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Investigação do consumo alimentar e da composição corporal

de adultos e idosos praticantes de hidroginástica e natação

 Investigación sobre el consumo alimenticio y la composición corporal de adultos 

y personas mayores practicantes de hidrogimnasia y natación

Investigation of the food intake and body composition of adults 

and elderly of hydrogymnastics and swimming practitioners

 

*Nutricionista, Mestrando em Nutrição

Disciplina de Fisiologia da Nutrição – UNIFESP, São Paulo, SP

**Nutricionista, Doutoranda em Nutrição

pela Faculdade de Medicina da USP/SP

Docente dos cursos de nutrição da UNIMEP, Lins, SP

e UMC (Mogi das Cruzes, SP)

Gustavo Duarte Pimentel*

Maysa Vieira de Sousa**

gpimentel@unifesp.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          Objetivos: Avaliar o perfil antropométrico, o valor energético total da dieta (VET) e a ingestão de macronutrientes em praticantes de hidroginástica e natação, assim como verificar se existem diferenças entre adultos e idosos. Metodologia: A amostra foi composta por 40 indivíduos (46 ± 16,5 anos), residentes em Lins (Estado de São Paulo). Todas as avaliações foram realizadas durante o período de agosto a novembro de 2004. A composição corporal foi determinada através da medida de dobra cutânea, circunferências, peso e estatura e os dados nutricionais obtidos por inquérito alimentar. Resultados: Os idosos mostraram-se mais pesados e com maior circunferência de cintura do que os adultos, porém sem diferenças significativas em relação às circunferências. Em relação aos hábitos alimentares destes indivíduos, verificou-se que os mesmos apresentaram dieta com baixa ingestão de carboidratos, proteínas e tendência à hiperlipídica (colesterol) e baixa em fibra alimentar. Assim, pode-se concluir que existem diferenças antropométricas entre adultos e idosos e inadequações nutricionais. Conclusão: Os resultados do presente estudo sugerem que sejam realizadas intervenções nutricionais em praticantes de hidroginástica e natação, visando melhorar o desempenho e a saúde.

          Unitermos: Consumo de alimentos. Composição corporal. Natação. Dieta. Atividade motora.

 

Abstract

          Introduction: The aim of this study was to evaluate the anthropometric profile, total energy value (TEV) of the diet and macronutrient intake of hydrogymnastics and swimming in practitioners, as well as verifying the differences among adults and elderly. Methods: The sample was composed by 40 individuals (46 ± 16.5 years), resident in Lins (São Paulo state). All the evaluations were accomplished during august to november of 2004. Body composition was determined through skin fold measurement, circumference, weight and height and the dietary data obtained through usual food intake. Results: The elderly were shown heavier and with larger waist circumference than the adults, even so without significant differences among the circumference. The dietary habits of these individuals indicate a lower carbohydrate ingestion, protein and tendency to hyperlipidic diet (cholesterol) and low in dietary fiber. Thus, we can conclude that there are nutritional inadequacies and anthropometric differences among the adults and elderly. Conclusions: The results of the present study suggest that nutritional interventions of hydrogymnastics and swimming in practitioners, seeking to maximize the athletic performance and the health.

          Keywords: Food consumption. Body composition. Swimming. Diet. motor activity.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 130 - Marzo de 2009

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Introdução

    A distribuição etária da população mundial tem apresentado visível alteração nas últimas décadas, em razão da expansão da expectativa de vida e do conseqüente aumento de idosos, o que representa novos desafios no campo da pesquisa nutricional 2,6.

    A prática de exercício físico no lazer, além de combater o sedentarismo, contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso, seja na sua vertente da saúde como nas capacidades funcionais 2,4,6.

    A hidroginástica apresenta algumas vantagens para esse grupo populacional, com o aproveitamento das propriedades físicas da água possibilitando um melhor rendimento aos idosos, além de oferecer menores riscos 4.

