Exercícios físicos para gestantes Ejercicios físicos para embarazadas |
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*Pós graduanda em Fisiologia do Esporte: Performance e Treinamento Curso de pós-graduação feito pela ASSEVIM em Uberlândia-MG **Orientador, Prof. Ms. em Educação Superior (Brasil) |
Nádia Ferreira de Araújo Almeida* Marcus Vinícius Patente Alves** |
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Resumo Os exercícios físicos na gravidez têm benefícios potenciais e bem orientados proporcionam uma melhor Qualidade de Vida durante a gestação, entretanto estudos com embasamento científicos a este respeito ainda deixam muito a desejar. Embora já se reconheça a contribuição da prática da atividade física regular e orientada durante a gestação, ainda não existe consenso no estabelecimento de um padrão de exercícios ideais neste período da vida da mulher. Este estudo, de natureza qualitativa tem como objetivo analisar e quantificar os benefícios e os riscos proporcionados pelo exercício físico em gestantes e conscientizar o profissional da área de Educação Física de quão importante é a sua capacitação profissional para bem orientar as mulheres no período gestacional à prática de exercícios físicos. Unitermos: Exercícios Físicos. Gravidez. Capacitação Profissional. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 131 - Abril de 2009 |
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1. Introdução
Os exercícios físicos na gravidez têm sido alvos de inúmeras recomendações em toda a literatura médica, mas sempre nos passam à idéia de que são baseados no “senso comum”; pois pesquisas experimentais com gestantes podem trazer riscos à saúde das mesmas e do feto, sendo na prática inviáveis. Neste sentido, fica difícil determinar padrões de exercícios físicos propriamente desenvolvidos para gestantes. Embora saibamos que algumas grávidas em trabalho doméstico fazem enorme esforço físico, às vezes, maior do que o realizado em alguma atividade física.
CHISTÓFALO, MARTINS E TUMELERO (2003) citando Barros (1999) afirmam que a única certeza que se tem é a de que nós, profissionais que vamos trabalhar com gestantes, devemos proporcionar a elas uma atividade física agradável e segura, respeitando a individualidade e, principalmente, obedecendo a regras básicas de bom senso. Precisa-se ter em mente o processo que acontece durante a gestação e que provoca profundas alterações metabólicas e hormonais, modificando respostas às atividades físicas.
A problemática a ser desenvolvida durante a pesquisa se configura em: Quais os benefícios e os riscos que os exercícios físicos podem trazer às gestantes e ao feto?
O presente trabalho tem por objetivo apresentar, através de revisão de literatura, considerações levantadas a respeito de analisar e quantificar os benefícios e os riscos proporcionados pelo exercício físico em gestantes. E também descobrir até que ponto a atividade física não interfere no desenvolvimento da gestação. E como são importantes exercícios bem orientados e profissionais capacitados para prescrição de tais exercícios.
O artigo a ser desenvolvido é uma revisão bibliográfica de artigos já publicados sobre Exercícios Físicos para grávidas e visa principalmente salientar o papel do profissional de Educação Física na prescrição de tais exercícios e de como o mesmo deve procurar se orientar sobre as principais dificuldades e problemas enfrentados nesta etapa fisiológica.
2. Alterações fisiológicas no organismo materno
Durante a gestação todas as funções metabólicas da grávida sofrem um significativo aumento para suprir as necessidades nutricionais do feto que se encontra em constante crescimento. Ocorrem mudanças complementares nos órgãos reprodutivos da gestante e em suas mamas para garantir o desenvolvimento do feto e a nutrição da criança após o nascimento (NAVARRO, VASCONCELOS E SANTOS, 2007).
Para Alves (2009), os exercícios regulares proporcionam melhoria na qualidade de vida e na manutenção da saúde (capacidade de gerenciar a vida e resistir aos obstáculos do cotidiano).
De acordo com Artal e Wiswell (1986) a gravidez provoca na mulher alterações fisiológicas e psicológicas que merecem ser discutidas. Por volta da 10ª semana de gestação com o aumento da retenção hidrossalina aumenta-se o volume plasmático. CHISTÓFALO, MARTINS E TUMELERO (2003) mencionando Artal e Wiswell (1986) declaram que o aumento da volemia (quantidade em ml de sangue por kg de peso do individuo) produz um aumento do fluxo cardíaco, aumentando o volume de ejeção sistólica, e, especialmente a partir do sexto mês de gravidez, ocorre um aumento da freqüência cardíaca, em torno de 10 a 15 batimentos por minuto, ocasionado pela queda da resistência periférica.
