O IPAQ como indicador de prática de atividade física e sua relação com a qualidade de vida de indivíduos adulto-jovens El IPAQ como indicador de práctica de actividad física y su relación con la calidad de vida de indiviudos adultos jóvenes |
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* Discente do Curso de Ed. Física. Universidade de Franca – UNIFRAN ** Doutorando em Ciências Nutricionais. UNESP- Araraquara-SP Docente da UNIFRAN- Franca-SP e UNIPAM- Patos de Minas-MG *** Docente da FC UNESP-Bauru-SP, Pesquisador do Lafine- UNAERP Docente do Programa de Mestrado em Promoção de Saúde - UNIFRAN ****Docente da FCFA – UNESP – Araraquara-SP (Brasil) |
Bruno Tavares Coelho* David Michel de Oliveira** Daniel dos Santos** Cassiano Merussi Neiva*** Maria Jacira Simões**** |
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Resumo Esse estudo foi realizado com o objetivo de investigar o nível de a atividade física e sua relação com o sedentarismo. Para tanto, foi aplicado o questionário IPAQ (Questionário Internacional de Atividade Física Adaptado – versão curta) em 40 pessoas adultas com idade entre 20 e 35 anos, subdivididas em 2 grupos de homens (sedentários, n=10 e ativos fisicamente, n=10) e 2 grupos de mulheres (sedentárias, n=10 e ativas fisicamente, n=10). Dentre outros resultados foi observado que 70% dos homens, ativos e sedentários, afirmaram sentir falta de praticar alguma atividade física, porém, entre as mulheres esse índice chegou a 60%. Os entrevistados também passaram por uma auto-avaliação da sua qualidade de vida, atribuindo a ela notas de 0 à 10, onde foi observado que homens e mulheres ativos fisicamente atingiram 100% de notas igual ou maiores que 6,0, enquanto que homens e mulheres sedentários atingiram 70% de notas igual ou inferiores a 5,0. Concluiu-se que a atividade física tem grande importância na melhoria e manutenção da qualidade de vida, porém outros hábitos considerados saudáveis devem ser acrescidos à prática regular da atividade física. Unitermos: IPAQ. Atividade física. Sedentarismo. Qualida de vida. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 131 - Abril de 2009 |
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Introdução
As principais investigações epidemiológicas, tanto clássicas quanto contemporâneas vêm demonstrando que as patologias crônico-degenerativas são as que mais causam óbitos e co-morbidades, tanto em países em desenvolvimento quanto em desenvolvidos.
Seus fatores de risco primário como etiologia de doenças cardiovasculares são a hipertensão, as dislipidemias e o tabagismo. Como fatores secundários, sexo, idade, sedentarismo, excesso de peso, o Diabetes Melitus, estresse emocional e ter histórico familiar (REGO ET al. 1990; PITANGA, 2001).
Estas patologias são multifatoriais e multicausais, tendo como principais hipóteses o consumo inadequado de alimentos, etilismo, excesso de gordura corporal, tabagismo, estresse e sedentarismo, sendo este último mencionado como o principal agravante (OLIVEIRA, 2006).
Hallal et al. (2007), afirmam que o sedentarismo apresenta-se com prevalência elevada em diversos países ricos, sendo que grande parcela da população não atinge as recomendações indicadas para a prevenção e manutenção do estado de saúde em relação à prática de atividades físicas.
Matsudo et al. 2005 afirmam que nos Estados Unidos da América (EUA), o custo médio com a saúde de um indivíduo sedentário é de 300 dólares/ano, superior a de um sujeito fisicamente ativo, desde os 20 até os 70 anos de idade. Além do mais, o sedentarismo provoca gastos públicos, sendo que pelo menos, 70% da verba que é aplicada em saúde custeia enfermidades provocadas pela falta atividade física, alimentação incorreta e tabagismo.
Existe já um consenso científico sobre estudos epidemiológicos relacionando atividade física como meio de promoção, prevenção e cuidados à saúde, sendo que diversos achados demonstram que populações fisicamente ativas têm regressão de fatores de risco associados às patologias crônicos-degenerativas e aumento da longevidade. (Dietary Reference Intakes, 2005)
Além de efeitos metabólicos desejáveis, nas moléstias degenerativas, o exercício físico destaca-se como terapêutica pelo fator do baixo custo, promovendo ainda ganhos paralelos com adaptações benéficas para seus praticantes (NEIVA, 2002).