    O aumento de pessoas idosas é um processo irreversível e que não pode ser negligenciado pela ciência da nutrição 6. Nesse sentido, são relevantes os estudos que investiguem os hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos visando à melhoria da qualidade de vida do idoso. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi verificar o perfil antropométrico, dietético e estilo de vida de adultos e idosos freqüentadores de uma academia do Noroeste Paulista (Lins/SP).

Metodologia

Desenho e amostra do estudo

    Este estudo é do tipo transversal e foi desenvolvido no período de agosto a novembro de 2004.

    Participaram do estudo n=9 adultos faixa etária de 39,4 anos e n=31 idosos faixa etária de 69,1 anos freqüentadores de uma academia do município de Lins/SP. No total foram avaliados 40 indivíduos, todos praticantes de natação e/ou hidroginástica, com experiência de pelo menos dois meses, e cada sessão de atividade física tinha aproximadamente 50`, composta de 10´ de aquecimento, 30` de aula e 10` de alongamento.

Dados antropométricos

    O peso corporal foi mensurado em uma balança de plataforma, digital, marca Filizola®, com precisão de 0,1 kg, e a estatura foi obtida em um estadiômetro de madeira com precisão de 0,1 cm. Os indivíduos foram medidos e pesados descalços, vestindo roupas leves. O índice de massa corporal (IMC) foi determinado pelo quociente peso corporal/estatura5, sendo o peso corporal expresso em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m), considerando a classificação da Organização Mundial de Saúde 19.

    A composição corporal foi avaliada pela técnica de espessura do tecido celular subcutâneo. Três medidas foram tomadas em cada ponto, em seqüência rotacional, do lado direito do corpo, sendo registrado o valor médio. Para tanto, foram aferidas: dobra cutânea tricipital (DCT-mm) e circunferência do braço (CB-cm). Através dessas medidas calculou-se a circunferência muscular do braço (CMB-cm). Tais medidas foram realizadas por um único avaliador com um adipômetro científico da marca Lange® para DCT, de acordo com as técnicas descritas por Slaughter et al16 e para CB, circunferência da cintura (CC-cm) e circunferência do punho (CP-cm) foi utilizado uma fita métrica metálica Sanny®, com precisão de 0,1 cm, conforme as técnicas descritas por Callaway et al 1.

    A CC foi utilizada como indicador de obesidade abdominal. Definiu-se caso de obesidade abdominal a partir dos pontos de corte por risco aumentado para complicações metabólicas decorrentes da deposição de gordura no abdômen, sendo para homens >102 e para mulheres >88 cm 10.

    Os dados foram coletados através de questionário socioeconômico, antropométrico e dietético.

    No questionário socioeconômico, antropométrico e dietético foram coletados dados como: dados pessoais; dados antropométricos, estado de saúde; se apresenta alguma doença; se apresenta alguma disfunção gastrointestinal; se usa algum medicamento; se já fez alguma dieta e o recordátorio de 24 horas.

    No questionário de diagnóstico nutricional foram coletados: nome; data de nascimento; idade; classificação do IMC; CC; porções da pirâmide alimentar; observações e algumas dicas nutricionais.

Análise dietética e educação nutricional

    O programa de educação nutricional consistiu: pôster educativo; aula expositiva; preparações de receitas (sucos); degustação e montagem do livro de receitas.

    As receitas das preparações foram elaboradas de acordo com as aulas expositivas, através de cartazes e pôsteres, depois disso elaborou-se um livro de receitas para os desportistas, focando a importância da hidratação e nutrição para a prática de exercícios.

    O programa de educação nutricional foi coletivo, dividido em dois grupos e realizado com alunos da academia onde abrangeu conhecimentos sobre noções de nutrição através da pirâmide alimentar brasileira. Os temas abordados estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1. Temas abordados durante o programa de educação nutricional

Número de semanas

Temas das aulas

Como manter a boa forma física e mental; Check-up geral= dicas para a mulher dos 41 anos e acima de 77 anos; Dicas para o homem dos 41 anos e acima de 80 anos

Dicas nutricionais e atividade física

Alimentos que ajudam a emagrecer

Diet e Light

Obesidade

Alimentos funcionais

Continuação de alimentos funcionais

O poder das frutas e dos vegetais

Hidratação

10ª

Alimentação antes, durante e após atividade física

11ª

Nutrição na estética

    Para avaliar a ingestão alimentar utilizou-se o método recordatório de 24 horas, pois este juntamente com o registro alimentar é usado para avaliar a inadequação da ingestão dietética, tanto a nível individual como em grupos5. Para precisão do consumo dietético foi questionado o horário de cada refeição, tipo de alimento consumido, modo de preparo, quantidade em porções e marca dos produtos.

