Influência da prática de atividade física para adolescentes com obesidade |
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Prof. de Anatomia Humana e Fundamentos de Cinesiologia e Biomecância Departamento de Ciências Básicas da Saúde Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM Diamantina, MG |
Edson da Silva (Brasil) |
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Resumo A prática de atividade física é altamente relevante na promoção do bem estar físico e emocional, além de favorecer a redução da obesidade. Os benefícios da prática de atividade física e riscos do sedentarismo associados à saúde e ao bem-estar de sujeitos adultos são amplamente documentados na literatura. No entanto, pouco se conhece com relação aos hábitos de prática de atividade física de adolescentes, sobretudo de obesos. Praticar regularmente exercícios pode estimular o crescimento, reduzir a gordura corporal, aumentar a massa muscular, a força e a resistência muscular, aumentar a densidade óssea, melhorar os perfis de lipídios séricos, além de promover diversas adaptações no organismo e favorecer a qualidade do sono, influenciar estados de ansiedade e depressão. O exercício aumenta a auto-estima, ajuda no autoconhecimento corporal e melhora a capacidade funcional, reduz a obesidade e melhora a qualidade de vida dos adolescentes. Esse estudo é uma revisão da prática de exercícios físicos e sua influência no sobrepeso e na obesidade de adolescentes. Unitermos: Obesidade adolescente. Sobrepeso. Atividade física. Exercício físico. |
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http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - Nº 128 - Enero de 2009 |
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Introdução
A obesidade é atualmente um problema de saúde pública que provoca sérias conseqüências sociais, físicas e psicológicas. A etiologia da obesidade não é de fácil identificação, uma vez que é caracterizada como doença multifatorial de complexa interação entre fatores comportamentais, culturais, genéticos, fisiológicos e psicológicos (Mota & Zanesco 2007). O excesso de peso corporal associado a um estilo de vida inativo representa uma das maiores ameaças à saúde dos indivíduos no mundo atual. Um dos grandes motivos para a instalação desta epidemia é a falta de atividade física (Matsudo & Matsudo 2006) desde a infância ou adolescência (Norman et al., 2005; Sweeting 2008). No entanto, sabe-se que a prática regular de atividade física durante a adolescência está associada com diversos benefícios físicos, biológicos e sociais (Matsudo & Matsudo 2006; Okley 2008), incluindo melhora no sistema musculoesquelético, controle do peso (Okley 2008), melhora na qualidade de vida, diminuição de ansiedade e depressão (Stella et al., 2005), redução da gordura corporal, prevenção no reganho de peso corporal e manutenção da massa magra, melhora no perfil lipídico e diminuição de risco de doenças associadas à obesidade como diabetes, hipertensão, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares (Parente et al., 2006; Santos et al., 2007) e como conseqüência menor risco de morte (Matsudo & Matsudo 2006). Estes fatores sustentam a importância da inclusão da atividade física como estratégia fundamental da prevenção e tratamento dos casos de excesso de peso e obesidade em qualquer etapa da vida.
Atualmente o interesse sobre os efeitos do ganho de peso excessivo na infância e na adolescência tem aumentado consideravelmente, devido ao fato que o desenvolvimento da celularidade adiposa neste período ser determinante nos padrões de composição corporal de um indivíduo adulto (Soares & Petroski, 2003).
Benefícios da prática de atividade física e riscos do sedentarismo associados à saúde e ao bem-estar são amplamente documentados na literatura. No entanto, maior número de estudos procura envolver sujeitos adultos. Pouco se conhece com relação aos hábitos de prática de atividade física de adolescentes (Guedes & Grondin, 2002), sobretudo de obesos.
Sendo assim, o objetivo desta revisão é analisar a influência que a atividade física pode promover no controle do peso corporal e na saúde geral de adolescentes obesos. Espera-se que este levantamento possa contribuir para a elaboração de programas de atividades físicas mais eficazes na prevenção e tratamento da obesidade do adolescente.
