efdeportes.com

Determinação da força crítica na natação 

utilizando tubos elásticos: um estudo piloto

 

*Graduando do Curso de Educação Física da Universidade de Franca

**Orientador. Professor Mestre da Universidade de Franca

(Brasil)

Iuri Silva Granzoto*

Ricardo Dantas de Lucas**

iurigranzoto11@gmail.com

 

 

 

Resumo

          O conceito de potência crítica nos esportes tem sido bastante utilizado para avaliação das capacidades aeróbia e anaeróbia em diferentes modalidades esportivas. Na natação podemos utilizar este conceito tanto para o nado livre (velocidade crítica), como para o nado atado (força crítica- Fcrit). No nado atado, tradicionalmente se utiliza um sistema relativamente complexo de polias situado fora da água, que dificulta o acesso à equipes de natação em geral. Em razão disto, o objetivo deste estudo é testar a possibilidade de utilizar tubos elásticos, comumente utilizados para treinamento de força por nadadores, para determinação da Fcrit. Inicialmente foram realizados testes de calibração do sistema de tubos elásticos para determinação de sua constante elástica (k), através da aplicação de cargas externas e sua relação com a deformação do tubo elástico. Posteriormente a estes procedimentos, foi estudado um nadador com as seguintes características: idade:14 anos; Altura: 174 cm; massa corporal: 73 kg. O nadador realizou ao todo 4 testes. Todos os testes foram realizados em uma piscina semi-olímpica, com o sistema de tubos elásticos ligado a uma baliza e a um cinto preso na cintura do nadador. No primeiro teste o nadador foi solicitado a nadar em intensidade máxima, tentando causar a máxima deformação possível no sistema de elásticos. Através da deformação máxima (Fmax) gerada pelo nadador, foram calculadas 3 cargas submáximas (35, 40 e 50% da Fmax) para os testes de exaustão voluntária. De forma aleatória, o nadador realizou os próximos 3 testes para determinação do tempo de exaustão de cada carga. Através da relação entre a força (Flim) e o tempo de exaustão (Tlim) foram derivadas a força crítica (Fcrit) e também a capacidade de trabalho anaeróbia (CTA), através da relação linear entre Flim x 1/Tlim. Foi encontrado uma carga da Fmax de kg ou N. Os resultados da Flim e respectivamente seus Tlim foram: 35% = 4,94 kg e 540 seg; 40% = 5,65 kg e 340 seg.; 50% = 7,06 kg e 235 seg. Foi encontrada uma Fcrit de 3,2 kg e a CTan de 888 kg/seg. Através da ótima relação entre Flim e Tlim (r=0,99), sugerimos que é possível aplicar o conceito de Fcrit não só utilizando o sistema de polias, mas também o sistema de tubos elásticos comumente utilizado por técnicos e nadadores.

          Unitermos: Natação atada. Avaliação. Tubo elástico. Força crítica.

 