    A composição centesimal dos alimentos presentes nos recordatórios foi calculada no software Nutrisurvey®. Os componentes dietéticos avaliados foram o valor energético total (VET), quantidade de carboidratos, proteínas, lipídios, gorduras totais, gordura saturada, gordura insaturada, colesterol e fibras alimentares.

    Os alimentos que não constavam no Nutrisurvey® da tabela IBGE, foram adicionados de diversas tabelas de composição e rótulos alimentares 8,14.

    As preparações culinárias elaboradas com mais de um grupo alimentar foram desmembradas nos seus ingredientes e posterior cálculo centesimal.

    Para avaliar a adequação dos macronutrientes foram utilizados os pontos de corte do AMDR do Institute of Medicine (IOM)/Food and Nutrition Board  9.

Comitê de Ética

    O estudo respeitou as orientações éticas com relação aos seres humanos, de acordo com a resolução da Faculdade de Ciências da Saúde – UNIMEP/Campus Lins-SP.

Análise estatística

    Para as análises quantitativas adotou-se o método descritivo utilizando à média e desvio-padrão. O teste t-Student para comparar as variáveis em relação aos adultos e idosos. O teste não paramétrico de Spearman foi utilizado para correlacionar entre si às variáveis antropométricas, socioeconômicas e dietéticas. Para tais análises, foi utilizado o software STATISTICA 6.0 e adotou-se o nível de significância p<0,05.

Resultados e discussão

    A população do estudo foi composta por 40 pessoas de ambos os sexos com idade média de 46 ± 16,5 anos. A faixa etária de 21-30 (22,5%), 31-40 (17,5%), 41-50 (22,5%) 51-60 (15%), ³ 61 (22,5%).

    Na Tabela 2 são apresentadas as características antropométricas, além das informações sobre a composição corporal dos indivíduos avaliados. Todos os dados foram comparados entre a fase da vida, adultos e idosos. Dessa forma, pode-se observar diferença estatística somente em relação à idade e estatura.

Tabela 2. Características socioeconômicas e antropométricas dos desportistas

Variáveis

Adultos n=9

Idosos n=31

p*

Idade (anos)

39,4±11,5

69,1±8,4

<0,05

Peso (kg)

68,2±14,5

69,2±17,7

ns

Estatura (cm)

166,1±10,5

158,5±7,0

<0,05

Peso ideal (kg)

59,9±7,8

58,0±5,3

ns

IMC (kg.m-2)

24,8±5,3

27,4±5,6

ns

DCT (mm)

19,8±7,7

19,6±5,9

ns

CB (cm)

31,5±4,4

32,8±3,5

ns

CMB (cm)

25,2±2,0

26,4±1,7

ns

CC (cm)

85,7±13,2

95,8±18,7

ns

CP (cm)

16,6±1,7

17,2±1,6

ns

* Teste t para comparar adultos e idosos com nível de significância p<0,05; IMC: índice de massa corporal; 

DCT: dobra cutânea triciptal; CMB: circunferênciaa muscular do braço; CC: circunferência da cintura; CP: circunferência do punho.

    De fato, a quantidade de mulheres é maior do que de homens, sendo 75% e 25%, respectivamente. Isto provavelmente está associado ao fato de que elas estão mais preocupadas com a aparência e estética e a busca de um corpo perfeito. Além disso, o treinamento físico pode imediatamente produzir uma profunda melhora nas funções essenciais da aptidão física do idoso, colaborando sem que haja menor destruição de células e fadiga, levando a uma vida longa e sadia que é na verdade uma fórmula simples que combina a relação apropriada dos ancestrais, boa sorte e em grande parte adoção de um estilo de vida sadio 4.

