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Efeitos agudos de diferentes intensidades de exercícios

resistidos sobre a pressão arterial de idosas hipertensas

 

*Discente em formação do curso de Licenciatura em Educação Física

**Mestrando em Educação Física

Universidade Católica de Brasília – UCB, DF.

(Brasil)

Daiane Lopes Bomfim*

Rodrigo Mendes Rocha**

daianelopesbr15@hotmail.com

 

 

 

Resumo

          A hipertensão arterial (HA) é considerada um dos principais fatores de risco associados às doenças cardiovasculares. O exercício físico vem sendo utilizado de forma preventiva e no tratamento não medicamentoso da HA, devido ao seu efeito hipotensor de forma aguda e crônica. Contudo, a ocorrência de hipotensão pós-exercício (HPE) após uma sessão exercícios resistidos ainda é controversa. O presente estudo teve como objetivo investigar os efeitos agudos de diferentes intensidades de exercícios resistidos sobre a pressão arterial de idosas hipertensas. Os exercícios resistidos realizados em ambas as sessões não promoveram reduções significativas da PAS, PAD e PAM em idosas hipertensas. Futuros estudos envolvendo maior número de participantes são necessários para confirmar esses achados.

          Unitermos: Exercício resistido. Hipotensão pós-exercício. Idosos.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 130 - Marzo de 2009

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Introdução

    Atualmente 20% da população adulta brasileira têm hipertensão arterial sistêmica (HA), caracterizada por níveis elevados de pressão sistólica e/ou diastólica, acima dos valores normais de 139/89mmHg (COHBANIAN et al., 2003), sendo que, destes 50% são dos indivíduos idosos (PASSOS, ASSIS, BARRETO, 2006). O estudo de Cohbanian e colaboradores (2003), mostra que há uma relação direta e positiva do aumento da pressão arterial sistólica com a idade. Desta forma ocorre uma maior prevalência de HÁ na população mais idosa quando comparada a jovens.

    O controle e o tratamento da HA são estratégias que devem ser priorizadas em indivíduos com a presença da doença, pois assim pode-se reduzir os riscos relacionados à mortalidade por doenças cardiovasculares. Geralmente o tratamento convencional consiste na utilização de terapia medicamentosa anti-hipertensiva associada a modificações no estilo de vida, como perda de peso, redução da ingestão de sódio e álcool, bem como a prática regular de exercícios físicos (COHBANIAN et al., 2003), que além ser identificado como forma de tratamento não medicamentoso da HA também vem sendo utilizado de forma preventiva para a mesma (LIZARDO e SIMÕES, 2005).

    Os benefícios gerados ao sistema cardiovascular por meio do exercício físico são evidenciados em vários estudos, principalmente devido à capacidade de gerar uma queda nos níveis pressóricos pós-exercício quando comparados com os valores de repouso pré-exercício, a esta resposta é dada o nome de hipotensão pós-exercício (HPE) (FORJAZ et al., 1998; MACDONALD et al., 2001; RONDON et al., 2002; LIZARDO e SIMÕES, 2005; SIMÕES et al., 2006). Os mecanismos que explicam a HPE ainda não são totalmente esclarecidos (REZK et al. 2006), podendo estar associados à vasodilatação decorrente do exercício físico, que, entre outros, libera maiores quantidades de algumas substâncias vasodilatadoras, como a bradicinina e o óxido nítrico que agem no endotélio do vaso (BHOOLA, FIGUEROA, WORTHY, 1992).

    Estudos tanto com exercícios aeróbios, bem como com exercícios resistidos foram realizados para verificar seus efeitos sobre as variáveis hemodinâmicas. Todavia, os benefícios do treinamento resistido (TR), principalmente sobre a pressão arterial de repouso (PA), não estão bem estabelecidos na literatura. Há estudos que demonstraram redução da PAS e PAD (CARTER et al., 2003; LIGHTFOOT et al., 1994; MARTEL et al., 1999; TAAFFEE et al., 2007, TSUTSUMI et al., 1997), redução apenas da PAS (STONE et al., 1983) ou da PAD (HARRIS e HOLLY, 1987) e ainda, estudos que não encontraram alterações na PAS após o TR (CONONIE et al., 1991; HARRIS e HOLLY, 1987; VANHOOF et al., 1996; WOOD et al., 2001).