Metodologia
Para este estudo de revisão da literatura foi consultada literatura especializada compreendendo principalmente o período de 1988 a 2008. Os termos-chave obesidade infantil, obesidade adolescente, sobrepeso, exercício físico, atividade física foram utilizados para busca em bases de dados tais como LILACS, Bireme, Scielo e PubMed. Após a leitura crítica das referências, pretendeu-se redigir o texto de forma a dispor de maneira clara, objetiva e sintética o que foi interpretado, proporcionando ao leitor uma visão fiel das idéias e conclusões originais dos autores, bem como nossas próprias considerações.
A evolução da obesidade de crianças e adolescência
A obesidade na adolescência vem aumentando e já atinge 10,6% das meninas e 4,8% dos meninos. A probabilidade de adolescentes obesos com 18 anos de idade apresentar obesidade com na vida adulta é 0,7% maior do que os adolescentes com IMC normal (Terres, 2006).
A análise dos dados de crianças e adolescentes de 2 a 17 anos, da pesquisa sobre Padrão de Vida coletados no Brasil em 1997 pelo IBGE, demonstrou que a prevalência de obesidade foi de 10,1%, sendo maior no Sudeste (11,9%) do que no Nordeste (8,2%) (Sichieri et al., 2003). Dados do IBGE em 2003 apontam um aumento da prevalência de sobrepeso em adolescentes de 8,5% (10,4% no Sudeste e 6,6% no Nordeste) e a prevalência de obesidade em adolescentes de 3,0% (1,7% no Nordeste 4,2% no Sudeste). A prevalência de excesso de peso foi maior nas famílias de maior renda, exceto em Porto Alegre, onde meninas de escolas públicas tinham maior índice de massa corporal (IMC) que as de escolas privadas.
Segundo Pollock (1986), existem fortes evidências de que em 80 a 86% dos adultos obesos sua origem vem da infância e da adolescência. Neste contexto, muito dos hábitos adquiridos na juventude, podem ser transferidos para a fase adulta (Guedes & Grondin, 2002). Muito embora, filhos de pais obesos apresentam um maior risco de se tornarem adultos obesos quando comparados às crianças cujos pais apresentam peso normal. As preferências alimentares das crianças, bem como, as atividades físicas praticadas são influenciadas diretamente pelos hábitos dos pais, mostrando a idéia de que os fatores ambientais são determinantes no ganho excessivo de peso e obesidade (Oliveira et al., 2003). Fatores como o peso corporal, a circunferência da cintura, as atividades enzimáticas no metabolismo energético sofrem grandes influências do meio ambiente, porque podem ser modificadas tanto pelas dietas, como pelos diferentes tipos e volume de atividade física, assim, a herança genética acaba tendo uma influência bem menor nessas variáveis (Skinner et al., 2001).
Os efeitos da atividade física para crianças e adolescentes obesos
A prática regular de exercícios físicos é um importante fator de saúde (Ortega et al., 2007), tornando-se um bom controle e prevenção da obesidade (Edwards, 2008). Estudos mensurando o nível de atividade física em crianças e adolescentes obesos revelaram que existe uma preferência por atividades sedentárias no grupo obeso (Reybroucks et al. 1987; Zanconato et al., 1989; Baruki et al., 2006).
O sedentarismo, portanto, é atualmente um dos grandes problemas da modernidade e também atinge diretamente o adolescente. Diante desta problemática, vale ressaltar a importância das atividades físicas estruturadas para o desenvolvimento da criança e do adolescente. O exercício físico aliado a uma alimentação saudável tem sido indicado como um mecanismo para a redução da gordura corporal e do sobrepeso (Fernandez et al., 2004). A recomendação da Organização Mundial de Saúde para a prática saudável de atividade física é que adultos e crianças acumulem 30 minutos diários de atividade contínua ou acumulada, de intensidade leve a moderada, gerando um déficit de 500 a 1000 Kcal diários chegando à perda de 1 kg de gordura por semana (OMS, 2003).
Níveis de prática de atividade física habitual em segmentos da população jovem têm-se tornado importante tema de interesse e preocupação constante entre especialistas da área, em razão de sua estreita associação com aspectos relacionados à saúde (Guedes et al., 2001). O estilo de vida dos adultos vem se modificando já há várias décadas com a migração dos trabalhadores do campo para a cidade, onde a maioria ocupa postos que exigem pouca atividade muscular. Nas últimas duas décadas mudou também o estilo de vida das crianças e, para alguns autores, a influência ambiental supera o fator genético como causa principal da obesidade (Oliveira et al., 2003). Diante disto, o comportamento alimentar e a prática de atividades físicas podem ser fortemente influenciados pelos pais na infância e persistirem durante a adolescência e vida adulta.
