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Inserção do fisioterapeuta em uma 

equipe de primeiros socorros

Insert physiotherapist of a team in first aid

 

*Fisioterapeutas

**Educador Físico, Fisioterapeuta Especialista, Mestre em Fisioterapia UNITRI

Docente do curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Goiás

Coordenador do curso de Fisioterapia da Facultade Montes Belos

Diretor do Instituto de Pesquisa em Ciências da Saúde IPCS.

Daniella Pereira Da Silva*

Raphaela Campos Brito*

Renato Alves Sandoval**

rasterapia@ig.com.br

 

 

 

Resumo

          Os objetivos deste trabalho foram de identificar as possibilidades de atuação e a importância de se ter um fisioterapeuta na equipe de primeiros socorros. Estudo epidemiológico descritivo retrospectivo, com análise de 550 ocorrências de solicitação de socorro atendidas do dia primeiro ao dezessete de Março de 2008. Nos resultados verificou-se que a incidência de vítimas do sexo masculino foi de 68,50% e do feminino 31,50% , em 100% dos atendimentos foram utilizados os suportes básicos de vida, dentre as ocorrências analisadas a mais comum foi colisão entre carro e moto. Conclui-se então que os resultados confirmam a possibilidade de atuação do fisioterapeuta e a importância de sua integração a equipe.

          Unitermos: Primeiros socorros. Socorristas. Urgência. Emergência. Atendimento pré-hospitalar.

 

Abstract

          The objectives of this study was to identify the possibilities of action and the importance of having a physiotherapist in the team of first aid. Descriptive retrospective epidemiological study, with analysis of 550 cases of request for assistance attended the first day of seventeen March 2008. The results found that the incidence of male victims was 68,50% and 31,50% female, in 100% of the consultations were used basic support, among the events was considered the most common collision between car and motorcycle. It follows then results confirm the possibility of the physiotherapist and the importance of their integration to the team.

          Keywords: First aid. Assistance. Emergency. Pre hospital care.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 129 - Febrero de 2009

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Introdução

    “Em 1859, Jean Henry Dumant, suíço, com a função de administrador da Sociedade Anônima Moinhos de Mons-Dyemile, foi a Paris com propósito de conseguir de Napoleão III, autorização para instalar uma companhia, o moinho, na Argélia, que pertencia ao domínio francês. Dumant, atrás das linhas francesas, teve a oportunidade de observar, em Castiglione, a chegada dos feridos de guerra e constatou que a assistência dos serviços médicos, dada aos guerreiros tinha caído em colapso, em ambos os exércitos. O número de feridos, que chegavam à unidade aumentava cada vez mais, transformando-a em postos de atendimentos. Dumant observou que o tétano, a gangrena, as infecções e mutilações não tardaram a enegrece mais ainda o quadro dantesco da cidade. Reuniu as mulheres da comunidade e mais de 300 soldados, organizando um “Corpo de Assistência aos Feridos”. A assistência aos feridos, era aplicada indistintamente a amigos ou inimigos” (NOVAES & NOVAES, 1994).

    Ao regressar a Genebra preconizou a criação de organizações em todos os países, com o objetivo de socorrer os feridos sem distinção de nacionalidade. Com o apoio de quatro personagens importantes, um general, um jurista e dois médicos, criaram o Comitê Internacional dos Cinco. Através de seu empenho, conseguiu a adesão de vários países e em 1863, realizou-se a Conferência de Genebra, onde se criou um organismo: A Sociedade Internacional Humanitária em Defesa do Ferido de Guerra, posteriormente denominada Cruz Vermelha (NOVAES & NOVAES, 1994).

    Em 1870, ao findar a guerra franco-prussiana, Dumant ressurge vigoroso e entusiasta à frente, em socorro aos feridos de guerra clamando por humanidade. Por esta época incentivou a comunidade a que se ensinassem os primeiros socorros a serem aplicados não só no período de guerra mais aos períodos oriundos de calamidades, catástrofes e fome, surgindo desta forma os Primeiros Socorros (NOVAES & NOVAES, 1994).