Quanto aos meios de instrumentação de investigação para análise do nível de atividade física , os questionários possuem diversas vantagens; bem como, sua viabilidade e aplicação.
Metodologia
Participaram deste estudo 40 pessoas, sendo divididas em quatro grupos. O primeiro grupo composto por homens ativos fisicamente (n=10), o segundo por homens inativos fisicamente (n=10), o terceiro por mulheres ativas fisicamente (n=10) e, o quarto grupo por mulheres inativas fisicamente (n=10). Os grupos, assim como, os resultados obtidos, estão expostos nesta mesma ordem no quadro 1, pág. 31. Nos quatro grupos a faixa etária foi composta entre 20 a 35 anos de idade, sendo todos indivíduos saudáveis, e sem qualquer tipo de deficiência ou patologia.
Foi utilizado para esse estudo o IPAQ (Questionário Internacional de Atividade Física) versão curta, com o objetivo de analisar o nível de atividade física dos indivíduos.
Os dados foram coletados pelos pesquisadores em academias, clubes, locais de trabalho e de lazer, em horários alternados e de fácil acesso aos entrevistados. O questionário foi aplicado a uma população voluntária ao estudo. Esses voluntários foram separados de acordo com os resultados apresentados pelo questionário, de modo a se encaixar nos grupos citados no primeiro tópico.
Resultados
Para verificação dos resultados foi realizado uma análise estatística descritiva, com os resultados expressos em gráficos elaborados no Programa Excel Windows®.
Quadro 1. Resultado da classificação do nível de atividade física entre os entrevistados
Indivíduos |
Caminhada |
Moderada |
Vigorosa |
Classificação |
|||
|
F(dias) |
D(min) |
F(dias) |
D(min) |
F(dias) |
D(min) |
|
01 |
2 |
240 |
2 |
60 |
2 |
60 |
Ativo |
02 |
5 |
30 |
3 |
60 |
3 |
60 |
Muito Ativo |
03 |
4 |
40 |
2 |
120 |
1 |
90 |
Ativo |
04 |
5 |
40 |
- |
- |
- |
- |
Ativo |
05 |
5 |
20 |
1 |
90 |
- |
- |
Ativo |
06 |
5 |
30 |
- |
- |
4 |
90 |
Muito Ativo |
07 |
4 |
210 |
3 |
150 |
3 |
150 |
Muito Ativo |
08 |
- |
- |
6 |
480 |
5 |
480 |
Muito Ativo |
09 |
5 |
40 |
5 |
120 |
3 |
180 |
Muito Ativo |
10 |
6 |
30 |
1 |
120 |
1 |
30 |
Ativo |
11 |
- |
- |
1 |
90 |
- |
- |
Sedentário |
12 |
2 |
60 |
- |
- |
- |
- |
Sedentário |
13 |
1 |
30 |
1 |
30 |
1 |
30 |
Sedentário |
14 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Sedentário |
15 |
3 |
15 |
2 |
25 |
1 |
30 |
Sedentário |
16 |
3 |
20 |
4 |
15 |
- |
- |
Sedentário |
17 |
1 |
15 |
3 |
15 |
1 |
45 |
Sedentário |
18 |
2 |
10 |
1 |
10 |
- |
- |
Sedentário |
19 |
1 |
15 |
1 |
10 |
1 |
30 |
Sedentário |
20 |
3 |
10 |
2 |
15 |
- |
- |
Sedentário |
21 |
5 |
40 |
3 |
60 |
- |
- |
Ativo |
22 |
2 |
60 |
3 |
120 |
1 |
60 |
Ativo |
23 |
5 |
20 |
1 |
120 |
- |
- |
Ativo |
24 |
6 |
160 |
7 |
60 |
3 |
90 |
Muito Ativo |
25 |
- |
- |
5 |
120 |
- |
- |
Ativo |
26 |
7 |
70 |
3 |
40 |
1 |
30 |
Ativo |
27 |
5 |
120 |
3 |
60 |
- |
- |
Ativo |
28 |
6 |
120 |
7 |
120 |
1 |
120 |
Ativo |
29 |
6 |
240 |
7 |
60 |
5 |
120 |
Muito Ativo |
30 |
- |
- |
7 |
60 |
5 |
120 |
Muito ativo |
31 |
1 |
120 |
- |
- |
- |
- |
Sedentário |
32 |
2 |
90 |
- |
- |
- |
- |
Sedentário |
33 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Sedentário |
34 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Sedentário |
35 |
- |
- |
5 |
15 |
- |
- |
Sedentário |
36 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
Sedentário |
37 |
- |
- |
2 |
10 |
- |
- |
Sedentário |
38 |
3 |
20 |
- |
- |
- |
- |
Sedentário |
39 |
- |
- |
2 |
20 |
- |
- |
Sedentário |
40 |
1 |
30 |
2 |
10 |
- |
- |
Sedentário |
F = Freqüência D = Duração
