O surgimento de cãibra e analise do processo de mecanismo de contração muscular La manifestación del calambre y el análisis del proceso de mecanismo de contracción muscular |
|||
Pós-graduando em fisiologia do exercício pela Faculdade Ampere/PR Araguaína/TO (Brasil) |
Osvaldo Cavalcante da Silva |
|
|
Resumo O objetivo desse estudo descritivo trata de informações básicas, oferecendo subsídios para os professores de educação física, que constantemente vem se deparando com esse tipo de problema, possibilitando contribuir de forma melhor para a nossa formação, proporcionando melhor segurança para os nossos alunos. As câibras musculares ainda continuam sendo um é um grande mistério para a medicina, acreditamos que sejam causadas por uma combinação de fatores como funções metabólicas, desidratação, fatores ambientais e distúrbios eletrolíticos ocorrendo fascirculação ou contração desordenada de vários grupos musculares de forma dolorosa, porém é importante ter conhecimento da estrutura muscular e seus mecanismos de contração. Unitermos: Cãibras. Citoplasma. Glicogênio.
Abstract
The aim of this descriptive study deals with the basics, offering
subsidies for teachers of physical education, which is constantly faced
with this kind of problem, enabling better way to contribute to our
training, providing better security for our students. Keywords: Cramps. Cytoplasm. Glycogen. |
|||
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 131 - Abril de 2009 |
1 / 1
Introdução
Há muito tempo vem se estudando sobre cãibras, mas sempre se resume como (espasmos musculares) contrações musculares involuntárias, breves e dolorosas que transmitem a sensação de que o músculo está sendo esticado ou puxado, que vem acompanhada de vários fatores comprometendo um músculo isolado ou um grupo de músculos que realiza a mesma função, isso acontece após a prática extenuante de exercícios físicos e podem aparecer em diversas condições clínicas, por exemplo: hipocalcemia (baixos níveis de cálcio no sangue), hipopotassemia (baixos níveis de potássio no sangue) e baixa oxigenação.
Esse estudo tem como objetivo, oferecer mais subsídios detalhados sobre um assunto tão importante e que poucos sabemos sobre cãibras musculares, suas causas e como preveni-las, mas para isso é preciso conhecer um pouco sobre o sistema muscular, principalmente sobre o mecanismo da contração muscular.
Com esse estudo pretende-se contribuir com os profissionais de Educação Física, que constantemente se depara com esse tipo de problema com seus alunos e demais áreas afins. É importante conhecer principalmente os sintomas de câimbras que possam acontecer durante a realização de uma atividade física.
Quando se inicia uma atividade física a musculatura recebe vários estímulos que são realizados durante a prática do exercício físico, isso se torna normal até que não haja sinais de dor, pois quando isso vem acontecer é sinal que algo está errado ou a atividade está em excesso.
É de responsabilidade dos profissionais de Educação Física, saber identificar os sintomas de câimbras que os praticantes de atividades físicas possam sofrer durante a realização do exercício físico. Por isso foi pensando nesse tema que ainda tem gerado inúmeras discussões entre os profissionais especialistas, porém, esperamos que este artigo descritivo venha contribuir de forma melhor para a nossa formação dando maior segurança profissional em função dos nossos alunos
Definição: Câimbras
Até hoje esse tema tem sido objeto de estudos, mas é certo que é um espasmo muscular de origem nervosa ou neuromuscular.
Segundo (Gali, 2002), normalmente acontecem após atividades físicas e tem duração de alguns segundos, sendo que na grande maioria das vezes ela desaparece subitamente podendo-se observar o endurecimento do grupo muscular onde atuam. Na maior parte dos casos os músculos freqüentemente mais afetados são os gastrocnêmio, (conhecida popularmente como “batata da perna), os isquiotibiais (posterior da coxa) e os abdominais (barriga).
Mas também é possível ter câimbras em quaisquer outras partes dos membros do corpo.