O organismo materno passa diversas alterações que ocasionam ao crescimento do volume abdominal (CAMBIAGHI, 2001). A modificação corporal básica observada é o aumento uterino; após a 10ª semana evidencia-se o seu aparecimento sobre a parede abdominal (CHISTÓFALO, MARTINS E TUMELERO, 2003); observam-se; também, modificações hormonais e enzimáticas. Tais alterações são importantes, pois devem levar a mudanças na glicemia, alterações do tamanho do feto e até mesmo à hipertensão arterial (CAMBIAGHI, 2001).
O aumento do útero provoca algumas alterações no sistema músculo-esquelético durante a gestação, como abdômen protuso, marcha gingada ou anserina, uma hiperlordose lombar fisiológica da gestação, alteração do centro de gravidade, aumento do peso corporal, distensão muscular abdominal, aumento da pressão e de peso sobre a musculatura do assoalho pélvico e compressões nervosa (ARTAL, WISWELL e DRINKWATER, 1999).
NAVARRO, VASCONCELOS, SANTOS (2007) citando Guyton (1988) afirmam que o metabolismo da mulher grávida aumenta, ocorrendo ganho de peso, em cerca de 5% a 10%, e aumento do volume de sangue em aproximadamente 01 litro. Há maior necessidade calórica (300Kcal/dia), protéica, mineral e de vitaminas nesta fase, segundo Powers e Howley (2000).
Segundo Gonzaga (1999), os músculos abdominais são flácidos, e os músculos das costas ficam sobrecarregados para sustentar a coluna, quando isso acontece, as vértebras da parte mais baixa da coluna são forçadas para uma posição antinatural e os discos existentes entre elas ficam sujeitos à grande pressão. Eles podem deslizar e sair fora do lugar, o que leva à intensas dores lombares. Alem disso, quando os músculos da parede abdominal são alongados, exigem que os músculos das costas se encurtem, mantendo o equilíbrio, proporcionando um afastamento das bordas posteriores das vértebras lombares, e descompressão das raízes posteriores dos pares nervosos e o alívio quase sempre imediato, das lombalgias. Pois os abdominais são responsáveis pela sustentação do útero, impedindo que o crescimento deste se faça para frente, mais sim para cima, do contrário provocaria um abaulamento exagerado do abdômen obrigando a pele a acompanhá-lo, e isto acabaria por provocar um esgarçamento da hipoderme dando origem às chamadas estrias gravídicas.
ALMEIDA e TUMELERO (2003) citam que muitos sintomas de desconforto têm uma maior incidência durante o período gestacional, como a predisposição à formação de varizes, dores nas costas, nas articulações e músculos. Estes sintomas podem ser amenizados com a prática regular e bem orientada de exercícios físicos, assim como podem também fortalecer e tonificar os músculos mais afetados durante a gravidez: os músculos da pelve, os abdominais e os lombodorsais. As grávidas podem aumentar sua resistência, o que as ajudará enquanto estiverem em trabalho de parto, entre outros benefícios. Contudo segundo Gallup (1999), os trabalhos publicados com enfoque na prática de exercícios físicos durante a gestação, ainda são insuficientes até hoje, bem como informações sobre a sua indicação.
3. Efeitos benéficos do exercício na gravidez
A partir das pesquisas relacionando gravidez e atividade física MATSUDO e MATSUDO (2000) citando Artal, Wiswell e Drinkwater (1999), descrevem os principais benefícios biológicos do exercício durante a gravidez, tais como:
Menor ganho de peso e adiposidade materna
Diminuição do risco de diabetes
Diminuição de complicações obstétricas
Ausência de diferenças significativas em idade gestacional, duração do parto, peso ao nascimento, tipo de parto, valores de APGAR e complicações maternas e fetais.
Menor risco de parto prematuro
Menor duração da fase ativa do parto
Menor hospitalização
Diminuição na incidência de cesárea
Altos valores de APGAR
Melhora na capacidade física
MATSUDO e MATSUDO (2000) ainda descrevem que cada vez mais está se dando mais importância aos benefícios psicológicos e sociais, que são equiparadas ou mais importantes que as vantagens biológicas. O Programa Agita São Paulo (1998) reforça o impacto positivo da atividade física regular moderada sobre:
Melhora auto-imagem
Melhora da auto-estima
Melhora da sensação de bem estar
Diminuição da sensação de isolamento social
Diminuição da ansiedade e do stress
Diminuição do risco de depressão.