    Denominam-se primeiros socorros o tratamento aplicado de imediato ao acidentado ou portador de mal súbito, ou seja, são cuidados imediatos prestados a uma pessoa, fora do ambiente hospitalar, cujo estado físico, psíquico e ou emocional coloquem em perigo sua vida, com o objetivo de manter suas funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, até que receba assistência medica especializada (NOVAES & NOVAES, 1994).

    Atividade de socorrista é regulamentada pelo Ministério da Saúde, segundo a portaria n° 824 de 24 de junho de 1999. O socorrista possui um treinamento mais amplo e detalhado que uma pessoa prestadora de socorro. Um bom socorrista deve ter espírito de liderança, bom senso, compreensão, tolerância e paciência; ser um líder, na concepção da palavra; saber planejar e executar suas ações; saber promover e improvisar com segurança; ter iniciativa e atitudes firmes e ter, acima de tudo o espírito de solidariedade humana, ou “Amor ao próximo” (NOVAES & NOVAES, 1994).

    Toda pessoa que estiver realizando o atendimento de primeiros socorros deve, antes de tudo, atentar para a sua própria segurança. O impulso de ajudar a outras pessoas não justifica a tomada de atitudes inconseqüentes, que acabem transformando-o em mais uma vítima. A seriedade e o respeito são premissas básicas para um bom atendimento de primeiros socorros. Para tanto, evite que a vítima seja exposta desnecessariamente e mantenha o devido sigilo sobre as informações pessoais que ela lhe revele durante o atendimento (SILVEIRA & MOULIN, 2003).

    O consentimento para o atendimento de primeiros socorros pode ser formal, quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda com o atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado como tal e ter informado à vítima de que possui treinamento em primeiros socorros, ou implícito, quando a vítima esteja inconsciente, confusa ou gravemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consentindo com o atendimento. Neste caso, a legislação infere que a vítima daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu desejo de receber o atendimento de primeiros socorros. O consentimento implícito pode ser adotado também no caso de acidentes envolvendo menores desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação infere que o consentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem presentes no local (SILVEIRA & MOULIN, 2003).

    O prestador de socorro deve ter em mente que a vítima possui o direito de recusa do atendimento. No caso de adultos, esse direito existe quando eles estiverem conscientes e com clareza de pensamento. Isto pode ocorrer por diversos motivos, tais como crenças religiosas ou falta de confiança no prestador de socorro que for realizar o atendimento. Nestes casos, a vítima não pode ser forçada a receber os primeiros socorros, devendo assim certificar-se de que o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a vítima, enquanto tenta ganhar a sua confiança através do diálogo (SILVEIRA & MOULIN, 2003).

    Caso a vítima esteja impedida de falar em decorrência do acidente, como um trauma na boca por exemplo, mas demonstre através de sinais que não aceita o atendimento, fazendo uma negativa com a cabeça ou empurrando a mão do prestador de socorro, deve-se proceder da seguinte maneira: não discutir com a vítima; não questione suas razões, principalmente se elas forem baseadas em crenças religiosas; não tocar na vítima, isto poderá ser considerado como violação dos seus direitos; converse com a vítima, informe a ela que você possui treinamento em primeiros socorros, que irá respeitar o direito dela de recusar o atendimento, mas que está pronto para auxiliá-la no que for necessário; arrolar testemunhas de que o atendimento foi recusado por parte da vítima. No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita pelo pai, pela mãe ou pelo responsável legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o prestador de socorro deverá, se possível, arrolar testemunhas que comprovem o fato (SILVEIRA & MOULIN, 2003).