Sabe-se que a atividade física total do indivíduo diminui com o processo de maturação, que ocorre durante a infância, e diminui ainda mais nas mulheres do que nos homens, isto é, a criança tem uma quantidade de atividade física espontânea maior que os adolescentes e estes têm uma maior quantidade de atividade física espontânea que os adultos (Sallis 1993), levando-se em consideração que a atividade física é qualquer movimento que seja resultado de contração muscular voluntária que leve um gasto energético acima do repouso. Por exemplo, andar, dançar, correr, pedalar, subir escadas ou jardinar. O exercício físico é um tipo de atividade física mais organizada, que inclui duração, intensidade, freqüência e ritmo. Por exemplo, andar, correr, nadar ou pedalar a uma determinada velocidade (Matsudo & Matsudo 2006).
O exercício físico moderado pode estimular o crescimento, muito provavelmente por induzir aumentos significativos no hormônio do crescimento na circulação, tanto de crianças, como de adolescentes e adultos (Cooper, 1999; Godfrey et al., 2003), enquanto que o treinamento intenso parece ser capaz de atenuar o mesmo, no entanto esse efeito possui uma relação muito maior com a intensidade e o volume de treino, não se relacionando assim com o tipo de modalidade escolhida (Georgopoulos et al., 1999).
O exercício físico é um fator que contribui para a redução da gordura, aumento da massa muscular e da densidade óssea (Rowland, 1996). Além disso, ele é capaz de promover diversas adaptações no organismo do adolescente. Segundo Mello e Tufik (2004), sabe-se que adolescentes fisicamente ativos e em boa forma física possuem benefícios quanto à eficiência e quanto à qualidade do sono, enquanto adolescentes inativos queixam-se de sono ruim, de baixa eficiência e consequentemente sentem-se mais estressados. O exercício físico provoca o aquecimento corporal e facilita o início do sono. Em indivíduos sedentários a prática de exercícios físicos no início da noite pode acarretar insônia. O estudo de Mello e Tufik (2004), apresenta os efeitos do exercício sobre os transtornos do humor. Segundo os autores, algumas pesquisas têm mostrado a influência que o exercício exerce sobre estados de ansiedade e depressão. O exercício aumenta a auto-estima, ajuda no autoconhecimento corporal e no cuidado com a aparência física, melhora a capacidade funcional, reduz a obesidade e melhora a qualidade de vida dos adolescentes. Os resultados do estudo de Stella et al. (2005), corroboram com os estudos citados acima, mostrando que um programa de três sessões semanais, com 40 minutos de exercícios aeróbios, realizados em bicicleta ergométrica, por um período de doze semanas foi capaz de diminuir os escores de depressão em adolescentes obesos do sexo feminino.
Os exercícios predominantemente aeróbios como corridas, caminhadas, natação, ciclismo, entre outros, são os mais indicados para a promoção e manutenção da saúde. Os exercícios aeróbios, acima citados, caracterizam-se pela utilização de lipídios como fonte de produção de energia durante o exercício, mas também utilizam os carboidratos. A intensidade do exercício determina o substrato a ser utilizado, gorduras ou carboidratos. Quanto menor for a intensidade do exercício, maior a porcentagem de utilização de gordura, e quanto maior a intensidade, maior a utilização de carboidratos (Campos 2001). A prática regular de atividade física atua na mobilização dos lipídeos e aumenta o HDL-colesterol, diminui triglicérides (TG) e LDL-colestrerol, e aumenta à sensibilidade a insulina. Tem-se demonstrado os efeitos favoráveis de treinamento aeróbio sobre a atividade da lípase lipoprotéica (LPL) que explicaria o melhor “turnover” da lipoproteína rica em TG (Berman et al., 1999). Entretanto, a quase toda totalidade desses efeitos positivos se revertem caso a pessoa suspenda a prática de atividade física. Um estudo recente demonstrou que o destreinamento leva a diminuição do HDL-colesterol, aumento da massa de gordura, do IMC, da leptina, do LDL-colesterol, da relação LDL/HDL-colesterol, da apoliproteína B e dos TG (Petibois et al., 2004).