Para (Gali, 2002) as câimbras musculares podem causar outros tipos de lesões, por conseqüências disto muitas vezes surge problemas como estiramentos, distensões, ruptura de ligamentos e músculos, dores musculares pós-exercícios e tendinites. As câimbras não atingem apenas atletas, mas tem representado grande perigo para os praticantes de esportes aquáticos, inclusive com risco de morte, pois vários relatos apontam que na maioria dos afogamentos tem observados que a causa principal é a câimbra muscular. Portanto, dependendo da ocasião a câimbra tanto pode representar uma dor momentânea, mas também pode gerar graves situações de risco para qualquer indivíduo, porém não somente para atletas como muitos pensam.
Porém, como o assunto sobre câimbras é um assunto que vem gerando bastante discussão entre os especialistas, estudos recentemente apontaram quatro diferentes teorias para explicar como e porque as câimbras musculares surgem: a teoria metabólica, teoria da desidratação, teoria eletrolítica e teoria ambiental.
Conhecendo melhor cada teoria
Teoria metabolica
Afirma (Turíbio, 1999) que a teoria metabólica sustenta-se que o músculo se torna "intoxicado" por metabólitos provenientes da atividade contrátil, principalmente o acido láctico e a amônia, que são produzidas durante a oxidação das proteínas conduzidas pelo fígado sob a forma de glutamina ou alanina, sendo transformada em uréia que é levada pela corrente sanguínea até os rins, para ser filtrada e excretada.
Segundo (Fox, 2000) afirma que outra substancia tóxica ao músculo é o acido lático resultante de uma degradação incompleta dos carboidratos, conhecida como glicólise anaeróbica, responsável pela liberação de energia, que por meios de reações é utilizada pela ressíntese do ATP. Todo processo é realizado dentro do sarcoplasma das fibras musculares.
Teoria da desidratação
Essa teoria sustenta-se na afirmação de que o suor liberado durante o exercício físico representa uma perda de água tão considerável que pode provocar desequilíbrio nos fluidos corporais e assim interferir no mecanismo contrátil dos músculos, provocando sua contração súbita. Por exemplo, uma pessoa com 60 kg que se exercita por cerca de uma hora perde, aproximadamente, 1500 ml de líquido pelo suor resultante da transpiração, ou seja, cerca de 2,5% da massa corporal. Se esse valor chegar a 5%, o que pode ser atingido em 2 horas de atividades físicas sem hidratação, os riscos para a saúde e particularmente de cãibras musculares são enormes.
Afirma (Barbanti,1990) que a deficiência extrema de água no organismo pode provocar efeitos tais como: deixar o sangue concentrado, o volume sangüíneo reduzido e a temperatura corporal aumentada em níveis bastante perigosos. O mesmo autor cita que a água consiste no meio onde todas as reações metabólicas intracelulares acontecem e, no músculo, a falta de água pode deixar o sarcoplasma extremamente concentrado e as reações que acontecem nesta região podem ser prejudicadas, provocando distúrbios até mesmo no mecanismo da contração muscular que por meio de processos contráteis involuntários, geram câimbras musculares
A desidratação é uma das causas mais comuns da ocorrência de cãibras musculares em pessoas que sequer realizam alguma atividade física, já que para perder água do corpo o mecanismo da sudorese por excesso de atividade física não é único. Um exemplo de pessoas sedentárias que sofrem cãibras por desidratação sem realizar nenhum tipo de atividade física seriam aquelas que normalmente ingerem grandes doses de bebidas alcoólicas em sua vida cotidiana. Isto se explica pelo fato de que o álcool inibe a liberação do ADH (hormônio anti-diurético) fazendo assim com que a água não seja reabsorvida durante as etapas da função renal e com isso seja excretada do corpo em grande quantidades, gerando a desidratação.
Acreditamos que essa teoria da desidratação tem importância significativa no que se refere a explicar quais as causas que levam ao estabelecimento das cãibras musculares. Porém, vários estudiosos que defendem esta teoria se limitam muito, afirmando que apenas a perda de água é que ocasiona as contrações involuntárias, mas existem outras substâncias que vão sendo liberadas além da água.
Teoria eletrolitica
Muitos estudiosos que defendem essa teoria eletrolítica afirmam que junto à água perdida com a transpiração excessiva é liberada certa quantidade de eletrólitos necessários para o organismo. A ausência destes eletrólitos pode comprometer o equilíbrio dos fluídos corporais no tecido muscular, que em deficiência podem surgir às câimbras musculares.