Abstract

          The concept of critical power in the sports has been sufficiently used for evaluation of the capacities aerobic and anaerobic in different sport`s modalities. In swimming we can use this concept in such a way swim for it exempts (critical speed), as swim for it tethered (critical force Fcrit). Swimming tethered, traditionally if it uses situated a relatively complex system of pulleys it are of the water,that in general makes it difficult the access to the swimming teams. For this reason, the objective of this study is to test the possibility to use elastic pipes, ordinary used for training of force for swimmers, to determine the Fcrit. Initially tests of calibration of the system of elastic pipes for determination of its elastic constant (k) had been carried through, through the external load application and its relation with the deformation of the elastic pipe. Later to these procedures, a swimmer with the following characteristics was studied: age: 14 years; Height: 174 cm; corporal mass: 73 kg. The swimmer carried through all to the 4 tests. All the tests had been carried through in a half-Olympic swimming pool, with the system of elastic pipes on to a beacon and an imprisoned belt in the waist of the swimmer. In the first one it has tested the swimmer was requested to swim in maximum intensity, trying to cause the maximum possible deformation in the system of rubber bands. Through the maximum deformation (Fmax) generated by the swimmer, 3 loads had been calculated sub maximal (35, 40 and 50% of the Fmax) for the tests of voluntary exhaustion. Of random form, the swimmer carried through next the 3 tests for determination to the exhaustion time of each load. Through the relation between the force (Flim) and the time of exhaustion (Tlim) they had been derived the critical force (Fcrit) and also the anaerobic capacity of work (CTA), through the linear relation between Flim x 1/Tlim. A load of the Fmax was found of kg or N. The results of the Flim and its Tlim had respectively been: 35% = 4,94 kg and 540 second; 40% = 5,65 kg and 340 second; 50% = 7,06 kg and 235 second were found a 3,2 Fcrit of kg and the 888 CTan of kg/seg. Through the excellent relation between Flim and Tlim (r=0,99), suggest that it is possible to not only apply the concept of Fcrit using the system of pulleys, but also the system of elastic pipes commonly used by technician and swimmers.

          Keywords: Tethered swimming. Evaluation. Elastic Pipe. Critical Force.

 

Artigo apresentado no 5º Encontro de Iniciação Científica e de Professores Pesquisadores realizado no dia 6 de novembro de 2008 na Universidade de Franca UNIFRAN.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 130 - Marzo de 2009

1 / 1

Introdução

    As respostas fisiológicas e metabólicas provenientes dos diferentes tipos de exercício vêm sendo amplamente investigadas nas últimas décadas. Nos últimos anos mais precisamente na década de 90 intensificou as pesquisas fisiológicas e biomecânicas para otimização da performance dos nadadores competitivos (MAGLISHO, 2000). Para obter o desempenho satisfatório, quanto mais variáveis avaliadas, melhor será a programação do técnico para com esses atletas.

    O termo limiar anaeróbio (LAn) foi introduzido em 1964 por WASSERMAN & McLLORY, e é definido como a concentração de lactato que começa a aumentar de forma progressiva, havendo um aumento desproporcional da ventilação em relação ao VO2, ocorrendo o desequilíbrio entre a produção e a remoção do lactato (DENADAI, 2000). Para avaliação do LAn, alguns autores sugerem uma concentração fixa de lactato sanguíeno (4,0 mM) para nadadores, apesar dos valores variarem entre 3 a 5,5 mM (STEGMAN et al., 1981). Na natação livre o lactato é usado para prescrição de intensidade de treinamento e também como forma de avaliação em nadadores competitivos. Entretanto os custos destas avaliações muitas vezes as tornam inviáveis em equipes com um grande número de atletas. A avaliação indireta por sua vez, é uma forma econômica e aproximada de determinar esta variável em atletas. Na natação existem diferentes tipos de testes indiretos que determinam estes ajustes fisiológicos importantes para o desempenho aeróbio, principalmente.

    O teste T-30 é um exemplo de teste indireto desenvolvido por OLBRECHT et al. (1985), que consiste em uma tomada de tempo de 30 minutos, onde o nadador é instruído a nadar a maior distância possível neste tempo. Posteriormente a metragem é dividida pelo tempo (30min) e é calculada então a velocidade média do T30. Segundo os autores acima citados, a velocidade média se aproximava muito dos testes de lactato utilizados para determinar a velocidade do LAn. Entretanto, os fatores que podem atrapalhar este teste é a motivação desse atleta, ele deve se esforçar honestamente e para nadadores de peito e borboleta a metragem é considerada muito alta.

