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Metodologia de ensino para o reconhecimento do vento e sua direção,

aplicado pela yacht escola de vela, a crianças de 7 a 11 anos

Methodology of education for the recognition of the wind and its direction, 

applied for the yacht school of sail, the children of 7 the 11 years

 

*Orientador

Universidade Veiga de Almeida

Armação dos Búzios. Rio de Janeiro

(Brasil)

Ricardo de Mattos Fernandes

Mauro Macedo*

ricardovela@oi.com.br

 

 

 

Resumo 
          O vento é um dos maiores aliados desde os primórdios da humanidade. O uso do barco a vela remonta uma história de mais de cinco mil anos, e sua evolução levou a originar o esporte a vela e suas embarcações. A maioria dos novos velejadores inicia-se neste esporte através de uma escola de vela que instrui alunos de diversas idades, entre estes novos desportistas estão crianças que, devido seu tenro desenvolvimento cognitivo, possuem dificuldade para o reconhecimento do elemento da natureza, vento sendo importante, então que as metodologias destas instituições se detenham de forma significante no ensino do vento e seu funcionamento, visto que este é o ponto principal para o aprendizado deste esporte. A prática da instrução desta modalidade esportiva e os conhecimentos pedagógicos da Educação Física são importantes para se adaptar um processo de ensino/aprendizagem que permita a assimilação dos diversos fatores importantes para o ensino do esporte a vela. Esta investigação promoveu uma série de avaliações sobre a aplicação da metodologia de ensino criada pela Yacht Escola de Vela no ano de 2007 e sua capacidade técnica de realizar a assimilação deste conhecimento nos seus alunos que estão compreendidos na faixa etária de sete a onze anos; outro ponto observado foi o processo educacional, sua progressão pedagógica e exercícios práticos comparando com o projeto “La Main à la Patê” da Academia das Ciências na França e a sua versão nacional “A Mão na Massa”; verificou-se ainda, se esta metodologia está de acordo com diversos autores e órgãos educacionais. Objetivou-se desta forma, dar solução ao problema central que é: a metodologia de ensino do reconhecimento do vento e sua direção, efetuada pela Yacht Escola de Vela, em crianças de sete a onze anos, tem base teórica e técnica que permita sua aplicação eficiente? 
          Unitermos: Esporte a Vela. Educação Física. Metodologia.

 

Abstract
          The wind is one of the greaters allies since the primórdios of the humanity. The use of the boat the candle more than retraces a history of five a thousand years, and its evolution led to originate the sport the candle and its boats. The majority of the new sailers is initiated in this sport through a candle school that instructs pupils of diverse ages, between these new sportsmen they are children who, had its tenro cognitivo development, possesss difficulty for the recognition of the element of the nature, wind being important, then that the methodologies of these institutions if withhold of significant form in the education of the wind and its functioning, since this is the main point for the learning of this sport. Practical of the instruction of the this esportiva modality and pedagogical knowledge of the Physical Education they are important to adapt an education process/learning that allows to the assimilation of the diverse important factors for the education of the sport the candle. This inquiry promoted a series of evaluations on the application of the methodology of education created for the Yacht School of Candle in the year of 2007 and its capacity technique to carry through the assimilation of this knowledge in its pupils who are understood in the etária seven band the eleven years; another observed point was the educational process, its pedagogical progression and practical exercises comparing with the project “There Main with there the Pate” of the Academy of Sciences in France and its national version “the Hand in the Mass”; it was still verified, if this methodology is in accordance with diverse authors and educational agencies. It was objectified in such a way, to give solution to the central problem that is: the methodology of education of the recognition of the wind and its direction, effected by the Yacht School of Candle, in seven children the eleven years, have theoretical base and technique that its efficient application allows? 
          Keywords: Sport the Sail. Physical Education. Methodology.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 128 - Enero de 2009

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Introdução

    O esporte Iatismo tem como característica principal o uso da força motriz do vento, que produz energia sobre a embarcação, o que resulta no seu deslocamento. O conhecimento do vento e sua capacidade de produzir força sobre a embarcação a vela é o ponto principal para o entendimento básico do aprendizado deste esporte. Fernandes (2006), no seu estudo sobre a aplicação da metodologia da Educação Física no Iatismo, descreve uma demonstração da ação do vento sobre a superfície da vela onde se utiliza uma folha de papel representando a vela do barco e ao assoprar a superfície superior deste papel, o mesmo se movimenta para mostrar que o vento não só empurra a vela, como a puxa também. Esta técnica desenvolvida neste curso de vela pode dar condições para que crianças de sete a onze anos possam identificar um elemento da natureza que é abstrato e invisível ao olho humano. Com isso, a presente pesquisa busca responder a seguinte questão principal: a metodologia de ensino para o reconhecimento do vento e sua direção, efetuados pela Yacht Escola de Vela tem base teórica e técnica que permita sua aplicação eficiente para crianças de sete a onze anos?

