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A ideologia do doping

La ideología del doping

 

Graduado em Educação Física pela

Universidade Estadual de Londrina PR

(Brasil)

Mauro Andre Nery

nerymauro@gmail.com

 

 

 

Resumo

          O desenvolvimento e desempenho atlético sempre foram à busca implacável por treinadores e estudiosos do ramo, elaborando novas técnicas de aprimoramento, metodologias e periodização na tentativa de obter um melhor desempenho. Porém outros recursos pouco aceitáveis por treinadores e rejeitado por quase todas as organizações esportivas vem aumento seu uso gradativamente no submundo do esporte; o uso indiscriminado de esteróides anabólicos cresce a cada dia entre desportistas e praticantes costumeiros, muitas vezes sem ter o mínimo de conhecimento e acompanhamento necessário para tal. Contudo o presente trabalho procura discutir os motivos para estas utilizações e desvendar lendas urbanas e concepções errôneas do uso destas substancias embasado nos estudos realizados ate o momento.

          Unitermos: Esteróides anabólicos. Desempenho atlético. Doping.

 

Resumen

          El desarrollo y el rendimiento deportivo han sido siempre la incesante búsqueda de entrenadores y especialistas en la ramo. El desarrollo de nuevas técnicas para la mejora, la metodología y la periodización, en un intento de obtener un mejor rendimiento. Sin embargo, otros recursos poco aceptable por los entrenadores y rechazado por prácticamente todas las organizaciones deportivas se ha ido incrementando su uso en el bajo mundo del deporte. El uso indiscriminado de esteroides anabólicos crece cada día entre los deportistas y los practicantes habituales, a menudo sin tener el más mínimo conocimiento y el control necesario para hacerlo. Sin embargo, este estudio pretende analizar las razones de estos usos y deshacer leyendas urbanas y las concepciones erróneas de la utilización de estas sustancias sobre la base de los estudios realizados hasta la fecha.

          Palabras clave: Esteroides anabólicos. Rendimiento deportivo.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 130 - Marzo de 2009

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    A busca por melhores resultados sempre foi premissa de atletas profissionais, no intuito de se tornarem campeões e escreverem seu nome na historia do esporte, porém o caminho na maioria das vezes não é nada fácil o que faz com que alguns destes mesmos atletas recorram ao uso de substâncias que potencializam o desempenho produzindo melhores resultados, com sérios riscos a saúde.

    O uso de substâncias e processos destinados a aumentar o rendimento atlético (doping) é, sem sombra de dúvida, um dos temas mais polêmicos do esporte moderno. A aceitabilidade ou não do seu uso está estreitamente relacionada ao julgamento de sua moralidade, sanidade e legalidade. Enraizada em um conjunto sistemático de idéias, valores e regras é formulada uma ideologia de racionalização do uso legal de substancias tidas como proibidas pelos comitês e organizações, contudo, a verdadeira falta de esclarecimento, quanto aos reais problemas gerados pelo uso destas substancias, é apresentada de longe, de forma superficial para os espectadores que tomam como verdades reais, as primogênitas informações que lhe são postas. Outra idéia muito difundida na população e que a mídia ajuda a enraizar a ideia de que os esteróides anabolizantes são altamente perigosos e as taxas de mortalidade entre usuários são altas. A verdade é que os esteróides anabólicos são usados amplamente na área médica sem nenhum sério risco para a saúde dos usuários, e nenhuma evidência científica mostrou problemas de saúde a longo prazo com o uso correto de esteróides anabolizantes. Enquanto o risco de morte está presente em muitas drogas, o risco de morte prematura devido ao uso de esteróides anabolizantes é extremamente baixo, o que ocorre e que o interesse pelos estudos relacionados a esteróides anabólicos são pouco difundidos no mundo científico, o que não ocorre nos países científicamente mais avançados onde encontramos obras inteiras relacionadas ao tema.