Explica (Guyton, 1988), fisiologicamente que a diferença de concentrações de íons entre os meios intra e extracelular é que vão ocasionar o surgimento de potenciais elétricos que ocorrem nas fibras nervosas e musculares, então são esses potenciais elétricos serão responsáveis pela transmissão dos impulsos nervosos e pela contração muscular. Basicamente é possível dizer que a falta desses eletrólitos gera distúrbios na formação de potenciais elétricos e na contração muscular, ocasionando contrações espontâneas.
Provavelmente além do sódio e potássio, a falta de outros minerais como o cálcio e o magnésio pode contribuir para o surgimento de câimbras musculares, haja vista que os estudos relativos ainda são poucos conhecidos. Essa teoria explica fisiologicamente todo o processo, mas não complementa o estado do surgimento de câimbras em pessoas com eletrólitos normais, fato em que algumas das outras teorias convêm explicar melhor. Por isso partiremos para a próxima teoria, chamada de teoria ambiental, buscando subsídios para melhor concluir esse estudo sobre os principais fatores que causam o surgimento das câimbras musculares.
Teoria ambiental
Neste caso o fator determinante está representado pelas modificações extremas de temperatura causando a constricção dos vasos sanguíneos e o déficit de fluxos com os músculos. Acredita-se que temperaturas altamente elevadas ou extremamente baixas são as causas principais responsáveis pelo aparecimento de câimbras musculares.
Afirma (Guyton, 1988) que quanto mais for à elevação na temperatura corporal, mais intensamente se realizarão as reações químicas que passam no interior das células. Por isso é que existe um fenômeno denominado de câimbras induzidas pelo calor, quando o aumento dessa temperatura se eleva surgindo reações químicas possibilitando gerar espasmos musculares intensos chegando ao ponto de se tornar involuntários.
Essas quatro teorias têm sido temas de discussão entre especialistas e profissionais que estão sempre em busca de mecanismos sobre a origem que ocorre com este distúrbio muscular, mas o objetivo desse estudo não resulta em afirmar qual teoria se aplicar melhor, essas explicações cabem aos leitores tirarem suas próprias indagações, mas para isto, é importante informar como devemos prevenir e também o tratamento adequado das câimbras musculares, temas que estarão em seguidas no sentido de oferecer mais subsídios para os leitores.
Prevenção e tratamento das câimbras musculares
Basicamente os sintomas das câimbras musculares se resumem a um só: dor intensa no músculo ou grupamento muscular mais exigido durante ou após uma atividade física.
A prevenção pode ser realizada sempre com alongamentos antes de iniciar qualquer atividade física, normalmente recomenda-se fazer uma pré-hidratação antes do exercício consumindo cerca de 150 ml de água 15 minutos.
A hidratação é importante durante a prática da atividade física, é recomendado ingerir cerca de 100 a 200 ml de água a cada 10 – 15 minutos, consumir bebidas isotônicas que contem uma quantidade adequada de sódio também é uma maneira sutil de repor o sódio perdido.
O isotônico Gatorade contem cerca de 90 mg de sódio por 200 ml, está é uma quantidade que ajuda a repor o sódio perdido e ainda atende os padrões da FDA and Drug Administration, dos Estados Unidos, para alimentos com baixo teor de sódio.
Afirma (Fox, 2000) que após a atividade fisica o recomendado é que se beba água além daquela que se bebem normalmente quando se está com sede. Sob tais condições estaríamos prevenindo as câimbras causadas por possíveis substâncias tóxicas ao músculo.
Outra forma de recuperação é feita através da massagem, relaxando a musculatura afetada massageie toda a área, pois o músculo irá se aliviar, diminuído a dor, aumentando os estímulos para toda a corrente sanguínea. Descanso e reidratação adequada com líquido que contenham eletrólitos, principalmente rico em sódio, irão trazer rapidamente melhoras significantes.
Estrutura muscular e seus mecanismos de contração
É muito importante num estudo bibliográfico desse tipo poder falar sobre a estrutura muscular e seus mecanismos, para a melhor compreensão e entendimento das câimbras musculares.
Todo movimento humano, do piscar de olhos a corrida de um maratonista, é gerado ela ação de um músculo, sendo o único tecido do corpo humano capaz de produzir força.
