Lazer na terceira idade: atividades e possibilidades El ocio en la tercera edad: actividades y posibilidades Leisure in the third age: activities and possibilities |
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*Graduado em Educação Física UESB Especialista em Gerontologia pela UESB Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia **Graduada em Educação Física pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Mestre em História da Educação Física pela Universidade Gama Filho (UGF – RJ). Doutoranda em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Atualmente é professora da UESB |
Prof. Esp. Cirilo Rodrigues Coelho* Profª Drª Enny Vieira Moraes** |
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Resumo Este estudo investigou as possibilidades de atividades de lazer a realidades das ações de lazer implementadas para cidadão da terceira idade apresentando como base de análise documentos como a constituição brasileira de 1988 e a Política Nacional do Idoso de 1994. Diante da problemática optou-se em realizar um estudo descritivo com delineamento transversal e amostra do tipo intencional não probabilística. Para seleção da amostra foi tomou como base a posição ocupada por autoridades que trabalhavam com as temáticas “lazer e terceira idade” na cidade pesquisada. Foi constatado que limitações físicas e financeiras são barreiras para a participação dos idosos nas possibilidades de lazer disponibilizadas para a comunidade em geral e que poucas ações são realizadas especificamente para os cidadãos desta faixa etária considerando suas necessidades, condições físicas, financeiras e interesses. Outros estudos de base populacional mais ampla são indicados no sentido de se estender a análise e as bases de discussão desta que pode ser uma realidade nacional. Unitermos: Terceira idade. Idoso. Lazer.
Resumen Este estudio investiga las posibilidades de actividades de ocio en las realidades de acciones de ocio implementadas para personas de la tercera edad presentando como punto de partida para el análisis, documentos como la Constitución de 1988 y Política Nacional para las Personas Mayores de 1994. Frente a la problemática, se optó por realizar un estudio descriptivo transversal con una muestra de tipo intencional no probabilística. Para seleccionar la muestra se tomó como base la posición ocupada por las autoridades que han trabajado con el tema "la recreación y personas de la tercera edad” en cada ciudad estudiada. Se constató que las limitaciones físicos y financieros son obstáculos para la participación de las personas mayores en las actividades recreativas que están a disposición de la comunidad en general y que pocas acciones se llevan a cabo específicamente para la población de este grupo de edad teniendo en cuenta sus necesidades, condición física, financieras e intereses. Otros estudios poblacionales más amplios son indicados para ampliar el análisis y las bases para el debate de lo que puede ser una realidad nacional. Palabras clave: Personas de la tercera edad. Personas mayores. Ocio.
Abstract This study investigated the possibilities of leisure activities to the realities of leisure activities implemented to citizen of the elderly presenting as a basis for analyzing documents as the constitution of 1988 and the Brazilian National Policy of Older Persons 1994. Faced with the problem it was conducting a descriptive study design with cross-type sample and non-intentional probability. To select the sample was taken as a basis the position occupied by authorities who worked with the theme "recreation and senior citizens in the city searched. It was found that limitations are physical and financial barriers to the participation of the elderly in recreational opportunities available to the community at large and that few actions are undertaken specifically to the people of this age group considering their needs, physical and financial interests. Other population-based studies are listed in the broadest sense to extend the analysis and the basis for discussion of this can be a national reality. Keywords: Seniors. Elderly. Leisure. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 128 - Enero de 2009 |
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Introdução
A palavra lazer, do latim licere, ser permitido, pressupõe em seu entendimento que as atividades voltadas para este fim são de livre escolha de quem as realiza. Reflexões desta forma surgem em uma época greco-romana onde muitos trabalhavam e uma minoria abastada tinham um grande tempo livre ocupando-o consigo mesmo com atividades físicas, artísticas e intelectuais1.