    Desta forma a ideologia se caracteriza pela naturalização, na medida em que são consideradas naturais as situações que na verdade são produtos da ação humana e que, portanto são históricos e não naturais. (ARANHA, MARTINS, 1993)

    Os relatos históricos mostram que o uso de substâncias ergogênicos tem inicio a mais de 3mil anos na antiga Grécia, em 300 a.C. nos Jogos Olímpicos antigos, os corredores de longa distância usavam uma cocção de plantas que tinha como principal produto um alucinógeno extraído de cogumelos. Na Europa do século XVI surgem drogas com cafeína e esse é o ponto inicial da dopagem entre os povos mais civilizados e entre os atletas. Em 1886, já com o uso indiscriminado de estimulantes pelos atletas, acontece a Corrida dos 600 km entre Bordeaux e Paris e nela se tem a primeira notícia de morte em atleta por uso de estimulantes (doping): Morre o ciclista inglês Linton, que usou uma mistura de cocaína com nitroglicerina.

    Na tentativa caracterizar o que se define como doping surge diversas conotações de cientistas e comitês desportivos. Mais importante do que se aterem as eventuais divergências entre cada uma das definições de doping, é perceber que em todas, estão presentes elementos comuns que se interrelacionam, a intenção deliberada de melhorar o desempenho esportivo em detrimento da ética esportiva. O prejuízo, ainda que meramente potencial, à saúde dos atletas, não é elemento constitutivo do “doping”, mas sua eventual decorrência.

    O COI define o "doping" como a utilização de métodos ou substâncias exógenas que visam a influir no aumento do desempenho do atleta durante competições. A dopagem é a detecção de tais substâncias na urina durante os treinamentos ou competições.

    Com o avanço das pesquisas de substancias dopantes, também cresce a procura por novas formulas de burlarem o sistema antidoping. Pesquisas também têm proporcionado ferramentas para o desenvolvimento do recém denominado doping genético no esporte. (RAMIREZ e RIBEIRO, 2005 apud RAMIREZ, 2007)

    O termo doping genético, definido como a utilização não terapêutica de células, genes, elementos genéticos ou da modulação da expressão gênica com capacidade de melhorar o desempenho esportivo, foi estabelecido pela Agência Mundial Anti-Doping em 2002, e se oficializou por ocasião da atualização de 2003 da lista proibida (WADA, 2006). Porém uma técnica muito onerosa para algumas e de pouco interesse para boa parte dos geneticistas envolvidos com o esporte.

    A engenharia genética vem trabalhando incessantemente em pesquisas no intuito de mapear genes, na tentativa de impedir o desenvolvimento e talvez até a cura de algumas doenças sejam elas relacionadas ao esporte ou não.

    Pesquisadores da Universidade JOHN HOPKINS nos Estados Unidos investigando um grupo de proteínas que regulam o crescimento e diferenciação celular descobriram um gene que e responsável pela produção de uma proteína denominada Myostatin que esta relacionada com fatores de crescimento muscular chamado beta transformador (TGF-b). A miostatina é um gene que regula negativamente o crescimento muscular, ou seja, ela limita o tamanho do músculo, tanto pela atenuação da hipertrofia quanto da hiperplasia. Ainda não se sabe ao certo como a miostatina atua, podendo ser pela indução da morte das células, inibição da proliferação de células satélites e/ou diretamente no metabolismo protéico.

    Em 1997, MCPHERRON et al fizeram um experimento em animais através de manipulação genética, os pesquisadores produziram ratos com deficiência no gene GDF-8 (miostatina) e verificaram que os animais "deficientes" eram muito maiores que os normais, com seus músculos chegando a ser de 2 a 3 vezes mais volumosos.

    Temos em mente que descobertas como estas possam ser usadas em humanos no intuito de prevenir e curar doenças relacionadas com o decréscimo da massa muscular e problemas correlatos, por outro lado estas mesmas pesquisas podem revolucionar o desempenho atlético no que diz respeito ao desenvolvimento muscular chegando a níveis de “super homens”, fazendo com que esteróides anabólicos, sejam coisas do passado, contudo novas pesquisas ainda precisam ser realizadas para se ter certeza dos fatores benéficos da possível inibição de genes produtores de miostatina, pois quando se fala em desenvolvimento muscular muitos deles não são levados em conta.

    De forma geral quando se fala em doping, termo classificado anteriormente, está instintivamente ligado para maioria das pessoas ao uso de esteróides anabólicos sintéticos, popularmente conhecidos como “bombas” que de certa forma são os mais utilizados por atletas. Contudo existem outras substancias também relacionada ao doping que produzem de forma desescalonada, menor potencial de desempenho e, contudo possuem menor potencial lesivo, porem não deixam de serem caracterizados por algumas instituições esportivas como doping.