LANDI, BERTOLINI e GUIMARÃES (2004) citando Artal (1999) expressam que as funções pulmonares são bastante alteradas durante a gestação. Significativamente, o consumo de oxigênio aumenta de 10 a 20% durante a gestação, a combinação de capacidade residual funcional e aumento do consumo de oxigênio resulta em uma reserva de oxigênio mais baixa se não compensada adequadamente, a reserva de oxigênio poderia ser ainda mais reduzida durante exercício pesado e potencialmente levar a hipoxia.
Muitas modificações fisiológicas ocorrem no organismo materno, e a prática de exercícios físicos proporciona um melhor desempenho de todas as estruturas biofisiológicas do corpo da gestante. Como exemplifica Artal (1999) quando expressa que:
O exercício favorece a liberação de ácido graxo do tecido adiposo e de glicose pelo fígado, no entanto, para manter esse estado constante de produção de glicose, ocorre interação delicada entre aumento da atividade simpatoadrenal e neuro-humoral, que resulta em declínio da concentração plasmática de insulina e aumento da concentração de norepinefrina, epnifrina, cortisol, glucagon e hormônio de crescimento. Com exercícios leves, os depósitos de energia mobilizados são provenientes predominantemente de gordura, à medida que aumenta o nível de exercício, existe maior contribuição dos carboidratos (ARTAL apud LANDI, BERTOLINI e GUIMARÃES 2004, p. 66).
Como assevera Landi, Bertolini e Guimarães (2004), ocorrem ainda alterações significativas na gestante a partir do sistema circulatório, como aumento no volume sangüíneo, freqüência cardíaca e débito cardíaco, e redução na pressão arterial em repouso. Devido a tais alterações, as questões importantes a serem observadas em respeito da influência do exercício físico sobre a gestação e sua evolução. Como as necessidades metabólicas da gravidez provocam muitas alterações no estado fisiológico de repouso, é particularmente importante que reconheçamos se o estresse adicional do exercício induz ajustes que possam exceder o limite de segurança da gestante e do feto.
De acordo com Landi, Bertolini e Guimarães (2004), entre as alterações descritas por Artal, Wiswell e Drinkwater (1999), destacam-se o efeito do exercício no sistema cardiovascular proporcionando uma redistribuição do fluxo sangüíneo para órgãos esplânicos, aumento do consumo de oxigênio, maior que no estado não grávido, aumento do volume sangüíneo, redução da resistência periférica e da pressão arterial são eficazes no aumento da eficiência da resposta circulatória e metabólica ao exercício durante atividade leve.
Existiram épocas em que se falasse que a gestante teria que não fazer/deixar de fazer qualquer esforço físico durante a gestação, apenas repousar. Essa idéia ainda é defendida em vários contextos, tradições e opiniões médicas com relação ao exercício físico durante a gravidez que ainda são, em grande parte, moldadas mais pelas forças culturais e políticas do que propriamente pela ciência. Porém, também já é freqüente que os profissionais da saúde incentivem e encaminhem cada vez mais gestantes para o exercício físico moderado (VALLIM, 2005).
De acordo com Alves (2009) por causa das propriedades da água, os exercícios aquáticos podem ser a forma mais saudável, mais confortável e mais segura para muitas gestantes, não só por que suavizam o peso corporal, o que diminui o estresse sobre músculos e articulações, como também pelo seu efeito refrescante, importante na gravidez, quando a temperatura central da mulher é mais alta do que a normal.
Pelo o fato de o trabalho na água, à altura do processo xifóide, reduzir o peso corporal em 90%, a gestante deixará de queixar-se da sensação de corpo pesado. Conseqüentemente, sua auto-estima aumentará ao conseguir realizar determinados exercícios que, no solo, lhe parecia impossíveis.
Graças à flutuação, há um aumento na amplitude dos movimentos, auxiliando a movimentação. Além disso, com o corpo submerso, o estresse articular também é diminuído, o que deve ser levado em consideração na execução do exercício de alongamento.
O trabalho aquático produz menor incidência de varizes; controle maior sobre a freqüência cardíaca materna e fetal; aumento na diurese, diminuindo a formação de edemas; controle sobre o aumento do peso; aumento da resistência muscular; controle postural acentuado; e melhoria na sociabilização e auto-estima.
Portanto, inúmeras são as vantagens para o trabalho aquático com gestantes, porém temos alguns empecilhos que nos levam a ter uma atenção especial para esse grupo de pessoas, elaborando com muito cuidado nossas aulas, para não sobrecarregar o que, naturalmente, já lhe é alterado de forma metabólica (aumento do metabolismo basal, aumento do consumo de oxigênio, aumento do débito cardíaco, resistência periférica diminuída, hiper lordose lombar, hiper cifose torácica etc.). Nada nos impede de elaborar exercícios resistidos, ou seja, “Exercício resistido é aquele realizado contra uma resistência externa”, isto é, empregando pesos livres, máquinas e aparelhos ou ainda qualquer resistência externa. Usando das variáveis como: ritmo, peso, intensidade, número de séries, número de repetições e ordem dos exercícios.