Para MARCELLINO2 (1998) o lazer é entendido como a cultura compreendida em seu mais amplo sentido, vivenciado no tempo disponível e tendo como traço definidor o caráter desinteressado, não se buscando recompensa além da própria satisfação ocasionada pela vivência da própria atividade a que se optou estar realizando ou até mesmo pelo ócio. Sendo assim atividades de lazer podem ocasionar o desfrute do enorme conteúdo social do lazer que revela-se extremamente importante nesta época da vida, pelo grande sentimento de solidão e dificuldade de relacionamentos a que são submetidos os cidadãos desta idade podendo através deste ampliar os seus relacionamentos, melhorar a auto-estima, a afetividade e o bem-estar3.
Há algumas décadas o nosso país era tido como um país de jovens com uma alta taxa de mortalidade e também alta taxa de natalidade, contudo um fenômeno denominado transição demográfica ocasionado pela inversão destes fatores, ou seja, baixa mortalidade e baixa fecundidade, vem se acentuando transformando o que antes era um pais de jovens em um pais de idosos. Dados atuais demonstram que a população com mais de 60 anos é a que mais cresce proporcionalmente em nosso país e calcula-se que até 2025 15% da população total seja de idosos sendo esta, segundo a Organização Mundial de Saúde4, a sexta maior população de idosos do mundo com um número absoluto de 32 milhões de idosos em nossos país.
A realidade da transição demográfica se dá devido a grande massificação das informações e métodos de prevenção contraceptivos que reduzem a natalidade atrelada a avanços tecnológicos e melhores serviços de saúde5, que contribuem para o controle de doenças e epidemias aumentando a longevidade do cidadão. Sobre este ponto pode-se dizer que a expectativa de vida ao nascer subiu em ambos os sexos aumentando 0,8 anos entre 2000 e 2003 com um resultado atual entre 71,3 anos6, estando em 86ª posição no ranking da ONU sendo que segundo a previsão mais recente somente em meados do ano de 2040 o Brasil poderá alcançar 80 anos de expectativa de vida, realidade esta já presente na população do Japão. Este poderia ser melhor caso não fossem tão freqüentes as mortes em decorrência da violência urbana segundo análise da Organização das Nações Unidas7. Além disto serviços públicos essenciais (saúde, moradia, lazer, etc.) necessitam ser ampliados com foco nesta faixa etária a fim de que esta população emergente não fique a margem das prioridades do país, adiando ainda mais a expectativa de uma maior longevidade com qualidade de vida. Sendo assim inúmeros desafios são propostos afim de que sejam pensadas e elaboradas estratégias que torne esta realidade proveitosa onde o idoso possa ser respeitado e valorizado como cidadão. Neste trabalho reflexões sobre as ações de lazer desenvolvidas para o idoso apresentou-se como o principal foco de estudo, sendo observado fundamentalmente as propostas de lazer disponibilizadas atualmente para esta faixa etária na cidade de Jequié-Bahia tendo em vista o direito, as possibilidades e a necessidade de lazer na terceira idade.
Direito ao lazer na terceira idade
Apesar das diversas leis que defendem o direito ao lazer na terceira idade esta não é uma realidade vigente com um grande abismo entre o que é lei e o que é fato estando muito distante o direito ao lazer como lido na constituição de 19888 promulgada ainda no governo de José Sarney e na Política Nacional do Idoso de 19949.
Em Título II DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Cap. II Art. 6º Emenda Constitucional nº 26, de 2000,
" Art. 6 o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição."
(Constituição de 1988)
Assim como na Política Nacional do Idoso Lei Nº 8.842, de 4 de Janeiro de 1994, Cap. IV DAS AÇÕES GOVERNAMENTAIS na área de Cultura , Esporte e Lazer, Art. 10.
VII - na área de cultura, esporte e lazer:
garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos bens culturais;
propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos, em âmbito nacional;
incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades culturais;
valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do idoso aos mais jovens, como meio de garantir a continuidade e a identidade cultural;
incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulem sua participação na comunidade.
(Política Nacional do Idoso,1994)
Barreiras para o lazer na terceira idade
Preconceitos, fator econômico, tempo livre, acesso aos equipamentos de lazer entre outros fatores formam uma séria de barreiras para o lazer na terceira idade sendo hipocrisia imaginar atualmente que de forma geral o idoso com suas limitações sejam elas físicas, sociais ou econômicas tenha acesso pleno ao lazer que lhe é direito.