    Alguns estudos que encontraram reduções nos valores da PA de repouso após o treinamento em TR são clinicamente relevantes, uma vez que a redução de apenas 5 mmHg na pressão arterial pode diminuir em 40% o risco de acidentes vasculares cerebrais e em 15% o risco de infarto agudo do miocárdio (KELLEY, 1997).

    A literatura mostra que a maioria dos estudos tem demonstrado que uma única sessão de exercício resistido é capaz de promover HPE em indivíduos normotensos e hipertensos (LIZARDO e SIMÕES, 2005; HARDY e TUCKER, 1998; MEDIANO et al., 2005; MELO et al., 2006; MOTA, 2006; POLITO e FARINATTI, 2003; REZK et al., 2006; SIMÃO et al., 2005; FORJAZ et al., 1998) apresentando contrapartida com alguns estudos que não comprovaram os mesmos resultados. Sendo assim os efeitos da HPE parecem depender do protocolo de treinamento utilizado.

    Desta forma a HPE após uma sessão exercício resistido ainda se apresenta de forma controversa. O presente estudo teve como objetivo investigar os efeitos agudos de diferentes intensidades de exercícios resistidos sobre a pressão arterial de idosas hipertensas.

Metodologia

    Participaram do presente estudo 9 mulheres idosas hipertensas, medicadas, com média de idade de (66,8 ± 5,6 anos) praticantes de exercícios resistidos há no mínimo 2 anos. Os participantes realizaram 2 sessões de exercícios, em ordem randomizada, uma sessão a 40% de 1 RM (40% 1 RM) que constituiu de 3 séries de 15 repetições e a outra a 70% de 1 RM (70%1 RM) que constituiu de 3 séries de 6 repetições, ambas com intervalo de 90 segundos entre as séries. Os exercícios utilizados foram: supino sentado, leg press, flexão de cotovelos, flexão de joelhos, puxada pela frente e extensão de joelhos. Pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) foram mensuradas antes (Rep) e imediatamente após realização de cada sessão (Final), bem como a cada 15 minutos durante 60 minutos pós-exercício (Rec). ANOVA para medidas repetidas foi utilizada para examinar diferenças significativas.

Resultados e discussão

    A tabela 1 apresenta os valores da PAS e PAD nas duas sessões e em todos os momentos da coleta.

Tabela 1. Valores médios e desvio padrão da PAS, PAD e PAM (mmHg) durante o repouso (REP)

 e durante a recuperação (REC) em minutos, após sessões de 40% e 70% de 1 RM.

Sessão

Rep

Rec 15’

Rec 30’

Rec 45’

Rec 60’

PAS 40%

111,3 ± 10,5

116,1±14,9

112,8±17,4

110,6±17,6

115,2±17,8

PAS 70%

120,1±17,8

116,8±13,5

113,6±13,5

115,8±9,9

117,7±12,5

PAD 40 %

68±10,6

69,9±8,5

68,1±68,1

64,4±9,8

67,3±9,2

PAD 70 %

74,8±11,7

73,1±8,4

73,8±10,5

72,6±9,4

72,6±6,4

PAM 40%

82,3±10,5

85,1±9,3

82,8±10,5

79,7±11,9

83,1±10,9

PAM 70%

89,7±13,1

87,5±8,3

86,9±10,3

86,9±8,3

87,4±4,5

    O presente estudo mostrou uma queda de 6,6 mmHg da PAS na sessão de 70% 1 RM, e de 3,6 mmHg da PAD na sessão de 40% 1RM, em comparação com o repouso, porém sem diferenças significativas. Uma possível explicação é devido o efeito das medicações, pois as voluntarias não suspenderam os uso das mesmas, assim refletindo em valores normais de PAS e PAD.

Conclusão

    Os exercícios resistidos realizados em ambas as sessões não promoveram reduções significativas da PAS, PAD e PAM em idosas hipertensas. Futuros estudos envolvendo maior número de participantes são necessários para confirmar esses achados.

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