    A maioria dos entrevistados eram casados 60%, 32,5% solteiros, 5% divorciados e apenas 2,5% viúvos (dados não demonstrados).

    Segundo a classificação do IMC (kg.m-2) de ambos os sexos, 50% dos entrevistados estão em normalidade, 37,5% sobrepeso, 7,5% obeso grau I e 5% apresentam obesidade mórbida e nenhum paciente encontra-se em desnutrição ou obesidade grau II.

    As evidências sugerem que a prevalência do sobrepeso e obesidade tem aumentado em taxas alarmantes, incluindo países desenvolvidos e subdesenvolvidos. De acordo com a classificação da Organização Mundial da Saúde19, 54% dos adultos nos Estados Unidos estão com sobrepeso (IMC ≥25 kg.m-2) e 22% estão obesos (IMC ≥30 kg.m-2)15.

    Na Tabela 3, observa-se as características gerais dos desportistas, houve diferença significativa entre adultos e idosos, no consumo de sal (kg/mês/per capita), calorias (kcal/dia) e CHO (g/dia). Os idosos comem menos calorias (981,9 kcal) do que os adultos (1541,3 kcal) (p<0,05), mas mesmo assim os idosos têm IMC (27,4 kg.m-2) maior do que os adultos (24,8 kg.m-2) (p>0,05).

    De acordo com a Tabela 3, as pessoas ingerem de 1 a 1 e 1 ½ litros de água, com um aumento da atividade muscular ocorre maior produção de calor no organismo, que é dissipado em parte pela produção de suor. Para prevenir essa perda, é necessário repor esses líquidos rapidamente, porque a desidratação afeta a força muscular, aumenta o risco de cãibras e diminui o desempenho físico. Por isso, a hidratação adequada somente é mantida se ingerir quantidades suficientes de líquidos antes, durante e após a atividade física 13. Ainda na Tabela 2, observa-se que os idosos consomem mais sal (1 kg/mês) do que os adultos (0,5 kg/mês). Nesse sentido, vale ressaltar que o excesso de sal sobrecarrega os rins, causando hipertensão arterial sistêmica (HAS) e reduzir a sua ingestão é uma das medidas de maior impacto na prevenção da HAS, pois se associa a menor elevação anual da pressão arterial e promove queda pressórica proporcional a diminuição do teor de sódio 17.

Tabela 3. Características dietéticas dos desportistas

Variáveis

Adultos n=9

Idosos n=31

p*

Água (litros)

1,5±0,7

1,2±0,5

ns

Óleo (litros)

1,6±1,1

1,8±1,7

ns

Sal (kg)

0,5±0,2

1,0±1,1

<0,05

Kcal (dia)

1541,3±726,7

981,9±304,1

<0,05

CHO (g)

224,0±100,8

131,6±58,9

<0,05

Proteína (g)

62,1±30,3

44,1±17,5

ns

Lipídios (g)

51,3±27,1

33,2±10,6

ns

Gordura saturada (g)

6,5±6,5

6,3±6,2

ns

Gordura insaturada (g)

9,4±11,3

12,0±15,0

ns

Fibras alimentares (g)

13,9±8,4

10,5±3,0

ns

Colesterol (mg)

195,0±48,2

415,0±117,3

ns

* Teste t para comparar adultos e idosos com nível de significância p<0,05; CHO: carboidrato.

    O consumo médio de colesterol foi maior nos idosos (415 mg/dia) quando comparado aos adultos (195 mg/dia) embora não tenha encontrado diferença significativa (p>0,05). Segundo a literatura, o potencial de uma dieta ou de um alimento em aumentar níveis de colesterol sérico e promover aterosclerose está diretamente relacionado ao seu conteúdo de colesterol e gordura saturada 3. Fornes et al 7 demonstrou uma alta correlação entre incidência de doença aterosclerótica e níveis lipídicos séricos com hábitos alimentares.

