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Efeitos agudos de diferentes intensidades de exercícios

resistidos sobre o duplo-produto de idosas hipertensas

 Efectos agudos de diferentas intensidades de ejercicios de resistencia 

sobre el doble producto de mujeres mayores hipertensas

 

* Mestrando em Educação Física, da Universidade Católica de Brasília – UCB, DF.

** Discente em formação do curso de Licenciatura em Educação Física, 

da Universidade Católica de Brasília – UCB, DF

(Brasil)

Rodrigo Mendes Rocha*

Daiane Lopes Bomfim**

rodrigoucb2006@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          Estudos recentes comprovam os benefícios agudos e crônicos dos exercícios resistidos (ER), sendo até mesmo usado na prevenção e no tratamento não medicamentoso de algumas doenças como diabetes e hipertensão. Devido a alta correlação entre o Duplo-Produto (DP) e a captação de oxigênio pelo miocárdio, essa variável pode ser aplicada na monitoração e prescrição de exercícios resistidos em populações especiais, como por exemplo, hipertensos. O presente estudo teve como objetivo investigar o comportamento do DP em diferentes intensidades de exercício resistido em idosas hipertensas. Os resultados demonstram que o exercício resistido parece ocasionar uma baixa sobrecarga cardiovascular, avaliada pelo DP, principalmente na sessão de 70% 1-RM, a qual apresentou menores valores ao final do exercício em comparação com a sessão de 40% 1-RM. Sendo assim indivíduos idosos hipertensos podem se beneficiar da prática de ER realizados em ambas as intensidades.

          Unitermos: Exercício resistido. Duplo-produto. Idosos.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 130 - Marzo de 2009

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Introdução

    O envelhecimento a partir dos anos 80 tem se tornado um fenômeno que atinge grande parte da população mundial, tanto em países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE - OMS, 1984). As estatísticas brasileiras mostram que em 1991, mais de sete milhões de pessoas apresentaram idade superior a 65 anos, e como conseqüência disso, espera-se que entre os anos 2010 – 2020, a taxa de crescimento dos indivíduos dessa faixa etária seja superior a 13% da população (BERQUÓ, 1996).

    A hipertensão arterial sistêmica (HA), é uma síndrome de origem multifatorial caracterizada por níveis elevados de pressão sistólica e/ou diastólica, acima dos valores normais de 139/89mmHg (COHBANIAN et al., 2003), é o principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, responsáveis por 59% das mortes por doenças não-transmissíveis no Brasil em 2002 e por 30% em todo o mundo no ano de 2005 (OMS, 2004).

    O duplo produto (DP) é um bom parâmetro para avaliar o trabalho do miocárdio por ser resultante da pressão arterial sistólica pela freqüência cardíaca, representado pela equação DP = PAS X FC (MCARDLE, KATCH, KATCH, 2003).

    Os valores variam de 6000 em repouso (FC= 50 bpm; PAS= 120 mmHg) a 40.000 bpm x mmHg (FC= 200 bpm; PAS= 200 mmHg) ou mais no exercício, dependendo da sua intensidade e modalidade (MCARDLE, KATCH, KATCH, 2003). O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2000) considera essa variável como sendo o melhor indicador de solicitação cardíaca para treinamento com pesos, apresentando uma alta correlação com a captação de oxigênio pelo miocárdio e com o fluxo sanguíneo coronariano. O DP pode ser alterado em decorrência da FC, do volume sistólico, do débito cardíaco e da resistência sistêmica (VELOSO, MONTEIRO, FARINATTI, 2003), relacionando-se à intensidade, duração e tipo de exercício (POLITO e FARINATTI, 2003; VELOSO, MONTEIRO, FARINATTI, 2003). Em idosos, como a FC e a PAS podem estar alteradas, valores mais elevados de DP, em repouso e em exercício, podem ser constatados, em comparação a indivíduos mais jovens.

    Estudos recentes comprovam os benefícios agudos e crônicos dos exercícios resistidos (ER), sendo até mesmo usado na prevenção e no tratamento não medicamentoso de algumas doenças como diabetes e hipertensão. Devido a alta correlação entre o Duplo-Produto (DP) e a captação de oxigênio pelo miocárdio, essa variável pode ser aplicada na monitoração e prescrição de exercícios resistidos em populações especiais, como por exemplo, hipertensos. O presente estudo teve como objetivo investigar o comportamento do DP em diferentes intensidades de exercício resistido em idosas hipertensas.