Atualmente, nas sociedades ocidentais marcadas pelo processo de produção capitalista, o idoso é mantido a margem durante o seu processo de envelhecimento e no campo do lazer não é diferente, porém as atividades de lazer podem contribuir para a sua ressocialização e desta forma desvincular a velhice a imagem estereotipada e preconceituosa de um período de decrepitude e invalidez. Contudo são necessárias reflexões sobre a realidade que engloba estes sujeitos e as propostas de lazer que estão sendo desenvolvidas para os idosos não permitindo que estas atividades sejam meramente entendidas como mais um mercado consumidor emergente, mas sim um direito de todo cidadão independente de suas condições físicas e financeiras.
O lazer voltado a terceira idade muitas vezes se camufla em atividades lúdicas onde vem somente a obedecer a lógica de mercado de produção e consumo de mercadorias e, ou, serviços excluindo os idosos menos abastados financeiramente que muitas vezes dependem de sua aposentadoria para garantir o seu sustento e de sua família. Dados do IBGE10 (2006) comprovam que a aposentadoria da maior parte dos idosos é destinada a custear remédios, alimentação e moradia deixando o lazer para um plano que nunca será atingido como opção. Ou seja, ainda hoje seria um muito pensar a aposentadoria como o início de um período onde o cidadão irá dispor dos bens e serviços usufruindo do lazer, do prazer, enfim, dos bens que a natureza e sociedade lhe oferecem (Magalhães, 1989, apud: Rodrigues, 2003)11. Com isto percebe-se que é preciso que sejam criadas propostas de lazer que inclua o cidadão idoso independente de qualquer situação social ou financeira, pois este é o dever do estado. Sendo que o estudo das atuais atividades e ações desenvolvidas voltadas para esta população serem os principais motivadores deste estudo que buscou evidenciar esta realidade.
Material e método
De acordo com a ampla problemática do estudo, optou-se por realizar uma pesquisa descritiva com delineamento transversal e amostra do tipo intencional12 não probabilística. Para seleção da amostra tomou-se como base a posição ocupada por autoridades que trabalhavam com as temáticas “lazer e terceira idade na cidade de Jequié-Bahia. Sendo assim foram entrevistados o secretário de lazer da cidade e a coordenadora de grupo de terceira idade.
Os dados foram coletados em entrevista marcada com o Secretário de esportes e Lazer na SMEL - Secretaria de Esportes e Lazer da cidade de Jequié e em entrevista marcada na sede da AAGRUTI – Associação de Amigos, Grupos de Convivência e Universidade Aberta a Terceira Idade com a coordenadores de grupo de terceira idade desta mesma cidade. A pesquisa ocorreu no mês de Maio de 2007 em dias previamente marcados e de acordo com a disponibilidade dos entrevistados, isto após a apresentação do que se pretendia executar.
Para a investigação sobre as políticas públicas de lazer para a terceira idade, foi utilizado um questionário respondido sobre a forma de entrevista semi-estruturada com questões a cerca da atual realidade e propostas das políticas públicas de lazer voltadas para a terceira idade neste município.
Esta pesquisa foi submetida à aprovação do Comitê de Ética em pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB e antes da entrevista foi assinado o termo de consentimento livre esclarecido de acordo com o Ministério da Saúde 196/96 para pesquisas com seres humanos, onde constavam as informações necessárias ao esclarecimento deste estudo.
Resultados e discussão
Este trabalho apresentou como resultado duas visões a respeito da atual situação do lazer na terceira idade nesta cidade. Sendo uma percepção da Secretaria de Esportes e Lazer de Jequié de Jequié e a outra da coordenação de grupo da Associação de Amigos, Grupos de Convivência e Universidade Aberta a Terceira Idade, órgão este que têm ampla ação reconhecida no estado da Bahia como de utilidade pública em suas ações em prol da terceira idade.
