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Evidências da efetividade da promoção 

de atividade física na escola

 

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

(Brasil)

Simone Teresinha Meurer

simonemeurer@yahoo.com.br

Sandro Julio Amaro

profsandro@ig.com.br

 

 

 

Resumo

          Objetivou-se trazer evidencias da efetividade da promoção de atividade física no contexto escolar, utilizando-se de estudos realizados em diferentes países. Contatou-se que há programas de atividade física efetivos desenvolvidos em escolas e destaca-se a importância de realizar ações interdisciplinares e intersetoriais, especialmente em relação à alimentação saudável e o envolvimento da família e da comunidade, a fim de maximizar os resultados.

          Unitermos: Promoção de atividade física. Escola. Saúde.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 129 - Febrero de 2009

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Introdução

    O mundo vem passando por diferentes transformações, mostrando avanços em diferentes contextos, como na política, economia, nas ciências e tecnologias e, consequentemente, também nas condições de saúde e qualidade de vida dos homens.

    Entretanto, observam-se, ainda, grandes desigualdades nas condições de saúde e qualidade de vida, especialmente, com o crescimento de doenças crônico-degenerativas e a ocorrência de situações que anteriormente não eram consideradas problemas de saúde como, por exemplo, o uso e abuso de drogas, a violência, o estresse, entre outros.

    O paradigma da saúde como qualidade de vida exige uma ação abrangente, que extrapola o setor saúde como único responsável. Fazem-se necessárias ações interdisciplinares e intersetoriais, envolvendo os vários setores do poder público e, também, as organizações não governamentais, a iniciativa privada e a sociedade civil organizada, que devem trabalhar de forma integrada e planejada, possibilitando realizar diagnósticos e intervenções adequadas (Caderno Escolas Promotoras de Saúde).

    Nesse contexto, várias estratégias têm sido utilizadas, em nível mundial, para se implantar políticas de promoção da saúde. Um importante contexto que tem sido adotada para tal, é a escola, desenvolvendo ações para a promoção da saúde desde a mais tenra idade, sendo a atividade física, um dos componentes enfatizados.

    Objetiva-se apresentar algumas evidências na literatura nacional e internacional, que mostram a efetividade da promoção da Atividade Física no contexto escolar, destacando a importância destas intervenções serem objetivas, acessíveis financeiramente e de fácil aplicação para todos.

Desenvolvimento

Beijing, China - Programa Happy 10

    Duas escolas de Beijin (1 intervenção e outra controle) participaram do programa de intervenção denominado Happy 10, realizando atividades físicas antes do inicio da aula com duração de, pelo menos, 10 minutos, executado pelo menos uma vez por dia durante dois semestres. A média de gasto energético teve um aumento significativo de 15 para 18,2 Kcal/dia e, tempo de atividade física de 2,8 para 3,3 horas respectivamente. Observaram-se diferenças significativas na mudança de peso das meninas, bem como, diminuição da prevalência de sobrepeso e obesidade na escola de intervenção. O programa vem se mostrando efetivo na promoção de atividade física entre as crianças chinesas (LIU et al., 2008).

Inglaterra – Programa “Be Active Stay Healthy

    O estudo de Fairclough et al (2008) trata da avaliação piloto do programa “Be Active Stay Healthy” (BASH), desenvolvido para estudantes do 5º ano em escolas e consiste em cinco lições de Educação Física e conhecimento cognitivo sobre saúde e vida ativa preparadas em conjunto com os professores de Educação Física. O objetivo do BASH é aumentar a participação e os conhecimentos sobre Atividade Física. Participaram 55 estudantes de duas escolas que responderam questionário válido sobre conhecimento de Atividade Física e saúde pré e pós intervenção. Foi identificado que houve incremento no conhecimento desses assuntos, uma vez que a porcentagem de questões corretas aumentou de 60,8 para 83,8%, mostrando a efetividade do programa.

Casablanca, Chile - Contribuições com o Programa Healthy Goal 2010

    Kain et al (2008), investigaram a efetividade de uma intervenção realizada com o objetivo principal de reduzir índices de obesidade e sobrepeso entre os escolares. O programa teve duração de 11 meses e envolveu reeducação alimentar e incremento de 90 minutos semanais de atividades esportivas, atividades físicas em conjunta com as famílias e cursos de atualização com os professores de Educação Física. Participaram 1760 escolares de escolas públicas de Casablanca. O grupo controle foram 671 escolares de Quillota. Houve redução significativa do IMC e da prevalência de obesidade nos escolares participantes da intervenção, bem como, diminuição do tempo gasto para realizar o teste da milha, enquanto isso, o grupo controle, não registrou mudanças positivas.

