemente, classificada como um estado emocional negativo, caracterizado por nervosismo, pensamento negativo e elevada ativação somática (GOULD, HORN, SPREEMANN, 1983; WEINBERG, 1997; CHAPMAN, 1997; FLETCHER, HANTON, 2001). A ansiedade-estado apresenta dois componentes: o cognitivo e o somático. O componente cognitivo associa-se a sentimentos negativos como preocupação, imagens de fracasso e baixa autoconfiança (CERIN, 2004; MORAES, 1990). Já o componente somático é caracterizado por manifestações fisiológicas, acentuadas em situações de tensão emocional, como elevação da freqüência cardíaca e náuseas estomacais (MARTENS, BURTON, VEARLEY, 1990; HARDY, BEATTIE, WOODMAN, 2007).

    Martens e colaboradores (1990) propuseram a teoria multidimensional de ansiedade, e outros autores (Han, 1996; Chapman, Lane, Brierley, Terry, 1997) observaram que baixos níveis de ansiedade-estado somática e cognitiva, e altos níveis de autoconfiança, estão associados com desempenho esportivo; isto é, menores níveis de ansiedade e maiores níveis de autoconfiança são características de atletas que apresentam resultados esportivos mais expressivos. Contudo, autores como Hanin (1997); Hanton,Tomas e Maynard (2004) e Jones e Swain (1992) apontam que a interpretação subjetiva do nível de ansiedade é o elemento fundamental para compreendê-la.

    Assim, a forma como a ansiedade afeta o desempenho esportivo depende da direção (positiva ou negativa) percebida pelo atleta em certa situação de competição (JONES; SWAIN, 1992; CERIN, 2004).

    Acerca da ansiedade-estado, Jones, Swain e Hardy (1993), argumentam que esta pode ser positiva para o desempenho, desde que, um dado atleta interprete seus níveis de ansiedade como benéficos para a sua performance esportiva. Por exemplo, dois atletas de taekwondo de mesmo nível competitivo e que apresentam intensidades semelhantes de ansiedade-estado podem, devido às suas interpretações subjetivas, obter desempenhos marcadamente distintos.

    Segundo Hanin (1997) e Annesi (1998) o desportista que interpreta positivamente seus níveis de ansiedade tem maior probabilidade de obter melhor desempenho, quando comparado ao que tem uma percepção negativa do seu nível de ansiedade-estado.

    Em suma, a literatura sugere que não somente os níveis de ansiedade-estado, mas também a maneira como os atletas interpretam tais níveis, podem ser determinantes para o bom desempenho em uma competição (MARTENS, 1990; HANIN, 1997; HANTON, THOMAS, MAYNARD, 2004; JONES, SWAIN, 1992; JONES, SWAIN, HARDY, 1993). Embora haja vasto referencial teórico acerca da influência da ansiedade-estado pré-competitiva no rendimento esportivo, poucos estudos examinaram a influência da interpretação e dos níveis de ansiedade em esportes de lutas, particularmente no taekwondo (CHAPMAN, LANE, BRIERLEY, TERRY, 1997; GOULD, HORN, SPREEMANN, 1983). Em vista do crescimento desta modalidade no país (Goulart, 2005) e a comprovada importância da interpretação dos níveis de ansiedade-estado em diversos esportes, faz-se relevante um estudo para verificar a possível existência de um nível de ansiedade ideal para o desempenho ótimo no taekwondo, assim como, se a maneira como diferentes atletas interpretam a sua ansiedade justifica um melhor ou pior desempenho.

    Este estudo objetivou verificar diferenças nos níveis de ansiedade-estado e autoconfiança entre os atletas classificados para a Equipe Olímpica Permanente de Taekwondo (EOP) e os atletas não-classificados. E também, analisar diferenças em relação a percepção subjetiva dos níveis de ansiedade-estado e autoconfiança.

Metodologia

Amostra

    A amostra foi composta por oito atletas que participaram da seletiva para a formação da EOP de 2007. Estes foram divididos em atletas classificados para a EOP e não-classificados. A idade média dos atletas classificados foi de 24,25 anos (DP = 1,26) e dos atletas não-classificados de 24,5 anos (DP = 3,0). Em média, os atletas classificados praticavam o taekwondo há 11 anos (DP = 4,16) e os não-classificados há 17 anos (DP = 5,56).