    Os Esteróides são hormônios, responsáveis pela harmonia das funções primordiais no organismo. Existem três categorias básicas de esteróides, os estrógenos são hormônios femininos produzidos no ovário, e encarregados dos caracteres sexuais femininos, já hormônios testosterona chamados andrógenos por darem os aspectos masculinos produzido principalmente nos testículos são responsáveis pela produção das características sexuais masculinas, tais como, a massa muscular, força, barba, engrossamento da voz, a velocidade de recuperação da musculatura, o nível de gordura corporal e outros. Ambos os sexos produzem os dois hormônios, porem em quantidades infinitamente maiores nos homens.

    Os hormônios esteróides são produzidos pelo córtex da supra-renal e pelas gônadas (ovário e testículo). Entretanto, alguns autores referem os esteróides anabolizantes como os derivados sintéticos da testosterona que possuem atividade anabólica (promoção do crescimento) superior à atividade androgênica (masculinização). (SILVA et al, 2002)

    Basicamente, os esteróides são moléculas que se podem incorporar á corrente sangüínea através de administração oral via estômago e intestino ou injetado. A partir daí estas moléculas viajam pela corrente sangüínea como mensageiros, procurando um local específico para entregar a sua mensagem. Este modelo teórico de receptor de mensagem é denominado de citos receptores.

    Certos de que o uso destas substancia aumentarão algumas capacidades físicas, atletas experientes fazem uso de drogas com menor potencial lesivo mesmo sabendo que não existem níveis seguros para uso deste tipo de medicamento, contudo não são menos perigosos do que outras drogas muito mais fáceis de serem encontrados

    Os efeitos desejáveis (anabólicos) promovidos pelos esteróides são os seguintes:

  • Aumentar a força de contratibilidade da célula muscular, através do aumento do armazenamento de fósforo creatina (cp).

  • Promovem balanço nitrogenado positivo. Essa é mais uma forma de aumentar a força muscular e também o volume.

  • Os esteróides aumentam a retenção de glicogênio. Essa substância derivada da quebra de carboidratos é a fonte secundária de energia para o músculo.

  • Os esteróides favorecem a captação de aminoácidos. Os aminoácidos (proteínas) são utilizados na construção da massa muscular.

  • Os esteróides anabólicos bloqueiam o cortisol. O cortisol é um hormônio catabólico liberado por estresse emocional e também após treinamento árduo.

    Muitos andrógenos são capazes de serem metabolizados em compostos que podem interagir com outros receptores de hormônios esteróides como os receptores de estrógeno, progesterona e glicocorticóides, produzindo (geralmente) efeitos adicionais não desejados:

  • Possível pressão sanguínea elevada

  • Níveis de colesterol –Alguns esteróides podem causar um aumento nos níveis de LDL e diminuição nos de HDL. Isso pode aumentar o risco de ocorrer uma doença cardiovascular ou doença da artéria coronária em homens com alto risto de colesterol ruim.

  • Acne– Devido à estimulação das glândulas sebáceas

  • Conversão para DHT (Dihidrotestosterona). Isso pode acelerar ou causar calvície precoce e câncer de próstata.

  • Alteração da morfologia do ventrículo esquerdo – Os EAA podem induzir a um alargamento e engrossamento desfavorável do ventrículo esquerdo, que perde suas propriedades de diástole quando sua massa cresce. Entretanto a relação negativa entre a morfologia do ventrículo esquerdo e o déficit das funções cardíacas têm sido discutida.

  • Hepatotoxicidade – Causado particularmente por componentes de esteróides anabólicos orais que são 17-alfa-alquilados para que não sejam destruídos pelo sistema digestivo.

  • Crescimento excessivo da gengiva

    Estes são alguns dos efeitos produzidos pelos esteróides anabólicos tanto benéficos ou não, usuários acreditando nos efeitos positivos dos esteróides elevando os níveis de força e talvez produzindo melhores resultados, porém vale ressaltar que, em nada adianta a utilização destas substancias se não houver um treinamento e uma alimentação bem elaborada e adequada.

    Como foram citados anteriormente os esteróides são moléculas que se podem incorporar á diversos tipos de tecidos e viajam pela corrente sangüínea como mensageiros procurando os chamados citos receptores. Porém estes mesmos citos receptores encontrados no organismo podem estar ligados à outra molécula de esteróides sendo assim incapaz de entregar a sua mensagem. Quanto mais esteróides livres existirem na corrente sangüínea, mais esteróides estarão disponíveis para os citos receptores.