O tecido muscular tem como células formadoras as fibras musculares esqueléticas, cujo comprimento pode variar de alguns cm até quase um metro. O sarcolema é responsável por conduzir os impulsos nervosos através de sinapses com a fibra músculo esquelética, tendo moléculas de Acetilcolina como os mediadores químicos, e que levam a gerar um potencial de ação, se propagando por toda a extensão da célula e com isso provoca o processo de contração muscular.
Especificamente (Maughan, Gleeson e Greenhaff, 2000) cita que em cada fibra muscular existe um citoplasma celular denominado de sarcoplasma, local onde ficam mergulhadas diversas estruturas como o glicogênio, o ATP, mitocôndrias, gordura, núcleo sarcoplasmático a fosfocreatina, moléculas de mioglobina e centenas de miofibrilas. Cada miofibrilas são formadas por unidades ainda menores chamadas de sarcomeros, unidades contrateis do músculo esquelético compostos por filamentos de proteínas miosina (filamento espesso) e actina (filamento fino).
Conseqüentemente agora iremos descrever os mecanismos da contração muscular que se origina de um potencial de ação no sarcolema das células musculares acarretando a liberação de cálcio. A contração ocorre pelo deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina, diminuindo o sarcomero devido à aproximação das duas linhas Z, chegando a desaparecer a Zona H.
Esquema da contração muscular
Nas pontas desses filamentos de miosina existem pequenas projeções, capazes de formar ligações com certos sítios de filamentos de actina, quando o músculo é estimulado, nisso as projeções de miosina puxam os filamentos de actina forçando-os a deslizar sobre os filamentos de miosina, havendo um encurtamento das miofibrilas, dando origem a contração muscular.
Considerações finais
Estudos envolvendo câimbras e contração muscular deve continuar na busca de soluções para conseguir solucionar este distúrbio, que após uma extensa revisão bibliografia podemos chegar há algumas considerações importantes, primeiramente sobre cada teoria citada, que de acordo com o estudo, não podemos justificar qual teoria se aplica melhor, pois cada indivíduo tem suas limitações.
Mas, principalmente para os estudantes e professores de educação física, deixando claro o quanto é importante ter um conhecimento fisiológico mínimo da estrutura muscular, pois possibilita mais segurança junto a seus alunos na realização da prática de atividades, pois as câimbras são muito comuns e podem surgir em qualquer momento ou situação durante ou após os exercícios físicos.
Dessa maneira, objetiva esse artigo bibliográfico trará um pouco mais de subsídios para os professores entenderem melhor sobre câimbras musculares, propondo uma abordagem simples e ampla de como solucionar e prevenir as câimbras musculares.
Com essas informações descritas, procure evitar modismos que não tenha embasamento cientifico e adote mecanismos voltados para a performance de seu aluno, visando uma recuperação da melhor forma possível.
Referencias bibliográficas
BARBANTI, Valdir J. Aptidão física um convite à saúde. São Paulo: Editora Manole 1990.
FOX, Merie L, KETEYIAN, Stevean J. Bases fisiológicas do exercício e do esporte. Traduzido por Giuseppe Tarant. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
GALI, Julio C. Lesões musculares. Disponível na Internet. URL: htpp://www.apice.med.br/lesões.html. 02/Jan/2003.
GUYTON, Arthur C. Fisiologia humana. Traduzido por Charles Alfred Esberard. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.
GUYTON, Arthur C, HALL, John, MAUGHAN, Ron, GLEESON, Michael, GREENHAFF, Paul. Bioquimica do Exercício e treinamento. Traduzido por Elisabeth de Oliveira e Marcos Ikeda. São Paulo: Ed. Manole, 2000.
MCARDLE, WILLIAM D.: KATCH, Frank I. e KATCH, Victor I: Fisiologia do Exercício - Energia, Nutrição e Desempenho Humano. Rio de Janeiro. Guanabara Kooagan. 1998.
TURIBIO. C. Para passar o verão sem cãibras. Disponível na Internet. URL: htpp//www.jt.estadão.com.br/noticias . html. 02/Jan/2003.
Outros artigos em Portugués
revista
digital · Año 14 · N° 131 | Buenos Aires,
Abril de 2009 |