    Todos os atletas assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido que lhes assegurava o direito de anonimato e de abandonar o estudo caso assim desejassem. O presente estudo respeitou todas as normas internacionais para realização de pesquisa com humanos, conforme Declaração de Helsinki de 1975.

Instrumento

    O instrumento utilizado foi o Inventário Competitivo de estado (ICE), de Moraes (1987), que avalia a ansiedade pré-competitiva em três dimensões: ansiedade-cognitiva, ansiedade-somática e autoconfiança e se estes níveis são positivos ou não para o desempenho (MORAES, 1987). O ICE é composto por 27 questões sobre ansiedade-estado divididas em 3 dimensões (ansiedade cognitiva, ansiedade somática e autoconfiança) de acordo com a teoria multidimensional da ansiedade de Martens, Vealey e Burton (1990). Cada dimensão é composta por 9 questões e cada questão oferece 4 possibilidades de resposta: 1 (nada); 2 (pouco); 3 (médio); e 4 (muito). O inventário também é composto por uma escala do tipo likert com 5 opções de resposta e teve como objetivo avaliar, quanto (intensidade) cada atleta percebe os componentes da ansiedade-estado, como sendo negativos ou positivos (direção) para seu desempenho. A tabela 1 exemplifica uma questão de cada dimensão do ICE e as possibilidades de resposta deste questionário e direção e intensidade percebida pelo atleta em cada resposta.

Tabela 1. Inventário de Estado Competitivo (IEC)

Afirmativas

Este nível é positivo ou negativo para sua performance

 2) Sinto-me nervoso

1

2

3

4

muito negativo

negativo

indiferente

positivo

muito positivo

 8) Sinto meu corpo tenso

1

2

3

4

muito negativo

negativo

indiferente

positivo

muito positivo

 3) Estou tranqüilo

1

2

3

4

muito negativo

negativo

indiferente

positivo

muito positivo

Análise dos dados

    Utilizou-se a prova não paramétrica do qui-quadrado para verificar diferenças entre a distribuição percentual das respostas do grupo de atletas classificados com a do grupo de atletas não-classificados. Utilizou-se o teste não-paramétrico de Mann-Whitney para a comparação entre a média das respostas dos atletas classificados com a média das respostas dos atletas não-classificados. Para ambos os testes, adotou-se um nível de confiabilidade de 95% (p ≤ 0,05).

    Os testes não-paramétricos foram adotados em decorrência da natureza categórica das variáveis sobre análise e devido à limitada amostra que não possibilitou o preenchimento dos pressupostos necessários ao emprego de procedimentos paramétricos de análise.

Resultados

    Na relação percentual não foram encontradas diferenças significativas entre os atletas classificados e os não-classificados na comparação das dimensões cognitiva, somática e autoconfiança (FIGURA 1 e 2), sendo p = 0,19; p = 0,36; e p = 0,44 e respectivamente.

Figura 1. Comparação entre grupos - dimensão cognitiva, somática e autoconfiança

    Em relação à média das respostas, foram encontras diferenças estatisticamente significativas, entre os grupos, no componente somático da ansiedade (FIGURA 2).

Figura 2. Média das respostas referentes à ICE

Discussão

    Este estudo comparou a influência dos níveis de ansiedade-estado e a interpretação destes níveis entre um grupo de atletas classificados para a EOP e outro grupo de atletas não-classificados. Os resultados não apontaram diferenças na intensidade dos componentes cognitivo e somático da ansiedade-estado e na autoconfiança, quando comparados atletas classificados e não-classificados para a EOP de 2007. Tais resultados são esperados, porque os atletas que obtêm as primeiras colocações tendem a ser mais confiantes e menos ansiosos (Chapman, Lane, Brierley, Terry, 1997).

    Esses resultados refletem a homogeneidade do estado psicológico dos atletas; ou seja, mesmos níveis de confiança e ansiedade-estado. Coerente com os resultados obtidos no estudo de Jones e Swain (1992), que também observaram que os níveis de ansiedade, exclusivamente, não são determinantes na predição e explicação do desempenho esportivo.

    Jones, Swain e Hardy (1993) também verificaram que o nível de ansiedade apenas, não é capaz de distinguir atletas vencedores de seus congêneres vencidos, pois depende da percepção subjetiva. Este fato baseia-se na teoria das zonas individualizadas de ótimo funcionamento (Hanin, 1997), na qual cada atleta apresenta uma relação singular, que envolve o nível de ansiedade e desempenho esportivo.