    Efetuou-se uma pesquisa qualitativa com estudo de caso, que conforme Linn (1986 apud Thomas e Nelson, 2002, p. 322), “os métodos de pesquisa qualitativos geralmente incluem observações de campo, estudos de caso, etnografia e relatos narrativos”. Com isso, esta investigação promoveu uma série de avaliações sobre a aplicação da metodologia de ensino criada pela Yacht Escola de Vela no ano de 2007 e sua capacidade técnica de realizar a assimilação deste conhecimento nos seus alunos que estão compreendidos na faixa etária de sete a onze anos; outro ponto observado foi o processo educacional, sua progressão pedagógica e exercícios práticos para comparar com o projeto “La Main à la Patê” da Academia das Ciências na França e a sua versão nacional “A Mão na Massa”; observou-se ainda, se esta metodologia está de acordo com diversos autores e órgãos educacionais.

    O presente estudo se justifica, quando ele pretende observar e avaliar uma metodologia de ensino e com isso, permitir ponderar sobre sua eficácia quanto ao processo ensino/aprendizagem. Esta pesquisa, desta forma, dará subsídios para que as metodologias aplicadas sejam re-analisadas o que permitirá a atualização do ensino deste desporto, além de levar estímulos mais adequados no tempo certo a alunos dos diversos cursos de vela, e assim beneficiar a milhares de crianças e futuros desportistas.

O vento e sua utilizaçâo

    O progresso e a curiosidade humana induziram o ser humano a buscar lugares ainda não conhecidos. Civilizações com mais de cinco mil anos de história utilizaram embarcações que se serviam da energia do vento para se deslocar.

    Segundo Fernandes (2006, p. 42):

    O milenar transporte a vela é desde os primórdios da história da humanidade um meio de lazer e de negócio, e este fato movimentou milhares de pessoas de diversas gerações ao longo dos tempos em função da atividade de navegação, com isso pode-se supor que boa parte dos seres humanos da atualidade teve em algum ponto de sua linha hereditária, um navegador.

    Tanto o ar como matéria, como sua forma dinâmica vento, são matérias didáticas que são trabalhadas no livro Enseigner Lês Sciences à L’Ecole, criado em 2002 pela Academie dês Lês Sciences de Institut de France e introduzido no Brasil pela Academia Brasileira de Ciências. Neste livro, que faz parte do projeto “La Main à La Patê”, ou sua versão brasileira “A Mão na Massa”, se encontra abordagens sobre o vento e o ar como matéria, com o objetivo de ensino para as quatro primeiras séries do Ensino Fundamental do Brasil e nos três primeiros ciclos do ensino francês, o que confirma a importância de desenvolver o conhecimento do elemento ar e sua forma dinâmica, vento, desde cedo na vida da criança. Como se pode observar na concepção deste projeto, onde:

    A idéia geral de La Main à La Patê, no Brasil – A Mão na Massa, como desdobramento da pedagogia ativa, já praticada por um bom número de professores nas séries iniciais do Ensino Fundamental, consiste em fazer com que a criança participe da descoberta dos objetos e fenômenos da natureza, contatando-os como objeto de observação e de experimentação em sua realidade, estimulando a imaginação e desenvolvendo o domínio da linguagem: a criança se apropria de conhecimentos consolidados (ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS, 2005).