Como questão inicial foi abordada a definição a cerca do lazer que cada instituição trabalha sendo uma singularidade entre ambos a definição de lazer como um tempo livre onde o prazer seja uma constante na realização das atividades. Estando muito próximo do conceito de lazer do sociólogo francês Dumazadier, citado por Leite (1995) 13:
Conjunto de ocupações no qual o indivíduo pode entregar-se de bom grado, seja para repousar, seja para divertir-se, seja para desenvolver sua formação ou informação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora depois de ter-se liberado de suas obrigações profissionais, familiares ou sociais (p. 16).
O questionamento sobre a relevância dos conteúdos do lazer apresentou como dados a “reinserção social” (SMEL) e “um despertar para um novo tempo de valorização de si próprio” (AAGRUTI) como definições. Sendo ambas de fundamental importância e que por sua vez também coincidem em seus objetivos sendo momentos de valorização da sua idade seja ela qual for e transposição de um estado de limitações sociais, e físicas imposta pela cultura a que estão inseridos os cidadãos idosos para um estado de libertação e reencontro com a vitalidade.
A respeito do cumprimento das leis no que regem a Constituição e a Política Nacional do Idoso no que diz respeito as políticas de lazer para os idosos, a necessidade de uma “maior reinvidicação de classe” (SMEL) a fim de fazer valer os seus direitos não efetivados foi sugerido o que deixa uma incógnita sobre qual seria o real sentido desta reinvidicação,
A existência de “apenas projetos pontuais com ação voltada a terceira idade” (SMEL e AAGRUTI) e que “muitas vezes não consideram as características físicas, financeira e interesses dos idosos” é declarada por ambas as partes e estas corroboram na opinião de que ações desta natureza pouco têm a contribuir para a melhoria da qualidade de vida do idoso. A Secretaria de Esportes e Lazer relata propor atualmente o Projeto Segundo Tempo, o Projeto 4 Estações e o Dia do Desafio como ações atuais em prol do lazer na terceira idade. A AAGRUTI através de encontros semanais e festas em datas comemorativas limita a suas ações “devido ao baixo apoio institucional e das limitações financeiras da comunidade idosa que se auto financiam nestas iniciativas” (AAGRUTI). Contudo ambas declaram que projetos contínuos que considerem as características físicas, interesses e condições financeira dos idosos deverão ser apresentadas em breve com foco em ações continuadas como o Projeto Idoso Ativo da AAGRUTI com a proposição de atividades físicas e esportivas para a comunidade idosa e o Projeto Esporte e Lazer na Cidade da Secretaria de Esportes e Lazer que propõe a inserção do idoso em atividades físicas e esportivas que têm como objetivo a interação do idoso em atividades de lazer, bem-estar e saúde.
Conclusão
Através da análise do presente estudo fica evidente a escassez de alternativas de atividades de lazer para a comunidade idosa pois diversos espaços se encontram fechados à comunidade idosa por fatores físicos de acesso, financeiros, históricos ou sociais. É fato a existência na cidade de atividades que propõem o lazer, não são específicas e em grande parte se mostram pontuais e mono direcionadas para atividades que não exploram a diversidade dos conteúdos do lazer em suas manifestações.
Observou-se a necessidade da implementação de projetos pluralistas específicos para esta faixa etária que possam disponibilizar a comunidade experiências de lazer que se caracterizem pela sua possibilidade de escolha em sua diversidade14, que respeitem o direito a acessibilidade, participação, inclusão com equidade e ludicidade15 como princípios fundamentais que norteie quaisquer ação realizada em qualquer tempo capaz de revelar o prazer característico presente no desenvolvimento das atividades de lazer.
Outros estudos são sugeridos a fim de caracterizar a realidade das possibilidades de lazer atualmente disponíveis para a terceira idade no sentido de servir como instrumento importante de verificação, análise e reinvidicação do direito fundamental ao lazer que o idoso têm constitucionalmente garantido.
Referências bibliográficas
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Desenvolvimento do estudo
Cirilo Rodrigues Coelho participou do delineamento do estudo, da coleta dos dados, da elaboração da discussão dos resultados e da construção da redação final do artigo.
Enny Vieira Moraes Orientou o estudo, participou da construção da redação final do artigo.
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revista
digital · Año 13 · N° 128 | Buenos Aires,
Enero de 2009 |