No quadro 1 são encontrados os resultados obtidos quanto à duração, em minutos e, a freqüência semanal, em dias, da prática de atividades físicas praticadas pelos entrevistados na semana anterior a entrevista. Sendo, os indivíduos de número 1 a 10, homens, que devido aos resultados apresentados pelo questionário foram classificados como ativos fisicamente; os indivíduos de 11 a 20, homens classificados, segundo os resultados apresentados, como sedentários; os indivíduos de 21 a 30, mulheres classificadas como ativas fisicamente e; os indivíduos de número 31 a 40, mulheres classificadas como sedentárias.
Com base no quadro anterior, foram desenvolvidos os seguintes gráficos, onde: nos gráficos de 1 a 4 são apresentados as médias de tempo de duração (em minutos) e a freqüência semanal (em dias) de cada tipo de atividade apresentada pelos grupos relacionados à cima, a fim de apurarem-se os tipos predominantes de atividade desenvolvida por cada grupo, desenhando um perfil de preferências a cada grupo.
Gráfico 1. Média da freqüência semanal e da duração das atividades praticadas entre homens ativos fisicamente
No gráfico 1 observa-se maior freqüência semanal despendida a prática de caminhadas, porém a duração mais prolongada por atividade é destacada quando se trata de atividades de esforço moderado, seguida de perto por atividades de esforço vigorosos.
Gráfico 2. Média da freqüência semanal e da duração das atividades praticadas entre homens inativos fisicamente
No gráfico 2 é observado que a freqüência semanal, assim como a duração das atividades é bem inferior aos resultados apresentados pelo grupo anterior, o que é totalmente plausível, já que o grupo anterior é constituído de indivíduos ativos fisicamente e esse grupo constituído por indivíduos classificados como sedentários. É observado também, que a caminhada e as atividades de esforço moderado são as atividades mais comuns ao grupo, apresentando pouca diferença entre si, e que, as atividades de esforço vigoroso são muito pouco praticadas, podendo assim, ser considerado irrelevante o seu resultado.
Gráfico 3. Média da freqüência semanal e da duração das atividades praticadas entre mulheres ativas fisicamente.
No gráfico 3 observa-se que, a caminhada e as atividades de esforço moderado têm larga vantagem para as atividades de esforço vigoroso (tanto em duração como em freqüência semanal), o que diferencia a preferência masculina da feminina quando comparados os grupos de indivíduos classificados como ativos fisicamente, considerando que os homens praticam mais atividades de esforço vigoroso do que as mulheres.
Gráfico 4. Média da freqüência semanal e da duração das atividades praticadas entre mulheres inativas fisicamente.
No gráfico 4 é observado que as mulheres classificadas nesse estudo como sedentárias apresentam um resultado pouco significativo quanto à prática de qualquer tipo de atividade física, com leve preferência na prática de caminhada com relação à duração da atividade. Esse gráfico mostra também que as mulheres podem ser classificadas com um grau maior de inatividade do que os homens quando comparado os dois grupos de indivíduos sedentários.
No questionário foi averiguado também, se os indivíduos, quando por algum motivo não praticam atividade física por uma semana inteira, sentem cansaço e indisposição excessiva. Entre os indivíduos homens, sendo eles sedentários ou ativos fisicamente, 70% afirmaram sentir falta de atividade física, sentindo os sintomas a cima. Porém, entre as mulheres, esse número é menor, onde 60% delas fizeram essa afirmativa.