O esporte a vela e o ensino do vento

    Hoje existem vários tipos de barcos e pranchas a vela que são largamente usados pelos mares, rios, lagos, lagoas e baias do planeta. Por outro lado estes equipamentos necessitam de instrução para seu uso adequado, fato que incentivou a formação das escolas de vela e seus métodos de ensino, com a devida instrução sobre o vento e suas funções neste esporte. Vários livros e materiais didáticos foram elaborados com o intuito de ensinar a prática do esporte a vela, porém apesar de muitos se aterem ao fator vento, acabam fazendo de forma técnica e para velejadores de competições, como no conhecido livro: Táticas de Regatas, escrito por Manfred Curry (1964, p.11), onde ele fala sobre “o conhecimento da técnica de vento”, em outro grande livro com o título “Velejando dos 8 aos 80”, do renomado escritor Geraldo Luiz Miranda de Barros (2005), é desenvolvido uma gama excelente de informações básicas sobre o vento, pois como ele mesmo diz: “tão logo você se torne um melhor marinheiro-veleiro quererá saber mais sobre como o vento trabalha porém neste estágio, apresentamos apenas uns poucos fatos que você precisa conhecer” (BARROS, 2005, p.53, grifo do autor). Neste maravilhoso trabalho o autor fala sobre alguns fatores do vento, porém o faz para um público amplo de leitores e com isso não alcança a didática adequada para se ensinar crianças de sete a onze anos. Na obra de enorme amplitude no meio náutico, “Navegar é Fácil”; este mesmo autor afirma no seu capítulo sobre o vento, que “embora o estudo do vento seja mais ligado a Meteorologia do que a Navegação, a compreensão de certos aspectos serão úteis aos navegantes em diversas ocasiões” (BARROS, 2006, p.370); novamente é efetuado um levantamento técnico e didático perfeito sobre o ensino desta força da natureza, porém sem indicar ou mencionar formas de atuar com esta matéria em crianças onde a própria percepção do vento é uma incógnita, como nas idades iniciantes deste esporte que coincidem com a tenra faixa etária, onde ainda esta sendo desenvolvido o cognitivo destes alunos.

    Outro método, que ainda é muito utilizado hoje para o ensino deste desporto, é o processo de ensino elaborado pelo desportista que não é professor de Educação Física, onde existem vários ensinamentos mecânicos e de repetição, o que não prima pela estimulação adequada de fatores importantes, como por exemplo: o vento. O barco a vela faz uso da força motriz do vento, responsável pela energia gerada que resulta no deslocamento da embarcação. Desenvolver o ensino/aprendizagem deste conhecimento é um fator crucial para qualquer metodologia que objetive o ensino do esporte Iatismo. De acordo com Libaneo (1994, p. 89):

    O ensino, assim, é uma combinação adequada entre a condução do processo de ensino pelo professor e a assimilação ativa como atividade autônoma e independente do aluno. Em outras palavras, o processo de ensino é uma atividade de mediação pela qual são providas as condições e os meios para os alunos se tornarem sujeitos ativos na assimilação de conhecimentos.

    Desta forma a educação em todos os aspectos, seja ela escolar ou desportiva, deve se acercar de um conjunto de ações que visem administrar os estímulos certos com o objetivo de proporcionar a assimilação dos conhecimentos, com isso, lembramos a celebre frase de Paulo Freire (1987, p. 68): “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.

    Foi observado que o aspecto invisível do vento para crianças com faixa etária menor que onze anos se torna um fator de dificuldade para seu entendimento e reconhecimento, este fato torna sua abordagem um desafio para os professores deste desporto. É, então, importante se analisar os fatores que envolvem a assimilação de conhecimentos; com isso recorremos a Piaget (1995) que se refere à abstração empírica quando aborda o ensino de relações lógico-aritméticas, onde ele a designa como a que se apóia em objetos físicos ou aspectos materiais da sua ação, como por exemplo, movimentos, empurrões entre outros, observa-se ainda que; esta abstração não poderia ser constituída de puras “leituras”, pois, para se abstrair a partir de um objeto, seja ele qual for, ou sua propriedade, se faz necessário usar logo de início instrumentos de assimilação advindos de esquemas sensório-motores ou conceituais, que não são fornecidos por este objeto e sim construídos pelo sujeito anteriormente; porém, por mais que a abstração empírica necessite destes esquemas, a título experimental ela não se refere aos esquemas e sim, busca alcançar a informação que vem do exterior, ou seja, objetiva um conteúdo onde os esquemas se restringem em focalizar formas que permitam assimilar o conteúdo.