    Deixar de prestar socorro significa não dar nenhuma assistência à vítima. A pessoa que chama por socorro especializado, por exemplo, já está prestando e providenciando socorro. Qualquer pessoa que deixe de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo, estará cometendo o crime de omissão de socorro, mesmo que não seja a causadora do evento, a omissão de socorro e a falta de atendimento de primeiros socorros eficiente são os principais motivos de mortes e danos irreversíveis nas vítimas de acidentes de trânsito (SILVEIRA & MOULIN, 2003).

    O serviço de atendimento pré-hospitalar envolve todas as ações que ocorrem antes da chegada do paciente ao ambiente hospitalar, e pode influir positivamente nas taxas de morbidade e mortalidade por trauma. A assistência qualificada na cena do acidente, o transporte e a chegada precoce ao hospital são fundamentais para que a vítima chegue ao hospital com vida. O atendimento pré-hospitalar é realizado através de duas modalidades: o suporte básico à vida, que se caracteriza por não realizar manobras invasivas e o suporte avançado à vida, que possibilita procedimentos invasivos de suporte ventilatório e circulatório (ANTUNES & DIAS, 2006).

    O atendimento pré-hospitalar consiste em três etapas: 

  1. atendimento na cena do acidente; 

  2. transporte rápido e com segurança até o hospital;

  3. chegada ao hospital. 

    Uma assistência adequada e qualificada é fundamental para que o paciente chegue ao hospital com vida. Estatísticas norte americanas revelam que metade dos acidentes e de números de óbitos registrados revela que 50% dos óbitos poderia ser evitado se tivesse um atendimento adequado. (SILVEIRA & MOULIN, 2006).

    O traumatizado, como já foi mencionado, deve ser considerado um paciente potencialmente grave, por isso, o atendimento inicial se faz prioritário, seguindo uma seqüência lógica centrada na estabilização dos sinais vitais da vítima. Portanto a primeira abordagem deve ser realizada em hospital especializado e equipada, para estabilização do paciente, sob o ponto de vista de materiais e acima de tudo, pessoal competente e qualificado para um atendimento adequado (SILVEIRA & MOULIN, 2006).

    Trauma é definido como uma entidade caracterizada por alterações estruturais ou desequilíbrio fisiológico do organismo induzido pela troca de energia entre os tecidos e o meio. Aproximadamente 60 milhões de pessoas sofrem algum tipo de traumatismo ao ano, contribuindo com uma em cada seis internações hospitalares. Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de saúde pública em todos os países, independente do desenvolvimento sócio- econômico, e corresponde à terceira causa de mortalidade no mundo, superado apenas pelas neoplasias e doenças cardiovasculares (ADAMI et al., 2006).

    O evento responsável pelo trauma possui relação direta com a vulnerabilidade da região corpórea acometida. Portanto, o conhecimento da etiologia do trauma torna-se indispensável para definir condutas e estabelecer tanto o prognóstico quanto ações de prevenção específicas que possam ser planejadas e aplicadas na prática (ADAMI et al., 2006).

    A avaliação do trauma de sua gravidade e as manobras para manutenção básica da vida, no local do evento, representam a oportunidade de sobrevida para as vítimas de trauma antes de sua chegada ao hospital. Nessa fase através da triagem é possivel a adequação de recursos humanos e materiais as reais necessidades da vitima, exercendo influência nas taxas de morbidade e mortalidade (WHITAKER et al., 1998).

    A fase do planejamento é fundamental para o sucesso do atendimento e deve existir, antes mesmo que o acidente aconteça. A equipe do trauma, no ambiente pré-hospitalar e hospitalar, deve estar preparado sob o ponto de vista de equipamentos e acima de tudo recursos humanos disponíveis. Na maioria das vezes não podemos prever quando irá acontecer uma catástrofe ou mesmo um grande acidente, envolvendo muitas vítimas, por isso o planejamento inclui conhecer os recursos disponíveis para se obter ajuda, principalmente no que diz respeito à equipe de saúde (SILVEIRA & MOULIN, 2006).