Metodologia

    O estudo foi realizado com 9 mulheres hipertensas, com média de idade de 68,8 ± 5,6 anos, praticantes de exercícios resistidos há no mínimo 2 anos. Todos os indivíduos faziam o uso de medicação anti-hipertensiva o qual não foi interrompido no decorrer da pesquisa. Os participantes realizaram 2 sessões de exercícios, em ordem randomizada, no mesmo horário do dia e com intervalo de no mínimo 48 horas entre as sessões. As sessões foram realizadas a 40% de uma repetição máxima (1-RM) e a 70% de 1-RM sendo os seguintes exercícios utilizados e nesta ordem: supino sentado, leg press, flexão de cotovelos, flexão de joelhos, puxada pela frente e extensão de joelhos. A sessão a 40% 1-RM foi constituída de 3 séries de 15 repetições, enquanto que a 70% 1-RM de 3 séries de 6 repetições, ambas com intervalo de 90 segundos entre as séries. A freqüência cardíaca (FC) foi mensurada através de um frequencímetro cardiaco (Polar®, F5) e a pressão arterial (PA) pelo método auscutatório (welcallin®). Tais medidas foram realizadas antes (Rep) e imediatamente após realização de cada sessão (Final), bem como aos 30’ (REC 30) e 60’ (REC 60’) pós-exercício. Os dados foram expressos em média e desvio-padrão (±DP). Foi utilizado o teste t de Student pareado na comparação das variáveis. O nível de significância aceito foi de p<0,05. O tratamento estatístico foi realizado pelo software GraphPad Instat versão 3.0.

Resultados

    A tabela 1 apresenta os valores de DP nas duas sessões e em todos os momentos da coleta.

Tabela 1. Os valores de DP foram expressos em média e desvio padrão em todos os momentos (repouso, final)

Sessão

Rep

Final

DP 40%

8489,8±1227,9

14894±4259,9*

DP 70%

9252,5±1828,5

12903,9±2960,8*

*p <0,05

    Foram observadas diferenças significativas entre os valores do DP final nas sessões de 40 e 70% mostrando assim que apesar da sessão de 70% ser de maior intensidade os valores do DP foram menores. Isso ocorre devindo ao menor aumento da freqüência cardíaca na sessão de 70%, pois a mesma apresenta um valor de repetições menores refletindo assim no valor do DP.

Conclusão

    Os resultados demonstram que o exercício resistido parece ocasionar uma baixa sobrecarga cardiovascular, avaliada pelo DP, principalmente na sessão de 70% 1-RM, a qual apresentou menores valores ao final do exercício em comparação com a sessão de 40% 1-RM. Sendo assim indivíduos idosos hipertensos podem se beneficiar da prática de ER realizados em ambas as intensidades.

Referências bibliográficas

  • AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). ACMS´s guidelines for exercise testing and prescription. 6. ed. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins, 2000.

  • BERQUÓ, Elza Salvatori. Algumas considerações sobre o envelhecimento da população no Brasil. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL (1996, Brasília). Anais... Brasília, DF, p. 16-34, 1996.

  • MCARDLE, W.D.; KATCH, F.I.; KATCH, V.L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

  • ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Aplicaciones de la epidemiología al estudio de los ancianos. Informe de un grupo científico de la OMS sobre la epidemiología del envejecimiento. Ginebra,1984.

  • ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). The Heidelberg guidelines for promoting physical activity among older persons. Heidelberg: Organização Mundial de Saúde, 2004.

  • POLITO, M.D.; FARINATTI, P.T. Respostas da freqüência cardíaca, pressão arterial e duplo-produto ao exercício contra-resistência: uma revisão de literatura. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v. 3, n. 1, p. 79-91, 2003.

  • VELOSO, V.; MONTEIRO, W.; FARINATTI, P.T. Exercícios contínuos e fracionados provocam respostas cardiovasculares similares em idosas praticantes de ginástica? Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 9, n. 2, p. 78-84, 2003.

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