    Por outro lado Skinner (1972, p.2) aborda o tema aquisição, onde ele diz que as “variáveis ambientais negligenciadas pelo crescimento ou desenvolvimento, acham lugar em uma segunda metáfora na qual o aluno adquire, do mundo que o cerca, conhecimento e habilidade” através da educação, onde o professor “desempenha o papel ativo de transmissor”. Em sua teoria de aprendizagem, Vygostsky, segundo Fontes e Freixo (2004, p. 15), diferencia aprendizagem de desenvolvimento, onde a aprendizagem, “é um processo social complexo, culturalmente organizado, especificamente humano, universal e necessário ao processo de desenvolvimento”, ou seja, o desenvolvimento antecede a aprendizagem. Este autor salienta a importância da interação entre aluno, seus colegas e o professor, pois, segundo Fontes e Freixo (2004, p. 15), para ele “a aprendizagem desperta um conjunto de processos internos que operam apenas quando os alunos estão em interação com os colegas ou com o professor”. Desta forma buscou-se nesta pesquisa observar a assimilação do elemento vento, pelos alunos do curso básico de vela, onde foi verificado que estes aprendizes tinham problemas na identificação da direção do vento; que como Barros (2006) descreve, de forma competente é a direção de onde o vento sopra e para onde ele vai é o seu rumo, com isso o simples fato destas crianças não conseguirem perceber esta direção, torna difícil a assimilação do ponto básico de uma velejada, que é a relação dos bordos (direção em que o barco esta andando) de um barco a vela com a direção do vento no momento de sua prática náutica.

    Pode-se dizer que a educação é um conceito amplo que faz referência ao método de desenvolvimento unilateral da personalidade, e que abrange a formação de qualidades humanas – físicas, intelectuais, morais, estéticas – tendo em vista o direcionamento da atividade humana na sua relação com o meio social, num cuidadoso contexto de relações sociais (LIBANEO, 1994). Com isso, é importante observar em qualquer método ou material didático, as formas em que serão abordados itens fundamentais para a formação cognitiva com o objetivo da assimilação da matéria proposta.

Metodologia

    O presente trabalho efetuou uma pesquisa qualitativa através de um estudo de caso, que de acordo com Andrés (1980 apud SERRANO, 1994, p. 79), “o método de estudo de caso é essencialmente ativo e, portanto, aplicável em inúmeros campos aonde se trate de combinar eficientemente a teoria e a prática”. Este tipo de pesquisa, segundo Thomas e Nelson (2002, p. 294):

    [...] não é confinado ao estudo de um indivíduo, mas pode ser utilizado em pesquisas que envolvem programas, instituições, organizações, estruturas políticas, comunidades e situações. O estudo de caso é utilizado em pesquisa qualitativa para lidar com problemas críticos de prática e estender a base de conhecimento dos vários aspectos de educação, educação física, ciência do exercício e ciência do esporte.

    Segundo Linn (1986 apud Thomas e Nelson, 2002, p. 322), “os métodos de pesquisa qualitativos geralmente incluem observações de campo, estudos de caso, etnografia e relatos narrativos”. Outro aspecto desta pesquisa é o fato do pesquisador não atuar sobre as variáveis manipulando-as e sim focar o seu interesse no processo com maior ênfase do que no produto (THOMAS e NELSON, 2002).

    Nesta metodologia o investigador observa o cenário e as pessoas através de um olhar holístico, e não reduz os cenários, pessoas ou grupos a variáveis e sim os consideram como um todo (SERRANO, 1994). A pesquisa foi desenvolvida através de observação e uma coleta de dados que permitisse verificar a aplicação da metodologia e progressão pedagógica das aulas sobre o ensino do vento da Yacht Escola de Vela em Armação dos Búzios, Rio de Janeiro – Brasil.

    De acordo com Thomas e Nelson (2002, p. 296) “as considerações básicas em pesquisa observacional incluem os comportamentos que serão observados, quem será observado, onde as observações serão conduzidas e quantas observações serão feitas”. Desta forma, este trabalho focou sua observação na atuação pedagógica da metodologia em questão e nos quinze alunos matriculados no curso básico de vela da escola pesquisada. O ponto metodológico observado foi o ensino do elemento da natureza, vento. O período de realização da observação foi de março a abril de 2007 durante as dezesseis horas/aulas específicas para o desenvolvimento do ensino do vento e os fatores de ligação com este desporto.

    Com o objetivo de se obter uma observação dirigida as metas da pesquisa; foram criados instrumentos e objetos de observação. Tendo como base o objetivo principal da metodologia observada, que é a aprendizagem do conhecimento do elemento da natureza, vento, pode-se formalizar exercícios e avaliações, práticos e teóricos que resultassem na tomada de dados necessária para dar solução a problematização central que é: a metodologia de ensino do reconhecimento do vento e sua direção, efetuada pela Yacht Escola de Vela, em crianças de sete a onze anos, tem base teórica e técnica que permita sua aplicação eficiente?