West Flanders - Bélgica

    Haerens et al (2008) investigaram mudanças psicosociais determinantes de atividade física e mudanças na atividade física de 2840 estudantes com 11-15 anos após um programa de intervenção de 1 ano. A intervenção consistiu em um programa de alimentação saudável e atividade física, sendo que foram promovidas possibilidades de atividade física nos intervalos, no recreio e após a aula. As avaliações aconteceram antes e após a implantação do programa. Os principais resultados indicam que houve mudanças na auto-eficácia para a atividade física dos participantes bem como no tempo gasto com prática de atividades físicas, tanto no contexto escolar, no transporte a nas atividades de lazer realizadas pelos participantes, mostrando a efetividade de uma ação simples para a promoção da saúde.

Florianópolis – Brasil – Programa Saúde na Boa

    No Brasil, foi desenvolvido e avaliado o Programa Saúde na Boa (BARROS et al, 2008), sendo uma intervenção de base escolar que objetiva reduzir riscos de obesidade, reduzir a inatividade física e maus hábitos alimentares, entre adolescentes de duas cidades brasileiras: Florianópolis, SC e Recife, PE. A intervenção envolveu 2.155 adolescentes em 10 escolas estaduais (cinco em cada cidade), com outras 10 servindo como grupo controle. Foram realizadas avaliações no inicio e após 9 meses. As ações desenvolvidas pelo programa foram: instrução para uma dieta saudável e prática de atividade física através do site para uso de alunos e professores, pôsteres temáticos, boletins de notícias para a discussão na sala de aula; mudanças ambientais/de organização simples como, cremalheiras seguras da bicicleta, dia da fruta; distribuição de kit de educação física e eventos especiais em fins de semana, como trilhas. Também foi realizado treinamento de pessoal. Como principais resultados, destacaram-se: o grupo controle apresentava significativamente menos dias/semana em que acumulava 60 minutos de atividade física; a prevalência de inatividade física apresentou aumento nas escolas de controle e decréscimo nas escolas de intervenção, o que permitiu concluir a efetividade desse programa, bem como, pensar na possibilidade de ampliá-lo para outros locais.

Revisão sobre efetividade de Programas de atividade física em escolas

    Um estudo de revisão bibliográfica sistemática (SLUIJS et al, 2007) objetivou identificar a efetividade de programas de Atividade Física na escola publicados no ano de 2006. A busca foi realizada nas bases PubMed, SCOPUS, Psychlit, Ovid, Medline, Sportdiscus e Embase. Foram identificados 57 estudos e, a análise destes permitiu confirmar fortes evidências que intervenções de atividade física baseadas na escola, com envolvimento da família e da comunidade, são estratégias potenciais para incrementar o nível de atividade de adolescentes, colaborando com sua saúde.

Considerações finais

    Os estudos apresentados mostram a efetividade dos programas de atividade física promovidos no contexto escolar, indicando a importância de realizar ações interdisciplinares e intersetoriais, especialmente em relação à alimentação saudável e o envolvimento da família e da comunidade, a fim de maximizar os resultados.

    Destaca-se ainda, que as intervenções apresentadas no presente trabalho são possíveis de serem concretizadas na realidade em que vivemos, exigindo boa vontade e criatividade dos profissionais de Educação Física e da equipe administrativa da escola, pois ações simples e de baixo custo podem ser efetivas na saúde e qualidade de vida dos escolares.

Referências bibliográficas

  • BARROS, M.V.G et. al. Effectiveness of a school-based intervention on physical activity for high-school students in Brazil: the ‘Saude na Boa’ project. Journal of Physical Activity and Health. Artigo no prelo, 2008.

  • Cadernos de Escolas Promotoras de Saúde – I. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Saúde Escolar. Disponível em: www.sbp.com.br/img/cadernosbpfinal.pdf. Acessado em 07 de agosto de 2008.

  • FAIRCLOUGH, S.J; STRATTON, G.; BUTCHER, Z.H. Health-related exercise initiative Promoting health-enhancing physical activity in the primary school: a pilot evaluation of the BASH. Health Education Research. v.23, p.576-581, 2008.

  • HAERENS, L et. al. Explaining the effect of a 1-year intervention promoting physical activity in middle schools: a mediation analysis. Public Health Nutrition. v.11, n.5, p.501–512, 2007.

  • KAIN, J. et. al. Efectividad de una intervención en educación alimentaria y actividad física para prevenir obesidad en escolares de la ciudad de Casablanca, Chile (2003-2004). Revista Médica de Chile. n.136, p.22-30, 2008.

  • LIU, A. et. al. Evaluation of a classroom-based physical activity promoting programme. Obesity Reviews. v.9 (Suppl. 1), p. 130–134, 2008.

  • SLUIJS, E.M.F; MCMINN, A.M.; GRIFFIN, S.J. Effectiveness of interventions to promote physical activity in children and adolescents: systematic review of controlled Trials British Medical Journal : BMJ. v.335, p.703, 2007.

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