    Em relação ao consumo de fibras alimentares, os idosos consomem menos (10,5 g/dia) quando comparado aos adultos (13,9 g/dia) (p>0,05). A constatação de que os componentes da fibra alimentar estão longe de serem substâncias inertes dos alimentos como se pensava no passado, desempenham papel fisiológico muito importante na regulação do funcionamento trato gastrointestinal, assim como no controle e ou prevenção de certas doenças crônicas degenerativas, tem despertado na comunidade científica mundial o interesse pelas pesquisas relacionadas às fibras contidas nos alimentos. Acredita-se que as fibras exercem suas funções gastrointestinais através de sua ação física, capacidade de hidratação e de aumentar o volume do bolo fecal 11. As fibras também possuem capacidade de complexar-se com outros constituintes da dieta através de vários mecanismos, podendo arrastá-los em maior quantidade na excreção fecal. As fibras solúveis, parcialmente fermentáveis no intestino grosso, são efetivas em promover alterações benéficas na flora intestinal, diminuindo os níveis de colesterol plasmático 11.

    A Tabela 4, mostra uma correlação positiva entre às variáveis socioeconômicas com as variáveis dietéticas e antropométricas. Observando que conforme aumenta a idade, maiores são os valores de IMC, CC e conforme aumenta o consumo de calorias (kcal) maior é a ingestão de fibras, CHO, proteína, lipídio.

Tabela 4. Correlação positiva entre as variáveis socioeconômicas com as variáveis dietéticas e antropométricas

Variáveis

r*

p**

idade X IMC

0,32

0,04

idade X CC

0,38

0,01

IMC X CC

0,80

0,00

IMC X DCT

0,37

0,01

IMC X CB

0,79

0,00

CC X CB

0,73

0,00

consumo de diet e light X fibras alimentares

0,52

0,00

presença de doença X Óleo

0,39

0,01

CHO X fibras

0,61

0,00

kcal X fibras

0,67

0,00

kcal X CHO

0,82

0,00

kcal X proteína

0,76

0,00

kcal X lipídio

0,77

0,00

aposentado X CC

0,33

0,04

aposentado X IMC

0,39

0,01

aposentado X consumo de SAL

0,34

0,03

*Correlação de Spearman; **Nível de significância p<0,05; IMC: índice de massa corporal; 

CC: circunferência da cintura; DCT: dobra cutânea triciptal; CB: circunferência do braço; CHO: carboidrato.

    A Tabela 5, mostra uma correlação negativa entre às variáveis socioeconômicas com as variáveis dietéticas e antropométricas. Observando que quanto maior a idade, menor é o grau de escolaridade, consumo de calorias (kcal), CHO, lipídios, fibras e conforme aumento o IMC e a CC menor é o grau de escolaridade e consumo de fibras alimentares.

Tabela 5. Correlação negativa entre as variáveis socioeconômicas com as variáveis dietéticas e antropométricas

Variáveis

r*

p**

idade X escolaridade

-0,38

0,01

idade X kcal

-0,35

0,05

idade X CHO

-0,37

0,05

idade X lipídios

-0,38

0,04

idade X fibras alimentares

-0,37

0,05

IMC X escolaridade

-0,41

0,00

IMC X fibras alimentares

-0,53

0,00

aposentado X kcal

-0,61

0,00

aposentado X fibras alimentares

-0,46

0,01

CC X escolaridade

-0,50

0,00

CC X fibras alimentares

-0,60

0,00

CB X fibras alimentares

-0,46

0,01

consumo de sal X fibras alimentares

-0,43

0,02

*Correlação de Spearman; **Nível de significância p<0,05; CHO: carboidrato.

    De acordo com a CC, dentre os adultos 16 pessoas estão sem risco, 8 apresentam risco aumentado e 7 apresentam risco muito aumentado. Já os idosos apenas 1 esta sem risco, 1 esta em risco aumentado e a maioria dos idosos apresentam risco muito aumentado (dados não demonstrados).