    Possivelmente, não foram encontradas diferenças no nível de ansiedade-estado dos atletas investigados, porque os mesmos apresentam habilidades mentais equiparadas. De fato, todos os atletas investigados pertenciam, no momento do estudo, à elite do taekwondo brasileiro e, em tal nível de desempenho, diferenças no nível de habilidades mentais dos desportistas podem não ser perceptíveis (RAGLIN, 1992).

    O autor ainda cita que, nos mais altos níveis de desempenho esportivo, os atletas tendem a apresentar preparo psicológico muito similar. Há um aumento no nível de homogeneidade, quando se passa a analisar amostras compostas por atletas de elite, ao invés de amostras formadas por atletas de menor expressividade esportiva.

    Em relação à direção da ansiedade, os resultados do presente estudo para ansiedade-cognitiva e autoconfiança contradizem a hipótese de que os atletas classificados para a EOP perceberiam a influência da ansiedade-estado cognitiva e da autoconfiança como um fator mais facilitador do desempenho, que os atletas não classificados. Tais resultados não está em conformidade com o descrito na literatura (Chapman, Lane, Brierley e Terry, 1997).

    Considerando que, somente os melhores atletas participaram da seletiva para a EOP, muito provavelmente foram pequenos detalhes no condicionamento físico e/ou na preparação técnica-tática que decretaram a classificação de um lutador de taekwondo em lugar de outro. Ainda, como enfatizado em estudos recentes Johnson e colaboradores (2007) a interpretação do nível de ansiedade-estado durante o evento (no interstício da luta) e não antes do evento, fornece maior número de evidências que possibilitam distinguir atletas classificados nas primeiras posições de atletas classificados em posições menos destacadas.

    Como reportado na seção de resultados foi verificado que os atletas classificados para a EOP avaliaram seus níveis de ansiedade somática de forma mais positiva que do que o grupo de atletas não-classificados para a EOP. Tais resultados estão alinhados com os estudos de Robazza, Bortoli, Nougier (1998) e de outros pesquisadores (D’urso e colaboradores, 2002; Jones e Swain, 1992; Jones, Swain, Hardy, 1993; Hanton, Thomas, Maynard, 2004) que observaram que a interpretação dos níveis de ansiedade difere atletas vencedores de uma dada competição de atletas vencidos. Mais especificamente, Hanin (1997) em recente reformulação da teoria das zonas individualizadas de ótimo funcionamento assim como Robazza e Bortoli (2004) em estudo com karatecas destacaram que o modo como diferentes atletas avaliam suas reações somáticas é fundamental para a distinção entre aqueles que obtêm maior ou menor sucesso no esporte.

    É importante destacar que o presente estudo apresentou algumas limitações. Como alertou Johnson e colaboradores (2007) e D’urso e colaboradores (2002) uma única coleta de dados pré-evento competitivo possui limitações, tendo em vista que o estado emocional de desportistas tende a alterar-se ao longo de eventos competitivos. Além disso, a pequena amostra tornou difícil a observação de singularidades entre os grupos comparados. Contudo, somente atletas da elite do taekwondo nacional compuseram a amostra, o número de participantes do presente estudo não poderia ser elevado.

Conclusão

    Apesar destas limitações, o estudo foi importante por ter considerado não somente os níveis de ansiedade de atletas, mas também a interpretação dos atletas acerca destes níveis. Ademais, somente os melhores atletas do país participaram do presente estudo e a evidência de pesquisa Ruiz e Hanin (2004) indica que, quanto maior o nível competitivo dos atletas, maior a precisão dos resultados. A principal constatação deste estudo foi a da existência de diferenças significativas direção da ansiedade de estado somática e inexistência de diferença significativa na intensidade da ansiedade de estado e autoconfiança, entre os dois grupos de atletas comparados. Como mencionado, tais resultados à homogeneidade dos grupos comparados.

    Futuros estudos devem procurar coletar maior número dados durante o evento competitivo e, não proceder a uma única coleta, anterior à competição. A comparação entre o perfil de ansiedade de atletas de esporte de confrontação direta, como no caso do taekwondo, com esporte cuja confrontação não é direta (ex.: natação) também é tópico interessante, assim como a verificação de singularidades acerca do comportamento da intensidade e direção da ansiedade para desportistas de diferentes faixas-etárias/níveis de experiência.

Referências

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