Embora já se reconheça a contribuição da prática da atividade física regular e orientada durante a gestação, ainda não existe consenso no estabelecimento da conduta ideal para essa prática. Não se encontrou, na literatura revista, qualquer tipo de padronização de atividade recomendada pelos órgãos especializados.
Cada autor estabeleceu o tipo de atividade de interesse no estudo, sua duração, intensidade e freqüência, dificultando, assim, a comparação dos resultados encontrados nos diferentes artigos e livros. Todavia, concluiu-se que, quando indicada, a prática de atividade física regular, moderada, controlada e orientada, pode produzir efeitos benéficos sobre a saúde da gestante e do feto.
4. Exercícios físicos recomendados durante a gestação
Ainda não existe um programa bem elaborado de exercícios físicos para as mulheres em seu período gestacional. No entanto, para BATISTA e colaboradores (2003) afirmam que sem que haja complicações obstétricas, o American College of Obstetricians and Gynecologists, indica que o exercício físico desenvolvido durante a gestação, tenha por características intensidade regular e moderada, com o programa direcionado para o período gestacional em que se encontra a mulher, com as atividades centradas nas condições de saúde da gestante, na experiência em praticar exercícios físicos e na demonstração de interesse e necessidade da mesma.
Alguns exercícios físicos vêm se sobressaindo durante o período gestacional, como exercícios leves na água, caminhada e bicicleta. Para Katz, McMurray e Cefalo (1991), a natação é a mais indicada para gestantes, pois além de proporcionar uma sensação de bem estar, também é um exercício de pouco impacto, devido a uma das propriedades da água sobre o corpo, a flutuabilidade. Sendo assim, a água é benéfica para os joelhos e geralmente é mais relaxante que outros tipos de exercícios, especialmente os exercícios de força como a musculação. A natação reduz ainda a freqüência de edema que é um efeito comum na gestação, porém desconfortável.
BATISTA e colaboradores (2003) citando Katz, (1996) afirma que a temperatura ideal da água da piscina deve estar entre 28° e 30°C, proporcionado assim um efeito termorregulador ao feto e a possibilidade de maior estabilidade frente à elevação de temperatura e a subseqüente diminuição do suprimento de sangue.
Os exercícios de força e endurance muscular também são benéficos às gestantes. Segundo Leitão e colaboradores (2000) Um dos principais benefícios deste tipo de treinamento é auxiliar na manutenção da massa magra; enfatizando-se exercícios que contemplem os grandes grupos musculares. Para o autor duas séries de oito a dez repetições realizadas de duas a três vezes por semana utilizando uma intensidade de aproximadamente 60% de uma repetição máxima são suficientes para a obtenção de resultados satisfatórios. Sempre se recomenda a realização de exercícios de alongamento acompanhando as sessões de exercícios aeróbicos e de força. Porém, é necessário ter uma cautela maior na prescrição de tal prática. Como na prescrição de outros exercícios, deve-se analisar todo o histórico da mulher grávida e prescrever exercícios leves com cargas moderadas, de acordo com o ritmo que ela já fazia antes, evitando sempre que o exercício a leve a fadiga e a exaustão.
Resultados surpreendentes têm sido observados com relação ao exercício físico durante o período gestacional. Vallim (2005) citando Hanlom (1999) constatou que em um dos seus estudos, por exemplo, que mulheres que cinco vezes por semana se exercitavam, em séries de 30 minutos, tinham bebês mais saudáveis. Observou-se também que gestantes que gastavam a média de 1000 calorias por semana com um programa de exercícios físicos, davam à luz a bebês com peso 5% maior do que os dos bebês que nasciam de mães sedentárias.