Apresentação e discussão dos resultados

    O curso de vela começou no dia três de março de 2007 com a presença de quinze alunos, divididos em duas turmas, onde foi administrado o conteúdo inicial do curso básico de vela, em igual teor para as duas turmas, que tem como principal objetivo o reconhecimento do vento, sua direção e sua função neste desporto. Para identificar o conhecimento anterior dos alunos sobre o vento, foi aplicado, um exercício prático e uma entrevista em grupo. A entrevista buscou coletar dados, com a aplicação de cinco perguntas abertas, sobre o entendimento dos alunos em relação ao que é o vento, como ele atua sobre a vela do barco e como, na opinião dos alunos, o barco se desloca em direções diversas com a atuação indicada por eles. No exercício prático os alunos foram levados até a praia onde o vento era sensível com velocidade entre 13 e 16 nós (24 e 29 Km/h), de acordo com a estação meteorológica Oregon 300 MHz, e então foi solicitado que as crianças apontassem para a direção de onde vem o vento. Os resultados da entrevista e do exercício prático apontaram que: as crianças ao ingressarem no curso de vela não tinham o conhecimento específico do vento e sua real ação sobre as embarcações a vela; foi observado no teste prático que a maioria das crianças não conseguiu se orientar em relação à direção do vento demonstrando a inabilidade de sentir o vento e perceber de onde ele esta vindo, como também não foram capazes de identificar meios que lhes determinassem a direção do vento.

    Após a primeira recolha de dados citada acima, inicio-se a aula e sua metodologia teórico/prática específica sobre o vento e suas direções e funcionamento sobre a vela, foi efetuada, então uma demonstração deste funcionamento com o uso de uma folha de papel, utilizada para substituir a vela do barco, o professor, então segurou as pontas do papel e ao esticá-la efetuou um sopro; primeiro na parte superior o que gerou um efeito visual da força, conhecida como força de sustentação; onde o papel foi forçado para cima, este ato foi seguido então, do esclarecimento de que o vento ao desviar nesta superfície gera uma “sucção” e desta forma a folha se move neste sentido. Ao assoprar por baixo a folha foi forçada a subir e desta forma, objetivou demonstrar que a força do vento ao se apoiar nesta superfície tem a ação de empurrar. Este exercício foi finalizado com explanação de que o vento “suga e empurra” a folha e o mesmo ocorre com a vela. Essa experiência foi acompanhada de sua aplicação prática onde todos os alunos efetuaram-na. Outro método usado foi à prática de percepção do vento, onde todos os alunos se dirigiram a praia e foram instruídos a sentir o que o vento fazia com os cabelos, a pele e a roupa, desta forma as crianças foram levadas a andar na direção contraria desta força da natureza, muitos ainda tiveram dificuldades e foram orientados particularmente para melhorar seu entendimento e então continuavam o exercício, outros simplesmente se guiavam pelos maiores; num segundo momento o professor reagrupou os alunos e solicitou que andassem contra o vento como fizeram antes e em seguida fossem caminhar na mesma direção do vento, onde alguns alunos ainda demonstraram que estavam seguindo os mais velhos e foram então instruídos particularmente.

    Logo após este momento e várias práticas diferentes o professor retornou todos os alunos ao ponto inicial e vendou os olhos deles solicitando os mesmos movimentos anteriores; desta vez todos tiveram que interagir com as suas sensibilidades, houve ainda uma confusão em vários alunos que ao andar na direção errada foram orientados a parar onde estavam e retirar a venda observando a direção que tinham tomado e para onde deveriam seguir. Esta prática foi efetuada em várias aulas.

    Com a finalização desta fase da metodologia o pesquisador interrompeu a seqüência das aulas e aplicou o exercício prático que objetivava avaliar o progresso do processo de ensino/aprendizagem do fator vento, quanto a sua direção e nomenclatura cardinal. Neste momento foi executado o mesmo exercício aplicado no inicio da pesquisa, sendo que desta vez, de forma individual. Os alunos foram levados, individualmente, até a praia onde o vento era sensível com velocidade entre 12 e 14 nós (22 e 26 Km/h) de acordo com a estação meteorológica Oregon 300 MHz, condição ideal, pois era bem similar à encontrada no exercício inicial. O resultado desta avaliação demonstrou que houve uma melhora significativa no reconhecimento deste elemento da natureza, pois, doze dos quinze alunos conseguiram mostrar a direção do vento e informar qual seu nome cardinal e os três que não conseguiram haviam informado a direção certa, porém erraram quanto à nomenclatura.