    A triagem é baseada na necessidade de restabelecimento dos sinais vitais da vítima e as condições do hospital que irá proceder tal tratamento. Portanto a primeira triagem se dá na cena do acidente e é de responsabilidade da equipe de atendimento pré-hospitalar e mais tarde no ambiente hospitalar (SILVEIRA & MOULIN, 2006).

    A avaliação inicial deve identificar lesões que comprometem a vida do paciente e, concomitantemente, estabelecer condutas para a estabilização dos sinais vitais e tratamento destas anormalidades. Este processo constitui-se na base do atendimento ao traumatizado sendo: 

  1. abordagem das vias aéreas, com imobilização de coluna cervical; 

  2. controle da respiração e ventilação; 

  3. circulação e controle de hemorragia; 

  4. avaliação neurológica; 

  5. exposição completa do paciente e medidas para evitar hipotermia (SILVEIRA & MOULIN, 2006).

    O fisioterapeuta pode atuar em primeiros socorros em várias situações como: afogamentos, choques elétricos, contusões, convulsões, desmaios, envenenamentos, ferimentos, hemorragias, introdução de corpos estranhos, mordedura de animais, parada cardíaca, parada respiratória, picada de insetos e mordedura de animais peçonhentos e queimaduras (BUONO NETO & BUONO, 2000; DELIBERATO, 2002).

    Dados da Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde (2004) apontam a alta taxa de mortalidade no Brasil: por agressões 48.374 mortes, por armas de fogo 37.113 mortes, por acidentes automobilísticos 35.674 mortes, por suicídios 8.017 mortes e por quedas 6.617 mortes. Esses dados mostram a importância de um trabalho preventivo e uma pronta assistência em casos de acidentes. O profissional fisioterapeuta deveria estar inserido neste contexto, o que não corresponde a atual realidade. Este estudo tem como pretensão mostrar esta nova atuação da fisioterapia podendo abrir um novo campo de trabalho.

    Este estudo teve por objetivos, analisar as possibilidades de atuação do fisioterapeuta no atendimento de urgência e emergência de uma equipe de socorristas do Corpo de Bombeiros de Goiânia e demonstrar a importância do fisioterapeuta em uma equipe de socorristas.

Métodos

    Foi realizado um estudo epidemiológico descritivo retrospectivo, junto ao Corpo de Bombeiros na cidade de Goiânia. O projeto foi encaminhado juntamente com um oficio ao responsável pelo Corpo de Bombeiros, solicitando acesso aos prontuários. Após a autorização, foram acessados os prontuários das vitimas, registrados pelos socorristas no período do dia primeiro ao dia dezessete de Março de 2008. Durante sete dias no período da manhã, as pesquisadoras estiveram no Batalhão do Corpo de Bombeiros GSE do Setor Aeroporto realizando a coleta dos dados. A coleta teve como base um roteiro, onde constaram informações como: sexo, idade, tipo de acidente, gravidade do trauma, nível de consciência e qual tipo de atendimento prestado.

Resultados

    Foram analisados 550 prontuários divididos por sexo. No total de casos analisados 68,50% das vitimas eram do sexo masculino, e 31,50% do sexo feminino. Conforme mostra a tabela 1, a media de idade entre os sexos foi aproximada, tendo o sexo masculino variado entre 1 e 75 anos, e o feminino entre 2 e 87 anos.

 

Tabela 1. Total de prontuários analisados e distribuição por idade

 

Masc

Fem

Total

Prontuários

372

171

543

Porcentagem

68,50%

31,50%

100%

Med Idade

30,79

30,42

 

DP Idade

12,77

15,6

 

Variação Idade

1 a 75 anos

2 a 87 anos

 

    Dos 550 prontuários analisados, 543 informavam a idade da vitima e 7 não constavam essa informação. Do total de vitimas atendidas 372 eram do sexo masculino e 171 do feminino.