    Um outro teste indireto que vem sendo investigado mais recentemente é chamado de velocidade crítica (Vcrit) na natação. Este tipo de teste é baseado no teste de Potência Crítica (Pcrit) proposto inicialmente para o cicloergêometro. A relação entre a potência e o tempo de exaustão para exercícios de alta intensidade foi inicialmente documentado por Monod & Scherer (1965) e posteriormente caracterizada como uma função hiperbólica (Moritani et al., 1981), onde a assíntota desta relação foi denominada de Pcrit em exercícios realizados no cicloergômetro. Posteriormente o conceito de PCrit foi aplicado também a modalidades como a natação (Wakaioshi et al., 1993), a corrida (Kranenburg & Smith, 1996) o ciclismo em pista (de Lucas et al. 2002), sendo descrita então como Vcrit.

    Inicialmente o teste foi proposto para natação por Wakaioshi et al. (1992) e Wakaioshi et al. (1993), através da relação linear entre as distâncias de 200 e 400m e seus respectivos tempos de competição. Na aplicação da metodologia da potência crítica na natação, o termo Vcrit foi conceituado como sendo a velocidade de um nado que pode ser mantida um longo período de tempo, sem exaustão. Através da relação matemática, foi encontrado o coeficiente angular da reta que corresponde então à VCrit. Posteriormente, a VCrit na natação foi amplamente estudada afim de comparar com o LAn, a máxima fase estável de lactato (MFEL) e outros parâmetros de desempenho aeróbio (GRECCO, 2000).

    Têm sido utilizado dois diferentes modelos para identificação destes índices: o primeiro modelo é o hiperbólico de relação potência vs. tempo para PCrit; velocidade vs. tempo para VCrit; e para FCrit, força vs. tempo. O segundo é o modelo linear potencia vs. 1/tempo para PCrit; distância vs. 1/tempo para VCrit; e Força vs. 1/tempo para FCrit.

    O protocolo de VCrit na natação em piscinas é utilizado tiros máximos 200, 400 e 800 metros registrando os respectivos tempos e aplicando através de uma relação hiperbólica velocidade vs. tempo ou linear como já citado distancia vs. Tempo (Grecco, 2000; Grecco et al., 2005), ou ainda no swimming-flume (piscina de fluxo), utiliza-se velocidades pré-determinadas que permita tempos de exaustão dentro da faixa de 3 a 15 minutos (Wakaioshi et al., 1992).

    A aplicação dessas avaliações é interessante pelo seu baixo custo, mas é necessário que os indivíduos que forem avaliados realizem em princípios, múltiplos esforços ate a exaustão voluntaria ou varias performances máximas em determinadas distâncias ou cargas.

    Recentemente, Perandini et al (2006) aplicou este conceito ao nado atado (estacionário) em um sistema de polias, e denominou o índice encontrado de Força Crítica (Fcrit). Estes autores encontraram uma alta correlação entre a FCrit e a VCrit sendo tanto no modelo linear (r = 0,89), como no hiperbólica (r = 0,90). A FCrit foi considerada desta forma como um bom indicador da capacidade aeróbia, em nadadores treinados.

    Entretanto, a determinação da Fcrit no nado atado ao sistema de polias, apresenta o grande inconveniente de utilizar um sistema complexo construído para este fim, o que limita as avaliações geralmente à grandes centros de pesquisa. Uma forma alternativa do treinamento do nado atado, é a utilização de cintos ligados a tubos elásticos.

    Os elásticos extensores são tubos de látex altamente resistentes, e para explicar as suas propriedades elásticas usaremos a lei de Hooke. Todo sistema físico tem suas características que podem ser determinadas experimentalmente. No sistema de mola, Robert Hooke procurou, através de seus estudos, obter uma relação matemática entre as grandezas da mola, como suas dimensões, seus materiais, sua temperatura, etc. Assim, constatou que cada tipo de mola tem sua constante (a constante elástica k). A constante elástica de certa forma mede a dificuldade para se conseguir deformá-la. Molas frágeis, que se esticam ou comprimem facilmente, possuem pequena constante elástica. Já molas bastante duras, como as usadas na suspensão de um automóvel, possuem essa constante com valor elevado. Porem a Lei de Hooke funciona até determinado momento para a constante elástica inicial, pois a partir de certa extensão (que depende de cada mola) ela começa a se deformar, criando uma nova constante elástica. Enfim, toda mola esticará até um comprimento limite e, a partir deste, haverá uma deformação permanente.

