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O CORPO E SUA IMPLICAÇÃO
NA ÁREA EMOCIONAL.
Benno Becker (Brasil)
bennojr@voyager.com.br
Estamos vivendo no meio de uma revolução do corpo. A imagem corporal pode ser vista como a relação entre o corpo de uma pessoa e os processos cognitivos como crenças, valores e atitudes (Volkwein & McConatha, 1997). Deste ponto de vista a imagem corporal pode ser definida como uma representação interna, mental, ou auto-esquema da aparência física de uma pessoa.
As pessoas aprendem a avaliar seus corpos através da sua interação com o ambiente. Assim, sua auto-imagem é desenvolvida e reavaliada continuamente durante a vida inteira (Becker Jr, 1999). Na verdade a imagem corporal é uma entidade multifacetada que abrange as dimensões física, psicológica e social (Volkwein & McConatha, 1997). Muito cedo o homem e a mulher desenvolvem um esquema corporal ou estrutura cognitiva através da percepção de como seus corpos são estruturados. Pelo reforço dado através da midia de corpos atraentes, não é surpresa que uma parte de nossa sociedade se lance na busca de uma aparência física idealizada. A exposição de modelos de corpos bonitos tem determinado nas últimas décadas uma compulsão à buscar uma anatomia ideal, determinando, mormente entre as mulheres, tem aumentado os transtornos de alimentação como a anorexia nervosa e a bulimia (Nagel & Jones, 1992).
Esse processo tem um impacto negativo sobre a auto-imagem das mulheres que sentem-se obrigadas a ter um corpo magro, atrativo, em forma e jovem. E uma imagem corporal negativa pode determinar o aparecimento de baixa auto-estima e depressão ou seja, sofrimento. Wichstrom (1995) investigando 11.315 adolescentes noruegueses, com o Teste de Atitudes de Alimentação, verificou que os transtornos de alimentação (anorexia e bulimia) eram influenciados por fatores como a adoção de ídolos com corpo perfeito, insatisfação corporal, falta de apoio familiar, depressão e ansiedade. Koenig & Wasserman (1995) examinando 234 universitário (155 mulheres e 79 homens) examinando a relação entre a depressão e os problemas de alimentação, verificou que a depressão era alta entre os sujeitos que tinham imagem corporal negativa e que atribuiam uma importância alta à aparência física. Para esses, a não observância da dieta era o principal fator determinante de culpa e depressão.
Um estudo de Ross (1994) entrevistou por telefone 2.020 adultos, com idades entre 18 a 90 anos, para verificar a consequência negativa da obesidade sobre a saúde mental e se as consequências negativas são devidas à falta de exercício. Os resultados mostraram que a obesidade não causa depressão para os vários níveis sociais, a não ser para o grupo de alto nível de educação. O obeso tende a fazer mais dieta do que não obesos. Mulher de nível intelectual superior faz mais dieta do que sujeitos obesos de outros níveis intelectuais. O obeso tem mais preocupação pela saúde causado pela falta de exercício que outros sujeitos. A saúde pobre e a dieta estão associados com a depressão entre os obesos.
Podemos observar fatores culturais e sociais que afetam o desenvolvimento da imagem corporal do ser humano e suas consequências na busca de aptidão nas acadenias de ginástica.
A idade e o corpo
A idade é uma variável importante para a maneira como o ser humano percebe a si mesmo e é percebido embora a cultura contemporânea associe o velho com a perda da saúde e da atratividade, um significativo número de pessoas idosas estão mantendo a saúde e a aptidão física. Uma aptidão física pobre faz o sujeito se sentir mais velho e ser percebido como tal pelos outros. A proporção de velhos com forma física vigorosa aumentou. Embora não tenha sido provado que o exercício prolonga a vida, seus efeitos sobre o aparelho imunológico pode prevenir doenças e interferir na qualidade de vida do adulto velho (Butler, 1988). O mesmo autor refere a revolução da longevidade, que tem afetado o significado físico, psicológico e social da velhice.
Efeitos sócio-culturais do exercício sobre a imagem corporal
O fenômeno do fitness é uma produção das sociedades industrializadas, já que a maior parte das pessoas que participam em academias vem da classe média para cima. Há um incremento da focalização no corpo (sexualidade, atratividade, etc) e uma preocupação sobre ele (saúde). A mulher tem tido uma participação muito maior do que o homem nas academias, e no esporte o homem tem predominado. De outro lado, o corpo não é mais necessário para o processo de produção, desde a evolução do processo tecnológico e da racionalização do trabalho no mundo. Assim, a mudança mundial no que tange à busca da forma física pode ser um investimento importante para a melhora da imagem corporal do ser humano.
Um dos axiomas da terapia psicomotora é que a estima corporal influencia a auto-estima. Isso significa que sentir-se bem com o seu próprio corpo produzirá um efeito geral de bem-estar. Deste ponto de vista a estima corporal e a auto-estima estão relacionados. Se presume, entretanto, que a auto-estima poderia ser diferente em função de vários domínios: o físico, o escolar, e o social. Este modelo trata o domínio específico da auto-estima como competência (Marsch & Shavelson, 1985).
O maior avanço da teoria da auto-estima foi a aceitação da multidimensionalidade. Os sujeitos podem ter diferentes percepções deles em aspectos isolados de suas vidas. Essa idéia foi desenvolvida e depois confirmada por Harter (1988), levou ao desenvolvimento de perfís. Estes perfis comprendem várias sub-classes, cada uma com capacidade de avaliar a auto-percepção dentro de um domínio específico. Harter e colegas (Harter & Pike,1983; 1984; Harter, Pike, Efrom, Chao & Bierer, 1983) verificaram que a auto-estima consiste em diferentes domínios que são diferenciados de acordo com a evolução da idade. Um desses domínios é a competência física percebida.
Resultados de investigações anteriores (Bjorntorp, 1991), referem que fatores psicológicos e psicosociais podem influenciar a circunferência da cintura humana. Sob condições de estresse as respostas neuroendócrinas e endócrinas levam ao incremento da gordura visceral (Bjorntorp, 1991). O aumento da circunferência da cintura tem sido encontrado entre pessoas com altos níveis de depressão e de ansiedade (Wing et al., 1991; Lloyd, Wing & Orchard, 1996). Deste ponto de vista, a circunferência da cintura é um importante fator para o auto-conceito corporal (Sorensen et al., 1997). A circunferência da cintura pode ser uma importante motivação para a mudança de conduta na alimentação e a participação num programa de exercício físico.
Estes são alguns estudos que apresento neste espaço, atendendo a mais de uma centena de solicitações sobre o tema. O CORPO na verdade é uma fonte inesgotável para investigações. As referências expressadas aqui buscam, de modo geral, chamar a atenção para a necessidade tratarmos melhor o corpo para aperfeiçoar a nossa área emocional e conseqüentemente proporcionar uma melhor QUALIDADE para nossa VIDA.
Bibliografia
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Imagen
León Ferrari. MUJER. 1997. Palabras de "El amenazado", Borges 1972, escritas en Braile sobre "Les Cheveux" de Man Ray, c, 1929; "Me duele una mujer en todo el cuerpo". 23,5 x 17,5 cms. Arte BA '98.
Gal. Alvaro Castagnino. Balcarce 1016. Buenos Aires.
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