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Capacidade e incapacidade funcional no envelhecimento

 

Licenciada em Educação Física pela

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Cursando atualmente Especialização em Saúde da Família

no Departamento de Saúde Pública, pertencente ao

Centro de Ciências da Saúde da UFSC

Andrea Ferreira Cardoso

deiaacardoso@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

Resumo

          O processo de envelhecimento tem início precoce no final da segunda década de vida, sendo que as primeiras alterações funcionais ficam evidentes ao final da terceira década de vida. A capacidade funcional é um componente da saúde muito útil no contexto do envelhecimento, para avaliação e manutenção das funções corporais. Portanto, conhecer o processo de envelhecimento da população é importante para promover novas e melhores abordagens preventivas e curativas.

          Unitermos: Envelhecimento. Capacidade funcional. Saúde.

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 128 - Enero de 2009

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Introdução

    Segundo Martins (2003), o envelhecimento tem início relativamente precoce no final da segunda década de vida, sendo por longo tempo pouco perceptível, até que surjam no final da terceira década as primeiras alterações funcionais e/ou estruturais. Como regra geral a partir dos trinta anos de idade ocorre perda de 1% das funções. O ritmo de declínio das funções orgânicas varia não só de órgão para órgão, como também entre idosos da mesma idade.

    A presença de múltiplas complicações associadas na mesma pessoa aumenta a probabilidade de incapacidade para uma ou mais atividades. Para Ramos (2003), a capacidade funcional é um componente no modelo de saúde dos idosos e particularmente útil no contexto do envelhecimento, porque envelhecer mantendo todas as funções não acarreta problemas para o indivíduo ou sociedade.

    Matsudo (2000) define capacidade funcional como o potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar em suas vidas de forma independente. As informações geradas pela avaliação da capacidade funcional possibilitam conhecer o perfil dos idosos utilizando-se ferramenta simples e útil, que pode auxiliar na definição de estratégias de promoção de saúde para os idosos, visando retardar ou prevenir as incapacidades.

    Yang e Jorge (2005) definem incapacidade funcional como a inabilidade ou a dificuldade de realizar tarefas que fazem parte do cotidiano do ser humano e que normalmente são indispensáveis para uma vida independente na comunidade. Assim como as doenças têm um código internacional (CID), existe um Sistema de Classificação Internacional de Comprometimento, Incapacidades e Desvantagens (ICIDH) da World Hearth Organization.

    As quedas, por exemplo, são eventos comuns entre as pessoas idosas, e podem causar fraturas e imobilizações prolongadas, gerando diminuição da qualidade de vida (Caderneta de Saúde do Idoso, 2007).

    Fabrício et al. (2004) analisou os resultados de estudos de causas e conseqüências de quedas em idosos residentes em Ribeirão Preto, São Paulo.

    Os resultados sugeriram haver relação entre número de quedas com a presença de osteoporose prevalente no sexo feminino, em função da maior perda de massa muscular e massa óssea, caracterizando estes fatores como potenciais responsáveis pela diminuição da capacidade funcional.

    Segundo Alves et al. (2007), o comprometimento da capacidade funcional do idoso tem implicações importantes para a família, a comunidade, para o sistema de saúde e para a vida do próprio idoso, uma vez que a incapacidade ocasiona maior vulnerabilidade e dependência na velhice, contribuindo para a diminuição do bem-estar e da qualidade de vida dos idosos.

    A atividade física regular é uma forma de manutenção da aptidão física em indivíduos idosos, para atenuar e reverter a perda de massa muscular, contribuindo para preservar a autonomia funcional e o envelhecimento saudável (FABRÍCIO et al., 2004).

Avaliação da capacidade funcional

    Segundo Alves et al., 2007, as atividades de vida diária (AVDs), as atividades instrumentais de vida diária (AIVDs) e mobilidade são utilizadas para avaliar a capacidade funcional do indivíduo.

    As AVDs, tarefas de auto-cuidado, como tomar banho, vestir-se, alimentar-se, baseiam-se na Escala de Índice de Katz, e refletem o grau de incapacidade. Assim, quanto maior o número de dificuldades que uma pessoa tem com as AVDs, mais severa é a sua incapacidade. Esta escala é composta por seis questões e sua classificação se dá com I, para independência, A para dependência parcial e D para dependência total ou importante (KATZ, et al., 1963).