Objetivo

    Desta forma o objetivo deste estudo piloto foi testar a possibilidade de aplicar o conceito de Fcrit na natação atada à um sistema de tubos elásticos, frequentemente utilizada por nadadores para treinamento de força na piscina.

Metodologia

    Para realização deste estudo piloto, foi utilizado um nadador competitivo com as seguintes características: Idade: 14 anos; Altura:174 cm; e Massa Corporal:73 kg. O nadador foi instruído sobre todos os procedimentos dos testes realizados e informado sobre os riscos e benefícios, através do Termo de Consentimento, aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Franca.

    Para realização dos testes foi construído um cinto fixado ao sistema de elásticos. Os elásticos utilizados foram da marca Aurilex, com 6 mm de diâmetro adquiridos em loja comercial de produtos Ortopédicos (figura 1). Após os testes iniciais realizados com apenas uma tira de elástico, os cintos foram reconstituídos com duas tiras paralelas, já que oferecia maior resistência e melhor aproveitamento dos testes e dos materiais.

    No presente estudo foi observado imediatamente após a calibração do primeiro elástico, que ele não voltou ao seu tamanho original (posição relaxada), sendo assim ele mudou sua constante K após a tração forçada, realizada para calibração total do elástico. Entretanto ele voltou a constante K original após um dia sem uso. Nas calibrações seguintes onde o elástico não foi altamente exigido não houve modificações significativas. Isso se aplica também aos testes com os mesmos na piscina.

    Em relação a durabilidade, em todos os testes realizados, aplicando os devidos descansos nenhum elástico deformou a ponto de perder sua constante inicial. Utilizados o elástico duplo porque é uma forma mais econômica e se tem um ganho maior de resistência. Não observamos nenhuma mudança em sua constate quanto a mudança da temperatura ambiente. Em dias frios ou quentes sua K continuou a mesma.

Figura 1. Sistema de tubo elástico utilizado no estudo

Calibração

    A calibração dos elásticos foi aplicada antes dos testes na água, e realizada da seguinte maneira: o elástico foi preso em uma haste de metal com a altura de 130 centímetros, e tracionado na posição horizontal por uma corda ligada a uma catraca com mesma altura da haste de metal. Entre o elástico e a corda se encontrava um dinamômetro de mola com capacidade até 27 kg, e no inicio do elástico foi presa a ponta de uma trena de 30 metros. A medida que tracionava a corda, o dinamômetro acusava a massa, então mediamos o tamanho do elástico com a respectiva massa. Desconsideramos o peso da corda, elástico e dinamômetro, pois juntos influenciavam só no primeiro kg, e começamos a calibração a partir do segundo kg. Acreditamos que o individuo não conseguiria deformar o elástico mais de 6 metros, pois os elásticos tinham apenas dois metros de comprimento sem carga, então calibramos próximos a soma dessas metragens, para os testes de 100%. Para os testes com carga submáxima, só calibramos próximo a porcentagem que ele supostamente conseguiria realizar em um tempo mais longo, entre 1 e 10 minutos.

    Contudo apenas nas calibrações submáximas foi possível quantificar com precisão as cargas na fase crescente (com a catraca tracionando) e na fase decrescente (no retorno da catraca). Levando em consideração a margem de 5% de erro que poderia ocorrer pelo dinamômetro todas as calibrações foram lineares, entre uma calibração e outra. Também observamos que as faixas de alongamento que trabalhamos nas cargas submáximas continham pouca alteração, então a constante elástica sendo linear obtivemos uma durabilidade maior dos elásticos e precisão nos testes.