Figura 1. Prontuários analisados e divididos por sexo

    A média de idade entre o sexo masculino corresponde a 30,79 ± 12,77 anos e no sexo feminino a 30,42 ± 15,6 anos; conforme mostrado no gráfico abaixo.

Figura 2. Média de idade entre as vitimas atendidas

    Para avaliar o nível de consciência foi utilizada a escala de Glasgow na qual a pontuação varia de 3 a 15 pontos. O nível de consciência entre as vitimas do sexo masculino e feminino foi em media de 14,51 a 14,85 pontos.

Figura 3. Média da Escala de Glasgow entre Homens e Mulheres

    Entre os atendimentos prestados em todos os casos foram utilizados os suportes básicos de vida que constam de ferramentas tais como: colar cervical, imobilização de MMSS e MMII, bandagem, prancha longa, prancha curta, entre outras. O suporte avançado de vida foi utilizado em apenas dezoito casos e utilizam além das ferramentas do suporte básico, oxigenioterapia, entubação, medicamentos.

Figura 4. Suporte de Vida utilizado no atendimento

    Conforme mostra a figura 5 de 380 ocorrências envolvendo o sexo masculino, foram 125 colisões entre carro e moto, 52 quedas de moto, 39 atropelamentos, 30 colisões entre duas motos, 25 quedas de alturas e agressões, 21 colisões entre dois carros, 13 maus clínicos, 12 colisões entre caminhão e moto, 10 quedas de bicicleta e 28 outros.

Figura 5. Principais ocorrências entre o sexo masculino

    De acordo com a figura 6 aconteceram 160 ocorrências envolvendo o sexo feminino, destas foram 37 colisões entre carro e moto, 25 quedas de alturas, 22 quedas de moto, 18 atropelamentos, 12 colisões entre dois carros, 12 colisões entre duas motos, 11 maus clínicos e 23 outros.

Figura 6. Principais ocorrências entre o sexo feminino

Discussão

    O trauma determina conseqüências sociais e econômicas importantes, pois as lesões podem ocasionar a morte ou incapacidade temporária ou permanente da vítima, comprometendo-lhe a qualidade de vida (WHITAKER et al., 1998).

    Dentre os prontuários analisados observou-se a predominância de adultos jovens e do sexo masculino entre as vítimas de acidente de trânsito confirmados também pelos estudos de Dalossi (1993) e de Ferreira & Furtado (2000).

    São registradas cerca de 1.400 ocorrências por mês junto ao corpo de bombeiros. Os tipos de ocorrências variaram desde acidentes de trânsito, a engasgo, convulsão, quedas, tentativa de suicídio, agressão, ferimento por arma branca (F.A.B), ferimento por arma de fogo (F.A.F) ,choque elétrico, acidente desportivo. Em relação as lesões encontradas há desde escoriações leves, passando por luxação, dispnéia, dormência, edema, hemorragia, corte contuso, queimaduras, traumatismos, síncope, parada cardiorrespiratória, fratura a TCE.

    O nível de consciência encontrado entre as vítimas foi relativamente alto, ajudando em um bom prognóstico e facilitando o atendimento prestado pelos socorristas. Quanto maior o nível de consciência da vítima, mais fácil será a comunicação com os socorristas facilitando assim a identificação da lesão e seu pronto atendimento.

    Em todos os atendimentos prestados são utilizados os suportes básicos de vida, e apenas nos casos mais graves são utilizados os suportes avançados de vida. O suporte básico de vida pode ser feito por qualquer profissional da área da saúde devidamente treinado para prestar atendimento pré-hospitalar demonstrando sua importância, já que em 100% dos casos são utilizados os suportes básicos de vida.

    As estatísticas referentes ao estudo demonstram que entre as ocorrências o que mais se destacam são os acidentes de trânsito e principalmente envolvendo motos.