    Os estudos prospectivos mostram que a gordura localizada no abdômen é fator de risco para doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e alguns cânceres como de mama, ovário e endométrio 10,12. Segundo Machado e Schieri 12, a distribuição de gordura corporal tem forte determinação genética, mas fatores como sexo, idade e outros comportamentos como tabagismo e atividade física podem ser determinantes.

    A Figura 1 avaliou a média de consumo dos macronutrientes segundo o sexo e o gênero com as recomendações da AMDR (Faixa de distribuição aceitável de macronutrientes) 9. Foi observado que os adultos consomem mais próximo do recomendado (valores maiores quando comparado aos idosos). Nesse sentido, houve diferença significativa entre o consumo médio dos três macronutrientes avaliados somente quando comparados por sexos.

Figura 1. Percentual médio do recomendado obtido através da comparação do valor energético total (VET) 

dos macronutrientes com as recomendações da AMDR (2002), segundo o gênero.

*Teste t para comparar adultos e idosos com nível de significância p<0,05.

    O consumo mais próximo do recomendado ficou por parte das proteínas (ambos os sexos). No entanto, vale ressaltar que a ingestão de macronutrientes é imprescindível para que as funções metabólicas do organismo mantenham-se em homeostase, sendo que o consumo deve ficar entre 45 a 65% do valor energético total (VET) de carboidrato, 10 a 35% de proteína e 20 a 35% de lipídios 9.

    No que diz respeito à nutrição para o esporte, a maioria dos trabalhos encontrados na literatura focam uso de suplementos para melhorar o desempenho. Portanto, é de nosso conhecimento que para dar um “upgrade” no desempenho físico e na capacidade cardiorrespiratória uma simples adequação energética com orientações nutricionais individualizadas focando o consumo ideal dos principais macronutrientes já é o suficiente para garantir um estoque de energia (glicogênio) para no mínimo uma sessão de exercício, como a hidroginástica ou a natação18.

    Além de todos os benefícios que a prática de exercícios físicos regulares proporciona, Etchepare et al 4, demonstraram que 20 sessões de hidroginástica não são suficientes para que se obtenham resultados significativos na agilidade, mas é capaz de melhorar a flexibilidade e equilíbrio estático. Isto foi encontrado porque ao trabalhar com a flutuabilidade dentro da água, existe uma tendência a melhorar a flexibilidade. E para explicar a melhora do equilíbrio, os autores citam que os próprios movimentos dentro da água e dos específicos movimentos realizados para as modalidades aquáticas, pode ser uma das causas da melhora no equilíbrio estático.

    Os dados não demonstrados em tabelas, mostram que a prevalência de aposentados foi alta, ou seja, cerca de 40% são aposentados/pensionistas e 60% não aposentados/não pensionistas. O grau de escolaridade foi de 20 pessoas apresentam 3º grau completo, 11 apresentam 2º grau completo, 4 apresentam 3º grau incompleto, 2 apresentam 1º grau completo e apenas 1 pessoa apresenta o 1º grau incompleto, 1 o 2º grau incompleto e 1 pós-graduação. Ressaltando que a maioria dos voluntários possui uma formação de nível superior e 2º grau completo, que dessa forma pôde ajudar na realização desta pesquisa.

    Em relação ao hábito de fumar, 95% não fumam, resultado baixo quando comparado com outras regiões brasileiras, já que o fumo tornou-se um grande problema de saúde pública na história da humanidade. No ano de 2030, o fumo poderá ser a maior causa isolada de mortalidade podendo ser responsável por 10.000 milhões de morte ao ano e atualmente, o ato de fumar é tratado como doença.

Conclusões

    O estudo revelou que tantos os adultos, quanto os idosos freqüentadores da academia apresentam elevadas proporções de excesso de peso e hábitos alimentares inadequados. Além disso, pode-se dizer que o grau de escolaridade dos indivíduos facilitou as práticas educativas desenvolvidas na academia (orientações nutricionais), porém não houve re-avaliação dos voluntários, pois o presente estudo não foi do tipo longitudinal.

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