    Após a calibração que era realizada no mínimo em 3 cargas diferentes, para usarmos a interpolação polinomial, e obter assim o valor mais preciso da carga adequada na porcentagem utilizada. As porcentagens utilizadas foram escolhidas com parâmetros dos testes de 100% feitos inicialmente, e escolhidas subjetivamente na porcentagem de 50%, 40% e 35% da carga máxima. Seguem os seguintes valores em anexo I, II e III.

    Na tabela do anexo I representa a primeira calibração dos elásticos, pela qual partiu da posição inicial de 2 metros sem deformação, a deformação parcial entre cada carga imposta contra a mola esta representada na coluna (Defor. P.) Podemos observar nesse anexo que todos os elásticos sem exceção, tiveram uma deformação exagerada (pico) por volta dos 13 kg, que pode representar o limite da fase instável da primeira K. E na ultima linha dessa tabela estão os valores que cada elástico deformou imediatamente após a calibração, voltando ao seu tamanho original em algumas horas.

    Nas calibragens 2, 3 e 4 do anexo II, podemos observar em uma comparação entre as mesmas que quase não houve alteração dentre as cargas idênticas. Comparando-as com a tabela do anexo I confirmamos a afirmação anterior.

    O anexo III mostra as cargas máximas e submáximas utilizadas no teste. Através das forças submáximas escolhemos o ponto de calibragem, e as 3 cargas escolhidas o mais próximo dessa força. Com isso usamos a regressão linear para obter o espaço de deformação do elástico.

Testes

    Os testes foram realizados em uma piscina de 25 metros, com a água aquecida em uma temperatura entre 28 e 30 graus. Foram realizados os testes em um dia com todos os elásticos, e uma vez por semana. Os motivos da distância dos testes foram as calibragens, tempo de descanso dos elásticos e o treinamento do individuo. Todos os testes possuíam aquecimento padronizado, sendo proposto nadar 400 metros livre sem intervalo de descanso em uma intensidade leve. Isso não se aplica ao primeiro teste que é de carga máxima é não entra no protocolo usado nos testes submáximos.

    Contudo os intervalos entre os testes foi considerado da seguinte forma: o descanso ativo que ocorreu imediatamente após o esforço realizado no elástico, com duração de 10 minutos. Apenas no ultimo teste o tempo de descanso ativo foi menor que o passivo, pois o tempo de realização foi alto, então consideramos melhor um maior tempo passivo.

Determinação da Força Maxima (FMAX)

    O teste de força máxima (Fmax) foi realizado para a obtenção da deformação máxima que o nadador poderia fazer, partindo com o elástico relaxado. Foi registrado então, a deformação total do elástico através da distância medida em metros entre o ponto de partida (posição do elástico relaxada) e o ponto máximo atingido pelo nadador. Foi registrado também o tempo total que o nadador permaneceu na posição de deformação máxima. A orientação da posição do nadador foi dada por uma faixa preta fixada no fundo da piscina e na parede ao lado, e mais as orientações por gestos do avaliador do lado de fora da piscina. As demarcações da distância foram feiras anteriores ao inicio do teste e demarcadas também por faixa preta na borda da piscina para orientação do avaliador.

Determinação da Força Critica (FCRIT)

    Após realizado o teste de Fmax, o nadador iniciou então uma seqüência de testes submáximos para determinação da Fcrit. Inicialmente testamos o nadador para encontrar cargas que o fizessem suportar se exercitando entre 3 e 10 min, suportando o tempo proposto por Hill (1993) para as cargas preditivas de um teste de Pcrit. A partir desses testes realizados de forma aleatória, foi possível determinar três cargas submáximas diferentes, que foram definidas por porcentagem relativa à Fmax (%Fmax). Através destas cargas referentes às 3 intensidades submáximas foi realizada a calibração antes de cada teste, obtendo o valor aproximado do ponto escolhido usando interpolação polinomial.