    Com o prosseguimento das aulas o professor ao iniciar efetuava a prática de ir à praia e solicitar a direção e sua nomenclatura cardinal. Após esta prática e os ensinamentos teóricos com auxilio de um quadro branco, os alunos passavam para a utilização do barco a vela e recebiam a instrução da relação que estes equipamentos tinham com a direção do vento. A parte prática foi efetuada dentro de uma progressão pedagógica onde se iniciou um aluno por vez, em uma embarcação com a atuação do professor ao seu lado e segurando um cabo ligado à proa (parte dianteira do barco); desta forma o professor pode dar as informações sobre o uso do equipamento e sua relação com a direção do vento e em seguida coloca-la em prática. Os ensinamentos quanto à manobra de retorno eram informados verbalmente e efetuada com ajuda do professor, para demonstrar os movimentos. Aos poucos o cabo era retirado e a prática controlada pelo professor com auxílio de um megafone e uma bóia demarcadora, que delimitava até onde o velejador deveria seguir e então proceder à manobra de retorno. Com o tempo foram se acrescentando mais velejadores e barcos ao mesmo tempo, o que forçou o professor a acompanhar em outra embarcação. Esta prática perdurou até o fim do período do segundo mês, onde era solicitado aos alunos que andassem em variações do bordo través (direção em que o barco veleja, onde o vento entra em um ângulo de 90 graus com o eixo proa – popa).

    Com o final da fase de ensino do vento o da prática de velejar em relação a sua direção, o pesquisador interrompeu a seqüência do curso para a terceira avaliação. Foram aplicadas duas avaliações, uma teórica e outra prática. A avaliação teórica ocorreu com uma entrevista individual com cinco perguntas abertas que objetivou analisar a consolidação dos conhecimentos sobre a atuação do vento sobre a vela e seu manuseio.

    O exercício prático de avaliação ocorreu em dois momentos. No primeiro momento foi perguntado a cada aluno, na praia em condições similares as anteriores, qual a direção do vento e seu nome em relação às direções cardinais. Num segundo momento cada aluno individualmente teve que velejar entre seis bóias, separadas com distâncias similares e com disposição que tornava obrigatório ao pequeno desportista a mudança de direção; hora mais próximo da direção do vento, hora mais afastado desta direção. Estas bóias seguiram um eixo imaginário que ficou disposto no través do vento, ou seja, com o vento perpendicular ao eixo principal. Estes desportistas foram acompanhados de perto pelo pesquisador munido de um barco. O resultado desta última fase de avaliação determinou que: quanto ao reconhecimento do vento e em relação às avaliações anteriores, os alunos tiveram uma assimilação significativa do processo de ensino/aprendizagem, pois todos realizaram acertadamente o exercício prático e responderam da mesma forma ao questionário da entrevista; quanto ao exercício prático de velejar, apenas quatro dos quinze alunos se mostraram confusos com os procedimentos necessários para efetuar a velejada sem erros.

Conclusão

    O processo pedagógico proposto pela escola de vela é compatível com a forma conhecida de ensino/aprendizagem, de acordo com autores reconhecidos sobre o assunto e com os órgãos nacionais de ensino, pois privilegia a progressão pedagógica e a aplicação de estímulos que auxiliam o aluno no entendimento do exposto; e ainda segue a linha do aprender fazendo proposta pelo livro Enseigner Lês Sciences à L’Ecole, da Academie dês Lês Sciences de Institut de France e introduzido no Brasil pela Academia Brasileira de Ciências. Neste livro é exposto o projeto “La Main à La Patê”, ou sua versão brasileira “A Mão na Massa”.

    Considera-se que esta forma metodológica deve ser trabalhada e aprimorada, sendo importante a aplicação de métodos de ensino/aprendizagem iguais ou similares ao proposto por esta escola de vela, quanto ao tratamento dado para o ensino do vento, principalmente para crianças da faixa etária proposta pela atual pesquisa.

    Considera-se ainda, que um estudo mais extenso deve ser efetuado e se possível com um grupo maior de alunos com faixa etária de sete a onze anos.

Referências

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  • THOMAS, Jerry R., NELSON, Jack K. Métodos de Pesquisa em Atividade Física. Porto Alegre: Artmed editora, 2002.

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