Mediante o exercício de atividades aeróbias, o sistema nervoso central também é estimulado, liberando maiores quantidades de endorfina que quando mergulhadas na corrente sangüínea agem na musculatura provocando a sensação de relaxamento e bem-estar. A importância dada predominantemente às atividades aeróbias, segundo Cooper (1972), está fundamentada nos seguintes benefícios: aumento da eficiência dos pulmões e coração; aumento das cavidades do coração, aumento do volume total de sangue e volume máximo de oxigênio promovendo um aumento da absorção, captação e transporte de oxigênio; aumento do número e tamanho dos vasos sangüíneos; melhora da tonicidade muscular e dos vasos sangüíneos além de promover um aumento da capacidade oxidativa dos carboidratos e ácidos graxos livres.
Segundo Pollock (1986), dentre os exercícios anaeróbios, destaca-se o trabalho de força, proporcionado pela musculação e ginástica localizada, traduzindo-se nos seguintes benefícios: aumento de massa muscular ou hipertrofia, o que pode ajudar a manter o gasto energético em repouso e evitar a obesidade; aumento da força e resistência muscular; aumento da secreção de hormônios anabólicos; diminuição da porcentagem de gordura corporal; aumento da densidade mineral óssea; melhora do metabolismo da glicose e da sensibilidade da insulina o que evitar diabetes, uma doença freqüente em indivíduos obesos; melhora os perfis de lipídios séricos, como aumento do colesterol HDL e redução do colesterol LDL, evitando aterosclerose e cardiopatia coronariana; aumento do metabolismo celular nas horas seguintes ao exercício; aumento do gasto calórico, favorecendo o equilíbrio calórico negativo e melhora a auto-estima.
Estudos mostram que os exercícios anaeróbios demonstram ser mais eficientes no controle de peso corporal, pois além de contribuir para perda de gordura corporal favorece a manutenção e até mesmo o aumento da massa corporal magra (Sousa & Virtuoso Jr., 2005). No entanto, as pessoas com sobrepeso, ao se submeterem aos exercícios mais intensos, como corridas, podem sobrecarregar suas articulações, caso estas não estejam preparadas a suportar exercícios mais intensos e cíclicos, podendo gerar entre outras doenças articulares a osteoartrite nas mais diversas articulações, o que poderia causar dor, limitar a amplitude dos movimentos e reduzir o número de opções viáveis de exercícios (Poston et al., 2003).
Programas de atividade física para crianças e adolescentes obesos
O estudo acerca de qual exercício físico é o mais eficaz na redução de peso são muito contraditórios (Guilherme & Souza Jr. 2006). Portanto, é imprescindível ter-se conhecimento sobre as alterações e adaptações que o organismo da criança e do adolescente sofre durante o período de crescimento, bem como, de que maneira estas alterações influenciam na capacidade física e na resposta ao exercício (Oliveira 2006).
Sabe-se que o treinamento físico isolado, sem controle alimentar, causa modesta perda de peso. Porém, em associação com dietas, facilita a adesão ao controle alimentar e garante maior sucesso na manutenção da massa magra e redução da massa adiposa. O treinamento aeróbio regular intensifica a perda de gordura, mas não impede a perda de massa magra, enquanto o treinamento resistido parece minimizar essa perda. A combinação do trabalho aeróbio ao treinamento de força parece garantir uma cominação de perda de gordura e manutenção de massa magra (Francischi et al., 2001).
Pesquisadores defendem os exercícios com maior predominância aeróbia (ACSM 2000a), enquanto outros defendem os exercícios com maior predominância anaeróbia (Fleck e Kramer, 2006; ACSM 2002; Winett e Carpinelli, 2001). O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) cita que todos os tipos e programas e exercícios podem contribuir (ACSM, 2000b) e preconiza que um programa de redução de peso para pessoas com sobrepeso e obesidade, deve incluir um programa de exercícios que promova um gasto calórico de 300 Kcal (ACSM, 2000a). Segundo Guilherme & Souza Jr (2006), o treinamento de força em circuito pode ser um método de treinamento intermediário entre os exercícios com predominância aeróbia e anaeróbia, que parece atender as pessoas com sobrepeso.