    Através dos valores das 3 cargas referentes à Fmax e seus respectivos tempos de exaustão (Tlim) foi realizada uma regressão linear foi calculada através do programa Microsoft™ Excel®, como sendo o coeficiente angular (inclinação) da reta de regressão linear entre a relação F vs. Tlim.

Resultados e discussão

    Na figura 1, podemos observar a curva de calibração do elástico realizada previamente ao teste de Fcrit., determinando assim a sua constante elástica K. Podemos observar uma excelente relação entre a força aplicada e a deformação do tubo elástico, o que permitiu que extrapolássemos os valores da deformação/força para o teste realizado na piscina pelo nadador.

    Na Figura 2, observamos os valores de forças das 3 cargas submáximas aplicadas ao nadador e seus respectivos tempos de exaustão, que para fins de linearizar a relação (Hill, 1993; Perardini et al., 2006), foi invertido (1/tempo).

    Em relação ao teste de deformação máxima do tubo elástico pelo nadador, encontramos uma Fmax de 14,1 kg. Esta força encontrada individualmente, poderia ser utilizada para prescrição de treinamentos de força específica, durante o nado atado. Entretanto seria necessário um estudo de correlação mais detalhado deste índice, para saber se é possível predizer a performance de curta duração (50 e 100m) através desta índice.

Figura 1. Curva de calibração do sistema de tubos elásticos utilizados nos testes de Força Crítica (Fcrit)

Figura 2. Determinação da Força Crítica (FCrit) utilizando o modelo Força vs 1/Tempo, com o extensor elástico 

na natação (r2 = 0,98). O intercepto do eixo y corresponde à Fcrit . No nadador testado a Fcrit foi de 3,2 kg.

    Os tempos das 3 cargas submáximas foram: F50% =235 seg; F40% =340: F35% = 540 seg, estando dentro do proposto por Hill (1993) para determinar a Pcrit. O valor encontrado para a Fcrit de 3,2 kg é muito próximo ao valor médio do estudo de Perandini et al (2006) que foi de 3,95 + 1,15 kg para 11 nadadores jovens. Nenhum outro estudo foi encontrado para comparar estes resultados apresentados neste estudo piloto.

Conclusão

    Com os resultados da calibração do tubo elástico e também dos testes para determinar a Fcrit, concluímos que parece ser viável aplicar o conceito de Pcrit à natação atada, utilizando tubos eláticos simples, comercialmente vendidos. Desta forma, a utilização de avaliações com tubos elásticos na natação atada, pode trazer benefícios para os técnicos, já que podem prescrever treinamentos específicos tanto para as capacidades aeróbia e anaeróbia, assim como para força específica de nado.

Referências

  • DE LUCAS, RD; CAPUTO, F; MANCINI, EC; DENADAI, BS. The validity of critical speed determined from track cycling for identification of the maximal steady state. Biol. Sports. v. 19, pp. 239-249, 2002.

  • DENADAI, B.S. Avaliação Aeróbia. Rio Claro: Motrix, 2000.

  • GRECCO, C.C. Potência critica e velocidade crítica. IN: DENADAI, B.S. Avaliação Aeróbia: determinação indireta da resposta do lactato sanguíneo. Rio Claro: Motrix, 2000.

  • GRECO C.C, DENADAI B.S, et al. Relationship between critical speed and endurance capacity in Young swimmers: Effect og gender and age. Pediatric Exercise Science, 2005:17, 353-363.

  • HILL DW. The critical power concept. Sports Med. v.16, pp.237–254, 1993.

  • MAGLISCHO, E. W., Nadando Ainda Mais Rápido. São Paulo: Manole, 2000.

  • MONOD H, SCHERRER J. The work capacity of a synergic muscular group. Ergonomics., v.8, p. 329-38, 1965.

  • MORITANI, T.; NAGATA, A; DE VRIES, HA; MURO, M. Critical power as a measure of critical work capacity and anaerobic threshold. Ergonomics, v. 24, pp. 339- 350, 1981.