    Segundo Lawton e Brody (1969), as AIVDs são escalas que indicam condições de vida independente na comunidade, como fazer compras, telefonar, utilizar o transporte, realizar tarefas domésticas, preparar uma refeição, cuidar do próprio dinheiro.

    A mobilidade constitui outro componente essencial da avaliação funcional. Refere-se à capacidade de sair da residência e pode ser mensurada por meio de um enfoque hierárquico, iniciando-se com tarefas simples como transferir-se da cama para a cadeira e progredindo para as tarefas mais complexas como caminhadas de curtas e longas distâncias, subir e descer escadas, atividades que exigem amplitude de movimento, resistência e força muscular. Essa tarefa possui um grau de complexidade intermediária entre as AVDs e as AIVDs (GURALNIK et al., 1996).

    Segundo Peres et al. (2005), pode-se operacionalizar a incapacidade por meio de uma escala de incapacidade funcional hierárquica que relaciona os indicadores de AVD, AIVD e mobilidade distinguindo quatro categorias: independente, dependente somente nas AIVDs, dependente nas AIVDs e mobilidade, dependente nas AIVDs, mobilidade e AVDs.

    O desempenho nas atividades básicas da vida diária é parâmetro amplamente aceito e reconhecido, pois permite uma visão mais precisa quanto à gravidade das doenças e suas seqüelas. Existe usualmente nas demências uma hierarquia de comprometimento funcional, em que as atividades instrumentais são acometidas mais precocemente que as atividades básicas, razão pela qual, quando do diagnóstico inicial, deve ser dada preferência à avaliação das atividades instrumentais (CARAMELLI; BARBOSA, 2002).

Considerações finais

    Entender os dados sobre o estado de saúde e o grau de autonomia das pessoas idosas, bem como a sua diferenciação por regiões, auxilia para a execução de intervenções necessárias.

    É de fato desejável, conhecer e compreender melhor a realidade da saúde e envelhecimento da população de forma a promover novas e melhores abordagens preventivas, curativas e de continuidade de cuidados.

Referências bibliográficas

  • ALVES, L. C. et al. A influência das doenças crônicas na capacidade funcional dos idosos do município de São Paulo, Brasil. Caderno de Saúde Pública, v. 23, n. 8, Rio de Janeiro, ago. 2007.

  • Caderneta de Saúde do Idoso. PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS, Secretaria Municipal de Saúde.Florianópolis, 2007

  • CARAMELLI, P.; BARBOSA, M. T. Como diagnosticar as quatro causas mais freqüentes de demência? Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 24, São Paulo, 2002.

  • FABRÍCIO, S. C. C. et.al. Causas e conseqüências de quedas de idosos atendidos em hospital público. Revista de Saúde Pública, v. 38, 2004. p. :93-99.

  • GURALNIK, J. M.; FRIED, L. P.; SALIVE, M. E. Disability as a public health outcome in the aging population. Annu Rev Public Health, v. 17, 1996. p. 25-46.

  • KATZ, S. et al. Studies of illness in the aged. The index of ADL: a standardized measure of biological and psychosocial function. JAMA , v. 185, 1963. p. 914-919.

  • LAWTON, M. P.; BRODY, E. M. Assessment of older people: self-maintaining and instrumental activities of daily living. Gerontologist, v. 9, 1969. p. 179-186.

  • MATSUDO, S. M. Avaliação do idoso: física e funcional. Londrina: Midiograf; 2000.

  • MARTINS, R. M. L. Envelhecimento e saúde: um problema social emergente. Revista do ISPV, n. 27, abr. 2003

  • PERES, K. et al. The disablement process: factors associated with progression of disability and recovery in French elderly people. Disabil Rehabil, v. 27, 2005. p. 263-276.

  • RAMOS, L. R. Fatores determinantes do envelhecimento saudável em idosos residentes em centro urbano: Projeto Epidoso. Cad. Saúde Pública, São Paulo, v. 19, 2003. p. 793-797.

  • YANG, Y.; GEORGE, L. K. Functional disability: disability transitions and depressive symptoms in late life. J Aging Health, v. 17, 2005. p. 263-292.

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