    O perfil do atendimento, com ênfase no trabalho das equipes de suporte básico cumpre a finalidade do pré-hospitalar que é de fundamental importância na prevenção das lesões secundárias, devendo ser realizado no menor tempo e de forma que mantenha a estabilidade clínica da vítima ate a chegada ao hospital (ANTUNES & DIAS, 2006).

    Esse cenário encontra respaldo em estudos internacionais, os quais sugerem que o atendimento de suporte básico de vida, no ambiente pré-hospitalar diminui a mortalidade dos pacientes vítimas de trauma, quando comparado com o suporte avançado. Os autores ressaltam que em situações de trauma o tempo é essencial e, nesses estudos, verificou-se de quanto mais tempo é gasto na cena, realizando procedimentos avançados, mais tardiamente o paciente recebe o atendimento definitivo, tendo, conseqüentemente, os piores resultados (ANTUNES & DIAS, 2006).

    O profissional fisioterapeuta é especialista em biomecânica, sendo assim apto a prestar um adequado atendimento tendo em vista que sabe qual o melhor posicionamento para atendimento e remoção da vitima sem agravar sua lesão. Assim como a melhor forma do socorrista se posicionar para os manuseios da vitima sem gerar, futuras patologias tais como: bursites, síndrome do impacto, lombalgias, hérnia, tendinites.

    Durante a sua formação o fisioterapeuta adquire conhecimentos que o permitem atuar preventivamente nos atendimentos de urgência e emergência, são esses: treinamento especifico em reanimação cardiopulmonar, atadura, bandagem, mobilização, posicionamento, transferências, além de conhecimento das técnicas de primeiros socorros, viabilizando assim sua atuação junto à equipe de socorristas.

Conclusão

    Com o presente estudo confirmou-se a possibilidade de atuação do fisioterapeuta em uma equipe de primeiros socorros, visto que o mesmo possui conhecimentos específicos e possui as habilidades necessárias que o capacitam a prestar o devido atendimento às vitimas.

    A importância do fisioterapeuta em uma equipe de socorristas se dá aos conhecimentos que o capacitam não só a prestar um devido atendimento a vitima como também atuar preventivamente junto à equipe impedindo complicações futuras que possam interferir na saúde e qualidade de vida do socorrista.

Referências

  • ADAMI S. E. B. et al. Análise Comparativa entre os Mecanismos de Trauma: as lesões e o perfil de gravidade das vítimas em Catanduva SP. Rev. Col. Bras. Cir. v.33 n.1 Rio de Janeiro: jan./fev. 2006.

  • ANTUNES W. P. P.; DIAS M. A.S. L. Atendimento Pré-hospitalar: caracterização das ocorrências de acidente de trânsito. Acta paul. enferm. v.19 n.3 São Paulo: jul./set. 2006.

  • BUONO NETO, A.; BUONO, E. A. Mão Fraterna: importância do atendimento emergencial representa diferença entre a vida e a morte. Revista Proteção, julho, 2000.

  • DELIBERATO, P. C. P. Fisioterapia Preventiva: fundamentos e aplicações. São Paulo: Manole, 2002.

  • FERREIRA, S. D.; FURTADO C. P. S. Analise da morbidade hospitalar por acidentes de trânsito em hospitais públicos do Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Revista de Saúde Pública, agosto, 2000.

  • NOVAES, J. S.; NOVAES, G. S. Manual de Primeiros Socorros: para educação física. Rio de Janeiro: Sprint, 1994.

  • SILVEIRA, E. T.; MOULIN, A. F. V. Socorros de Urgência em Atividades Físicas. (apostila), Brasília: 2003.

  • SILVEIRA, E. T.; MOULIN, A. F. V. Socorros de Urgência em Atividades Físicas. (apostila), Brasília: 2006.

  • WHITAKER, Y. L. et al. Gravidade do trauma avaliada na fase pré-hospitalar. Rev. Assoc. Méd. Brás., São Paulo, v. 44, n. 2, Jun, 1998.

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