  • OLBRECHT, J.; MADSEN O.; MADER A.; LIESEN H.; HOLLMANN, W. Relationship between swimming velocity and lactate concentration during continuous and intermittent training exercise. Int. J. Sport Med. v. 6, pp.74-7, 1985.

  • PERANDINI L.A.B, OKUNO, N.M, KOKUBUN, E, NAKAMURA, F.Y. Correlação entre a força critica e a velocidade critica e suas respectivas freqüências de braçadas na natação. Rev. Bras. Cineant. e Desemp. Humano. V. 8, n. 4, pp.:59-65, 2006

  • STEGMANN H, KINDERMANN W, SCHNABEL A Lactate kinetics and individual anaerobic threshold. Int J Sports Med v. 2, pp.160–165, 1981.

  • WAKAYOSHI K, HARADA T, YOSHIDA T, UDO M, MORITANI T, MUTOH Y, et al. Does critical swimming velocity represent exercise intensity at maximal lactate steady state. Eur J Appl physiol, v. 66, pp.90-5, 1993

  • WAKAYOSHI K, ILKUTA K, YOSHIDA T, UDO M, MORITANI T, MUTOH Y, et al. Determination and validity of critical velocity speed as na índex of swimming performance in the competitive swimmer. Eur J Appl physiol. V.64, pp.153-7, 1992

  • WASSERMAN F.A; McLLORY M.B. Detecting the threshold of anaerobic metabolism in cardiac patients during exercise. The American Journal of Cardiology, v. 14, pp. 844-852, 1964.

Anexos

Anexo I. Teste de deformação de três elásticos submetidos a carga: calibragem

 

Teste de determinação da força do elástico

Peso kg

Elástico 1

Defor. P.

Elástico 2

Defor. P.

Elástico 3

Defor. P.

1

 

 

 

 

 

 

2

2,22

0,22

2,24

0,24

2,25

0,25

3

2,33

0,11

2,4

0,16

2,36

0,11

4

2,55

0,22

2,62

0,22

2,53

0,17

5

2,68

0,13

2,76

0,14

2,72

0,19

6

2,92

0,24

3

0,24

2,96

0,24

7

3,21

0,29

3,3

0,3

3,26

0,3

8

3,48

0,27

3,68

0,38

3,65

0,39

9

3,87

0,39

4,12

0,44

3,99

0,34

10

4,27

0,4

4,56

0,44

4,36

0,37

11

4,62

0,35

4,97

0,41

4,84

0,48

12

5,07

0,45

5,48

0,51

5,17

0,33

13

5,56

0,49

6,04

0,56

5,78

0,61

14

5,94

0,38

6,5

0,46

6,14

0,36

15

6,46

0,52

6,97

0,47

6,7

0,56

16

6,93

0,47

7,52

0,55

7,09

0,39

17

7,37

0,44

 

 

7,54

0,45

18

7,72

0,35

 

 

7,86

0,32

19

 

 

 

 

 

 

20

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

deforma

10 cm def

 

7 cm def

 

6 cm def

 

 

Anexo II. Calibragem dos elásticos referente a força exata a ser aplicada

 

Calibragem 2 de 50% dos elásticos referente a força aplicada no teste 1

Pesos

Elást. 1

 

 

Elást. 2

 

 

Elást. 3

 

 

Pesos

Deforma

50%

Pesos

Deforma

50%

Pesos

Deforma

50%

6

2,88

 

6

2,99

 

6

2,95

 

7

3,16

3,17742

7

3,28

3,370891

7

3,21

3,325912

8

3,43

 

8

3,65

 

8

3,56

 

Calibragem 3 de 40% dos elásticos referente a força aplicada no teste 1

Pesos

 

 

 

 

 

 

 

 

Elást. 1

 

 

Elást. 2

 

 

Elást. 3

 

 