Segundo Lima e Oliveira (2005) citando em seu artigo uma pesquisa feita pelo Sports Medicine Australia , elaborou-se as seguintes recomendações:
manter os exercícios aeróbios em intensidade moderada durante a gravidez , se as grávidas já são ativas;
Exercitar-se de três a quatro vezes por semana por 20 a 30 minutos e evitar treinos em freqüência cardíaca acima de 140 bpm. Em atletas gestantes é possível exercitar-se em intensidade mais alta com segurança;
os exercícios resistidos também devem ser moderados. Evitar as contrações isométricas máximas;
evitar exercícios na posição supina;
evitar exercícios em ambientes quentes e piscinas muito aquecidas;
desde que se consuma uma quantidade adequada de calorias, exercício e amamentação são compatíveis;
interromper imediatamente a prática esportiva se surgirem sintomas como dor abdominal, cólicas, sangramento vaginal, tontura, náusea ou vômito, palpitações e distúrbios visuais;
não existe nenhum tipo específico de exercício que deva ser recomendado durante a gravidez. A grávida que já se exercita deve manter a prática da mesma atividade física que executava antes da gravidez, desde que os cuidados acima sejam respeitados.
Segundo Slavin (1988) algumas precauções devem ser tomadas durante a prática de atividades físicas; deve-se levar em consideração a temperatura ambiente, o calçado utilizado, o aquecimento e esfriamento corporal, a hidratação e especialmente a evitar as fases anaeróbicas (períodos de alta intensidade e curta duração), a exaustão e a fadiga da gestante.
E alguns sinais ou sintomas representam sinal de perigo de complicações na gestação durante a prática de atividade física e indicam que o exercício deve ser imediatamente interrompido por constituírem grande risco para a saúde tanto da gestante e quanto do feto. Os principais sinais de que a atividade física deve cessar são: perda de líquido amniótico, dor no peito, sangramento vaginal, enxaqueca, dispnéia, edema, dor nas costas, náuseas, dor abdominal, contrações uterinas, fraquezas musculares e tontura, redução dos movimentos do feto.
Para Alves (2009) a gestante só poderá praticar atividade física se tiver autorização do seu médico. O programa de exercícios para a gestante deve ser seguro e considerar todas as modificações fisiológicas e psicológicas que tratamos aqui.
Depois de liberada pelo médico, a gestante poderá iniciar seu trabalho na água, deste modo, de forma Individualizada (personalizada) na gestação, observando o nível de aptidão anterior, o estado clínico, o interesse de atividade e a disponibilidade de equipamentos para os exercícios. No entanto devem ser observadas as seguintes recomendações para a suspensão dos exercícios, bem como as normas seguras para execução.
Alves (2009), afirma ainda que os exercícios na gestação só trarão benefícios se os profissionais da área respeitarem a fisiologia e a individualidade biológica da mãe.
5. Considerações finais
A atividade física durante a gravidez é uma área onde as pesquisas estão se desenvolvendo, o que poderá dar maior suporte às recomendações que podem ser feitas durante este período da vida da mulher. Sabemos que o estar grávida não é uma razão para começar um programa de exercício físico já que ele precisa ser uma parte do estilo de vida de cada um. Mas a mulher sedentária que engravida e sente a motivação para começar a realizar atividade física, deve ser adequadamente orientada para procurar atividades confortáveis, leves, que promovam o prazer e que não tentem treinar como uma “atleta”. Nesses casos o mais importante será manter o tônus muscular, a flexibilidade e a postura, entre outros, mediante atividades como o caminhar, o pedalar na bicicleta estacionária, a natação e a hidroginástica. Já na atleta ou na mulher ativa que engravida as precauções e a supervisão médica e obstétrica (igual na sedentária) devem ser reforçadas; podendo ela continuar com seu programa de treinamento físico ou não, com ajustes progressivos na intensidade, freqüência e duração dessas atividades.
Embora já se reconheça a contribuição da prática da atividade física regular e orientada durante a gestação, não se encontrou na literatura revista, qualquer tipo de padronização de atividade recomendada por órgãos especializados. Cada autor estabeleceu o tipo de atividade de interesse no estudo, sua duração, intensidade e freqüência, dificultando assim a comparação dos resultados encontrados nos diferentes artigos. Todavia, tendo por base a revisão, concluiu-se que quando indicada, a prática de atividade física regular, moderada, controlada e orientada pode produzir efeitos benéficos sobre a saúde da gestante e do feto.
Os exercícios físicos prescritos de forma adequada, por profissionais responsáveis e capacitados são muito benéficos à saúde da parturiente e do feto tanto em aspectos fisiológicos como também psicológicos, porém é de fundamental importância observar se não há complicações durante a gestação; o profissional de Educação Física deve trabalhar em conjunto com o médico da gestante, evitando assim causar problemas com a prática irregular dos exercícios. Estar grávida não significa ter uma vida sedentária e nem tampouco querer se tornar de uma hora para outro uma atleta.
De forma geral a prática de exercícios físicos, prescritos adequadamente, é de fundamental importância para a futura mãe, para a grávida e para uma cidadã com melhor qualidade de vida.
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