Gráficos 5 e 6. A atividade física faz falta quando não praticada regularmente?
Esses dois gráficos trazem a informação de que mesmo os indivíduos sedentários, sentem falta de praticar alguma atividade física.
Posteriormente, foi pedido no questionário que os entrevistados fizessem uma auto-avaliação da sua qualidade de vida, onde cada um atribuiu a ela, uma nota de 0 à 10, onde nota 0 seria qualidade de vida péssima e, nota 10 seria qualidade de vida ótima.
Gráfico 7. Grupo de indivíduos ativos fisicamente e as notas atribuídas a sua qualidade de vida
O gráfico 7 mostra que nos dois grupos de indivíduos classificados como ativos fisicamente (homens e mulheres), 100% dos indivíduos atribuíram à sua qualidade de vida notas igual ou superiores a 6,0, tendo como média geral nota 7,5. Pode-se então, atribuir à prática regular de atividade física uma grande responsabilidade pela média atingida nesses dois grupos, já que a média alcançada pelos dois grupos de indivíduos classificados como sedentários foi bem inferior, como pode ser visto a seguir.
Gráfico 8. Grupo de indivíduos inativos fisicamente e as notas atribuídas a sua qualidade de vida
No gráfico 8 observa-se que, nos dois grupos de indivíduos classificados como sedentários (homens e mulheres), 70% deles classificaram sua qualidade de vida com nota igual ou inferior a 5,0, tendo como média geral nota 5,2. Média que pode ser considerada baixa, e que pode também, ser atribuída ao estilo de vida sedentário, visto que este estilo de vida implica em fragilidade da saúde, fadiga excessiva e baixa ou ausência de disposição para os afazeres do dia-a-dia, que envolvem trabalho, lazer e atividades em família.
Por fim, foram somadas as notas de cada grupo, a fim de comparar essas notas entre os grupos de sedentários e ativos fisicamente.
Gráficos 9 e 10. Soma das notas atribuídas a qualidade de vida dos indivíduos
Os gráficos a cima mostram que quando comparadas as notas do grupo de homens ativos fisicamente com as notas do grupo de homens sedentários, a diferença é considerável, chegando aos 20 pontos ou 27% do total. Entre as mulheres foi feita à mesma comparação e o resultado foi ainda mais elástico, onde a diferença entre os pontos somados chegou a 27 pontos ou 34% do total.
Essa comparação ressalta ainda mais as conclusões obtidas através dos resultados apresentados pelos gráficos 7 e 8, onde a atividade física mostra-se de fundamental importância para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos.
Conclusão
Através dos resultados obtidos foi possível concluir que os homens ativos fisicamente têm preferência por atividades de esforço vigoroso, o que traz a idéia de que esses homens têm maior aptidão física e maior resistência ao esforço. Já as mulheres ativas fisicamente mostram ter maior preferência pelas caminhadas e pelas atividades de esforço moderado, mostrando ter maior capacidade aeróbia.
As mulheres sedentárias têm maior grau de inatividade do que os homens sedentários. As mulheres em geral, ativas e inativas fisicamente, sentem menos a falta da prática de atividade física do que os homens. Porém a grande maioria dos entrevistados afirmou sentir falta de praticar alguma atividade física, com isso, mesmo para os indivíduos sedentários, a atividade física mostra ter certa relevân
Referência bibliografica
Dietary Reference Intakes for Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids Macronutrients http://www.nap.edu/catalog/10490.html.
HALLAL, Pedro Curi et al. Evolução da pesquisa epidemiológica em atividade física no Brasil: revisão sistemática. Rev. Saúde Pública. 2007, v. 41, n. 3, pp. 453-460.
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NEIVA, C. M. Modulação da sensibilidade insulínica, fluxo glicolidico e metabolismo lipídico pelo exercício em diferentes intensidades. 2000. 87 f. Tese (Doutorado em Fisiologia Humana) – Unicamp, Campinas-SP.
OLIVEIRA K.E. Fatores de risco associados ao perfil bioquímico e nível de atividade física de trabalhadores vinculador ao programa de alimentação do trabalhador. Distrito Federal.Brasil. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília. 2006.
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