Pesos

Deforma

40%

Pesos

Deforma

40%

Pesos

Deforma

40%

4

2,52

 

4

2,57

 

4

2,53

 

5

2,7

2,838616

5

2,78

2,965574

5

2,72

2,955982

6

2,92

 

6

3,01

 

6

2,99

 

Calibragem 4 de 35% dos elásticos referente a força aplicada no teste 1

Pesos

 

 

 

 

 

 

 

 

Elást. 1

 

 

Elást. 2

 

 

Elást. 3

 

 

Pesos

Deforma

35%

Pesos

Deforma

35%

Pesos

Deforma

35%

4

2,5

 

4

2,58

 

4

2,5

 

5

2,71

2,698585

5

2,76

2,778917

5

2,71

2,741163

6

2,91

 

6

3,01

 

6

2,91

 

 

Anexo III. Calculo dos pesos a serem utilizados em suas respectivas porcentagens

 

Resultados

Resultados

 

Peso de tração

50%

 

Peso de tração

40%

ELAS 1

14,12684

7,06342

ELAS 1

14,12684

5,650736

ELAS 2

14,5336

7,2668

ELAS 2

14,5336

5,81344

ELAS 3

14,72166

7,36083

ELAS 3

14,72166

5,888664

Resultados

 

Peso de tração

35%

ELAS 1

14,12684

4,944394

ELAS 2

14,5336

5,08676

ELAS 3

14,72166

5,152582

 

Anexo IV. Resultados dos testes com cada elástico

 

TESTE 1

100%

 

TESTE3

50%

 

 

TEMPO

DISTAN

DESC

TEMPO

DISTAN

DESC

ELAS 1

9"86

6 MTS

7 MIN

3'55"17

3,17MTS

30 min

ELAS 2

8"70

6,75 MTS

7 MIN

4'19"57

3,37MTS

30 min

ELAS 3

9"13

6,50 MTS

7 MIN

3'53"42

3,32MTS

30 min

 

Flavio

TESTE4

40%

 

TESTE5

35%

 

 

TEMPO

DISTAN

DESC

TEMPO

DISTAN

DESC

ELAS 1

5'40"78

2,83MTS

30 min

9'00"46

2,69MTS

30 min

ELAS 2

6'18"32

2,96MTS

30 min

7'40"52

2,74MTS

30 min

ELAS 3

5'55"00

2,95MTS

30 min

8'02"02

2,78MTS

30 min

 

ANEXO V. Protocolos utilizados em cada teste

 

Teste 1

Aquecimento de 400 metros

Leve/moderado

Descanso 200 livre e aguarda 7 min.

Teste 2

Aquecimento de 400 metros

Leve

Descanso 10min ativo e 20min passivo.

Teste 3

Aquecimento de 400 metros

Leve

Descanso 10min ativo e 20min passivo.

Teste 4

Aquecimento de 400 metros

Leve

Descanso 5min ativo e 25min passivo.

 

Anexo VI. Resultados

 

Primeiro elástico

 

Deformação

Tempo

Tempo s

Força kg

50%

3,17MTS

3'55"17

235,17

7,06342

40%

2,83MTS

5'40"78

340,78

5,650736

35%

2,69MTS

9'00"46

540,46

4,944394

Segundo elástico

 

Deformação

Tempo

Tempo s

Força kg

50%

3,37MTS

4'19"57

259,57

7,2668

40%

2,96MTS

6'18"32

378,32

5,81344

35%

2,74MTS

7'40"52

460,32

5,08676

Terceiro elástico

 

Deformação

Tempo

Tempo s

Força kg

50%

3,32MTS

3'53"42

233,42

7,36083

40%

2,95MTS

5'55"00

355

5,888664

35%

2,78MTS

8'02"02

482,02

5,152582

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/

revista digital · Año 13 · N° 130 | Buenos Aires, Marzo de 2009  
© 1997-2009 Derechos reservados