Alguns estudos antigos relatam que o circuito de musculação, treinado por entre 9 e 20 semanas, promove pequenos ganhos na massa corporal total, porém a composição desta massa apresenta certa diferença, ocorrendo uma diminuição na gordura corporal, enquanto ocorre um aumento na massa muscular (Gettman et al., 1978; Harris & Holly, 1987; Wilmore et al., 1978). O aumento da massa muscular é importante na perda de peso, pois aumenta a taxa metabólica de repouso, aumentando o gasto energético (Guedes Jr., 2003), que por sua vez, pode contribuir para a manutenção da perda de peso em longo prazo (Santarém, 1999). No entanto, ao se tratar de pessoas com sobrepeso, a diminuição da gordura corporal deve ser mais bem trabalhada do que as poucas perdas acima citadas.
Quanto ao programa a ser desenvolvido Dâmaso et al. (1995), sugerem uma freqüência de 3 a 5 vezes por semana, intensidade de 50 a 60% do VO2 máx, duração de 50 a 60 minutos por um período mínimo 12 semanas. O programa deve ser realista, com metas atingíveis e flexíveis de acordo com a necessidade e capacidade de cada sujeito. LeMura e Maziekas (2002), em um estudo sobre os fatores que alteram a composição corporal, chegaram à conclusão que os exercícios eficientes para alterar a composição corporal de modo positivo (diminuir o percentual de gordura e aumentar a massa livre de gordura) em crianças obesas, são os exercícios de baixa intensidade e longa duração; exercícios aeróbicos combinados com resistência (grande número de repetições) e exercícios programados combinados com a mudança de comportamento.
Para que todo o programa relacionado ao tratamento da obesidade funcione Epstein et al. (1996) enfatizam que é necessária uma mudança do estilo de vida sedentário para o ativo. Para que isto ocorra é preciso que toda a equipe motive tal mudança de comportamento. O melhor método é reduzir o acesso ao sedentarismo, ou seja, motivar a criança e o adolescente a fazer outra atividade, que não seja estática. A efetividade de qualquer programa de treinamento está na aplicação correta de princípios científicos na sua organização, controlando muito bem as suas variáveis como: intensidade, volume, intervalo de descanso e freqüência de treinamento, aplicando alguma forma de periodização (Barbanti, 2004).
As atividades físicas não recomendadas são as de alto impacto como saltos e mudanças bruscas de direção, que aumentam o risco de lesões devido à sobrecarga articular, e condições que provoquem desconforto, como o calor excessivo, pouca ventilação e roupa inadequada para prática de exercícios. No entanto, o melhor exercício é aquele que se pode fazer regularmente, salientando que a concepção contemporânea sugere que a atividade não pode ser punitiva, nem necessariamente competitiva. Deve ser sempre prazerosa, oportunizando uma prática multivariada das atividades, onde a aderência deve ser um fator fundamental, visto que esse hábito deve perdurar por toda a vida.
Conclusão
Os estudos apresentados neste trabalho demonstram que os adolescentes, sobretudo os obesos, atualmente não estão sendo estimulados de maneira adequada quanto à prática de atividade física que venha a repercutir favoravelmente na saúde e no controle da obesidade. A atividade física mais indicada ainda é uma controversa, mas adequando-se as variáveis: intensidade, volume, intervalo e freqüência de treinamento todas têm seus efeitos benéficos, sobretudo quando associadas às dietas saudáveis. A carência de estudos sobre os efeitos da atividade física sob a saúde de crianças e adolescentes obesos ainda é uma realidade e espera-se que este trabalho possa contribuir com novos esclarecimentos auxiliando na elaboração de programas de exercícios físicos para esse tipo de população de forma mais segura e eficaz.
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digital · Año 13 · N° 128 | Buenos Aires,
Enero de 2009 |