    Ocorre que algumas pessoas são premiadas com mais citos receptores que outras, mas isso é uma questão genética que ninguém pode mudar, da mesma forma que existem indivíduos que têm mais afinidade a certos tipos de esteróides do que outras.

    Existe, em todo o mundo, atualmente, uma preocupação sócio-governamental envolvendo o abuso de anabolizantes, dentro e fora do cenário esportivo. Vários estudos realizaram levantamentos epidemiológicos referentes a essa problemática, podendo assim verificar dados concretos acerca do tema.

    Não restam dúvidas que o abuso de qualquer substância pode ser letal para a saúde muitos embora efeitos colaterais de longo e curto prazo são relacionados com o uso de esteróides anabólicos. Efeitos colaterais, como calvície e acne, não são ameaças à vida, mas podem ser psicologicamente preocupantes, ao passo que a hipertrofia da próstata é uma conseqüência que não pode ser ignorada (GUIMARÃES, 2006). Acredito que não menos importante como os efeitos produzidos pelos anabolizantes no organismo, são os produzidos na psique do usuário, sabe-se que estas drogas não causam dependência física, porém muitos usuários impressionados com os resultados obtidos em tão pouco tempo como nunca atingidos antes, se tornam dependentes das drogas pelo fato de não conseguirem treinar na mesma intensidade e níveis anteriores ficando assim mais suscetíveis aos problemas correlacionados ao uso continuo, mas podemos ter certeza de que com a supressão total do uso de esteróides anabolizantes nos esportes teremos sempre os mesmos recordes, porém os donos não

    Contudo o estimulo a novas pesquisas e estudos devem ser incentivados e novos temas discutidos para melhor compreensão sobre o tema em questão.

Referencias

  • AGENCIA MUNDIAL ANTIDOPING HOME PEGE (WADA) http://www.wada-ama.org/en/

  • ARANHA, MARIA LUCIA DE ARRUDA, MARTINS MARIA HELENA PIRES Filosofando: Introdução à filosofia, 2 ed. Ver. Atual, São Paulo, Moderna, 1993.

  • GRUNFELD, C; KOTLER DP, DOBS A, GLESBY M, BHASIN S. Oxandrolone in the treatment of HIV-associated weight loss in men: a randomized, double-blind, placebo-controlled study.. J Acquir Immune Defic Syndr (2006 Mar).

  • LEAL MARCELO LARCIPRETE, SANTOS AUDREI DOS REIS, AOKI MARCELO SALDANHA; Adaptações Moleculares ao Treinamento de Força: Recentes Descobertas Sobre o Papel da Miostatina revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Volume 7, número 1, 2008

  • MCPHERRON AC, LAWLER AM, LEE SJ. Regulation of skeletal muscle mass in mice by a new TGF-beta superfamily member. Nature 1997 May 1; 83-90.

  • NETOS WALDEMAR MARQUES GUIMARÃES, Além Anabolismo, 2º Ed; Editora Phorte 2006

  • RAMIREZ, A. Aspectos históricos da pesquisa genética em atletas e a participação do Comitê Olímpico internacional. In: Universidade e Estudos Olímpicos: Seminários Espanã-Brasil 2006. Moragas M & DaCosta L (orgs). Centre d'Estudis Olímpics UAB, Barcelona, 448-457, 2007.

  • SCHROEDER, ET; VALLEJO AF, ZHENG L, STEWART Y, FLORES C, NAKAO S, MARTINEZ C, SATTLER FR. Six-week improvements in muscle mass and strength during androgen therapy in older men.. J Gerontol A Biol Sci Med. Sci. (2005 Dec.)

  • SILVA PAULO RODRIGO PEDROSO, DANIELSKI RICARDO, CZEPIELEWSKI MAURO ANTÔNIO, Esteróides Anabolizantes No Esporte Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 – Nov/Dez, 2002.

  • TAVARES OTAVIO, Notas Para Uma Análise da Produção em Ciências Sociais Sobre Doping no Esporte, rev. Digital esporte sociedade, Ano 3 - Número 7 - Nov.2007/Fev.2008

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